"Mulheres de Atenas", título de canção de Chico Buarque que será título de programa de rádio sonhado há 25 anos, um dia...
27 de outubro de 2005
Preconceito
Crónica lida aos microfones do Clube Asas do Atlântico no dia 24 de Outubro de 2005
Bom dia!
“A palavra “preconceito” tem como significado uma opinião ou um conceito formados por antecipação, geralmente com precipitação, destituídos de análise mais profunda ou conhecimento de determinado assunto, sem levar em consideração suficientes argumentos contrários e favoráveis, sem o devido cotejo entre os múltiplos aspectos que incidem sobre os fatos, por conseguinte, sem a suficiente e necessária reflexão.
O preconceito está geralmente relacionado com a ignorância, aqui vista como a ausência de conhecimento acerca de determinado assunto. Invariavelmente se encontra acompanhada da teimosia, que é sua escrava fiel.
Muitos dos conceitos que hoje assumimos como nossos, de nossa autoria ou simples concordância, nos foram na realidade legados através de confortáveis estereótipos transmitidos de geração em geração, muitas vezes sem justificativa plausível que os ampare como legitimas ou verdadeiros.
Nesse sentido, cabe a cada cidadão arguir, duvidar desconfiar, a todo instante, contestar as fórmulas prontas, os rótulos, as receitas acabadas, não apenas com o objectivo de buscar as próprias respostas para tudo, mas principalmente para minimamente reconhecer as “verdades” e as “mentiras” que povoam o quotidiano individual, até para que a eventual “obediência ao sistema”, decorrente do pacto social anteriormente mencionado, se constitua no resultado de uma opção livre, segura, madura e espontânea.
Exercendo a sistemática confrontação das alternativas através da razão, da ponderação, do estudo (que proporciona o conhecimento), da experiência etc., naturalmente pode-se obter resultados significativos em prol do desenvolvimento moral e intelectual de todos e de cada um.
É preciso estar permanentemente preparado para enfrentar o “novo”, aquilo que ainda se desconhece, com o objectivo de melhor se relacionar com o futuro. Para tanto, é fundamental que as pessoas se encontrem desarmadas de ideias preconcebidas, despidas de preconceitos que em nada favorecem esse sempre difícil relacionamento.
Como é bom e confortável tratar com aquilo que já conhecemos, e, via de consequência, dominamos!
Entretanto, o “novo” se impõe a cada instante, Incomoda a quem não está suficientemente preparado para recebê-lo. Destrói aqueles que o rejeitam.
É comum acreditar que o preconceito só existe no “outro”. Apenas o “outro” é preconceituoso, esquecendo-nos de olhar para nós mesmos, ver o quanto de preconceito carregamos junto a nossos valores, até porque a circunstância mais grave dessa problemática é exactamente a de acharmos que nós próprios não possuímos preconceitos.”
Em: http://www.dhnet.org.br/oficinas/scdh/parte1/conceitos/preconceito.html
Rede de Direitos Humanos e Cultura do Brasil
Foram muitas as pessoas que nas últimas semanas me abordaram a manifestar a sua simpatia pelas minhas crónicas, pela minha intervenção nos debates transmitidos pela RTP e Asas no âmbito das eleições autárquicas. Mas, geralmente, essas manifestações de apreço eram rematadas por um “mas se a Ana estivesse noutro partido…”
Eu muito sinceramente não consigo entender como me podem dizer uma coisa dessas, sendo eu o que sou exactamente por pertencer, muito orgulhosamente, ao Partido Comunista Português.
Ao dizerem-me isto o que querem dizer as pessoas? Que pertenço a um bando de malfeitores? O que é para elas o partido Comunista?
O Salazarismo, numa atitude de defesa do regime, incutiu, ou tentou incutir, no espírito do Povo Português que nós, os Comunistas, comíamos as criancinhas ao pequeno-almoço, dávamos injecções atrás da orelha aos velhinhos. Diziam isso porque tinham medo das nossas posições em defesa dos que menos tinham. Mas entretanto já aconteceu o 25 de Abril, há Liberdade. Essa liberdade traduz-se na liberdade de expressão e em todas as outras liberdades conquistas de Abril. Por isso é estranho que haja alguém que, ainda, pense que ser comunista é ser o diabo em figura de gente.
Mas, ser comunista é ser justo, ser comunista é preocuparmo-nos pelos que têm menos, é acharmos que todos temos o direito à saúde, à educação, a uma casa digna desse nome…Como pode alguém dizer-me que aquilo que sou, comunista, é uma coisa má, uma coisa que me torna indigna de votarem em mim?
Preconceito. Só pode ser preconceito.
Como disse o autor do texto: “É preciso estar permanentemente preparado para enfrentar o “novo”, aquilo que ainda se desconhece, com o objectivo de melhor se relacionar com o futuro.”
Abraços marienses
Santa Maria, 24 de Outubro de 2005
Ana Loura
20 de outubro de 2005
"Nove ilhas uma só música"
Foto retirada do site do Coliseu Micaelense
Crónica lida ao microfone da estação emissora do Club Asas do Atlântico, dia 17 de Outubro 2005
Bom dia
“Nove ilhas uma só música”
A Orquestra Regional Lira Açoriana foi fundada em 1998 e é constituída por jovens músicos, em representação das muitas dezenas de bandas filarmónicas das respectivas ilhas.
Sob a orientação do Maestro António Melo, a constituição da Lira visou, à partida, enriquecer a participação no programa cultural que a Direcção Regional da Cultura promoveu no dia dos Açores, na Expo “98” em Lisboa.
O êxito retumbante desta iniciativa, logo no ano seguinte reiterado pela sua intervenção na Expo Am Meer, na Alemanha, levou à decisão do Governo Regional de manter a Lira Açoriana como símbolo por excelência da unidade da Região, fazendo-se evoluir a ideia fundadora inicial para a de um projecto alargado, que sirva de suporte à desejada evolução das filarmónicas nos Açores.
A orquestra funciona como uma escola de música e destina-se a interpretar um vasto repertório de música erudita e ligeira.”
Este é parte do texto de apresentação do programa do espectáculo dado pela Orquestra Lira Açoriana no passado Sábado no Coliseu Micaelense, programa esse de excelente qualidade, preenchido por obras de estilos diversos: De Jorge Salgueiro abertura para o Gil, opus 63, nº2; De Ulvaeus/Andersson, músicos do grupo Abba, Highlihts from “Chess” num arranjo de Johan de Meij; De Afonso Alves: Malhão Sentido, Malhão sonhado, uma fantasia sobre o tema tradicional “Malhão de Águeda”;
e de Antonin Dvorák a Sinfonia do Novo Mundo.
Aquilo que me pareceu antecipadamente um programa curto para um concerto, apesar da excelente qualidade, foi complementado por três “encores”, dois deles absolutamente surpreendentes e que confirmaram a vocação formadora e inovadora que nortearam a decisão de manter o projecto inicial: duas obras de dois jovens músicos da Ilha do Pico, a primeira, de Hélder Bettencourt, desenvolvendo temas populares açorianos com roupagens de jazz/blues que tornaram temas conhecidos como a Lira, olhos pretos e outros, absolutamente fascinantes; o outro tema, de Antero Ávila, a Cidade, completamente inédito fizeram o público vibrar e foi brindada com estrondosos e merecidos aplausos. Encerrou o concerto uma das mais conhecidas marchas do luso/americano John Philip de Sousa.
O lema “Nove ilhas, uma só música” que o Maestro diz corresponder ao desejo subjacente ao “alto patrocínio da Presidência do Governo Regional” eu gostaria de ver de facto, implementado no desenvolvimento harmónico de todo arquipélago quer no âmbito cultural quer no económico. O arquipélago não será, efectivamente um todo só porque tem um símbolo por excelência, uma orquestra que tem músicos de todas as ilhas, mas sim se o desenvolvimento se verificar em todas elas com a mesma intensidade e não se ouça dizer que César afirma, e não sou eu quem o diz, que não é necessário investir nesta ou naquela ilha porque em caso de eleições o PS lá ganha de certeza absoluta.
Em termos culturais o desenvolvimento será harmónico se todas as ilhas tiverem agentes culturais, no âmbito camarário, dinâmicos e se forem levados às ilhas espectáculos de qualidade, se as grandes orquestras não actuarem unicamente nas ilhas grandes, os concertos de piano não sejam excluídos das programações (em Santa Maria existe um piano que poderia ser utilizado se recuperado e afinado); a descentralização efectiva da cultura tem que ser pensada em termos globais do arquipélago e das próprias ilhas. As realizações culturais devem sair das grandes ilhas, das sedes de conselho e irem às ilhas pequenas e às freguesias.
Agora, só me resta desejar que Santa Maria seja brevemente contemplada com a actuação da Lira Açoriana na sua formação completa de, creio, 112 membros e que o prazer que tive ao assistir ao espectáculo no sábado passado seja sentido por todos os marienses.
Só uma nota complementar: quase não conseguia assistir ao concerto pois aquilo que se anunciava de entrada livre foi condicionado pela distribuição de bilhetes aos amigos primos e afilhados e quando o grande público se dirigiu à bilheteira já a lotação estava esgotada…valeu-nos que os primos amigos e afilhados ficaram em grande número em casa…
Abraços marienses
Ana Loura
Santa Maria 16 de Outubro de 2005
“Nove ilhas uma só música”
A Orquestra Regional Lira Açoriana foi fundada em 1998 e é constituída por jovens músicos, em representação das muitas dezenas de bandas filarmónicas das respectivas ilhas.
Sob a orientação do Maestro António Melo, a constituição da Lira visou, à partida, enriquecer a participação no programa cultural que a Direcção Regional da Cultura promoveu no dia dos Açores, na Expo “98” em Lisboa.
O êxito retumbante desta iniciativa, logo no ano seguinte reiterado pela sua intervenção na Expo Am Meer, na Alemanha, levou à decisão do Governo Regional de manter a Lira Açoriana como símbolo por excelência da unidade da Região, fazendo-se evoluir a ideia fundadora inicial para a de um projecto alargado, que sirva de suporte à desejada evolução das filarmónicas nos Açores.
A orquestra funciona como uma escola de música e destina-se a interpretar um vasto repertório de música erudita e ligeira.”
Este é parte do texto de apresentação do programa do espectáculo dado pela Orquestra Lira Açoriana no passado Sábado no Coliseu Micaelense, programa esse de excelente qualidade, preenchido por obras de estilos diversos: De Jorge Salgueiro abertura para o Gil, opus 63, nº2; De Ulvaeus/Andersson, músicos do grupo Abba, Highlihts from “Chess” num arranjo de Johan de Meij; De Afonso Alves: Malhão Sentido, Malhão sonhado, uma fantasia sobre o tema tradicional “Malhão de Águeda”;
e de Antonin Dvorák a Sinfonia do Novo Mundo.
Aquilo que me pareceu antecipadamente um programa curto para um concerto, apesar da excelente qualidade, foi complementado por três “encores”, dois deles absolutamente surpreendentes e que confirmaram a vocação formadora e inovadora que nortearam a decisão de manter o projecto inicial: duas obras de dois jovens músicos da Ilha do Pico, a primeira, de Hélder Bettencourt, desenvolvendo temas populares açorianos com roupagens de jazz/blues que tornaram temas conhecidos como a Lira, olhos pretos e outros, absolutamente fascinantes; o outro tema, de Antero Ávila, a Cidade, completamente inédito fizeram o público vibrar e foi brindada com estrondosos e merecidos aplausos. Encerrou o concerto uma das mais conhecidas marchas do luso/americano John Philip de Sousa.
O lema “Nove ilhas, uma só música” que o Maestro diz corresponder ao desejo subjacente ao “alto patrocínio da Presidência do Governo Regional” eu gostaria de ver de facto, implementado no desenvolvimento harmónico de todo arquipélago quer no âmbito cultural quer no económico. O arquipélago não será, efectivamente um todo só porque tem um símbolo por excelência, uma orquestra que tem músicos de todas as ilhas, mas sim se o desenvolvimento se verificar em todas elas com a mesma intensidade e não se ouça dizer que César afirma, e não sou eu quem o diz, que não é necessário investir nesta ou naquela ilha porque em caso de eleições o PS lá ganha de certeza absoluta.
Em termos culturais o desenvolvimento será harmónico se todas as ilhas tiverem agentes culturais, no âmbito camarário, dinâmicos e se forem levados às ilhas espectáculos de qualidade, se as grandes orquestras não actuarem unicamente nas ilhas grandes, os concertos de piano não sejam excluídos das programações (em Santa Maria existe um piano que poderia ser utilizado se recuperado e afinado); a descentralização efectiva da cultura tem que ser pensada em termos globais do arquipélago e das próprias ilhas. As realizações culturais devem sair das grandes ilhas, das sedes de conselho e irem às ilhas pequenas e às freguesias.
Agora, só me resta desejar que Santa Maria seja brevemente contemplada com a actuação da Lira Açoriana na sua formação completa de, creio, 112 membros e que o prazer que tive ao assistir ao espectáculo no sábado passado seja sentido por todos os marienses.
Só uma nota complementar: quase não conseguia assistir ao concerto pois aquilo que se anunciava de entrada livre foi condicionado pela distribuição de bilhetes aos amigos primos e afilhados e quando o grande público se dirigiu à bilheteira já a lotação estava esgotada…valeu-nos que os primos amigos e afilhados ficaram em grande número em casa…
Abraços marienses
Ana Loura
Santa Maria 16 de Outubro de 2005
7 de outubro de 2005
Ao meu Amigo Adriano Ferreira
Ao meu Amigo Adriano Ferreira
Crónica lida aos microfones do Clube Asas do Atlânticao no dia 29 de Agosto de 2005
Bom dia
Antes de qualquer outra coisa que eu possa dizer ou de desenvolver qualquer ideia quero, mais uma vez, afirmar publicamente que perdi um muito querido Amigo, uma pessoa por quem nutria uma grande admiração e cuja amizade e respeito tenho a certeza de ter granjeado.
A morte de Adriano Ferreira deixa um grande vazio no panorama cultural e humano de Santa Maria.
Conheci o Adriano mal cheguei cá pois ele trabalhava na Meteorologia e nós reparávamos os equipamentos lá instalados. O Adriano tinha um porte garboso, era uma figura fisicamente difícil de passar despercebido, e quando falava o timbre da sua voz chamava a atenção. Só comecei a vê-lo realmente de perto quando fui convidada a fazer parte da família Lion de Santa Maria e ao, no início por acaso, ficar sentada nas assembleias ao pé do grupo de amigos de que o Adriano fazia parte e que nestes eventos tem tendência a juntar-se no cantinho de uma mesa. Apesar de algo mais jovem e ser, de certo modo uma intrusa naquele cantinho da mesa, eu senti-me em casa no meio daqueles casais que de uma alegria e jovialidade me fizeram sentir à vontade. Uma coisa que começou por ser um acaso passou a fazer parte da minha escolha, quando era possível, e acabei por fazer sempre o possível por me sentar junto ao “grupo” do Adriano. Claro que o termo grupo não traduz de forma alguma o ser-se e estar-se nos Lions, que funcionam como um colectivo, mas isso seria tema para outra conversa
O Adriano não passou pela vida por passar, o Adriano foi o companheiro inseparável da D. Lídia, foi um Pai como não há muitos, avô babado (adorava ouvi-lo nas apresentações que fazíamos de nós próprios quando vinha algum dirigente do movimento leonístico e ele dizia: Adriano Ferreira, a idade, casado com a Lídia, olhando para ela com a ternura a bailar-lhe nos olhos e que a D. Lídia retribuía com um sorriso apaixonado, 3 filhos e dois netos…quando o mais novo nasceu e ele disse 3 netos os olhos brilharam e disse ao Manuel Humberto, já tenho mais um do que tu…). Como dizia, o Adriano não passou pela vida por passar. Para além de marido, pai e avô, foi um interventor na sociedade mariense desde nas autarquias, como na direcção do Clube Asas do Atlântico, nos corpos directivos dos Lions. Mas a sua faceta mais conhecida e que cultivou com grande intensidade nos últimos 8 anos foi a de escritor em árias tão diferentes como a crónica, o romance e o documental. Deixou uma obra muito interessante que em muito prestigia Santa Maria.
Fui convidada para o lançamento dos livros que editou nos últimos anos e todos os autógrafos que me dedicou transpareceram a sua amizade por mim que muito me honrou.
A RTP Açores, embora à última da hora como muita coisa que faz, decidiu entrevistá-lo em directo no programa emitido aquando as comemorações do dia da Autonomia, numa entrevista relâmpago e quanto a mim de uma ligeireza quase ofensiva. Com tanta programação regional e ainda bem, será que a RTP não teve tempo ou equipa de luxo disponível para fazer o programa que se impunha sobre essa figura importante das letras marienses? De facto o tempo agora esgotou-se como se esgotou a vida do meu Amigo Adriano Ferreira.
Ao Homem tranquilo, ao meu Amigo Adriano Ferreira deixo aqui o meu último abraço e a minha admiração.
Que descanse em Paz
Santa Maria, 29 de Agosto de 2005
Ana Loura
Crónica lida aos microfones do Clube Asas do Atlânticao no dia 29 de Agosto de 2005
Bom dia
Antes de qualquer outra coisa que eu possa dizer ou de desenvolver qualquer ideia quero, mais uma vez, afirmar publicamente que perdi um muito querido Amigo, uma pessoa por quem nutria uma grande admiração e cuja amizade e respeito tenho a certeza de ter granjeado.
A morte de Adriano Ferreira deixa um grande vazio no panorama cultural e humano de Santa Maria.
Conheci o Adriano mal cheguei cá pois ele trabalhava na Meteorologia e nós reparávamos os equipamentos lá instalados. O Adriano tinha um porte garboso, era uma figura fisicamente difícil de passar despercebido, e quando falava o timbre da sua voz chamava a atenção. Só comecei a vê-lo realmente de perto quando fui convidada a fazer parte da família Lion de Santa Maria e ao, no início por acaso, ficar sentada nas assembleias ao pé do grupo de amigos de que o Adriano fazia parte e que nestes eventos tem tendência a juntar-se no cantinho de uma mesa. Apesar de algo mais jovem e ser, de certo modo uma intrusa naquele cantinho da mesa, eu senti-me em casa no meio daqueles casais que de uma alegria e jovialidade me fizeram sentir à vontade. Uma coisa que começou por ser um acaso passou a fazer parte da minha escolha, quando era possível, e acabei por fazer sempre o possível por me sentar junto ao “grupo” do Adriano. Claro que o termo grupo não traduz de forma alguma o ser-se e estar-se nos Lions, que funcionam como um colectivo, mas isso seria tema para outra conversa
O Adriano não passou pela vida por passar, o Adriano foi o companheiro inseparável da D. Lídia, foi um Pai como não há muitos, avô babado (adorava ouvi-lo nas apresentações que fazíamos de nós próprios quando vinha algum dirigente do movimento leonístico e ele dizia: Adriano Ferreira, a idade, casado com a Lídia, olhando para ela com a ternura a bailar-lhe nos olhos e que a D. Lídia retribuía com um sorriso apaixonado, 3 filhos e dois netos…quando o mais novo nasceu e ele disse 3 netos os olhos brilharam e disse ao Manuel Humberto, já tenho mais um do que tu…). Como dizia, o Adriano não passou pela vida por passar. Para além de marido, pai e avô, foi um interventor na sociedade mariense desde nas autarquias, como na direcção do Clube Asas do Atlântico, nos corpos directivos dos Lions. Mas a sua faceta mais conhecida e que cultivou com grande intensidade nos últimos 8 anos foi a de escritor em árias tão diferentes como a crónica, o romance e o documental. Deixou uma obra muito interessante que em muito prestigia Santa Maria.
Fui convidada para o lançamento dos livros que editou nos últimos anos e todos os autógrafos que me dedicou transpareceram a sua amizade por mim que muito me honrou.
A RTP Açores, embora à última da hora como muita coisa que faz, decidiu entrevistá-lo em directo no programa emitido aquando as comemorações do dia da Autonomia, numa entrevista relâmpago e quanto a mim de uma ligeireza quase ofensiva. Com tanta programação regional e ainda bem, será que a RTP não teve tempo ou equipa de luxo disponível para fazer o programa que se impunha sobre essa figura importante das letras marienses? De facto o tempo agora esgotou-se como se esgotou a vida do meu Amigo Adriano Ferreira.
Ao Homem tranquilo, ao meu Amigo Adriano Ferreira deixo aqui o meu último abraço e a minha admiração.
Que descanse em Paz
Santa Maria, 29 de Agosto de 2005
Ana Loura
5 de outubro de 2005
No próximo Domingo VOTE
Foto do Lugar da Maia ao amanhecer do dia 25 de Abril de 2005
Crónica lida aos microfones da estação do Clube Asas do Atlântico no dia ro3 de Outubro
Bom dia
Começou mais uma campanha eleitoral onde candidatos e apoiantes das formações políticas concorrentes se esforçam para: mais que esclarecer, mais que influenciar o voto através da exposição de pontos de vista, através da apresentação de projectos, e ideias, usarem a bugiganga, a esferográfica, o boné e o isqueiro para em troca receberem a benesse de um voto.
Onde estão as sessões de esclarecimento de antigamente? Como se faz chegar ao eleitorado o projecto político, os objectivos?
Diz-se que a classe política está descredibilizada; que a abstenção em Santa Maria irá ganhar mais uma vez e que a tendência é que ela aumente. E eu infelizmente acredito. Basta ver o desinteresse com que a nossa juventude olha tudo o que é envolvimento na sociedade.
Recebi um convite, como coordenadora da CDU de Santa Maria, para assistir e participar num colóquio promovido pela Associação dos Deficientes das Forças Armadas sobre a deficiência e a integração do deficiente.
Antes de continuar a falarmos mais especificamente sobre o colóquio quero deixar o meu mais veemente protesto para o facto da RTP Açores, a televisão paga com o nosso dinheiro, ter recusado fazer a cobertura do acontecimento…Se fosse um espirro no Faial ou na Terceira haveria lugar a reportagem e a transmissão. E note-se que nem teria sido necessário enviarem “equipa de luxo” era só autorizarem. Mas primaram pela ausência quer no colóquio quer no bonito concerto que foi realizado na matriz no Sábado à noite. Será que também não filmaram o almoço que o Senhor Gestor do Centro de Saúde ofereceu aos idosos no dia em que tradicionalmente é a Câmara Municipal a oferecer? Anda muito daimoso o nosso Centro de Saúde…Não que os idosos não mereçam, merecem-no e muito mais…mas a mim cheirou-me a demagogia e quem sabe a campanha política…
Bom, mas voltando ao Colóquio:
Foi interessantíssimo. Depois de uma introdução feita pela representante do Governo Regional, tomou a palavra o Senhor Patuleia, Presidente da Associação, que fez uma breve e muito interessante abordagem histórica à deficiência de guerra.
O Director do Centro de Recuperação de Gaia desenvolveu o tema inclusão da pessoa com deficiência na sociedade e ficou claro que a sociedade não está preparada para a inclusão, que a deficiência não está na pessoa mas na sociedade que não está preparada para a inclusão. Tudo está feito para e pelas pessoas ditas normais.
Como vos estava a dizer o colóquio, seguido de debate, foi interessantíssimo. Realizado na sala dos alunos da nossa escola secundária e foi permitido a algumas turmas assistirem/participarem. Fiquei chocada com a atitude de desinteresse que foi demonstrado pela maioria dos jovens. Parecia que o assunto não lhes dizia nada respeito. O pior é que é essa a mesma forma de estar de muita gente em relação à droga, à SIDA e à gravidez indesejada . Essas coisas só acontecem aos outros e aos filhos dos outros e esquecemos que nós circulamos nas ruas, nas estradas que de repente um carro nos atropela, o carro onde vamos se despista e bate. Muita coisa pode acontecer que é incontrolável e nos pode deixar deficientes, impedidos de aceder onde as pessoas ditas normais acedem.
Esta atitude de indiferença perante estes temas é a mesma atitude de indiferença perante a vida política do país. Os jovens não se recenseiam. Não participam…E agora eu pergunto. De quem é a culpa??? E já agora respondo porque tenho a certeza de qual é a resposta. A culpa é nossa, dos adultos, dos Pais, dos formadores, dos educadores, dos políticos que não sabemos cumprir o nosso papel junto deles, não sabemos educar, transmitir valores, não somos coerentes, dizemos uma coisa e fazemos outra. A nossa vida não serve de exemplo, não somos credíveis.
No próximo Domingo é dia de eleições. Até lá procuremos, todos, saber o que se propõem a fazer cada um dos partidos concorrentes pelo futuro de Santa Maria, quais as prioridades que cada um elege para que a vida em Santa Maria nos faça mais feliz a cada um de nós, para que valha, cada vez mais, a pena viver cá.
Não deixe passar o futuro à sua porta como se não lhe pertencesse. Saia de casa, corra atrás dele.
No próximo Domingo VOTE
Abraços marienses
Santa Maria, 3 de Outubro de 2005
Ana Loura
Crónica lida aos microfones da estação do Clube Asas do Atlântico no dia ro3 de Outubro
Bom dia
Começou mais uma campanha eleitoral onde candidatos e apoiantes das formações políticas concorrentes se esforçam para: mais que esclarecer, mais que influenciar o voto através da exposição de pontos de vista, através da apresentação de projectos, e ideias, usarem a bugiganga, a esferográfica, o boné e o isqueiro para em troca receberem a benesse de um voto.
Onde estão as sessões de esclarecimento de antigamente? Como se faz chegar ao eleitorado o projecto político, os objectivos?
Diz-se que a classe política está descredibilizada; que a abstenção em Santa Maria irá ganhar mais uma vez e que a tendência é que ela aumente. E eu infelizmente acredito. Basta ver o desinteresse com que a nossa juventude olha tudo o que é envolvimento na sociedade.
Recebi um convite, como coordenadora da CDU de Santa Maria, para assistir e participar num colóquio promovido pela Associação dos Deficientes das Forças Armadas sobre a deficiência e a integração do deficiente.
Antes de continuar a falarmos mais especificamente sobre o colóquio quero deixar o meu mais veemente protesto para o facto da RTP Açores, a televisão paga com o nosso dinheiro, ter recusado fazer a cobertura do acontecimento…Se fosse um espirro no Faial ou na Terceira haveria lugar a reportagem e a transmissão. E note-se que nem teria sido necessário enviarem “equipa de luxo” era só autorizarem. Mas primaram pela ausência quer no colóquio quer no bonito concerto que foi realizado na matriz no Sábado à noite. Será que também não filmaram o almoço que o Senhor Gestor do Centro de Saúde ofereceu aos idosos no dia em que tradicionalmente é a Câmara Municipal a oferecer? Anda muito daimoso o nosso Centro de Saúde…Não que os idosos não mereçam, merecem-no e muito mais…mas a mim cheirou-me a demagogia e quem sabe a campanha política…
Bom, mas voltando ao Colóquio:
Foi interessantíssimo. Depois de uma introdução feita pela representante do Governo Regional, tomou a palavra o Senhor Patuleia, Presidente da Associação, que fez uma breve e muito interessante abordagem histórica à deficiência de guerra.
O Director do Centro de Recuperação de Gaia desenvolveu o tema inclusão da pessoa com deficiência na sociedade e ficou claro que a sociedade não está preparada para a inclusão, que a deficiência não está na pessoa mas na sociedade que não está preparada para a inclusão. Tudo está feito para e pelas pessoas ditas normais.
Como vos estava a dizer o colóquio, seguido de debate, foi interessantíssimo. Realizado na sala dos alunos da nossa escola secundária e foi permitido a algumas turmas assistirem/participarem. Fiquei chocada com a atitude de desinteresse que foi demonstrado pela maioria dos jovens. Parecia que o assunto não lhes dizia nada respeito. O pior é que é essa a mesma forma de estar de muita gente em relação à droga, à SIDA e à gravidez indesejada . Essas coisas só acontecem aos outros e aos filhos dos outros e esquecemos que nós circulamos nas ruas, nas estradas que de repente um carro nos atropela, o carro onde vamos se despista e bate. Muita coisa pode acontecer que é incontrolável e nos pode deixar deficientes, impedidos de aceder onde as pessoas ditas normais acedem.
Esta atitude de indiferença perante estes temas é a mesma atitude de indiferença perante a vida política do país. Os jovens não se recenseiam. Não participam…E agora eu pergunto. De quem é a culpa??? E já agora respondo porque tenho a certeza de qual é a resposta. A culpa é nossa, dos adultos, dos Pais, dos formadores, dos educadores, dos políticos que não sabemos cumprir o nosso papel junto deles, não sabemos educar, transmitir valores, não somos coerentes, dizemos uma coisa e fazemos outra. A nossa vida não serve de exemplo, não somos credíveis.
No próximo Domingo é dia de eleições. Até lá procuremos, todos, saber o que se propõem a fazer cada um dos partidos concorrentes pelo futuro de Santa Maria, quais as prioridades que cada um elege para que a vida em Santa Maria nos faça mais feliz a cada um de nós, para que valha, cada vez mais, a pena viver cá.
Não deixe passar o futuro à sua porta como se não lhe pertencesse. Saia de casa, corra atrás dele.
No próximo Domingo VOTE
Abraços marienses
Santa Maria, 3 de Outubro de 2005
Ana Loura
4 de outubro de 2005
As cores desta terra- ao Zeca Medeiros
Cantiga da terra
Dulce Pontes
Zeca Medeiros
Composição: Zeca Medeiros
Quero ver o que Terra me dá
Ao romper desta manhã
O poejo, o milho e o araçá
A videira e a maçã
Ó mãe de água, ó mãe de chuvas mil
Já não quero teu aguaceiro
Quero ver a luz do mês de Abril
E a folia no terreiro
E vou colher inhames e limões
Hortelã e alecrim
E vou cantar charambas e canções
P'ra te ter ao pé de mim
E nos requebros desse teu balhar
Quero ser o cantador
E vou saudar a várzea desse olhar
Ao compasso do tambor
"O açoriano Zeca Medeiros, autor do álbum "Torna Viagem" que conquistou recentemente o Prémio José Afonso de 2004, apresentou-se no passado dia 1 de Outubro, pelas 21h30, no palco dos Recreios da Amadora. Aí não só efectuou um espectáculo especial com alguns convidados, como recebeeu também o referido galardão que, há mais de uma década, premeia obras inovadoras da música popular portuguesa."
In: http://cronicasdaterra.weblog.com.pt/arquivo/2005/09/zeca_medeiros_r.html
"José Medeiros nasceu em Vila Franca do Campo, Açores, em 8 de Dezembro de 1951. Em 1976 entra para os quadros da RTP. Trabalha alguns anos em Lisboa e regressa aos Açores, em meado dos anos 80 para continuar a carreira de realizador na RTP - Açores.
Embora envolvido na música tradicional e popular desde os anos 70, José Medeiros, tornou-se mais conhecido pela realização de várias séries televisivas para as quais compôs canções, fortemente baseadas na tradição e cultura açoreanas, reflectindo a profundidade e a nostalgia dos sentimentos ilhéus.
Destes trabalhos televisivos destacam-se: em 1986 os "Xailes Negros", em 1987 a "Balada do Atlântico", em 1989 "O Barco e o Sonho", em 1992 "Mau Tempo no Canal", em 1995 "O Feiticeiro do Vento", em 1996 o "Pepe Fotógrafo e as Valsas do Mundo" e em 1998 "7 Cidades".
Para além desta faceta de realizador José Medeiros tem mantido uma actividade regular como músico e participou como autor e/ou intérprete em vários projectos discográficos, como por exemplo o CD "Caminhos" de Dulce Pontes e o CD "Alma" soa Ala dos Namorados em 1996, o CD "Encontros" de João Loio e o CD "Voz e Guitarras" de Vários artistas em 1997.
Recentemente redescoberto como cantor e compositor, José Medeiros pôs de pé o projecto "Cinefilias e outras incertezas" que dá nome ao seu espectáculo e também ao CD editado em 2000.
No palco, dão corpo a este projecto a música, a poesia, a voz poderosa, profunda e rouca de José Medeiros, os músicos que normalmente o acompanham: Carlos Frazão - piano; Paulo Andrade - guitarras e percussões; Mike Ross - contra-baixo e tuba; João Lima - flautas, saxofones e clarinete e por vezes outros músicos convidados: João Loio - voz. Guitarra; Minela - voz, guitarra e percussões."
In: http://attambur.com/Noticias/20041t/tornaViagem_JoseMedeiros.htm
Esta é uma pequena homenagem a este grande homem. Versátil que faz com a mesma mestria a realização das excelentes séries como a letra e música das músicas que magistralmente e como ninguém intrepreta.
Dulce Pontes
Zeca Medeiros
Composição: Zeca Medeiros
Quero ver o que Terra me dá
Ao romper desta manhã
O poejo, o milho e o araçá
A videira e a maçã
Ó mãe de água, ó mãe de chuvas mil
Já não quero teu aguaceiro
Quero ver a luz do mês de Abril
E a folia no terreiro
E vou colher inhames e limões
Hortelã e alecrim
E vou cantar charambas e canções
P'ra te ter ao pé de mim
E nos requebros desse teu balhar
Quero ser o cantador
E vou saudar a várzea desse olhar
Ao compasso do tambor
"O açoriano Zeca Medeiros, autor do álbum "Torna Viagem" que conquistou recentemente o Prémio José Afonso de 2004, apresentou-se no passado dia 1 de Outubro, pelas 21h30, no palco dos Recreios da Amadora. Aí não só efectuou um espectáculo especial com alguns convidados, como recebeeu também o referido galardão que, há mais de uma década, premeia obras inovadoras da música popular portuguesa."
In: http://cronicasdaterra.weblog.com.pt/arquivo/2005/09/zeca_medeiros_r.html
"José Medeiros nasceu em Vila Franca do Campo, Açores, em 8 de Dezembro de 1951. Em 1976 entra para os quadros da RTP. Trabalha alguns anos em Lisboa e regressa aos Açores, em meado dos anos 80 para continuar a carreira de realizador na RTP - Açores.
Embora envolvido na música tradicional e popular desde os anos 70, José Medeiros, tornou-se mais conhecido pela realização de várias séries televisivas para as quais compôs canções, fortemente baseadas na tradição e cultura açoreanas, reflectindo a profundidade e a nostalgia dos sentimentos ilhéus.
Destes trabalhos televisivos destacam-se: em 1986 os "Xailes Negros", em 1987 a "Balada do Atlântico", em 1989 "O Barco e o Sonho", em 1992 "Mau Tempo no Canal", em 1995 "O Feiticeiro do Vento", em 1996 o "Pepe Fotógrafo e as Valsas do Mundo" e em 1998 "7 Cidades".
Para além desta faceta de realizador José Medeiros tem mantido uma actividade regular como músico e participou como autor e/ou intérprete em vários projectos discográficos, como por exemplo o CD "Caminhos" de Dulce Pontes e o CD "Alma" soa Ala dos Namorados em 1996, o CD "Encontros" de João Loio e o CD "Voz e Guitarras" de Vários artistas em 1997.
Recentemente redescoberto como cantor e compositor, José Medeiros pôs de pé o projecto "Cinefilias e outras incertezas" que dá nome ao seu espectáculo e também ao CD editado em 2000.
No palco, dão corpo a este projecto a música, a poesia, a voz poderosa, profunda e rouca de José Medeiros, os músicos que normalmente o acompanham: Carlos Frazão - piano; Paulo Andrade - guitarras e percussões; Mike Ross - contra-baixo e tuba; João Lima - flautas, saxofones e clarinete e por vezes outros músicos convidados: João Loio - voz. Guitarra; Minela - voz, guitarra e percussões."
In: http://attambur.com/Noticias/20041t/tornaViagem_JoseMedeiros.htm
Esta é uma pequena homenagem a este grande homem. Versátil que faz com a mesma mestria a realização das excelentes séries como a letra e música das músicas que magistralmente e como ninguém intrepreta.
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