29 de janeiro de 2007

Aborto NÃO, despenalização SIM

Bom dia!

Sou contra o aborto, sou sem qualquer dúvida a favor da VIDA. Que nunca mulher nenhuma se veja na necessidade de abortar, seja qual for a razão.

“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei, como havendo de ser julgados pela lei da liberdade.
Porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia; a misericórdia triunfa sobre o juízo.”

Tantas vezes me lembro daquela cena de Jesus meio acocorado a escrevinhar com o dedo no pó do chão e os homens a quase exigirem q ela condenasse a mulher adúltera. Jesus nem levanta a cabeça e em voz baixa “Quem de vós nunca pecou atire a primeira pedra” e eles a saírem sem quererem dar nas vistas, do mais velho ao mais novo. Somos muitas vezes hipócritas e atiramos a primeira pedra sem pensar nos nossos telhados de vidro

Tenho acompanhado, na imprensa, a discussão em torno do referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas de gestação e penso que é urgente e honesto clarificar algumas questões que, quanto a mim, estão a ser usadas demagogicamente e de forma pouco honesta pelos defensores do NÃO. Creio que será manipular quem não tem opinião ainda formada ou outros quaisquer, se for dito que o que está em causa é ser a favor ou contra o aborto, que votar sim à despenalização é abrir portas para que muitas mais mulheres o façam. Dizer isto é distorcer a intenção real da despenalização. Despenalizar é permitir que aquelas que o decidem fazer o façam em segurança, numa instituição hospitalar assistidas por pessoal médico e não corram riscos., não é incentivar a que o aborto seja feito.

É hipócrita esgrimir argumentos destes e pouco ter feito desde o primeiro referendo que se realizou em 1998 para evitar que jovens engravidem, que mulheres de famílias numerosas e fracos recursos engravidem. O aborto não pode ser considerado meio de contracepção, é um último recurso em situações concretas. Se o SIM ganhar, como espero que ganhe, é preciso legislar, é preciso que essa legislação espelhe, de facto, o respeito à vida, haja mecanismos de acompanhamento à mulher grávida que entende abortar, de aconselhamento, que a ajude a reflectir se essa é, de facto, a última porta, o último recurso. A nossa Igreja, ao invés de ameaçar com excomunhões (bom que nem todo o clero tem estas atitudes repressivas), tem por obrigação de, nas Pastorais da Família, e, principalmente na da Juventude de formar consciências na discussão aberta da sexualidade, formar os jovens no amor e respeito à vida, na sexualidade responsável em que ambos, rapaz e rapariga, sigam de mãos dadas um caminho seguro em que o acto sexual seja o coroar de uma relação estável e séria. Que cada vez mais se ouça falar em namoro casto, no sexo depois do casamento, mesmo que este seja o juntar dos trapinhos. De qualquer forma, cabe aos Pais, pois a educação e a formação dos jovens, começa no seio familiar, esclarecer abertamente os filhos, quanto às formas de prevenir uma gravidez fora do tempo e muni-los dos meios, às moças a pílula e aos rapazes o preservativo, para que, e volto a referir, de uma forma consciente, giram a sua sexualidade. Não me venham agora dizer que dar uma caixa de contraceptivos a uma filha e preservativos ao filho é dizer: Vá filhos, a partir de agora podem fazer sexo à vontade. Não. É dizer: olha eu nestes anos todos expliquei-te que fazer amor é com quem amamos e por vezes demoramos algum tempo a ter a certeza de que amamos, portanto não tenhas pressa, mas quando chegares a essa conclusão está aqui a forma de não engravidares. Esta é uma das formas mais seguras. As outras, eu já tas expliquei. Agora está nas vossas mãos.

Diz Frei Bento Domingues a arrematar a sua crónica de ontem no Jornal “O Público: “Parece-me exorbitante ameaçar os católicos, que votem "sim", com a excomunhão. Comparar o aborto ao terrorismo é fazer das mulheres aliadas da Al-Quaeda. A retórica deve ter limites.
Creio que é compatível o voto na despenalização e ser – por pensamentos, palavras e obras – pela cultura da vida em todas as circunstâncias e contra o aborto. O "sim" à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, dentro das dez semanas, é contra o sofrimento das mulheres redobrado com a sua criminalização. Não pode ser confundido com a apologia da cultura da morte, da cultura do aborto, embora haja sempre doidos e doidas para tudo.
Eu, agora, competente me confesso para afirmar: quando, em Portugal, o aborto for obrigatório, abandono o país. Nem mais, nem menos.”
Eu reafirmo:
Sou contra o aborto, sou sem qualquer dúvida a favor da VIDA. Que nunca mulher nenhuma se veja na necessidade de abortar, seja qual for a razão.

Eu voto sim no Referendo da Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez. O resto? O resto fica na consciência de quem na liberdade e no livre arbítrio e por razões que não me cabe julgar, pratica o acto.

Abraços marienses
Funchal, 29 de Janeiro de 2007
Ana Loura

23 de janeiro de 2007

“Custo de vida sobe mais nas regiões empobrecidas”
















Favor clicar a imagem para visualizar o quadro

Bom dia!

“Custo de vida sobe mais nas regiões empobrecidas”

“ Norte, Centro, Alentejo e Açores apresentam preços superiores à média nacional e têm menos poder de compra…”

“Inflação diferente em cada região agrava disparidade nos salários”

“Regiões mais pobres do país são também as que sofrem uma inflação mais alta e mais perdem poder de compra.”

“Os aumentos salariais são, no entanto, calculados para todos de forma igual, independente da região onde vivem. Na prática, consoante a região, as actualizações dos salários reais são diferentes para trabalhadores do mesmo sectores de actividade e do mesmo nível de vencimentos….Por outro lado, as actualizações levam em linha de conta a inflação nacional e não a de cada região. Por isso, quem vive numa zona com inflação superior vê o salário “encolher”, ou seja, consegue comprar menos bens e serviços com o mesmo dinheiro.”

“Todos os anos o Governo engana-se na previsão” Começou nos 2,6% e, com essa referência foram negociados os aumentos salariais para 2006 na Função Pública. Depois, o Governo reviu em alta a sua estimativa de inflação para o ano passado, para 2,9%. Afinal o valor definitivo atingiu os 3,1% revelou o Instituto de Estatística”

“As 9 ilhas do arquipélago dos açoriano estão na pior situação de todo território nacional. É certo que os insulares recebem certas regalias para compensar o seu isolamento, mas ainda assim cada habitante dos Açores tem um poder de compra de apenas 73,33% da média nacional-e, no entanto sofreu o maior agravamento de preços do país, no ano passado.”

Excertos de notícia saída a público no Jornal de Notícias do dia 17 de Janeiro último.

Depois do que li pouco tenho a dizer. Apenas realçar os 73,33% do poder de compra que os açorianos têm comparativamente à média nacional…73,33%...Onde andarão os subsídios que a Comunidade Europeia atribui com base nas políticas de coesão? Onde anda o conceito de continuidade territorial? Que andam a fazer os políticos açorianos para reverter a situação? Aquando da discussão do Orçamento Geral do Estado que intervenções têm os deputados eleitos com os nossos votos para o diminuir dos 26,67% de bens essenciais que cada açoriano não pode comprar com o mesmo dinheiro que um continental. E nós? Andamos a dormir na forma? Deixamos andar, não reclamamos, não exigimos que os deputados e governantes prestem contas e nas próximas eleições vamos votar…nos mesmos.


Abraços marienses
Azurara, 22 de Janeiro de 2007
Ana Loura

15 de janeiro de 2007

SAUDADE

Hoje a Crónica tomou uma forma diferente: parte do texto, os poemas, está inserido em fotografias (da minha autoria). Clicando nelas aumentamos o tamanho e lemos melhor os poemas.

Bom dia!

- O que queres dizer quando dizes que tens saudades?”
Foi rápida a resposta, pois são tantas as saudades que sinto.
“Saudade é sentir falta”.
- É uma dor que se sente na alma? Embora não saibamos, bem, onde fica a alma… quando se pensa…

Diz no Dicionário Geral e Analógico da Língua Portuguesa de Artur Bívar: que saudade é “Pesar pela ausência de alguém que nos é querido; Lembrança triste e suave de pessoas ou coisas ausentes ou extintas”

“Não se morre de saudade”, mas definha-se, ou engorda-se, dependendo da forma como reagimos à dor da ausência.

Há quem se consuma na saudade, morra um pouco a cada dia de ausência, a cada recordação, a cada objecto que traz a imagem, a voz, os gestos do ente que partiu. Há, por outro lado, aqueles a quem a memória do que partiu alimenta o tal sentimento”triste, mas suave”, faz valer a pena cada amanhecer, faz sorrir a cada imagem, cada som, cada cheiro que faz não se desvanecer, nunca, a presença do ausente.


Por vezes nem é preciso a pessoa ter-se afastado muito fisicamente, nada pior do que a “saudade de quem está perto”.

Há a saudade que temos de quem morreu e cuja presença sentimos na folhagem que treme a passagem da brisa. Há a saudade de quem partiu mas cuja esperança ou desejo de que volte nos faz o coração saltar, a respiração parar ao toque de um telefone, ao abrir de uma porta.


Dizem os que não têm mais nada de “inteligente” a dizer que a saudade é um sentimento, exclusivamente, português. Nunca entendi muito bem esta afirmação, pois qualquer ser humano, normal, sente a falta dos que ama e por qualquer razão a vida fez partir. Existem diversos trabalhos que se debruçam sobre esta questão, no âmbito filosófico e linguístico e, felizmente, as teorias mais recentes afirmam a universalidade do sentimento, que em português é chamado de saudade.

Em Inglês o “I miss you” não implica saudade? Que dizer do poema francês “Je suis malade”? “Já não sonho, já não fumo, até já nem tenho historia. Sem ti eu sou feio, sou como um órfão num dormitório. Já não tenho vontade de viver, a minha vida acaba quando partes”. E mais adiante “Eu fico doente, completamente doente, como quando a minha mãe saia à noite e me deixava sozinho com o meu desespero” Haverá grito de saudade mais pungente do que o contido nesse poema?



















A palavra saudade tem inspirado páginas de literatura portuguesa de superior qualidade, poesias fantásticas foram escritas quer na forma erudita que na popular. Alguns exemplos:

A quadra da cantiga popular açoriana Tirana:





















Ou a velha canção imortalizada por Maria de Fátima Bravo




















A grande Poetisa Florbela Espanca escreveu:


Saudades





















E, finalmente, de Afonso Lopes Vieira




















Abraços marienses
Azurara, 15 de Janeiro de 2007
Ana Loura

8 de janeiro de 2007

SATA







Bom dia!

A nossa imprensa regional tem colaborações que valem a pena ser lidas e quando vou a casa raramente perco oportunidade de comprar um ou outro jornal. Pena que nem sempre tenha tempo para os ler e acabar por os deixar em casa num canto e quando volto já terem perdido actualidade. Há um que leio quase de fio a pavio, normalmente: o que a SATA muito gentilmente nos oferece quando entramos no avião, isto se o parceiro do lado se calar o que não foi o caso desta última viagem. Mas mesmo assim deu para passar os olhos e encontrar artigos de opinião bastante interessantes e passo a transcrever o que escreveu Paulo Faustino título “Caro de mais”:

A SATA, se já não atribuiu está em vias de atribuir seiscentas passagens à TVI para a realização da sua nova telenovela em São Miguel, a “ilha dos Amores”. Como contrapartida pela generosidade, a companhia terá a sua imagem como transportadora aérea promovida no continente. Através da iniciativa, a SATA dá uma excelente imagem à estação que lidera as audiências televisivas no país. Mas, o que tem a empresa feito para os que vivem cá dentro, nas ilhas? Cobra, em condições normais, bilhetes de avião para Lisboa que, com todas as taxas incluídas custam à volta de 250 euros para os residentes. Realiza campanhas tarifárias promocionais, praticamente de um dia para o outro sem publicidade prévia, que quase com a mesma rapidez se esgotam. É assim que a SATA concretiza o seu slogan de “unir o que o mar separa”? Não parece. Assim, o que faz é condenar uma fatia da classe média-baixa a não poderem sair da sua terra e conhecer outras paragens, porque não têm sequer condições financeiras para suportar uma passagem.

O resultado está à vista: são cada vez mais os açorianos que reivindicam a liberalização do espaço aéreo. Querem a vinda de outras companhias para romper com o monopólio da SATA e introduzir aquilo que verdadeiramente faz falta no arquipélago ao nível dos transportes aéreos: a concorrência de preços. Compreende-se. A SATA deve ter a sua estratégia de promoção própria, mas nunca se pode esquecer que é dos açorianos e é para estes que deverá trabalhar em primeira instância.

É este o texto de Paulo Faustino nas Crónicas do Aquém no Açoriano Oriental de Sexta-Feira dia 5. Não direi que concordo em pleno, principalmente com a questão a liberalização. No meu ponto de vista as regras pelas quais se rege a SATA em termos de Serviço Regional deveriam se mais precisas; É tarefa do Governo Regional a definição da Política Aérea regional e das obrigações das SATAS para com o Povo Açoriano

Mas que as promoções se verificam, apenas, entre os destinos directos, quero dizer, de partida e chegada, dos voos da SATA Internacional, lá isso são, que não são anunciadas em parte nenhuma e só as conhece quem vai diariamente ao site da SATA na internet lá isso também é verdade e que, portanto, a grande percentagem dos Açorianos fica de fora deste esquema também é verdade e ainda que mesmo as tarifas de residente são proibitivas, disso ninguém duvida e de que mesmo com promoções e tarifa Pex é caro vir aos Açores toda a gente o diz.

Acordem, senhores deputados, eleitos com o voto do Povo. Cumpram o vosso papel de defensores dos nossos interesses; acordem senhores governantes, somos nós quem pagamos os vossos salários, em alguns casos bem chorudos, olhem para nós e vejam quão curtos são os recursos da maioria do Povo açoriano… É que para além das questões da SATA já se levanta a questão dos transportes marítimos inter-ilhas com propostas de aumentos de preços na ordem dos 15%...

Abraços marienses
Azurara, 8 de Janeiro de 2007