Bom dia!
O meu nome é Tarouco ou Tarôco. A minha Mãe chama-se Pequenina, uma gata que a nossa Dona encontrou numa rua de Ponta Delgada quando vinha para casa (a casa de lá, onde ela vive num quarto) para almoçar com a minha Avó. A minha Avó, não é mesmo minha avó, mas é assim que ela gosta que lhe chamemos. A nossa Avó estava em Ponta Delgada de passagem, como muitas vezes, tinha cozinhado o almoço e estava à espera da nossa Dona que estava atrasada, foi espreitar à porta e viu a nossa Dona a descer a rua com uma coisa ao colo e pensou: pronto…lá vem mais um gato…Ninhas, mais um? Mãe, achas que eu podia passar à frente e não a recolher, tadinha, estava a miar desesperada debaixo de um carro. Mas Ninhas, já temos tantos, já lá tens o Charlie (o Charlie também tinha sido recolhido pela nossa Dona à porta da casa onde ela vivia na altura e depois, quando a nossa Dona se mudou ele veio para a casa da Família). Mãe, eu não era capaz…ela miava tanto! E vai ficar aqui. Vou dar-lhe banho, está cheia de pulgas e morta de fome, temos que arranjar alguma coisa para ela comer. E assim a minha mãe encontrou um lar com cama quente e comida à descrição onde é muito feliz.
A minha Mãe cresceu e começou q frequentar os telhados e quintais dos vizinhos, conheceu alguns gatos muito simpáticos e passados uns meses, ela tinha vindo passar as férias à casa da Família, como sempre aconteceu, e numa mudança de lua nós nascemos. A nossa Avó diz que nunca viu ninhada tão linda e podem acreditar que ela já viu dezenas de ninhadas, mas a nossa para ela era a mais linda. Um dos nossos irmãos morreu à nascença, não se sabe bem porquê, mas nós os quatro éramos todos lindos. A nossa Dona estava tão feliz, não queria dar nenhum de nós. Nós fomos crescendo e ela foi escolhendo os nomes: a minha irmã sempre foi elegante, pêlo sedoso, comprido e colorido, malhado de cinzento, branco e cor-de-rosa, parece uma Princesa e foi esse o nome que lhe foi dado, o meu irmão, um Senhor gato, gordo, meigo cinzento de pêlo curto foi dado a uns amigos florentinos que lhe chamaram Norberto e eu, um gato quase humano, que me atiro para o pescoço das pessoas de quem gosto, me agarro aos ombros como lapa à rocha, ronróno dengoso, faço olhos de espanto e sou meio lerdo de entendimento a minha Dona chamou-me Tarôco ou Tarouco. Ela adora-me, por vezes fica um pouco farta de mim pois sou mesmo uma lapa, mio à porta do quarto dela porque quero ir para a cama deitar-me em cima do peito dela e dormir a ronronar, ela diz que sou chato, mesmo chato e Tarôco “memo”. Nós somos todos muito felizes em casa da nossa Avó. Ela não tem estado muito cá, mas tem uma amiga que vem cuidar de nós e não nos falta nada. Há dias a nossa irmã teve 5 gatinhos entre as ervas do jardim e a nossa amiga pegou em todos e levou-os para dentro de casa para que ficassem abrigados. Como vos digo somos todos muito felizes.
Ontem a minha Dona veio passar o fim-de-semana a casa. Chegou já era muito tarde, chamou por nós, mas eu andava a vadiar, ela foi dormir e hoje quando ia a sair de casa eu estava morto em cima do passeio, junto à entrada para o quintal. Um carro tinha passado…Os carros passam quase sempre naquela rua como se fosse a auto-estrada por onde a minha Avó tem que passar para ir para o trabalho, a uma velocidade que não dá hipóteses de pararem se houver um animal ou uma criança a atravessar e pronto, já são uns quantos gatos e cães que morremos naquele lugar. A minha Dona chorou muito e a nossa Avó também quando soube que eu nunca mais vou saltar para o pescoço dela, agarrar-me como uma lapa aos ombros, ronronar e olhar para ela com olhos de espanto. A minha Avó diz que está muito triste, está a passar para o papel esta minha carta com as lágrimas a correrem pela cara, ela vai voltar para casa e diz que não se quer arrepender de voltar antes de ter chegado e não sabe como há-de poder resolver o assunto do excesso de velocidade na nossa rua, é que em menos de um mês fomos mortos dois dos seus gatos e ela pensa que se fosse uma criança os carros batiam também, acha que há falta de consciência de quem passa numa rua dum bairro como se passasse numa auto-estrada”
É, eu tenho saudades dos teus olhos de espanto, eu tenho saudades dos olhos cada um da sua cor do Pirata, eu tenho saudades de cada gato de cada cão assassinados por condutores que pensam que são donos da rua, donos do mundo.
Eu tenho saudades de ti, Tarôco.
“O destino dos animais é muito mais importante para mim do que o medo de parecer ridículo”
Émile Zola grande escritor Francês dos finais do Sec XIX
“Chegará o dia em que o homem conhecerá o íntimo de um animal. E, nesse dia, todo o crime contra um animal será um crime contra a humanidade”
Leonardo Da Vinci pintor, escultor, arquitecto, físico, engenheiro, botânico e músico do Renascimento italiano.
“Os animais foram criados pela mesma mão caridosa de Deus que nos criou… É nosso dever protegê-los e promover o seu bem-estar.” Madre Teresa de Calcutá missionária católica albanesa, nascida na República da Macedónia e naturalizada indiana beatificada pela Igreja Católica.
Árvore, 19 de Maio de 2008
Ana Loura
"Mulheres de Atenas", título de canção de Chico Buarque que será título de programa de rádio sonhado há 25 anos, um dia...
19 de maio de 2008
Eu tenho saudades de ti, Tarôco
12 de maio de 2008
O jardim do meu vizinho e Peregrinos, a Esperança
Bom dia!
O meu vizinho da frente é agricultor e criador de gado bovino. Para construírem a estação do Metro “comeram-lhe” uma larga fatia do campo anexo à casa. “Comeram” a preço baixo, a preço de bem necessário para o bem comum. O meu vizinho não achou piada ao facto de ter de ficar com menos meios de produção, mas como o bem comum é uma exigência incontornável, depois de se calçar em termos jurídicos, habituou-se à ideia e lá vive sem a fatia de terreno do bem comum. O meu vizinho da frente tem um jardim pequenino mas lindo! Há dias encontrei-o com a esposa à porta de casa e o jardinzinho veio à baila “Vizinhos, gosto muito do vosso jardim, os arbustos tem tons de verde tão diferentes e tão lindos. Está tão bem tratado…” “Pois está, mas sabe que nos vão cortar mais uma fatia e vamos ficar sem ele?” “Não diga, mas ainda não cortaram as fatias todas? A estação já está pronta” “ Pois está, mas desta vez vão desviar a estrada e fazê-la ao longo da linha do Metro” Cá se vai mais uma fatia para o bem comum… Este diálogo já tem mais de um mês. Hoje quando saía de casa ouço o jardim do vizinho a ser regado, atravesso a rua e confirmo, o jardim tem a relva impecavelmente cortada, está sem ervas daninhas, as coroas imperiais estão a florir, os arbustos estão podados. Interroguei-me: O que leva a este casal a continuar a cuidar de um jardim que tem os dias contados? Será que é a certeza que têm as pessoas que lidam com a natureza de que há sempre Primavera queira o Homem ou não? Não sei. O certo é que o jardim do vizinho com morte anunciada para breve continua a ser cuidado como se cuida um condenado que está no corredor da morte mas tem a esperança que o indulto seja decretado no próximo Dia Nacional.
Comentário da minha querida amiga Lila com quem vou falando no MSN enquanto alinhavo as palavras com que vos escrevo: “assim nós cultivássemos o nosso jardim interior, que bem sabemos que terá um fim à vista, mas deixamos desleixado tantas vezes como se tivéssemos todo o tempo da eternidade”
Comentário da minha querida amiga Lila com quem vou falando no MSN enquanto alinhavo as palavras com que vos escrevo: “assim nós cultivássemos o nosso jardim interior, que bem sabemos que terá um fim à vista, mas deixamos desleixado tantas vezes como se tivéssemos todo o tempo da eternidade”
Foto retirada do site de Fátima
Há dias estava eu a almoçar e no Telejornal da SIC passaram uma reportagem sobre os Peregrinos de Fátima e sobre os apoios que recebem pelo caminho. Diz um colega meu “E se montássemos uma empresa de apoio aos Peregrinos? Ia-mos ganhar balúrdios” A conversa girou, em tom de riso e alguma chacota em torno do tema, mas depressa a comida veio para a mesa e foi esquecida.
Antes de ontem a minha cunhada e a minha sobrinha vieram, juntamente com os meus pais, festejar comigo e o meu filho o Espírito Santo à roda de uma sopas que preparei com pão, endro e hortelã marienses, (a carne comprei-a cá) e molhos, alheira, morcela e chouriço, também vindos da Ilha do Sol. O meu irmão acabava de chegar a Fátima em peregrinação. Claro que a conversa rodou em torno da peregrinação do meu irmão, dos motivos que o teriam levado a ir. A minha Mãe insistiu em saber se teria sido por promessa, mas ficou na mesma pois as promessas, se existem, são do foro íntimo de cada um e a minha cunhada respeitando essa intimidade de pensamentos nunca o perguntou ao marido.
Diz a minha Mãe: "sempre gostei muito de jogar (lotaria) um dia, há muitos anos tinha 50 escudos, os últimos, comprei uma cautela, e rezei a Nossa Senhora "Fazei com que me saia. Se me sair vou a Fátima a pé". Os dias foram passando e quanto mais se aproximava o dia do sorteio eu comecei a ficar arrependida de ter feito a promessa e na véspera rezei "Nossa Senhora, por favor, faz com que não me saia nada, eu não quero ir a Fátima a pé" Nossa Senhora fez-me a vontade: Não saiu nada!!!!!!
Antes de ontem a minha cunhada e a minha sobrinha vieram, juntamente com os meus pais, festejar comigo e o meu filho o Espírito Santo à roda de uma sopas que preparei com pão, endro e hortelã marienses, (a carne comprei-a cá) e molhos, alheira, morcela e chouriço, também vindos da Ilha do Sol. O meu irmão acabava de chegar a Fátima em peregrinação. Claro que a conversa rodou em torno da peregrinação do meu irmão, dos motivos que o teriam levado a ir. A minha Mãe insistiu em saber se teria sido por promessa, mas ficou na mesma pois as promessas, se existem, são do foro íntimo de cada um e a minha cunhada respeitando essa intimidade de pensamentos nunca o perguntou ao marido.
Diz a minha Mãe: "sempre gostei muito de jogar (lotaria) um dia, há muitos anos tinha 50 escudos, os últimos, comprei uma cautela, e rezei a Nossa Senhora "Fazei com que me saia. Se me sair vou a Fátima a pé". Os dias foram passando e quanto mais se aproximava o dia do sorteio eu comecei a ficar arrependida de ter feito a promessa e na véspera rezei "Nossa Senhora, por favor, faz com que não me saia nada, eu não quero ir a Fátima a pé" Nossa Senhora fez-me a vontade: Não saiu nada!!!!!!
O meu irmão foi a Fátima integrado num grupo de mais de 400 pessoas numa organização de uma Associação de Solidariedade Social de Paredes, dessas associações que tinham aparecido no tal telejornal que tinha merecido a troca de palavras bem dispostas no nosso almoço, dias atrás, e eu perguntei à minha cunhada quanto teria o meu irmão “pago” para ser apoiado durante os todos (acho que quase 5) dias em que comeu três refeições bem servidas, tomou banho todos os dias, dormiu bem acomodado, teve os pés tratados das bolhas e feridas, foi levado ao hospital por causa de uma infecção nos dentes, teve a maleta das roupas, poucas, e escova de dentes transportada num camião e descarregada junto às camas onde dormiu, fruta e água durante a caminhada à descrição. Fiquei boquiaberta! O meu irmão por tudo isso contribuiu com pouco mais de 100 euros. Coitado do meu colega, nunca na vida enriqueceria.
Abençoados os voluntários que deram de si e do seu tempo para que mais de quatrocentas pessoas peregrinassem a Fátima em pagamento de promessas, ou não. Esses sim, são ricos de boa vontade e amor ao próximo.
Abraços marienses
Árvore, 13 de Maio de 2008
Ana Loura
11 de maio de 2008
Vinde...!
Hoje não haverá lugar nenhum onde estejam açorianos e não haja qualquer festejo em honra do Divino Espírito Santo. O meu voto é que estes festejos não sejam realizados, apenas, porque é tradição. Que o irmanar, o transformar dos nossos corações e nossas vidas pela acção do Espírito "que sopra onde quer", seja um acto voluntário e consciente e "será renovada a face da Terra"
Abraços fraternos
Ana
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