10 de setembro de 2006

11 de Setembro- 10.000X3.000-In God we trust






11 de Setembro

· 11 de Setembro de 2001 – Ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque
· 11 de Setembro de 1973 – Golpe militar encabeçado por Pinochet no Chile contra o Governo Democraticamente Eleito.
· 11 de Setembro de 1973 – Governo israelita toma a liberdade de expulsar Arafat da Palestina
· 11 de Setembro de 1973 – Primeira reunião clandestina dos militares do MFA/Movimento das Forças Armadas, no Alentejo
· 11 de Setembro de 1965 – Chegada ao Vietname da 1.ª Divisão de Infantaria dos Estados Unidos
· 11 de Setembro de 1917 –Data de nascimento de Ferdinando Marcos, ditador das Filipinas
· 11 de Setembro de 1902 – Data de nascimento de Bento Gonçalves, operário e revolucionário, Secretário Geral do Partido Comunista Português e assassinado no Tarrafal
· 11 de Setembro de 1840 – Bombardeamento de Beirute pela Grã-Bretanha
· 11 de Setembro de 1217 - Arremetida cristã contra a praça de Alcácer do Sal

Tantos 11 de Setembro a serem lembrados, a serem lamentados a serem chorados. Eu escolho um. O meu 11 de Setembro é o de 1973 em que Pinochet com o apoio provado e comprovado dos Estados Unidos destituiu e assassinou Salvador Allende, Presidente eleito democraticamente pelo Povo Chileno, mandou encerrar e fuzilar milhares de pessoas no estádio de Santiago. O saldo oficial dos mortos do golpe militar de 11 de Setembro de 1973 no Chile é de 10.000 ao que há a acrescentar milhares de desaparecidos dos quais até hoje, passados que são mais de trinta anos, não há qualquer rasto.

Levántate y mira la montaña,
de donde viene
el viento,el sol y el agua.
Tú, que manejas el curso de los ríos,
tú, que sembraste el vuelo de tu alma.
Levántate y mírate las manos.
Para crecer estréchala a tu hermano,
juntos iremos
unidos en la sangre.
Hoy es el tiempo
que puede ser mañana.
Líbranos de aquél que nos domina
en la miseria.
Tráenos tu reino de justicia
e igualdad.
Sopla como el viento
la flor de la quebrada
limpia como el fuego
el cañón de mi fusil.
Hágase por fin tu voluntad
aquí en la tierra.
Danos tu fuerza y tu valor
al combatir.
Sopla como el viento
la flor de la quebrada.
Limpia como el fuego
el cañón de mi fusil.
Levántate y mírate las manos.
Para crecer estréchala a tu hermano,
juntos iremos
unidos en la sangre,
ahora y en la hora
de nuestra muerte.
Amén. Amén. Amén.


"Victor Jara. Preso no dia do golpe de 11 de Setembro no Chile, foi levado para o Estádio Nacional. Aí cortaram-lhe os dedos, entregaram-lhe um violão e disseram: 'Agora, canta!' E Jara esfregou o violão e cantou.
'Ay canto que mal me sales!
Quanto tengo que cantar,
espanto!
Espanto como el que vivo
Como que muero, espanto
De verme entre tantos y tantos
Momentos del infinito
En que el silencio y el grito
son las metas de este canto.
(...)'Contam as testemunhas que Jara não acabou de cantar. Foi metralhado de imediato (...)

HOMENAGEM AO POVO DO CHILE
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantorescam
poneses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro
Nas suas almas abertas
traziam o sol da esperança
e nas duas mãos desertas
uma pátria ainda criança
Gritavam Neruda Allende
davam vivas ao Partido
que é a chama que se acende
no Povo jamais vencido–
o Povo nunca se rende
mesmo quando morre unido
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.
Alguns traziam no rosto
um ricto de fogo e dor
fogo vivo fogo posto
pelas mãos do opressor.
Outros traziam os olhos
rasos de silêncio e água
maré-viva de quem passa
Uma vida à beira-mágoa.
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.
Mas não termina em si próprio
quem morre de pé.
Vencido
é aquele que tentar
separar o povo unido.
Por isso os que ontem caíram
levantam de novo a voz.
Mortos são os que traíram
e vivos ficamos nós.
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que nasceram para o Chile
morrendo de corpo inteiro.
José Carlos Ary dos Santos


Desde 2001 que ando a tentar entender o que toda a gente diz sobre os Estados Unidos pós 11 de Setembro das Torres gémeas e tudo o que me é dito se resume ao regresso à “Caça às Bruxas” a um Macartismo com rosto de século XXI, mais coca-cola, mais Mac Donalds, mas, sem dúvida, da delação, do terror calado do vizinho do lado. Diz a História que o Povo Americano se fartou da caçar e de ser caçado no tempo da dita “Guerra Fria” mas o ser humano tem a memória curta e a denúncia ao desbarato está, de novo, instalada…Já ninguém é fiável. ~


Noticiava, há dias o Açoriano Oriental:


“Um arquitecto de origem iraquina, Raed Jarrar, diz que foi forçado a tirar a t-shirt com a frase escrita em árabe “Nõs não nos calaremos”, antes de embarcar num vôo de N. York para a Califórnia. A notícia é avançada pela BBC. Raed Jarrar conta que dois seguranças do aeroporto nova-iorquino J.F. K avisaram-no de que a sua indumentária era ofensiva. O passageiro já tinha feito o check-in e passado pelo controlo de raio-x quando os dois funcionários pediram-lhe para se identificar e mostrar o seu bilhete de embarque. Os seguranças disseram-lhe, conta Raed Jarrar, que vários passageiros tinham-se queixado da camisola, alegadamente preocupados com o que poderia dizer a frase escrita em árabe, e pediram-lhe para a tirar. O passageiro recusou-se a despir a t-shirt, argumentando que o slogan não era ofensivo, lembrando que a liberdade de expressão é um direito constitucional. Cresci e passei a minha vida inteira sob um regime autoritário e sei que estas coisas acontecem. Mas estou chocado que isto tenha acontecido aqui, nos EUA”, disse Jarrar a uma estação de rádio nova-iorquina Depois de uma discussão, os funcionários do aeroporto convenceram Raed Jarrar a vestir outra camisola, que lhe compraram na loja do aeroporto, antes de embarcar no avião da companhia aérea Jetblue no dia 12 de Agosto.”

Eu comento: Se na T Shirt dissesse “In god we trust”???Os Árabes, Iraquianos, etc também acreditam em Deus e que Ele está do seu lado.

Como disse o meu 11 de Setembro é o de 1973. Lamento sinceramente, cada uma das 3.000 vítimas das Torre Gémeas, mas é tempo de o Povo Americano assumir a sua quota-parte no semear de ventos do seu Governo. E quem semeia ventos…


El pueblo unido, jamás será vencido
el pueblo unido jamás será vencido...

De pie, cantar
que vamos a triunfar.
Avanzan yabanderas de unidad.
Y tú vendrás
marchando junto a mí
y así verás
tu canto y tu bandera florecer,
la luz de un rojo amanecer
anuncia ya la vida que vendrá.

De pie, luchar
el pueblo va a triunfar.
Será mejorla vida que vendrá
a conquistar
nuestra felicidad
y en un clamor
mil voces de combate se alzarán
dirán
canción de libertad
con decisión
la patria vencerá.

Y ahora el pueblo
que se alza en la lucha
con voz de gigante
gritando: ¡adelante!

El pueblo unido, jamás será vencido,
el pueblo unido jamás será vencido...

La patria estáforjando la unidad
de norte a sur
se movilizará
desde el salar
ardiente y mineral
al bosque austral
unidos en la lucha y el trabajo
irán
la patria cubrirán,
su paso ya
anuncia el porvenir.
De pie, cantar
el pueblo va a triunfar
millones ya,
imponen la verdad,
de acero son
ardiente batallón
sus manos van
llevando la justicia y la razón
mujer
con fuego y con valor
ya estás aquí
junto al trabajador.

Dedico esta crónica:

Roberto Merino, exilado Chileno em Porugal, meu professor de teatro, encenador
Carlos, emigrante mariense nos Estados Unidos
António, ex emigrante Açoriano nos Estados Unidos
Aos meus filhos. Que votem sempre em consciencia, que nunca se abestenham pois mesmo na abestenção há conivência.

Abraços marienses
Porto Santo, 11 de Setembro de 2006
Ana Loura

11 comentários:

  1. Não há dúvida que os americanos (governo) são os primeiros culpados deste atentado e da inseguranca que se vive no globo, nos dias de hoje. O problema é que neste atentado em particular, morreram alvos civis.Muitos nem eram americanos. Alguns simples trabalhadores ou turistas. É claro que foram os governos americanos que causaram esta atentado (a propósito o Michael Moore no 11/9 tem uma teoria interessante). É claro que a CIA coloca governos fantoche na américa latina e fornece armas para todos os lados em conflito, é claro que os americanos arrasam países inteiros por causa de benefícios energéticos (por enquanto o petróleo), é claro que os americanos têm as mão sujas nos crimes do Pinochet, é claro que são eles os primeiros a gerar tanto ódio nos outros povos e também me parece óbvio que o equilíbrio de outra super-potência (como a URSS) faz falta ao mundo.
    O que não podemos ignorar é que neste dia, em NY, morreram muitos inocentes. Tal como em Santiago do Chile, tal como em muitos outros lados...O Bush e seus pares são neste momento o maior problema do planeta, é um facto, mas isso não invalida outro facto, o da morte de inocentes.

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  2. Acho que só daqui há alguns anos que vamos ver as dimensões do que foi esse incidente e de como o declínio Estadunidense começou ali.

    Um abraço

    Marco Aurélio

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  3. O mais lamentável no meio disto tudo são as mortes inocentes, que estavam no sítio errado à hora errada.

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  4. Ana,
    Primeiro quero agradecer a visita que fizeste a "Chuviscos" e os comentários que lá deixaste.
    Quanto ao teu artigo está muito completo e muito bem feito. Por isso gostaria de o destribuir por alguns amigos. Posso?
    Se puderes mandar o email agradecia.
    Tenho alguma coisa do Merino que vais gostar.
    Um abraço.
    Um abraço.

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  5. Olá Ana,
    11 de Setembro de 1973,homenagem feliz ao povo chileno,... E nós com guerra colonial no seu pleno, matrícula prà guerra feita (apto),Rádio Argel em sintonia, a Pide à perna, a família quase toda na América, primos, vizinhos e amigos no Ultramar...Um dos nossos homónimos caíu em combate. Foi aqui que li e reli a história de Moçambique, para uns um oásis´, para outros o inferno.Sempre que passava naquela rua,... aquela mãe, ...
    Abril chegou e eu não parti.
    Hoje, quando a saudade aperta...
    www.malhanga.com
    só para ouvir a música que nos embalava (iludia também)...
    Seguiram-se tantos onzes, histórias tristes que ainda se repetem.
    Anónimo atento.

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  6. Tenho problemas com este blog, bloqueia com frequência.
    Lamento Ana.
    Continuo atento,...Viajo normalmente a um pouco antes de 1973 a...
    www. malhanga.com

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  7. Caro Atento já acedi ao endereço que deste...à primeira vista parece bem completo...até a Bíblia tem. Na área da "tua" Moçambique irei entrar com calma. Obrigada pela sugestão. Fico feliz por continuar a merecer a tua atenção

    Beijinho

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  8. Cara Ana:
    Um bom blog, este. Queria dar notícia da actualização do meu, mas não tenho o endereço electrónico da Lua dos Açores...
    Parabéns

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  9. O último poema de Victor Jara

    O dia 11 de setembro de 1973, quando o golpe militar comandado pelo ditador Augusto Pinochet derrubou do poder a Salvador Allende, o compositor e cantor Victor Jara foi preso com outros 600 estudantes na Universidade onde trabalhava. Levado para o Estádio Nacional em Santiago, nesse mesmo dia foi torturado e assassinado pelos militares. Dias depois, sua mulher, Joan Jara, identificou o corpo do poeta, fuzilado e com as mãos amputadas. No estádio, escreveu seu último poema.

    Introdução de Joan Jara: "... Quando mais tarde me trouxeram o texto do último poema de Víctor, soube que ele queria deixar seu testemunho, seu único meio de resistir ainda ao fascismo, de lutar pelos direitos dos seres humanos e pela paz".

    Somos cinco mil
    nesta pequena parte da cidade.
    Somos cinco mil.
    Quantos seremos no total,
    nas cidades e em todo o país?
    Somente aqui, dez mil mãos que semeiam
    e fazem andar as fábricas.
    Quanta humanidade
    com fome, frio, pânico, dor,
    pressão moral, terror e loucura!
    Seis de nós se perderam
    no espaço das estrelas.
    Um morto, um espancado como jamais imaginei
    que se pudesse espancar um ser humano.
    Os outros quatro quiseram livrar-se de todos os temores
    um saltando no vazio,
    outro batendo a cabeça contra o muro,
    mas todos com o olhar fixo da morte.
    Que espanto causa o rosto do fascismo!
    Colocam em prática seus planos com precisão arteira,
    sem que nada lhes importe.
    O sangue, para eles, são medalhas.
    A matança é ato de heroísmo.
    É este o mundo que criaste, meu Deus?
    Para isto os teus sete dias de assombro e trabalho?
    Nestas quatro muralhas só existe um número
    que não cresce,
    que lentamente quererá mais morte.
    Mas prontamente me golpeia a consciência
    e vejo esta maré sem pulsar,
    mas com o pulsar das máquinas
    e os militares mostrando seu rosto de parteira,
    cheio de doçura.
    E o México, Cuba e o mundo?
    Que gritem esta ignomínia!
    Somos dez mil mãos a menos
    que não produzem.
    Quantos somos em toda a pátria?
    O sangue do companheiro Presidente
    golpeia mais forte que bombas e metralhas.
    Assim golpeará nosso punho novamente.
    Como me sai mal o canto
    quando tenho que cantar o espanto!
    Espanto como o que vivo
    como o que morro, espanto.
    De ver-me entre tantos e tantos
    momentos do infinito
    em que o silêncio e o grito
    são as metas deste canto.
    O que vejo nunca vi,
    o que tenho sentido e o que sinto
    fará brotar o momento..."

    Victor Jara, Estádio Nacional de Chile, Setembro 1973

    Fonte: Adital



    Obrigada Mário Sousa

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  10. obrigado eu sou o merino

    um abraço

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