2 de junho de 2008

Estou em casa




Bom dia!



Há quem diga que nunca devemos trilhar caminhos que já trilhámos, mesmo que tenhamos sido felizes. Pois cá estou eu a trilhar de novo os caminhos da Ilha. Uma vez ilhéu toda a vida ilhéu. Não foi fácil voltar, virar costas às coisas de que eu lá gostava, deixar os meus Pais, uma das razões que me tinham feito partir. De qualquer forma o meu ir foi um ir a prazo, apenas regressei um pouco antes do que previa. Vim bem, vim tranquila, vim feliz. Gosto da ilha e como qualquer ilhéu a minha vida é feita de partidas e chegadas. Esta foi mais uma. Agora, é preciso colocar no sítio as coisas que levei e trouxe e algumas que apenas trouxe; retomar algumas das actividades que de alguma forma deixei em suspenso, embora tenha ao longo deste tempo mantido a fervilhar tudo o que fazia: sempre que vim ensaiei no grupo coral, raramente falhei na escrita das crónicas, apesar de ao longe, acompanhei a actividade política dos meus camaradas de partido e companheiros da CDU; fui pedindo notícias do que era feito na ilha, fui tendo conhecimento das novidades através de conversas telefónicas com amigos e através do blog do Marco Coelho. A bem da verdade quase não saí de cá.



Já cheguei fez esta madrugada uma semana, mas logo na Terça fui para S Miguel para uma acção de formação pois a única mudança de fundo na minha vida neste giro-flé foi ter deixado de exercer um cargo de Assessora no trabalho e ter passado a executar funções que chamamos de TTA “de linha”, ou seja a reparar e a manter os equipamentos usados para que os aviões aterrem em segurança no nosso aeroporto e os usados para controlar o espaço aéreo do Atlântico Norte, área sobe a responsabilidade de Santa Maria e que pela decisão da Assembleia da República, luta em que o Partido Comunista teve um papel fundamental, assim se manteve.



Tendo chegado Sábado à noite logo me quis inteirar se haveria no Domingo algum Império. Como vos contei, no dia de Pentecostes preparei sopas com pão que tinha levado de cá. Pão, endro e hortelã, carne comprada lá, para de certa forma e para além da Eucaristia, louvar o Espírito e celebrar uma das nossas mais arreigadas tradições. Mas Império mesmo é na copeira. E ontem, a meio da tarde, subi os Picos e pus-me na bicha, que felizmente não era muito grande e entrei na segunda mesa. Os Impérios para além do seu principal objectivo do “pagamento” de promessas (como se o Espírito cobrasse as bênçãos que dá…mas isso é tema sério para reflexão obrigatória noutro momento), como dizia, para além da componente de “pagamento” de promessas, o Império tem uma função social indiscutível pois é na bicha que encontramos muitas das pessoas que raramente veríamos não fossem os Impérios. E eu vi muita gente que já não via há muito tempo, abracei, conversei, ri-me com as estórias contadas. Acho que foi na bicha do Império que eu tive a certeza de que ESTOU EM CASA.



Abraços marienses

Santa Maria, 2 de Junho de 2008

Ana Loura

7 comentários:

  1. Ainda bem que voltas-te , quem destas ilhas gosta tarde ou nunca se arrepende de cá ficar - és bem vinda , são sempre bem vindos aqueles que aprendem facilmente a gostar da nossa terra e das suas gentes, quando partimos e o coração fica é certo que voltamos , bem vinda e que dure agora a tua estadia PARA AJUDARES ESTE POVO QUE BEM PRECISA DE GENTE DE BOM CORAÇÃO.
    L.A.

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  2. Oh Ana eu fico mt feliz sim por teres voltado "aonde de" nunca saíste...
    Mas se bem me parece, bem no fundo, deves tb ter o teu coraçao já partido a meio, senao em mais partes, com as pessoas e sitios que lá amaste e lá deixaste..
    eu fui assim, eu sou assim.. e doi.. será isto ser ilheu de alma?
    bjs Ana e.. bem vinda de coraçao!
    mcdd

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  3. Welcome back! Quem me dera a mim tb... embora muito mais perto do que tú... mas...

    Vamos ver se te vejo aí este verão!

    abraços cagarrenses

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  4. após alguns segundos de mais atenção é que reparei que o meu primo anda nas andanças das copeiras... não só fico contente por ser ele mas também por ser jovem e dar continuidade... venham mais!!

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  5. Ai que saudades desta nossa ilha e das suas gentes! Como eu te compreendo, Ana, Loura como o trigo dos meus tempos de ser de São Pedro ou "santaneiro"!
    Daniel de Sá

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  6. Ana,
    Tenho passado por aqui, de vez em quando, por desfastio.
    Desta vez li mais um pouco e, como sempre, gostei do que li, acima de tudo, por causa da simplicidade que se solta da sua escrita e dos sentimentos de solidariedade que transparecem.
    Cumprimentos

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  7. Olha...
    Só mesmo pra te dizer, que aofim destes anos todos, sempre te associo a Sta Maria... essa é definitivamente a tua casa, a tua ilha... Tal como eu, também não consigo me imaginar fora daqui, mesmo quando tudo corre ao contrário, mesmo quando me apetece "levantar ferro e zarpar", sabe sempre bem, regressar a porto seguro, a este calhau... por isso, compreendo-te perfeitamente...
    ~
    Vai tudo correr bem, minha amiga, afinal estás em casa...

    Bjinhos
    Tiber

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