13 de novembro de 2006

Almagreira, cem anos de história











Bom dia!

Esta última semana não foi fácil, estive em Lisboa para uma acção de formação sobre matéria que me era, quase, estranha. O esforço foi muito. E por não poder gravar a crónica da passada Segunda Feira, não a escrevi, mas creiam que senti falta de a ter escrito. Pareceu-me que a semana anterior não tinha terminado e esta não tinha começado.

Ontem, Domingo, ao ver as montras no Aeroporto da Portela encontrei um livro cujo título é “nos Açores” escrito e ilustrado por Kaja Avbersek e Pedro Veloso e em cuja capa se lê “…para calcorrear as nove ilhas. Despejar-me em crateras de florestas jurássicas e reunir numa lagoa remota as mágoas acumuladas nos últimos meses. Por lá ficaria a lagoa, com o diário da viagem que aqui começa, boiando ao centro.”

De Santa Maria tem 11 páginas que considero terem lacunas, algumas imprecisões ( o cabelo do Padre Tobias não é preto…) mas que vale a pena ler. Recomendar a leitura? Vale a pena, sim senhor. Até um desenhinho dos nossos biscoitos de orelha tem. Só que dizer que a “Empenatriz” dos nossos Impérios se chama “Imperadora” agride os meus brios marienses. Mas, como disse, o livro vale a pena e pode ser uma excelente oferta de Natal quer para quem ainda não conhece a ilha como para quem a conhece e não a quer esquecer.


"Foi o barro de Almagreira
Que moldou a nossa sorte
Esta sorte marinheira
Entre o mar e o vento norte
"

Com homenagem aos 24 presidentes da Junta de Freguesia em que foram entregues diplomas aos, ainda, vivos, e a título póstumo aos já ausentes, a realização de um passeio convívio com os idosos da Ilha, a actuação do Ricardo Melo, a inauguração de mural alusivo e serão musico-cultural, no passado dia 25 de Outubro, a Freguesia de Almagreira festejou o seu centésimo aniversário. Estas datas são importantes não só para que festejemos mas principalmente por servirem para se fazerem balanços, se rever a história da freguesia em si e, porque a ilha no todo é constituída pelas freguesias e lugares, fazer-se memória do que de importante aconteceu, na Ilha, ao longo destes tantos anos.

Com uma área de 10 Kilómetros e com 579 habitantes registados no censo de 1981, a freguesia é constituída pelos lugares de Almagreira, Farropo, Brejo de Baixo, de Cima e do Meio, Congro, Courelas, Covas, Bom Despacho Velho, Carreira, Brasil, Fonte do Mourato, Fonte Nova, Graça e Praia. O nome advém-lhe do tom avermelhado das terras de onde era extraído o almagre usado na pintura de louça de barro. Em Almagreira ficam situadas as terras das mais produtivas da ilha onde antigamente havia extensas searas que produziam muito trigo e, ao que consta, será numa dessas que ficará implantado o futuro campo de Golfe. Dizia José Carlos Figueiredo, Tenente-coronel deslocado em Serviço em Santa Maria no ano de 1815 “sítio das melhores terras, em cerrados quadrados e uma boa planície de pomares”

Almagreira possui Igreja, recém restaurada, dedicada a Nossa Senhora do bom Despacho e as ermidas de Nossa Senhora do Monte, Nossa Senhora da Graça, e Nossa Senhora dos Remédios.

A sua economia assenta na economia de subsistência como quase todo o resto da ilha exceptuando o Aeroporto e Vila do Porto, com a produção agropecuária. Antigamente produziam-se trabalhos em vimes, camisolas de lã, meias e colchas de tear.

A história desta freguesia tem aspectos muito interessantes, um deles é o seu pioneirismo no que toca ao ensino primário que a própria Junta tomou a seu cargo vinte anos depois da criação das escolas oficiais nos Açores e foi sua primeira professora a Senhora D. Adelina Amélia Pereira nomeada em 6 de Novembro de 1889.

Almagreira tem locais de paisagem soberba. Bastará subir ao Pico do Facho e apreciar a maravilhosa baía da Praia Formosa onde se realiza, há mais de 20 anos, um dos mais antigos festivais de música de Portugal onde têm actuado artistas prestigiadíssimos.

Esta efeméride do seu centenário, mereceu voto de saudação por parte da Assembleia Legislativa Regional aprovado no dia 24 de Outubro último por proposta dos Deputados Alberto Costa e António Loura.

Quero aqui deixar a minha homenagem aos habitantes da Freguesia de Almagreira e desejar que o futuro seja encarado com a vontade de inovar e progredir, como foi o exemplo do passado como a referida escola primária, e já está a ser, actualmente, com as novas culturas de meloa.

Parabéns, Almagreira. Ergo um cálice de um excelente abafado que comprei no Café Almagre e que vou beberricando aqui para tentar afogar esta imensa saudade…Vemo-nos em breve.


Abraços marienses
Azurara, 13 de Novembro de 2006
Ana Loura

3 comentários:

  1. obrigada Ana pelas descriçoes narrativas tão cheias de alma que fazes dos vossos recantos, que os torna cada vez mais "nossos" também..
    há mais de uma década que aí não vou, mas gostei imenso do que por aí vi e uma das imagens que deixou marca foi a igreja de st espirito, que penso ter sido a 1ª da ilha (corrijam-me se estou errada!), para além da freguesia da Maia que ainda nao era aquele ponto turistico tão emblematico como é hoje, mas quase sempre apaixono-me pelos sitios "antes do tempo".. acontece no continete (vila nova Milfontes foi um desses casos que para mim perdeu a bleza à medida que se transformou) e cá nos açores tb (veja-se no que estão a transformar p.delgada com o célebre porto de cruzeiros, celebre para muitos, triste para mim, pq nao só está a retirar a beleza natural que ainda conservava a antiga marginal - para mim mais bonita ainda quando o mar ia até à calheta pero de teive e os pescadores vendiam ali mesmo seu pescado fresco.. vão chamar-me de antiquada, conservadora, e admito que o sou em certas coisas sim- como para mim é um assalto vergonhoso ao Orçamento, diria até que escandaloso para o momento de crise tão apregoado pelos governos centrais e regionais.. afinal a factura da crise irá ser como sempre suportada pelos que menos podem: aos que mais podem retiram-se regalias que em pouco ou nada os afecta (apenas para esconder o sol com a peneira, como alteraçao das regras qt a reforma de deputados e outras), em contrapartida aos que mais suportaram as anteriroes crises (classe media refira-se, pois para os mais carenciados houve o rendimento minimo que, na minha opinião, fomenta mt a pobreza de espirito e em pouco contribui para uma melhoria de vida dessas pessoas), volta-se a pedir mais e mais sacrificios: aumento de impostos (para os solteiros ainda mais: que tal começarmos a simular casamentos?! Ironico não é? mas apetecia mesmo jogar na mesma moeda e premiar a mentira como a nossa sociedade quer! Aliás, isto nem é novidade, pois muitos dos divorcios que hoje vao parar aos escritorios de advogados e tribunais são no fundo casamentos anulaveis, com fundamento na inexistencia de vida em comum, isto porque mtas pessoas casam no civil apenas para usufrirem de subsidios de habitaçao e outros destinados a casais ..), congelamento das carreiras (quando afinal o grande cancro da nossa Administraçao nem é o funcionario publico, mas sim a proliferaçao desmesurada e injustificada (pois alguns têm apenas um subalterno efectivamente, embora das leis organicas constem quadros de pessoal que nao correspondem à realidade dos organismos) de cargos dirigentes, com suas gordas despesas de represntaçao..
    mas assim vai o país .. na certa nao ouviram um dos ultimos evangelhos: o da viuva que ao dar o pouco que tem deu mt mais do que todos os ricos que deram do que nao lhes fazia falta.. é uma anlogia claro, pq a viuva deu voluntariamente a quem merece - a deus - mas a nós exigem-nos sacrificios que ainda por cima irão reverter no seu grosso para quem nao merece: se eu ao menos soubesse que a riqueza apurada com o meu sacrificio economico iria ser canalizada para pessoas necessitas.. mas depois verificamos que é para pagar caprichos de pessoas que andam agarradas ao tachario do poder, sejam de que cor partidaria for (já nem falo em ideologis, pq essas já o tempo as levou...)..
    vou tentar nao azedar tanto os teus temas Ana, pq são bonitos demais para os transformar num manto de criticas que a nada me levam..
    abraço algures de sao miguel!

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  2. Ana, depois de ler o que escrevi fiquei deveras envergonhada. exagerei talvez na critica (para nao falar na forma como escrevi, com atropelos graves à nossa lingua mae, entre eles "governos centrais" (quando deveria ser gov. central) e mais à frente casamentos anulaveis (quando tecnicamente deveria ter dito nulos). Peço desculpa a quem teve de ler estas e outras imprecisoes.. além do mais estou a ser o espelho de um país deprimido e tenho de fugir a isso...
    Abraço a todos!

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  3. Apenas para mandar um abraço de BFSemana aqui de s miguel(enquanto a nossa "electricidade" não sucumbe à força dos relampagos)para voces aí em st maria Ana, tão pertinho de nós, mas ao mesmo tempo tão longe.. ao menos que a net nos ajude atenuar esta nostalgia do nosso ser ilheu...
    Abraço tb a todos que vão estando connosco por aqui, activa ou passivamente..
    Oxalá o sol venha dar um ar da sua graça este fim de semana. Senão, ao menos que haja mt sol na Alma, que é o principal!

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