18 de abril de 2009

E a corda???

recebi esta imagem por e-mail com os seguintes título e texto: «Ultima Hora...Crise Automóvel - IKEA compra General Motors. A Ikea acaba de anunciar a compra da General Motors, visando o aumento de eficiência da companhia, com forte redução nos custos de mão de obra..
A partir da próxima 2ª. feira, as lojas Ikea começam a vender toda a gama GM . Veja como
……»
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Esperemos que não nos esqueçamos de colocar o motor no sítio devido pois:
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O cérebro é uma coisa espantosa. De facto a Criação é uma obra completa e perfeita, queiramos ou não, impressione-nos ou não determinados factos como a “lei do mais forte” que faz com que estes sobrevivam aos mais fracos, através quer de lutas sangrentas, quer através de cataclismos naturais ou provocados pela mão maliciosa do ser humano, e torne as espécies adaptadas às vicissitudes ambientais, não invalidando, apesar disso, que vão desaparecendo paulatinamente algumas por incúria humana e mesmo por mau uso dos recursos que “descobrimos” com algum espanto e alguma “ingenuidade” não são inesgotáveis.


Um som, uma imagem, um cheiro bastam para serem “desenterradas” do mais profundo do nosso subconsciente factos nos quais não pensávamos há "séculos", e as imagens, os sons, os cheiros vêm à memória como se tivessem acontecido há minutos.


Havia em casa dos meus Pais um relógio despertador de caixa metálica verde entre o claro e o escuro, ponteiros revestidos a cromado fluorescente que rebrilhavam no escuro. Era ao som dessa máquina à qual era preciso rodar uma das três chaves que tinha na traseira para lhe “dar corda” (ao ser rodada cada uma delas escolhíamos a hora de acordar, a outra acertava os ponteiros das horas e minutos e a outra era a da tal corda que era preciso rodar para que o relógio trabalhasse, havia ainda uma alavancazinha que travava ou não o sistema de alarme) que acordávamos ao som de um “terrimmmm” irritante que “acordava um morto”.


Ora um dia, uma das minhas irmãs decidiu ver o que aquela caixa verde entre o claro e o escuro encerrava para além do que era visível através do vidro do mostrador: os ponteiros das horas e minutos que por vezes rodavam com um vagar exasperante quando queríamos que o tempo passasse depressa pois havia qualquer coisa de que gostávamos muito e que iria acontecer a uma hora que deveria chegar depressa, o ponteiro dos segundos que saltitava no seu rodar cadenciado e fazia um tic-tic que a mim incomodava na hora de adormecer (diziam que tenho ouvido tísico. Tinha, que agora os tais apitos que médico nenhum sabe explicar de forma que eu entenda bem, ou mesmo diminuir-mos, ou o ruído de fundo constante no meu local de trabalho, me estão a endurecer os tímpanos) os números dispostos numa rodinha que as pontas soltas dos ponteiros marcavam, e mais acima à direita a rodinha dos números do zero ao vinte e três, pequenina, sobre os quais colocávamos a ponta do ponteirinho para escolhermos a hora de acordar.


Se depressa decidiu, depressa o fez: chave de parafusos na mão, língua de fora (era tique que acompanhava qualquer tarefa manual que requeria grande concentração, ela tinha formas “diferentes” de se concentrar: para estudar deitava-se de bruços, dobrava a pernas para cima e balançava-as ao ritmo da música que ouvia alto e bom som) lá foi a minha irmã esventrando o despertador peça a peça que foi colocando sobre o tampo da mesa. Quando terminou, satisfeita a curiosidade, deu início à operação inversa: rechear a caixinha verde entre o claro e o escuro, sempre de língua de fora, chave de parafusos em riste, encaixando peça sobre peça. Caixinha, a tal verde entre o claro e o escuro, cheia como um ovo da Henriqueta, tampa para cima, chaves dos ponteiros enroscadas nos respectivos parafusos, língua recolhida na boca, chave de parafusos pousada, suspiro de satisfação... E a corda???? A corda tinha ficado fora do relógio!!!!
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Para ti, querida irmã, para todos nós que acordámos para a vida ao som daquele terrimmmm irritante..."velhos tempos"...