“Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar juntos à mesa da fraternidade.Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo o estado de Mississipi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado num um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que minhas quatro crianças vão um dia viver numa nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu carácter. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas serão aplanadas, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.”
(Martin Luther King)
Eu também sonho! Sonho com esta fraternidade com que Martin Luther King sonhou e por causa do qual foi assassinado. Se lermos com atenção este excerto do discurso, e nem é precisa muita, veremos que ele está recheado ou, melhor, é a citação quase à letra de passagens da Bíblia: o Leão e o cordeiro comerão juntos.
Sempre me tocou e fundo a figura extraordinária deste Pastor que deu a vida pelo ideal da igualdade e da paz num país de maioria branca maioritariamente racista. Chorei quando Luther King foi assassinado, chorei quando Jonh Kenedy também o foi. Nessa altura a informação que tínhamos era da grande figura de democrata que a “democracia” ocidental queria impor desse governante americano. E chorei, como chorei, quando faleceu um dos maiores Papas do Sec. XX o bondoso, o, de facto, Santo João XXIII.
Mas voltando ao Mississipi, eu tenho um sonho de muitos anos que se desfez, ou quase. O de ir a Nova Orleans, o de ver passar e depois integrar-me num funeral. Os funerais lá eram, serão de novo, espero, cortejos de dor, mas uma dor com esperança, em que a música que adoro, os Blues, carpe a partida do ente querido mas é transbordante da Esperança do encontro nos átrios da casa de Deus Pai onde todos seremos iguais e felizes.
Eu tenho um sonho! E este sonho irá concretizar-se porque tenho Esperança.
Tomo a liberdade de vos ler excertos da crónica de Daniel de Sá editada pela revista Diário Insular este fim-de-semana:
“Deus não se passeou sobre as águas de Nova Orleães contemplando a sua vingança. Só uma mente pérfida ou mal formada é capaz de imaginar que o fez. Se para crentes há possibilidade de perdão quando se fala da lei de Deus, a Natureza não perdoa nunca. No entento não foram os “pretos” que a habitavam que construiram Nova Orleães abaixo do nível do lago Pontchartrain, do Mississipi e do próprio oceano. Foi a drenagem dos pântanos à volta, decidida por especialistas não adivinhos ou pelo menos pouco previdentes, que fez baixar o solo até o transformar em armadilha mortal."
(...)
Eu também sonho! Sonho com esta fraternidade com que Martin Luther King sonhou e por causa do qual foi assassinado. Se lermos com atenção este excerto do discurso, e nem é precisa muita, veremos que ele está recheado ou, melhor, é a citação quase à letra de passagens da Bíblia: o Leão e o cordeiro comerão juntos.
Sempre me tocou e fundo a figura extraordinária deste Pastor que deu a vida pelo ideal da igualdade e da paz num país de maioria branca maioritariamente racista. Chorei quando Luther King foi assassinado, chorei quando Jonh Kenedy também o foi. Nessa altura a informação que tínhamos era da grande figura de democrata que a “democracia” ocidental queria impor desse governante americano. E chorei, como chorei, quando faleceu um dos maiores Papas do Sec. XX o bondoso, o, de facto, Santo João XXIII.
Mas voltando ao Mississipi, eu tenho um sonho de muitos anos que se desfez, ou quase. O de ir a Nova Orleans, o de ver passar e depois integrar-me num funeral. Os funerais lá eram, serão de novo, espero, cortejos de dor, mas uma dor com esperança, em que a música que adoro, os Blues, carpe a partida do ente querido mas é transbordante da Esperança do encontro nos átrios da casa de Deus Pai onde todos seremos iguais e felizes.
Eu tenho um sonho! E este sonho irá concretizar-se porque tenho Esperança.
Tomo a liberdade de vos ler excertos da crónica de Daniel de Sá editada pela revista Diário Insular este fim-de-semana:
“Deus não se passeou sobre as águas de Nova Orleães contemplando a sua vingança. Só uma mente pérfida ou mal formada é capaz de imaginar que o fez. Se para crentes há possibilidade de perdão quando se fala da lei de Deus, a Natureza não perdoa nunca. No entento não foram os “pretos” que a habitavam que construiram Nova Orleães abaixo do nível do lago Pontchartrain, do Mississipi e do próprio oceano. Foi a drenagem dos pântanos à volta, decidida por especialistas não adivinhos ou pelo menos pouco previdentes, que fez baixar o solo até o transformar em armadilha mortal."
(...)
E conclui Daniel de Sá:
"É lamentável que haja quem tenha visto na agonia de Nova Orleães apenas um motivo para declarar, no orgulho inútil da pequenez mental, que a América tem pés de barro e lama. Mas conforme o “Eclesiastes” os pensamentos provam o homem e as palavras revelam o seu coração. Ou, como António Gedeão, as lágrimas daquelas gentes são feitas de água e sal como as nossas.
Deus decerto não castigou a cidade. E se alguma coisa tiver a ver com aquilo, talvez seja para permitir que os risos e os Blues voltem depressa às ruas de Louis Armestrong.”
Abraços marienses
Santa Maria, 19 de Setembro de 2005
Ana Loura