Bom dia!
Onde estão os biscoitos de orelha?
Sábado, dia 26 de Agosto de 2006, Mercado Municipal de Vila do Porto, barraca da D. Natália cerca das 11 horas. Estou a comprar fruta quando duas moças se aproximam rápidamente e perguntam "à queima roupa": "Tem biscoitos de orelha?" A única resposta lógica foi dada pela simpática jóvem que me atendia "Não. Aqui ao lado costuma ter mas às Segundas, Quartas e Sextas. Mas devem encontar nos supermercados." As moças com ar desoladísimo dizem já terem corrido os supermercados todos e não terem encontrado, dão meia volta e afastam-se rápidamente. Olho para a mocinha que entretanto me fazia as contas e digo que os biscoitos de orelha seriam o tema da minha crónica de hoje.
Pois e cá estou a falar dos nossos biscoitinhos que a par das cavacas são os nossos cartões de visita no que respeita às coisinhas doces que temos para oferecer a quem nos visita e ocupam, quase sempre, um lugarinho nas nossas malas quando viajamos e servem para "moeda de troca" para os Herseys, para oferta aos nossos amigos de amostra do que bom tem a nossa doçaria ou mesmo levarmos aos nossos filhos para desconsolo, matar saudades e encurtar o tempo que falta para o regresso nas ferias.
Ora, se são cartões de visita são, também, para quem nos visita os poderem apreciar cá e levar para os oferecerem como recordação da estada entre nós. Ora, se quem nos visita chega às lojas onde é habitual eles estarem à venda e não os encontram, nem os provam cá nem os levam pra lá.
É nestas pequenas coisas que somos avaliados na resposta que damos nas épocas altas da procura turística. Se nem biscoitos de orelha temos, se o artesanato não é produzido em quantidades que responda às necessidades da procura turística e quem procura não encontra, se o restaurante do Paquete é uma miragem e quem vai passar o dia à Praia Formosa se tem que contentar com uma refeição ligeira ou esperar mais de uma hora para ser servido no único restarante que na Praia nestes dias serviu refeições completas, se a vigilância nas praias fica a descoberto nos horários recomendados pelos médicos e instituições internacionais para exposição menos perigosa aos raios solares, se a Praia é uma tirinha de areia, na maré alta, onde não cabem meia dúzia de toalhas, como poderemos almejar sermos destino turístico? Como podemos convidar, chamar turistas se até para nós temos condições deficientes?
Mais uma vez pergunto se será um campo de golfe que irá tornar Santa Maria num destino turístico apetecível ainda para mais com o desinteresse que tem quem tem por obrigação oferecer produtos e serviços de qualidade e em quantidade suficiente. Sei que não se podem cozer biscoitos com 3 mêses de antecedência, mas intensificar pontualmente a cozedura, não se limitar a produção à bitola dos meses de Inverno é uma atitude inteligente de formiguinha laboriosa. A atitude de cigarra prejudica as supostas ambições turisticas de Santa Maria. Ou será que andamos a dizer uma coisa e a pensar outra e afinal não queremos quem nos chateie e nos faça trabalhar mais do que desejamos e uns subsidiozinhos é que nos calha que nem sopa no mel? O artesanato pode ser produzido e armazenado para haver fartura nestas alturas. É que vender coisas fabricadas em série numa fábrica qualquer do continente e em que foi colocado um rotolozinho a dizer Santa Maria não é a mesma coisa que vender artesanato, é vender recordações. Essas têm a sua função própria que não pode nem deve de ser confundida com objectos de concepção e execução genuinamente mariense.
E por falar em Campo de Golfe, alguém me disse que a localização que parece ter sido a eleita é em terrenos dos mais férteis da ilha...Estranho...Não está instituida em Santa Maria a Reserva Agrícola como no resto do país o campo por ter erva será considero que é uma estrutura com fins agrícolas? Ou serão outros os interesses envolvidos?
Dois acontecimentos marcaram o meu dia de ontem: o Império de inauguração da reconstrucção da Ermida de Nossa Senhora de Monserrate. A ermida ficou linda, num local de sonho, bem arranajdinho, caminho airoso e asseado... Mais um Viva ao Espirito Santo, mais um viva à vontade de que as coisas se façam e a quem contribuiu para que fosse possível. O outro acontecimento foi o almoço partilhado realizado na Florestal para agradecimento e despedida ao Padre Adriano onde a alegria da partilha esteve mão dadas com a emoção.
Abraços marienses
Santa Maria, 28 de Agosto de 2006
Ana Loura