Bom dia
No jornal O Baluarte de Santa Maria, edição de 25 de Março de 2003, José de Andrade Melo do Clube dos Amigos e Defensores do Património-Cultural e Natural de Santa Maria e sob o título Áreas Protegidas de Santa Maria, escrevia no ponto 4- Baía da Cré, Barreiro da Faneca, Baía do Raposo o seguinte:“Outra zona que achámos que deverá ser considerada urgentemente área protegida, é que indicamos no mapa com o nº4, composta pelo Barreiro da Faneca e pela faixa litoral que abrange as baías da Cré e do Raposo.
Barreiro da Faneca consiste numa vasta área de solo árido conhecido pelo “Deserto Vermelho dos Açores”, onde outrora se extraía o barro, que serviu de base a uma actividade económica importante da ilha de Santa Maria, sendo também exportado para outras ilhas dos Açores.É uma paisagem singular e única no arquipélago, advinda principalmente de uma forte erosão, e composição físico-química do solo, resultando num “ex-líbris” paisagístico de Santa Maria, que urge preservar, combatendo a expansão de vegetação invasora e o controle da prática de desportos motorizados que destroem as dunas”Como disse este texto é da autoria de José Melo e já tem mais de dois anos. Dois anos…26 meses exactamente e o Barreiro da Faneca continua a não ser protegido, pelo menos na prática. Sei que já há documento oficial em que Governo Regional reconhece, finalmente e estabelece várias áreas de paisagem protegida em Santa Maria e dentre elas o Barreiro, mas na prática isso de pouco vale pois nem uma placa à entrada e à saída lá tem a avisar os distraídos de que aquilo não é Barreiro de ninguém.
Este ano, como no ano passado, vieram uns espertinhos de S Miguel montados nas suas máquinas potentes de duas e quatro rodas e lá foram fazer raide para, entre outros locais, o Barreiro. E o interessante é que não foram sós pois alguns marienses fizeram-lhes companhia. Mas o mais estranho é que não houve qualquer entidade pública que impedisse a invasão de uma área protegida por lei: nem a Secretaria do Ambiente nem a PSP, apesar de publicamente anunciado. Inclusive o promotor referiu-se em tom jocoso às pessoas que já no ano passado tiveram a coragem de denunciar a invasão da Faneca que, em termos de decisão política, já na altura do primeiro Raide era protegida, faltando unicamente o diploma governamental.
Santa Maria está a saque daqueles que pensam, e de certa forma têm razão, que os marienses se estão borrifando para o seu património, que isto é uma data de cegos e que eles que só têm um olho já são reis e vai daí isto é tudo nosso. Sábado, fui passear ao Barreiro da Faneca e são evidentes rastos de pneus de viaturas que fizeram piões, subiram e desceram dunas, o trilho do lado esquerdo quem vai dos Milagres está cheio de sulcos fundíssimos dificultando o trânsito de viaturas que não sejam Jeeps. É lamentável que quem é responsável ande a dormir e seja permitido que qualquer um estrague o que é património de todos. Ou será que lhes falta tempo para fazer o que é do seu pelouro?
Mas a culpa não morre solteira pois para além das tais entidades pagas com o nosso dinheiro, não esqueçamos que é dos nossos impostos que saem os salários dos governantes, secretários, chefes de gabinetes e delegados dos secretários, nós todos somos culpados pelo deixa andar.
Antes de me despedir quero deixar aqui uma má-língua, pois isto só pode ser má-língua ou peta de primeiro de Abril: Santa Maria não tem tido areia para as obras de construção civil em curso. Será? Com tanta areia a forrar a arena da praça de touros, como é isso possível??? E sou eu que sou acusada de querer impedir o progresso da nossa ilha…deixem-me rir…
Abraços marienses
Santa Maria, 30 de Maio de 2005
Ana Loura