25 de dezembro de 2008

Feliz Natal, oh Jesus


Há muita solidão por esse mundo fora e gente que terá chorado amargamente ausências de afectos, de pessoas durante este dia. Será que Jesus Nasceu mesmo? Que estes dias, para além da festa, do consumo do supérfulo, de nos terem "roubado" o Presépio e o Menino Jesus e nos terem impingido um gordo barbudo, nos sirvam para nos interrogarmos (nós os Cristãos) se Jesus nasceu, de facto, nas nossas vidas.

De Miguel Torga

NATAL
Outro natal,
Outra comprida noite
De consoada
Fria,
Vazia,
Bonita só de ser imaginada.
Que fique dela, ao menos,
Mais um poema breve
Recitado
Pela neve
A cair, ao de leve,
No telhado.

22 de dezembro de 2008

Régio ou o tinteiro


Fez hoje 39 anos que morreu José Maria dos Reis Pereira, nome de Baptismo do Poeta José Régio. Eu estava a estender roupa no quintal, como sempre o rádio lá de casa estava ligada no programa clássico da então Emissora Nacional, seriam umas onze horas da manhã, a notícia de abertura do noticiário foi a da morte do homem que deu corpo ao poeta, homem que eu via a passar em longas conversas com Orlando Taipa, a formiga e o elefante como eu carinhosamente chamava ao duo, Régio, pequeno, Orlando Taipa alto, entroncado. Caminhavam lado a lado no passeio do outro lado da rua onde esperávamos as camionetas Linhares que nos transportavam ao Liceu da Póvoa mesmo em frente ao Mercado Municipal. Caminhavam lentamente, sem pressas parando amiúde. Nessa altura o meu Pai tinha-me oferecido o livro As encruzilhadas de Deus pelo meu aniversário, ele sabia da minha admiração por Régio pois no meio do montinho de livros que eu trazia da Gulbenkiam havia um dos da Velha casa, ou Davam grandes Passeios ao Domingo. Não contive umas quantas lágrimas. Um dos meus poetas falecera. Nessa altura eu não sabia, ainda, que os poetas são imortais, ficam sempre ao alcance de um gesto na estante dos que amamos ou eternamente em cima da mesa de cabeceira no meio das coisas que amanhecem e anoitecem connosco, o Livro das Horas, a foto dos filhos, a carta de há muitos anos dos Pais, as recordações que a vida fez apenas serem-no e não temos a coragem de arquivar.

A minha família foi ao funeral de José Maria dos Reis Pereira, homem que deu corpo ao Poeta José Régio. Levámos, cada um de nós, na mão uma camélia. Estes dias de enfeites natalícios olhei os ramos de camélias que enfeitam os arranjos e parei muitas vezes a pensar: está a fazer anos que peguei numa camélia e fui no imenso cortejo que subiu a calçada que vai da Meia Laranja à Correcção. Apenas se ouvia a cadência dos passos nas pedras da calçada.

Muitas vezes subi as escadas do Monte para ir a casa da Luísa, amiga do grupo das leituras que também fizeram muito que eu seja o que e quem sou, parei quase sempre no Cemitério e muitas vezes me sentei na pedra tumular de Reis Pereira. Ficava ali minutos, apenas ficava e…pensava como quem conversava com o Poeta.

Hoje, 39 anos depois, mesmo fisicamente longe daquele cemitério eu fiquei lá e pensei como quem conversa com o Poeta. E estrofes, quer da Carta de Amor, quer de “Em cima da minha mesa” me acompanharam no dia e eu, sem muitas respostas ao que me inquieta penso mesmo que se não fosse a Fé e a Esperança eu já teria bebido o tal tinteiro de tinta. Mas eu sei que melhores dias virão, tenho a certeza.

De José Régio:

Em cima da minha mesa
Da minha mesa de estudo
Mesa da minha tristeza -
Em que de noite e de dia
Rasgo as folhas, leio tudo
Destes livros em que estudo,
E me estudo
(Eu já me estudo...)
E me estudo
A mim
Também
Em cima da minha mesa,
Tenho o teu retrato, Mãe!

À cabeceira do leito,
Dentro de um caixilho,
Tenho uma Nossa Senhora
Que venero a toda a hora...
Ai minha Nossa Senhora,
Que se parece contigo,
E que tem ao peito,
Um filho
(O que ainda é mais estranho)
Que se parece comigo,
Num retratinho,
Que Tenho,
De menino pequenino!...

No fundo da minha mala,
Mesmo lá no fundo a um canto,
Não lhes vá tocar alguém,
(Quem as lesse, o que entendia?
Só riria
Do que nos comove a nós...)
Já tenho três maços, Mãe,
Das cartas que tu me escreves
Desde que saí de casa...
Três maços - e nada leves!
- Atados com um retrós...

Se não fora eu ter-te assim,
A toda a hora,
Sempre à beirinha de mim,
(sei agora
Que isto de a gente ser grande
Não é como se nos pinta...)
Mãe!, já teria morrido,
Ou já teria fugido,
Ou já teria bebido
Algum tinteiro de tinta.



Carta de Amor

Ouve-me!, se é que ainda
Me podes tolerar.
Neste papel rasgado
Das arestas da minh'alma,
Ai!, as absurdas intrigas
Que te quisera contar!
Ai os enredos,
Os medos,
E as lutas em que medito,
Quer dê, quer não dê por isso,
Sem descansar
Um momento...!
Quem sofre - pensa; e o tormento
Não é sofrer, é pensar.
O pensamento
Faz engolir o vómito de fel...
Ouve! se sou cruel
Neste papel queimado
Dos incêndios da minh'alma,
é de raiva de que embalde
Te procure dizer sem falsidade
Coisas que, ditas, já não são verdade...
E procuro eu dizê-las,
Ou procuro escondê-las?
E procuro eu dizer-tas,
Ou procuro a vaidade
De mas dizer, a mim, de modo que mas ouçam
Esses mesmos que desprezo,
E cujo louvor me é caro?
Não me acredites!
O que digo,
Antes ou depois, o peso;
E não!, não é a ti que me eu declaro!
Sei que me não entendes.
Sei que quanto melhor te revelar
O meu mundo profundo,
O fundo do meu mar,
Os limos do meu poço,
O antro que é só meu (sendo, apesar de tudo, nosso)
Menos me entenderás,
Tu..., - a minha metade!
Por isso me não és senão vaidade,
Meu amor!, meu pretexto
Deste miserável texto...
Vês como sou?
Mas sou pior do que isto.
Sabe que, se me acuso,
é só por vício antigo
De me lamber as mãos e agatanhar o peito,
De me exibir a Cristo!
Sabe que a meu respeito
Vou além de quanto digo.
Sabe que os males que ora uso,
Como quem usa
Cabeleira ou dentadura,
São a pintura
Que esconde os mais verdadeiros,
De outro teor...
E sabe que sou pior!:
Sabe (se é que o não sabes)
Que ao teu amor por mim foi que ganhei amor.
Que a ti..., sei lá se te amo.
Sei que me deixam sozinho
Ante o girar dos mundos e dos séculos;
Sei que um deserto é o meu caminho;
Sei que o silêncio
Me há-de sepultar em vida;
Sei que o pavor, a noite, o frio,
Serão jardim da minha ermida;
Sei que tenho dó de mim...
Fica tu sabendo assim,
Querida!,
Porque te chamo.
Mas amar-te?!
Não!, minha vida.
Não! Reduziram-me a isto:
Só a mim amo.
Ama-me tu, se podes,
Sem procurar compreender-me:
Poderias julgar que me encontravas,
E seria eu perder-te e tu perder-me...
Ao menos tu..., desiste!
A sobre-humana prova que te peço,
A mais heróica!,
A mais inglória e a mais triste,
é essa..., - é este o meu preço.
Mais que o despeito, o ódio, a incompreensão
Dos por quem passei sereno,
Estendendo a mão afável
Ao frio, pérfido, amável
Aperto da sua mão,
Me punge,
Me pesa no coração,
O fruste amor dos que me interpretaram.
Ai!, bem quiseram amar-me!
Bem o tentaram.
Mas nunca me perdoaram
O não serem dominados
Nem poderem dominar-me...
E assim o nosso amor foi uma luta
De cobardes abraçados.
Entre eu e tu,
Tão profundo é o contrato
Que não pode haver disputa.
Não é pacto
Dum pobre aperto de mão:
Entre nós, - ou sim ou não.
Despi-me..., vê se me queres!
Despi-me com impudor,
Que é irmão do desespero.
Vê se me queres,
Sabendo que te não quero,
Nem te mereço,
Nem mereço ser amado
Pela pior
Das mulheres...
Poderás amar-me assim,
(Como explicar-me?!)
Por Qualquer Cousa que eu for,
Mas não por mim!, não a mim...!

Beijo-te os pés, meu amor.


Santa Maria, 22 de Dezembro de 2008


Ana Loura

20 de dezembro de 2008

Santa Maria não vale um caracol
















































Santa Maria não vale um caracol, Santa Maria vale 70 espécies diferentes de caracóis, cerca de 20 a 25 espécies endémicas e uma mão bem cheia de espécies únicas no mundo! Diz o Professor Frias Martins que isto se deve à avançada idade geológica da nossa pequena ilha. Pequena mas recheadinha de coisas lindas que só quem olha com olhos de ver consegue de facto ver e para isso muitas vezes é preciso aproximar os olhos do chão que nós e as nossas vacas pisamos.

Frias Martins, cientista da Universidade dos Açores, e David James Harris, este, investigador chefe de um projecto próprio o Integrated Biology and evolution, para além de integrar o Centro de Investigação de Biodiversidade e Recursos genéticos da Universidade do Porto situado no pólo de Vairão, Vila do Conde (as minhas duas terras ligadas pela ciência, pela Biologia, pela investigação e eu impante de orgulho), desenvolvem, neste momento projectos de recolha de especímenes para a investigação na área dos ADN para identificação e catalogação das espécies raras existentes apenas na nossa ilha em paralelo com um outro projecto na área da evolução biológica, este projecto mais recente. A Universidade dos Açores mantém há anos parceria de investigação com Centro de investigação e biodiversidade e recursos genéticos da Universidade do Porto, parceria essa, que foi nos anos 90 oficializada. Diz Frias Martins que Santa Maria “tem um potencial científico que a torna especial” precisamente pela sua idade e preservação (pelo menos por enquanto no que se refere à preservação, acrescento eu).

Foi uma manhã inesquecível que passei com estes dois cientistas, em que os vi de bruços rostos a centímetros da terra, a esgravatar cuidadosamente à cata de caracoizinhos minúsculos. Emocionei-me quando me colocaram na mão um exemplar de uma espécie de caracol existente apenas em Santa Maria, única no mundo!!!quando brinquei com uma “meia lesma” que desfilou sobre uma folha de conteira enquanto a fotografei, quando vi três ovinhos numa cavidade de uma pedrinha de basalto. Senti-me pequenina naquele mundo minúsculo.

Obrigada Professor Frias Martins, obrigada Doutor Harris pela vossa paciência em se deixarem acompanhar por mim e obrigada pelas respostas à minha curiosidade. Valeu a pena acordar cedo

Santa Maria não vale um caracol, um corninho de um caracol, isso sim, para a RTP AÇORES, a televisão pública Açoriana, que não achou importante que fosse feita reportagem, notícia, sobre este importante trabalho. Bem dizia o outro: “Um suspiro no Faial e o arquipélago todo tem que gramar a notícia…”


Santa Maria 14 de Dezembro de 2008
















12 de dezembro de 2008

Sou quem sou


Não tenho qualquer dúvida de que sou o que sou principalmente porque o meu caminho se cruzou com caminhos de outras pessoas. Algumas delas contribuíram muito para que eu seja quem sou. Já tenho falado, escrito, sobre algumas. Hoje vou falar um pouco de uma quase mão cheia e deixar aqui registadas algumas fotografias que tirei este fim-de-semana.

Em casa dos meus Pais fomos educados a sermos solidários, o meu Pai pessoa honesta, a minha Mãe também uma grande mulher que sempre retirava do que havia em casa para dar a quem batia à porta em busca de uma “esmola”, as nossas roupas iam, quando deixavam de nos servir para o corpo de quem tinha menos do que nós, (naquele tempo os mais novos vestiam as roupas que deixavam de servir aos mais velhos, os colarinhos eram virados, os sapatos, chancas e botas levavam meias solas pela mão do meu Pai ou pela mão do falecido Senhor Varela), à nossa mesa sentavam-se colegas nossos que situações de vida tornavam a vida mais dura (um dia o Alexandre chega a casa à hora do almoço e traz ao lado um colega, bate à porta, a minha Mãe vai abrir e o Alexandre diz: Mãe o Manuel vem cá almoçar porque o Pai dele foi preso. O Manuel almoçou lá nesse dia e todos os dias até o pai sair da prisão depois todos os Domingos durante muitos anos. Ele e o Vidal, outro amigo, filho de pescadores, alguns irmãos. O meu Pai diz: Na nossa casa o que havia sempre deu para os outros.

A minha mãe conta que um dia ia na “Ponte” e parou um carro ao pé dela, sai uma senhora que a abraça e pergunta: A Dona Margarida não me conhece? Eu matei muitas vezes a fome em sua casa há muitos anos. E contou que estava imigrada há alguns anos num dos países europeus para onde vão muitos dos filhos das terras do Ave, filhos de tecelães das fábricas de têxteis ou de operários das fábricas da sardinha miseravelmente pagos e cujo trabalho quase escravo enriqueceu os senhores que eu via passar de BMW e Mazerattis quando também passava na Ponde fizesse sol ou chuva para apanhar a camioneta em frente do mercado para ir para o Liceu da Póvoa.

Eu naquela altura não entendi muito bem como o Senhor Abel, homem trabalhador, honesto e respeitado tinha sido preso, não entendi porquê quando fomos no passeio da paróquia e passamos em Paços de Ferreira não deixaram gente da nossa terra ir ver e entregar ao Abel um pacotinho com roupa e alguns mimos que a Zeza, sua esposa, tinha mandado.

Fui crescendo e vendo que de vez em quando o rádio que estava na sala não tocava música alto e em vez disso tinha umas vozes diferentes e o som era abaixado e em cima do rádio era posto um púcaro de alumínio com água, naquela altura toda a gente se calava pois o meu pai queria ouvir essa voz, era importante, para ele ouvir. Cresci, mais ainda, e chegou o Maio de 69 e a minha irmã Guida em Coimbra e nós preocupados. Conheci uma família de amigos da minha irmã. Que família linda, os Lopes.
O pai agricultor, mas um agricultor diferente dos que havia nessa época. Respirava-se um ambiente diferente naquela quinta e eu gostava de lá ir, era tudo tão lindo, tudo tão bom! Fui entendendo os porquês de muita coisa. Entendi porque a minha Mãe chorava a ausência dos meus irmãos um em Angola outro em Moçambique. Fui entendendo que como diria mais tarde Fausto “quem conquista sempre rouba” e que a guerra no Ultramar era uma realidade que trouxe o Alexandre com terrores nocturnos, que lhe cortou a vida em antes e depois, num antes de estudos em Direito, Conservatório e quem sabe um pianista de renome e um depois com um emprego, sem o curso de Direito (realizou meio sonho fazendo-se Solicitador) mas com o sonho de pianista para sempre adiado e os terrores nocturnos, esses sempre presentes, o acordar a transpirar e aos gritos…Será que Salazar alguma vez acordou a transpirar e aos gritos??

E eu cresci, sim, a interrogar-me e a ter a certeza que a vida em Portugal tinha que mudar, que a reforma do Ensino não podia ser aquela que Veiga Simão, o Governo queriam. Nós estudantes, os professores todos tínhamos direito a discutir a Reforma, a dar opiniões. E reuníamos, clandestinos, a falar baixinho na casa de uns e de outros (todos confiávamos em todos, era preciso confiar) Um dia, o irmão de um amigo da minha irmã aborda-me e diz-me: Ana é altura de ires mais longe, de estares organizada. Queres entrar para a UEC? Eu mal sabia o que era a UEC, mas eu intuía que a Guida estava lá e que era importante. Meses depois conheci o
António Vilarigues, meu controleiro, aquele com me encontrava à hora exacta na Corujeira, que me trazia um montinho de Avantes e me falava baixinho com um sorriso sobre a guerra, sobre as lutas dos operários da marinha Grande, dos ferroviários, têxteis do Fundão, têxteis do vale do Ave, falava que um dia a exploração do homem pelo homem iria acabar, que era preciso lutar para que isso acontecesse. E havia os comunicados que era preciso distribuir no Instituto e o contínuo Sr. Fernando a correr atrás de mim e eu in-extremis a lançá-los pelo ar nas escadas pois não poderia ser apanhada com eles na mão e o homem, da PIDE, dizia com um ar bonzinho, parece impossível, e logo a menina que está a receber as sebentas de graça…

Vou estudar para o Porto em plena campanha eleitoral para a farsa que o Regime preparava para o “inglês” da opinião internacional ver que sim senhor a “Primavera marcelista” já não era a ditadura fascistas (mas havia quem não se deixasse enganar com as papas e bolos) A oposição aproveitava até ao último segundo, até à última força para esclarecer e para mobilizar, uma fantástica campanha eleitoral foi feita com Virgínia Moura,
Margarida Tengarrinha, Óscar Lopes e tantos outros. Um comício memorável no Coliseu do Porto!! Esse tempo foi tempo de Modestos, de TEP, de Lysos de MJT, da UNEP.

Numa Quinta-Feira, cedinho, toca o telefone. A Isabel anuncia-me o dia em que Portugal amanhece livre. Ainda sem sabermos bem o que se estaria a passar. Mas dias lindos de festa, de esperança…25 de Abril sempre, fascismo nunca mais! O Povo unido jamais será vencido!!!!
E veio o tempo das RGAs, da EUC já em liberdade, das Associações de estudantes, da Sede em Aníbal Cunha onde um dia

Carlos Costa me faz telefonista por uns meses e onde Ângelo Veloso me dá um dia um merecido raspanete porque a chamada que ele precisava ainda não tinha sido estabelecida. Vivíamos à velocidade da luz entre as aulas, a associação, a UEC e o partido.

Hoje, trinta e quatro anos passados venho ao Congresso que nunca será mais um e encontro o Agostinho e Teresa Lopes, o António Vilarigues, Margarida Tengarrinha, Carlos Costa e olho-os com saudade, sim, mas certa de que todos eles me fizeram, juntamente com alguns outros, (Irmão Silêncio, Rogério, Maria João, Victor, Natalinha…) ser muito do que sou. Eu acredito numa sociedade sem exploradores nem explorados, que a Paz é possível.

Diz uma das canções que cantamos na igreja. “Pela Graça de Deus eu sou quem sou” e eu entendo que esta Graça está em o meu caminho se ter cruzado com o caminho de todas estas pessoas e, principalmente, ter nascido na família em que nasci.

25 de novembro de 2008

Alcides

Ando há algum tempo, diria anos mesmo, para escrever uma crónica sobre uma pessoa que conheci no meu primeiro dia nos Açores. De certa forma já lhe fiz algumas referências nalguns textos. Agora que não há crónicas, o ASAS tirou-me essa possibilidade, aqui, escondida por detrás do turbilhão internético ficará a minha homenagem a esse amigo no dia em que estranhamente a vida o fez presente e ao mesmo tempo ausente. Estou no continente, na casa de Árvore onde acumulei algumas coisas durante os dois anos em que aqui vivi, Baluartes, revistas de fotografia e revistas açorianas que comprei nas minhas idas e vindas. Como no meio disso tudo que irei conservar está algum lixo, hoje estive a fazer uma escolha. Passou-me pelas mãos a revista Açorianíssima de Agosto de 2008 que comprei apenas porque na capa tem uma foto de Alcides e no interior uma entrevista em ocasião do quinquagésimo aniversário da sua actividade na restauração. Antes de a pousar no monte das coisas a serem guardadas o meu gesto foi interrompido por um pensamento: gostava de ter esta revista autografada, vou levá-la. E a crónica? Um dia destes escrevo-a. Pousei a revista, mas senti um aperto no coração.

Como já referi algumas vezes eu vim para os Açores em meados de Outubro de 1980 e passei em S. Miguel rumo ao Faial para leccionar na Escola Manuel de Arriaga. Nessa altura ainda não havia voos directos do continente para o Faial pelo que na minha viagem iniciada no Porto, Aeroporto de Pedras Rubras, mais tarde baptizado de Sá Carneiro (enfim, decisão algo polémica), escalei o Aeroporto da Portela rumo a S. Miguel onde cheguei a um Sábado. Pernoitei na Residencial América pois a minha viagem continuaria no Domingo à tarde. Acordei um pouco tarde, pois tinha passado mal na viagem, mal de que sempre sofri e que só de alguns anos a esta parte se atenuou (aliás tinha aterrado em Lisboa já em péssimo estado), mas acordei com fome. Perguntei na recepção onde poderia almoçar e responderam-me que almoçar ao Domingo em Ponta Delgada era complicado, havia poucos restaurantes abertos (nisso Ponta Delgadaemudou pouco) mas que na rua paralela havia um, o Alcides. Iniciei nesse dia o meu “namoro” com o Alcides, o restaurante, claro. Comi um bife e um pudim de mel que me ficaram na memória. Durante a refeição um senhor alto e muito simpático andava de mesa em mesa a cumprimentar os clientes e notei que falava com alguns como se os conhecesse desde sempre.

Em 16 de Março de 1981 fiz a viagem no sentido inverso só que em vez de rumar ao Porto, rumei a Santa Maria. Voltei a dormir na Residencial América e nesse dia jantei no Alcides. O bife, o pudim de mel e muita simpatia. Em Santa Maria casei, nasceram os meus filhos e sempre que íamos a S Miguel, geralmente para consultas da especialidades, comíamos, pelo menos, uma refeição no Alcides: bife, pudim de mel e muita simpatia. Aquele senhor alto e simpático começou a parar mais tempo na nossa mesa, muitas vezes ia receber-nos à porta, beijava os meus filhos, abraçava-me e tratava-nos por tu, tornou-se um amigo. Ainda me lembro da minha Aninhas sentada num dos bancos do balcão quando o restaurante ainda tinha balcão.

O Senhor Alcides há alguns anos começou a sofrer de Diabetes, a saúde degradou-se, amputou uma perna… Mas não deixou de sonhar de fazer projectos comprou a casa ao lado de baixo do restaurante e começou a fazer obras para a sua ampliação. Dizia-me: “posso não ver concluída a obra, mas é para os meus filhos”

Quando passei em S Miguel na Sexta feira passada eu e a Aninhas fomos almoçar ao Alcides, não vimos o Senhor, estranhamos mas não perguntamos por ele como sempre fazíamos quando não o víamos na sua cadeira de rodas a almoçar com a esposa e algum dos filhos. O bife estava bom como há muito tempo não comia. Há algum tempo troquei o pudim de mel pela mousse de chocolate divinal. Saí de lá satisfeita mas sentindo que me faltava qualquer coisa.

Hoje, ao fim da tarde telefonou-me uma amiga a dar a notícia que o meu querido Amigo Senhor Alcides havia falecido. Estou triste. Estou longe, senão amanhã estaria a despedir-me dele, assim estarão apenas flores a dizerem que o meu coração está lá.


Que descanse em paz, bem merece!

19 de novembro de 2008

Quando for grande...


Em determinado mural está escrito: “O meu sonho de criança: Quando for grande quero trabalhar na ANA (agora ANA e NAV)”

Centenas de crianças ao longo destes cinquenta anos acalentaram este sonho. Umas realizaram-no, outras nem por isso.

A ANA, até há muito poucos anos era uma empresa especial, diferente, em Santa Maria. Comparável, apenas, com a Base das Lajes na Praia da Vitória, Ilha Terceira. A ANA era para muitos a diferença entre ter brinquedos no Natal entregues em festa realizada no Atlântida Cine com filme de desenhos animados, palhaços e não ter nada. Era a escola do Aeroporto onde cresciam e aprendiam as crianças que enchiam os jardins interiores dos Bairros de Santa Bárbara, São Lourenço, as ruas dos bairros das companhias, dos bairros das elites (de pedra e cal, estes), brincavam no Parque infantil. O Aeroporto de Santa Maria era uma realidade fora de qualquer realidade. Crescer no aeroporto era crescer num mundo diferente dentro da Ilha, um mundo onde havia padaria, cinema, ginásio, cantina, o externato, a igreja, as Oficinas Gerais, que fervilhavam de actividade e lá se fazia desde mobílias para as casa até cinzeiros para o ASAS. A pouco e pouco tudo se foi transformando mas é ainda sentimento dos nossos filhos, dos que cresceram no Aeroporto e estão na fase de iniciarem as suas vidas profissionais de que o sonho de criança se realize e entrem para os quadros da ANA. Alguns, poucos conseguem, mas a maioria não… A ANA, por força de muitas circunstâncias já não é o que era, mas o sonho ainda existe…só que são muito poucos os privilegiados que o realizam. Mesmo assim fica a nostalgia de uma coisa que temos a certeza tem o termo certo: O Aeroporto de Santa Maria.
Abraço mariense

7 de outubro de 2008

Porque Santa Maria merece o melhor




Santa Maria merece o melhor! E o melhor para Santa Maria é que a política executada pelo Governo Regional dos Açores reflicta o conceito de arquipélago e não o conceito de nove ilhas em que umas poucas são filhas e as restantes são enteadas. Os Açores são um todo e as medidas de desenvolvimento têm que reflectir isso. Tem que haver um plano efectivo de desenvolvimento e não a aplicação dos dinheiros da União Europeia de forma indiscriminada derramando cimento e asfalto. As ilhas onde isso é feito (as tais que são filhas) estão a ficar descaracterizadas. Derramar cimento e asfalto não é desenvolver, é gastar dinheiro tapando o sol com a peneira, é fazer obra que salta à vista mas as carências ao nível da saúde, da economia, do emprego, da mobilidade entre ilhas continuam no fundo das gavetas esquecidas. O Governo Regional dos Açores, apoiado no Partido Socialista de César, aposta no show off das obras de fachada em vez de planear e desenvolver.
A CDU, teve, de 2000 a 2004 assento parlamentar e durante essa legislatura deu provas de que para nós todas as ilhas têm valor, todas merecem o melhor. Disso é prova os vários requerimentos apresentados na Assembleia Legislativa Regional pelos então nossos deputados Paulo Valadão e José Decq Mota sobre questões que para nós marienses eram importante serem resolvidas: a falta de profissionais de saúde no Centro de Saúde, a construção urgente do matadouro, o não encerramento nocturno do aeroporto, a construção da gare marítima de passageiros, a desafectação dos terrenos anexos ao aeroporto, sua limpeza, construção de um parque de exposição e feiras e uma escola profissional nas instalações que eram da Zona Franca. Os requerimentos foram resultado de inúmeras reuniões com a Direcção do Aeroporto, com a Câmara Municipal, com casas do povo, Associação Agrícola, Administração do Centro de Saúde, Santa Casa da Misericórdia, donos de explorações agrícolas em que se davam os primeiros passos no cultivo da meloa, delegações de Secretarias, delegação da Câmara do Comércio, pescadores.
É assim que nós, CDU, actuamos: consultando as organizações, trabalhando com base nas necessidades efectivas das populações e prestando contas do que fazemos. É com isso que Santa Maria pode contar, não com a promessa de mundos e fundos irrealistas, mas com trabalho honesto e em favor da maioria da sua população e do seu desenvolvimento no todo regional.

A CDU entende que o desenvolvimento do Arquipélago deve de ser harmónico e sustentável com base nas necessidades efectivas das populações.

Para Santa Maria, entre outras:
- Mais profissionais de saúde;
- Criação de uma estrutura de apoio a doentes e grávidas e seus acompanhantes nas deslocações de longa duração em Ponta Delgada. (A CDU de Santa Maria foi pioneira na apresentação desta solução)
- Melhoria da economia da Ilha de forma a permitir a fixação dos nossos jóvens;
- Revisão e melhoramento das ligações marítimas com a ilha de S Miguel de forma a que sirvam melhor os marienses;
- Revisão e consequente abaixamento de preços dos transportes aéreos e marítimos de forma a permitirem a circulação de pessoas e mercadorias entre as ilhas e entre estas e Portugal continental;
- Reabilitação urbana;
- Apostar no tratamento dos lixos, reciclagem e transporte dos resíduos sólidos para centros de reciclagem fora da ilha, realizar acordos com empresas locais para a recolha e exportação de vasilhames, plásticos e outros resíduos.

Porque Santa Maria merece o melhor os marienses e todos os açorianos podem contar com a CDU
Com a nova lei eleitoral todos os votos contam, todos os votos são úteis. Votar na CDU é um voto útil e seguro, um voto na CDU em qualquer ilha, em Santa Maria, pode ser a grande diferença entre haver na Assembleia um deputado honesto, que olhe para os que precisam de quem pense nos que precisam, que defenda efectivamente que a Região é um todo e que todas as ilhas são de e têm valor e a diferença entre não ter nenhum deputado da CDU e portanto dar maioria e talvez maioria absoluta a uma força política, seja ela PSD ou PS, que já demonstraram ter dos Açores uma visão mesquinha onde as ilhas mais pequenas são sempre discriminadas pela negativa.

Não temos os meios de propaganda dos grandes partidos, não temos “Kits autonómicos” a fazerem coro com os nossos cartazes, temos apenas a nossa honestidade, as nossas propostas e os nossos braços.

Agora mais do que nunca vale a pena votar CDU porque Santa Maria merece o melhor.

Caro LA, respondo-lhe aqui e não em comentário porque considero que, de facto, a resposta que lhe irei dar é importante ser lida por quem aqui entra. Aliás faz parte das minhas respostas às questões do Baluarte à qual acrescento: nunca fomos poder portanto o nosso trabalho não pode ser comparado com os do PSD e do PS, fomos parlamentares e a esse nível podemos dar exemplos do que fizemos em prol de Santa Maria e não podemos esquecer, e só por descarado aproveitamento político o PS o faz, que a questão do NAVII foi levado em primeira mão à Assembléia da República por Lino de Carvalho e João Amaral deputados do PCP que tiveram um papel fundamental na aprovação pela AR da sua manutenção em S Maria que depois foi EXECUTADA por Guterres nomeado por isso cidadão honorário da ilha e os nossos deputados nunca foram alvo de qualquer agradecimento público dos marienses.

Quanto ao nosso trabalho na Assembleia Regional aqui ficam algumas notas:

A CDU, teve, de 2000 a 2004 assento parlamentar e durante essa legislatura deu provas de que para nós todas as ilhas têm valor, todas merecem o melhor. Disso é prova os vários requerimentos apresentados na Assembleia Legislativa Regional pelos então nossos deputados Paulo Valadão e José Decq Mota sobre questões que para nós marienses eram importante serem resolvidas: a falta de profissionais de saúde no Centro de Saúde, a construção urgente do matadouro, o não encerramento nocturno do aeroporto, a construção da gare marítima de passageiros, a desafectação dos terrenos anexos ao aeroporto, sua limpeza, construção de um parque de exposição e feiras e uma escola profissional nas instalações que eram da Zona Franca.

Os requerimentos foram resultado de inúmeras reuniões com a Direcção do Aeroporto, com a Câmara Municipal, com casas do povo, Associação Agrícola, Administração do Centro de Saúde, Santa Casa da Misericórdia, donos de explorações agrícolas em que se davam os primeiros passos no cultivo da meloa, delegações de Secretarias, delegação da Câmara do Comércio, pescadores.

É assim que nós, CDU, actuamos: consultando as organizações, trabalhando com base nas necessidades efectivas das populações e prestando contas do que fazemos. É com isso que Santa Maria pode contar, não com a promessa de mundos e fundos irrealistas, mas com trabalho honesto e em favor da maioria da sua população e do seu desenvolvimento no todo regional.A CDU, teve, de 2000 a 2004 assento parlamentar e durante essa legislatura deu provas de que para nós todas as ilhas têm valor, todas merecem o melhor. Disso é prova os vários requerimentos apresentados na Assembleia Legislativa Regional pelos então nossos deputados Paulo Valadão e José Decq Mota sobre questões que para nós marienses eram importante serem resolvidas: a falta de profissionais de saúde no Centro de Saúde, a construção urgente do matadouro, o não encerramento nocturno do aeroporto, a construção da gare marítima de passageiros, a desafectação dos terrenos anexos ao aeroporto, sua limpeza, construção de um parque de exposição e feiras e uma escola profissional nas instalações que eram da Zona Franca.

Os requerimentos foram resultado de inúmeras reuniões com a Direcção do Aeroporto, com a Câmara Municipal, com casas do povo, Associação Agrícola, Administração do Centro de Saúde, Santa Casa da Misericórdia, donos de explorações agrícolas em que se davam os primeiros passos no cultivo da meloa, delegações de Secretarias, delegação da Câmara do Comércio, pescadores.

É assim que nós, CDU, actuamos: consultando as organizações, trabalhando com base nas necessidades efectivas das populações e prestando contas do que fazemos. É com isso que Santa Maria pode contar, não com a promessa de mundos e fundos irrealistas, mas com trabalho honesto e em favor da maioria da sua população e do seu desenvolvimento no todo regional.

Agora quero que me diga em que mão está a poeira que lhe atiram aos olhos e para isso sugiro que leia na íntegra as minhas respostas ao Baluarte onde constam as promessas não cumpridas do PS.

Abraço mariense e volte sempre


Caro senhor anónimo que escreve dois comentários que estão mais abaixo, ainda não tinha publicado o seu comentário porque há alguns anos decidi não publicar comentários insultuosos seja o alvo qual for e o seu insulta pessoas que decidiram votar na CDU, pessoas tão honestas como quaisquer das outras que votam em qualquer outro partido, pessoas que acreditam que seria importante para Santa Maria eu estar no Parlamento. Para além desta razão não o publiquei pois queria fazer contas que rectificam o tal nº de pretensos "tansos "que vc insulta. No meu agregado familiar apenas votei eu e a minha filha mais velha. Como o voto é secreto, mas presumindo que ela tenha confiança nas potencialidades da Mãe como parlamentar em defesa de Santa Maria, como vê o nº de pretensos "tansos" que Vc insulta aumenta... Para além disso um dos candidatos teve que se ausentar da Ilha com a esposa e...não votaram, como vê, mais dois presumíveis "tansos" que Vc insulta...o nº aumenta... Mas pronto, vc está feliz, deitou um pouco de veneno pela boca fora...cuidado, não morda a língua...há animais que morrem com o próprio veneno. Dou-lhe o tempo suficiente para ler este bocadinho e depois quem sabe me dicido a apagar os seus venenosos e insultuosos comentários e este bocadinho de prosa minha. Volte sempre, mas sem insultos.

29 de setembro de 2008

Voto antecipado


O Voto é um direito, um dever.

"
SE ESTÁ:
􀂃
A ESTUDAR FORA DA ILHA ONDE SE ENCONTRA RECENSEADO
􀂃
DOENTE E INTERNADO
􀂃
PRESO E NÃO ESTÁ PRIVADO DE DIREITOS POLÍTICOS
E POR ESSE MOTIVO
ESTÁ IMPEDIDO DE SE DESLOCAR À ASSEMBLEIA DE VOTO NO DIA DA ELEIÇÃO

Deve requerer pela via postal, até ao dia 29 de Setembro de 2008, ao Presidente da Câmara Municipal do município em cuja área esteja recenseado a documentação necessária para votar.
Junto com o requerimento deve remeter:

Fotocópia autenticada do Bilhete de Identidade ou Cartão de Cidadão

Fotocópia autenticada do cartão de eleitor

Documento comprovativo do impedimento,
emitido por:
ESTUDANTES
estabelecimento de ensino onde se encontram matriculados ou inscritos
DOENTES
médico assistente confirmado pela direcção do estabelecimento hospitalar
PRESOS
director do estabelecimento prisional "

Ora bem, para que conste: as fotocópias autenticadas custam 17 Euros cada uma nas estações dos Correios e depois de muitas discussões, gratuitas nas juntas de freguesia. Quem é o estudante que se dá ao trabalho de andar "de Herodes para Pilatos", gastar 34 euros depois de estarem numa estação dos CTT e não saberem sequer onde fica a Junta para exercer este direito? Claro que desiste. Será que as escolas não têm idoneidade para certificarem uma fotocópia para fins eleitorais? Desburocratizem senhores governantes, quem sabe a abstenção baixa um pouco.

Meu protesto na Comissão Nacional de Eleições relativamente ao voto do meu filho

Tema: Voto antecipado
Estando a decorrer o período em que é possível exercer o voto antecipado para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores e estando os meus filhos a estudar fora do seu Circulo Eleitoral, dirigiu-se o meu filho Pedro dos Santos Loura aos CTT de Vila do Conde para obter fotocópias autenticadas dos documentos exigidos para que possa exercer o seu direito de voto: Cartão de Eleitor e B.I. Pelo que lhe foi pedida a quantia de 17€ por cada documento. Informei telefonicamente a funcionária de que essas fotocópias para fins eleitorais são gratuitas, a senhora afirmou que se tinha ido informar junto da sua chefia e esta confirmou que o meu filho teria de pagar os 34 Euros se quisesse exercer um direito constitucional e que a única entidade que faz esses serviços gratuitamente são as Juntas de freguesia. O meu filho dirigiu-se à Junta de Freguesia de Vila do Conde e o discurso foi o mesmo: fotocópias autenticadas só pagando 14 Euros por cada. Falei telefonicamente com a senhora, que não senhor, de graça não há fotocópias autenticadas, mas que iria consultar a Câmara Municipal. Sugeri que consultasse a CNE. Depois acabaram por não cobrar as taxas ao meu filho. Mas assim quem há-de querer exercer "Um direito, um dever"?

Apresento, portanto, queixa contra os CTT de Vila do Conde

Mas a odisseia não termina aqui: as minhas minhas filhas se quiseram votar largaram, larguei eu, 34 € cada uma pois não tinham conhecimento de que nas Juntas de Freguesia depois de se protestar as fotocópias são de graça. É fácil editar cartazes a apelar ao voto antecipado, mas esclarecer...dá muito trabalho...Paga Ana Loura

Votar um direito um dever...para alguns...

27 de setembro de 2008

Alterações climáticas e o Litoral


Mais uma vez só perdeu quem não esteve lá!

Realizou-se hoje dia 27 de Setembro de 2008 uma conferência proferida por Professor António Félix Rodrigues da Universidade dos Açores.
Conheço Félix Rodrigues das minhas andanças pela internet e pelo que conheço dele no seu blog "Desambientedo" http://www.desambientado.blogspot.com/ era impensável ter conhecimento da realização desta conferência e não estar presente. Tive um dia "corrido" e corri para estar presente. Tomei conhecimento de que se iria realizar esta conferência ao ver uma folha A4 em cima do balcão de uma lojs de Vila do Porto. Abençoada a hora em que isso aconteceu.

Na sala de Sessões da Câmara estavam cerca de duas mãos cheias de pessoas e foi pena a sala não estar cheia. Félix Rodrigues é fluente e encantador na forma em como nos põe os cabelos em pé ao puxar-nos os pés para a terra, ao dar-nos o banho de água fira para que caiamos na realidade do futuro triste do nosso planeta.

Fiz um vídeo da primeira parte da conferência mas por qualquer razão não consigo inseri-lo aqui. Nessa impossibilidade deixo-vos algumas frases que achei significativas.

Sustentabilidade: garantir ás gerações vindouras as mesmas oportunidades das gerações actuais.

As ilhas são extremamente vulneráveis

As Portas do mar não vão ficar alí mais de 50 anos.

O Ordenamento faz-se com a participação das pessoas.

Os Açores devem ser autosustentáveis em termos energéticos.

Gestão integrada do ordenamento do território.

A nossa Democracia é apática sem cidadania. Cidadania é participação.

11 de setembro de 2008

11 de Setembro- LEVANTA-TE

Nas tuas mãos decepadas, na tua voz que tentaram calar, no teu sangue a certeza da vitória final!

La plegaria a un labrador

Levántate y mira la montaña,
de donde viene el viento, el sol y el agua.
Tú, que manejas el curso de los ríos,
tú, que sembraste el vuelo de tu alma.
Levántate y mírate las manos.
Para crecer estréchala a tu hermano,
juntos iremos unidos en la sangre.
Hoy es el tiempo que puede ser mañana.
Líbranos de aquél que nos domina en la miseria.
Tráenos tu reino de justicia e igualdad.
Sopla como el viento la flor de la quebrada.
Limpia como el fuego el cañón de mi fusil.
Hágase por fin tu voluntad aquí en la tierra.
Danos tu fuerza y tu valor al combatir.
Sopla como el viento la flor de la quebrada.
Limpia como el fuego el cañón de mi fusil.

Levántate y mírate las manos.
Para crecer estréchala a tu hermano,
juntos iremos unidos en la sangre,
ahora y en la hora de nuestra muerte.
Amén. Amén. Amén.

Victor Jara






7 de setembro de 2008

Meloal inesperado

Foto amavelmente cedida pelo autor

Um amigo que é de S. Miguel e vive no Porto mandou-me um e-mail a dizer que "quase" tinha comido meloas de Santa Maria pois tinha ido a uma superfície comercial do Porto e viu lá um cartaz na zona dos frescos a anunciar Meloa de Santa Maria. Eu já lhe tinha falado várias vezes nas nossas meloas, por isso foi depressa procurar os caixotes onde estariam as meloas com o selo que as certificam e, quando chegou, encontrou-lhes o sítio, pois as meloas já tinham sido todas compradas. Ficou decepcionado e perguntou à funcionária se iriam ter mais, ela disse que sim, que o meu amigo voltasse no dia seguinte e ele assim fez, mas voltou a chegar tarde pois mais uma vez das meloas só os caixotes de novo vazios. Coitado do meu amigo, ficou com águas na boca e sem comer das nossas excelentes meloas e elas cá a serem deitadas na lixeira por viatura dos Serviços ou a irem para o cais apanhar sol horas antes dos embarques e a chegarem ao continente a maioria podre. Bela gestão dos subsídios para o cultivo das meloas, não se baixa os preços quando há excedentes e são largadas numa lixeira a céu aberto conforme é ilustrado na foto pois o acaso quis que naquele preciso momento alguém testemunhasse o ocorrido. Andam a fugir de quem? Tiveram azar pois queriam passar despercebidos e foram apanhados com a boca na botija. Mais uma vez a mentira teve perna curta e não houve peneira que bastasse para taparem o sol, ou seja, as meloas E o meu amigo a ter que esperar que nova remeça, claro que REMESSA (obrigada pela correcção), chegue em boas condições de frescura se entretanto houver o cuidado de as levarem para o cais com a antecedência apenas necessária para o embarque ou quem sabe se justifique a construção de um entreposto para o armazenamento temporário de perecíveis na zona de embarque do nosso cais? Pois o sitio das meloas é onde possam ser compradas e não numa lixeira qualquer.


Abraços marienses

1 de setembro de 2008

Kit autonómico e oportunismo


É este o cartaz de propaganda política do PS a que eu associo o oportunismo da distribuição do Kit Autonómico. A primeira vez que vi este cartaz pensei, até, ser campanha da SATA e pensei: tá giro. É que a SATA lançou uma campanha de 30% de desconto para residentes desde que reservem e comprem as passagens com um mínimo de 15 dias de antecedência para 10% dos lugares disponíveis. Mas não vendo a sigla da SATA relacionei o cartaz com as negas do Presidente da República pois vi que a frase estava entre aspas e assinada pelo (Presidente) Carlos César e pensei que o nosso Governo se tinha posto em bicos de sapatos de verniz e realizado uma campanha de imagem enaltecendo a açorianidade e disse cá para mim: a imagem resulta muito bem, embora a família tenha mais ar de turista do que de uma família tipicamente açoriana, mas tá bem, esteriotipos... Só passados dias olhei melhor o cartaz aqui perto de casa e vi no cantinho inferior direito o emblema do PS, bem pequenino e pensei: o cartaz continua a ser bonito, mas para propaganda partidária o emblema fica diluído, não é eficaz. Mas está bonito sim senhores. Eis senão quando vejo anunciado no Telejornal da nossa televisão que a partir desse dia iria aparecer no meu apartado que pago aos CTT um chamado kit autonómico e fiquei com "a pulga atras da orelha" uhmmm, cheira-me a esturro...aquela bandeirinha que a menina desfralda ao vento...e tanto cheirou que se confirmou, na minha opinião, o que logo pensei: aqui está uma pré campanha concertada com o cartaz e às custas do Povo ou será povo (?) açoriano num descarado e despudorado oportunismo, é preciso ter lata.
(Parte de resposta minha a uma amiga que me perguntou se eu tinha deixado de gostar do cartaz quando vi que tinha o emblema do PS no canto e porque me pareceu q ela não entendeu o que é o Kit:
Acontece é q 15 dias depois o Governo Regional mandou para todos os lares açorianos uma caixinha onde meteu dentro uma bandeirinha igual à q a menina desfralda ao vento, um cd com o hino da Região, dois autocolantes, uma brochurazinha a explicar as insígnias e uma carta de fazer chorar as pedras da calçada numa estranha coincidência que me pareceu oportunismo pela conjunção com o cartaz e o resto está aqui escrito.)


Sou orgulhosa dos nossos valores, tradições e claro que símbolos, embora o escudo da Região não me pareça muito "bonito" talvez porque não o entenda. Quanto a esta distribuição em massa...para além da "oportunidade" que eu questiono como questiono os vários concursos para obras que já são reclamadas há quatro e mesmo mais anos, como por exemplo a estrada do Pico Alto, e que estão a sair em série como se o mundo acabasse amanhã, acho que muitos destes kits nunca irão ser abertos, lidos, entendidos, que a campanha não será eficaz que deverão ser as escolas, desde o jardim infantil, passando por todas as outras mesmo a universidade a apresentar e explicar os nossos símbolos. Esta campanha será cara e pouco eficaz e por outro lado será entendido como um presente de César em vésperas de eleições quando somos todos nós a pagar.



IUPIEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE, recebi o kit que coube ao meu agregado familiar...agora o que faço??? Tenho 3 filhos, um em cada canto, rasgo a bandeira em três? Três, não, quatro que eu também sou "filha de Deus" Fotocopio os autocolantes?? Fotocopio o livrinho?? Faço cópias piratas do CD?? Engraçado que todas as pessoas com quem falei até agora (e não são da minha côr política) todas elas atribuem a qualidade de campanha eleitoral a este envio NESTA altura
Pois...que grande coincidência...ele há coisas assim...ainda por cima quando o primeiro cartaz de propaganda do PS nesta pré campanha tem nas mãos de uma criancinha que está aos ombros do pai uma enorme bandeira da Região e se diz qq coisa como "Como é bom ser açoriano" Caramba, o senhor que fez este cartaz ou é bruxo ou está muito bem informado quanto às acções de sensibilização do Executivo que se lembrou de no final do terceiro mandato de ensinar aos açorianos quais são os símbolos da nossa Autonomia.
A respeito deste assunto trascrevo o documento enviado pelo Partido Comunista Português- Açores à Comissão Nacional de Eleições:
Queixa à Comissão Nacional de Eleições
Distribuição aos açorianos, pela Presidência do Governo Regional, de um “kit autonómico” no qual é incluído uma carta com foto do candidato do PS pelo Círculo Eleitoral de S. Miguel e pelo Círculo Regional de CompensaçãoA CDU Açores vem solicitar a apreciação e intervenção de V. Ex.as com o objectivo de por cobro, ao que julgamos ser uma clara acção de pré-campanha eleitoral levada a cabo em nome da Presidência do Governo Regional dos Açores e suportada pelo erário público.1. A pré-campanha eleitoral do PS Açores é, legitimamente, ancorada em frases que procuram despertar o sentimento regionalista e autonómico, aliás à semelhança de outras forças políticas que vão disputar as Eleições de 19 de Outubro de 2008;2. A Presidência do Governo Regional dos Açores iniciou, recentemente, uma campanha de distribuição por todas as residências açorianas de um denominado “kit autonómico” do qual fazem parte um CD com o hino regional, um livro, um pendão e uma carta com foto do Presidente do Governo Regional, de entre outros materiais concebidos em diferentes suportes ver em: http://www.azores.gov.pt/Portal/pt/novidades/Governo+dos+A%C3%A7ores+distribui+%E2%80%9CKit+Auton%C3%B3mico%E2%80%9D.htm;3. A articulação das frases de pré-campanha eleitoral do PS Açores com o denominado “kit autonómico” é, por de mais, evidente. Mas se aqui pode haver alguma subjectividade na análise dos factos, há, no entanto, um dado que objectivamente conforma uma clara acção que favorece uma das candidaturas que concorrem às eleições de 19 de Outubro. 4. A distribuição massiva de uma carta com a fotografia do candidato a deputado do PS, pelo círculo eleitoral de S. Miguel e pelo círculo regional de compensação, o actual Presidente do Governo Regional, a menos de dois meses da realização do acto eleitoral é, em nossa opinião, uma clara violação dos mais elementares princípios democráticos e configura ilícito do período pré-eleitoral por favorecimento de uma candidatura e pela utilização de dinheiros públicos para o efeito.Assim, reiteramos o nosso pedido de que este assunto seja devidamente analisado por V. Ex.as e que sobre ele haja um pronunciamento e intervenção de modo a que no período pré-eleitoral os partidos e coligações possam dispor de iguais condições de divulgação da sua mensagem política, que a ética seja reposta e que os dinheiros públicos não sejam desbaratados em actos de propaganda eleitoral.Ponta Delgada, 28 de Agosto de 2008O Coordenador Regional,__________________________Aníbal C. Pires
Sábado, Agosto 30, 2008
Abraços marienses

21 de agosto de 2008

Gala do Desporto Mariense 2008


(EM PREPARAÇÃO)

Realizou-se no passado dia 17 a 3ª Gala do Desporto Mariense. Neste momento e por falta de tempo apenas estão inseridas algumas das fotos que tirei (de má qualidade, diga-se, mas também são apenas fotos de uma fotografa amadora e pouco experiente, quem pretender ver e adquirir (claro que eu não vendo) melhor terá que ir ao site da Foto Pepe)

As fotos são minha propriedade e não poderão ser reproduzidas sem a minha concordância. Irei editando-as conforme for podendo...estamos em fim de semana de Maré a encher...

Abraços marienses
Ana