9 de setembro de 2007

"esta é mesmo a minha ilha"

















































Bom dia!

“…e esta é mesmo a minha ilha, a minha gente…os meus…a minha casa…” Não, esta frase não é da minha autoria, mas poderia ter sido. Quando na noite de Sábado a ouvi ser dita pelo actor da Máquina do Tempo que encarnava o personagem Lourenço Vinhateiro, um dos primeiros Escravos da Cadeinha, no palco instalado no Anjos, mesmo junto à estátua que homenageia Cristóvão Colombo que segundo a História ter-se-á abrigado na acolhedora baía do Lugar dos Anjos aquando violenta tempestade, fiquei emocionada, pensei que era exactamente aquilo que eu sinto em cada regresso “esta é mesmo a minha ilha, a minha gente, os meus, a minha casa…

Mas não é das minhas partidas e regresso que vos vou falar hoje, desse tema já falei em vários tons e cores, as alegres cores das chegadas e das cinzentas e tristes das partidas.

No ano passado a minha estadia estival na nossa ilha terminou antes que a Associação dos Escravos da Cadeinha tivessem realizado a primeira reconstituição do que foi o regresso dos marienses levados como escravos pelos piratas mouros que assolavam as ilhas nos passado remoto. Fiquei triste, mas as ausências potenciam, exacerbam a vontade de estarmos em casa quando as coisas importantes acontecem. Nessas alturas a distância aumenta. Não as físicas, mas as reais. Mas nunca tanto, como quando as coisas em que gostaríamos de participar acontecem, as saudades, a vontade de estarmos são maiores. Recebi, na altura, as fotos que a Laurinda Sousa e o Rui Parece enviaram. Achei lindo o que vi.

Há dias um “outdoor” perto da minha casa anunciava nova reconstituição. Fiquei à espera de ver em algum lado o “programa das festas”. Soube, mais ou menos por acaso que na Sexta aconteceria o lançamento de um livro. Mesmo meia adoentada fui “por essa banda abaixo” e, em boa hora o fiz. Armando Moreira, pintor, encenador, cenografista e dramaturgo, um dos fundadores do Grupo de Teatro Máquina do Tempo, ficcionou três das várias e riquíssimas lendas marienses, “colou-as” e escreveu uma pequena peça de teatro, Correntes de Encanto, que serviria de base à reconstituição histórica do regresso dos Escravos e a posterior criação da Irmandade dos Escravos da Cadeinha que inspirou a criação em 2001 da Associação que tomou a seu cargo a “protecção, promoção e divulgação do Lugar dos Anjos quer na vertente histórica quer na vertente lúdica”. Após o lançamento teve lugar a entronização, a preceito, dos novos sócios.

Sábado a peça foi apresentada ao, quanto a mim, pouco público presente nos Anjos, notei a falta de alguns daqueles que dizem que em Santa Maria não acontece nada, aqueles que, de certa forma, estão ligados a actividades culturais. Sei que estava escuro, o ambiente recriado era medieval, à luz de archotes e ficava difícil distinguir rostos, pessoas. Mas, mesmo assim.

Gostei do trabalho apresentado, do desempenho. Dos come, dos bebes, da actuação da fanfarra dos bombeiros, dos tamborileiros dos nossos escuteiros, do convívio. Dois serões em que valeu muito bem a pena sairmos de casa por tudo e principalmente pelo enaltecer da nossa cultura, das nossas raízes. Gostei da sugestão deixada por Armando Moreira no sentido de tornar o Lugar dos Anjos num ponto forte de turismo cultural da nossa ilha. Parabéns aos Escravos.

Abraços marienses
Algures entre o sonho e a realidade, 10 de Setembro de 2007
Ana Loura

1 comentário:

  1. Não sou perita em fotos...mas gosto do belo.Que fotos magnificas...a luz ,a captação das melhores posições corporais...parecem esculturas do melhor mestre...
    Parabéns...parabéns...parabéns!

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