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Utopia, nome da ilha idealizada por Thomas More escritor, filósofo inglês, Chanceler do reino, nascido em 1478 e decapitado a mando do Rei por não reconhecer a nova religião, o Anglicanismo, e ter ficado fiel aos seus princípios Católicos, quando Henrique pretendeu a nulidade do seu casamento e esta não foi concedida pela Santa Sé. “A execução de Thomas More na
Torre de Londres, no dia
6 de Julho de
1535, ordenada pelo rei
Henrique VIII de Inglaterra, foi considerada uma das mais graves e injustas sentenças aplicadas pelo estado contra um homem de honra, consequência de uma atitude despótica e de vingança pessoal do rei.
Thomas More, na sua obra Utopia, descreve um reino imaginário onde há justiça igualdade e todos são felizes. Consta na Wikipédia “De Optimo Reipublicae Statu deque Nova Insula Utopia (em português, Sobre o melhor estado de uma república e sobre a nova ilha Utopia) ou simplesmente Utopia é um livro de
1516 escrito por
Tomás Moro (
Thomas Morus 1480-1535). Escrito em
latim, foi sua principal obra literária e tornou-se sinonimo de projecto irrealizável; fantasia; delírio; quimera; lugar que não existe, dando uso mais amplo do então
neologismo "
utopia".
Eu sonho desde sempre com um mundo melhor, mundo onde não haja exploradores nem explorados, opressores nem oprimidos, onde quem trabalha come, onde a saúde, o pão, a paz, a educação, a habitação, os direitos os deveres sejam de todos e para todos. Há muitos anos havia uma canção de Zeca Afonso que traduzia, entre outras, este meu sonho
Menino do Bairro Negro
Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Ver o sol chegar
Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz
Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Virá também
Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Ver o sol chegar
Se até da gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti
Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver
Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Ver o sol chegar
O Vinte e cinco de Abril foi há 33 anos e ainda há muitos bairros onde o sol não nasce, muita gente sem direito à paz, ao pão, à educação, à saúde, à habitação, muita gente explorada e meia dúzia de exploradores. Ainda há povos que em nome de “valores” discutíveis oprimem outros povos, a guerra é uma realidade ao virar da esquina. Viveremos sem esperança de uma sociedade melhor? Eu acredito que é possível uma sociedade em que a “doutrina de organização económica e social que considera que o interesse e o bem da comunidade se devem sobrepor ao interesse particular;” "uma teoria social que preconiza a supressão da propriedade individual e a comunhão de todos os bens e de todos os produtos da terra e da industria" Um “sistema dos que procuram reformar o estado social, pela incorporação dos meios de produção e consumo na comunidade, pelo regresso dos bens e propriedades particulares à colectividade, e pela repartição, entre todos, do trabalho comum e dos produtos de consumo."
Uma sociedade Socialista não é utopia.
Estes sonhos, são sonhos colectivos, realizam-se de mãos e braços dados. Não dependem, apenas de mim, nem apenas de te ti, mas de todos nós no respeito ao outro, no amor fraterno.
No dia em que isto deixar de ser um sonho realizável e passar a ser utopia, tudo para mim deixará de fazer sentido, até o acordar. Eu tenho um sonho, sim, mas esse sonho é realizável e depende de cada um de nós e eu quero sonhar tendo a certeza de o meu sonho é possível.
Também de Zeca Afonso:
Utopia
Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo, mas irmão
Capital da alegria
Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu desafio
Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso, a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio, este rumo, esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?
Que me chamem de lunática, sonhadora, “utópica” mas eu não quero, nunca, deixar de sonhar com um mundo mais justo e melhor. Não há outros fumos, outras rotas…, outras Ilhas, UTOPIAS.
Abraços marienses
Árvore, 25 de Junho 2007
Ana Loura