15 de maio de 2006

Insularidade ou discrimiação








Foto 1- Aníbal e Pilar Mendes

Foto 2- Sidónio Bettencourt apresentando, com um texto de excelente qualidade, o novo CD de Aníbal Raposo


Foto 3- Carlos Frazão (grande Maestro/ pianista/arranjador) acompanhando Aníbal na apresentação do seu novo trabalho
Bom dia!

Comprei, um destes dias, uma revista de culinária. É um dos meus vícios inofensivos. Adoro abrir uma dessas revistas e olhar as fotos excelentes, ler as receitas e ficar com água na boca, mas ir para a cozinha e fazer sempre as mesmas coisas. Mas é um prazer enorme imaginar-me a cozinhar e a comer aquelas iguarias.

Ao comprar a revista olhei para o cantinho onde está o preço e li: Continente 2,75€, Ilhas 3,60 € e que raiva senti. A discriminação, sempre a discriminação. Dá vontade de ver desenterrar velhos machados…mas mesmo sem velhos machados desenterrados mas com uma imensa indignação pelo tratamento discriminatório de portugueses de segunda que nos é votado, de cidadãos com menos direitos, com o custo de vida agravado em mais de 30% no que diz respeito ao consumo de publicações que para quem decide não são consideradas fundamentais…o meu sangue ferve e o desejo de que os Açorianos consumam cada vez mais o que, no âmbito cultural se produz nos Açores, não faltando coisas boas para serem consumidas desde literatura, música e revistas. É só consultar sites na Internet e encontramos um mundo de coisas boas no âmbito da música desde a folclórica até à clássica passando pela balada e rock.

Antes de viajar para o continente tive o grande e inesperado prazer de assistir ao lançamento do novo CD de Aníbal Raposo. Foram momentos de grande qualidade poética e musical. Só depois da minha indignação, porque vou desncaixotando as minhas coisas, as poucas que trouxe, a pouco e pouco, eu ouvi, na totalidade, o CD. Que maravilha! Os poemas são lindos, a música muito boa, os arranjos magistrais e as interpretações, bem, sem palavras. Aníbal Raposo no seu melhor.
Mas temos muito, mesmo muito mais de cultura açoriana para consumirmos. A editora Salamandra, a editora Garajáu, editaram vários autores açorianos, há outras editoras a editar autores nossos. Quanto a mim, deveríamos fazer uma espécie de boicote, pela positiva, das edições com origem no continente, quer isto dizer que deveríamos aumentar e muito o consumo de revistas, cds, e livros produzidos e editados nos Açores, Já há revistas com muita qualidade que já vão muito além das reportagens fotográficas dos acontecimentos sociais da nossa praça a Saber Açores é, só, um exemplo.

Mas voltando à revista, pois nem tudo são decepções, na contra capa um anúncio apelativo pergunta: “Vai uma trinca?” e estão lá as letrinhas que anunciam um atum produzido nos Açores pela Cofaco.

Será que este atum é vendido no continente mais caro do que é vendido na ilha onde é produzido? Quem paga o transporte deste produto dos Açores para o continente?

Consumamos cultura produzida nos Açores, isso provocará o seu desenvolvimento e o nosso conhecimento daquilo que somos.

Abraços marienses
Azurara, 15 de Maio de 2006
Ana Loura

3 comentários:

  1. Gostei da questão deixada em relação aos produtos enviados para o continete. E não é só o atum, é o leite eo quejo, a carne e peixe.
    O sentimento de descriminação é comum.
    Deparei-me com isto ao comprar uma revista de fotografia que teve uma subida de 20% comforme referi no Clubezoom. É muito injusto.

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  2. É questão para se dizer o povo é que paga

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  3. Admito que já temos o IRS/IRC mais baixo para compensar os "custos da insularidade", mas também me revolto ao ver a escalada dos preços de algumas publicações... :(

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