Foto retirada do site do Coliseu Micaelense
Crónica lida ao microfone da estação emissora do Club Asas do Atlântico, dia 17 de Outubro 2005
Bom dia
“Nove ilhas uma só música”
A Orquestra Regional Lira Açoriana foi fundada em 1998 e é constituída por jovens músicos, em representação das muitas dezenas de bandas filarmónicas das respectivas ilhas.
Sob a orientação do Maestro António Melo, a constituição da Lira visou, à partida, enriquecer a participação no programa cultural que a Direcção Regional da Cultura promoveu no dia dos Açores, na Expo “98” em Lisboa.
O êxito retumbante desta iniciativa, logo no ano seguinte reiterado pela sua intervenção na Expo Am Meer, na Alemanha, levou à decisão do Governo Regional de manter a Lira Açoriana como símbolo por excelência da unidade da Região, fazendo-se evoluir a ideia fundadora inicial para a de um projecto alargado, que sirva de suporte à desejada evolução das filarmónicas nos Açores.
A orquestra funciona como uma escola de música e destina-se a interpretar um vasto repertório de música erudita e ligeira.”
Este é parte do texto de apresentação do programa do espectáculo dado pela Orquestra Lira Açoriana no passado Sábado no Coliseu Micaelense, programa esse de excelente qualidade, preenchido por obras de estilos diversos: De Jorge Salgueiro abertura para o Gil, opus 63, nº2; De Ulvaeus/Andersson, músicos do grupo Abba, Highlihts from “Chess” num arranjo de Johan de Meij; De Afonso Alves: Malhão Sentido, Malhão sonhado, uma fantasia sobre o tema tradicional “Malhão de Águeda”;
e de Antonin Dvorák a Sinfonia do Novo Mundo.
Aquilo que me pareceu antecipadamente um programa curto para um concerto, apesar da excelente qualidade, foi complementado por três “encores”, dois deles absolutamente surpreendentes e que confirmaram a vocação formadora e inovadora que nortearam a decisão de manter o projecto inicial: duas obras de dois jovens músicos da Ilha do Pico, a primeira, de Hélder Bettencourt, desenvolvendo temas populares açorianos com roupagens de jazz/blues que tornaram temas conhecidos como a Lira, olhos pretos e outros, absolutamente fascinantes; o outro tema, de Antero Ávila, a Cidade, completamente inédito fizeram o público vibrar e foi brindada com estrondosos e merecidos aplausos. Encerrou o concerto uma das mais conhecidas marchas do luso/americano John Philip de Sousa.
O lema “Nove ilhas, uma só música” que o Maestro diz corresponder ao desejo subjacente ao “alto patrocínio da Presidência do Governo Regional” eu gostaria de ver de facto, implementado no desenvolvimento harmónico de todo arquipélago quer no âmbito cultural quer no económico. O arquipélago não será, efectivamente um todo só porque tem um símbolo por excelência, uma orquestra que tem músicos de todas as ilhas, mas sim se o desenvolvimento se verificar em todas elas com a mesma intensidade e não se ouça dizer que César afirma, e não sou eu quem o diz, que não é necessário investir nesta ou naquela ilha porque em caso de eleições o PS lá ganha de certeza absoluta.
Em termos culturais o desenvolvimento será harmónico se todas as ilhas tiverem agentes culturais, no âmbito camarário, dinâmicos e se forem levados às ilhas espectáculos de qualidade, se as grandes orquestras não actuarem unicamente nas ilhas grandes, os concertos de piano não sejam excluídos das programações (em Santa Maria existe um piano que poderia ser utilizado se recuperado e afinado); a descentralização efectiva da cultura tem que ser pensada em termos globais do arquipélago e das próprias ilhas. As realizações culturais devem sair das grandes ilhas, das sedes de conselho e irem às ilhas pequenas e às freguesias.
Agora, só me resta desejar que Santa Maria seja brevemente contemplada com a actuação da Lira Açoriana na sua formação completa de, creio, 112 membros e que o prazer que tive ao assistir ao espectáculo no sábado passado seja sentido por todos os marienses.
Só uma nota complementar: quase não conseguia assistir ao concerto pois aquilo que se anunciava de entrada livre foi condicionado pela distribuição de bilhetes aos amigos primos e afilhados e quando o grande público se dirigiu à bilheteira já a lotação estava esgotada…valeu-nos que os primos amigos e afilhados ficaram em grande número em casa…
Abraços marienses
Ana Loura
Santa Maria 16 de Outubro de 2005
“Nove ilhas uma só música”
A Orquestra Regional Lira Açoriana foi fundada em 1998 e é constituída por jovens músicos, em representação das muitas dezenas de bandas filarmónicas das respectivas ilhas.
Sob a orientação do Maestro António Melo, a constituição da Lira visou, à partida, enriquecer a participação no programa cultural que a Direcção Regional da Cultura promoveu no dia dos Açores, na Expo “98” em Lisboa.
O êxito retumbante desta iniciativa, logo no ano seguinte reiterado pela sua intervenção na Expo Am Meer, na Alemanha, levou à decisão do Governo Regional de manter a Lira Açoriana como símbolo por excelência da unidade da Região, fazendo-se evoluir a ideia fundadora inicial para a de um projecto alargado, que sirva de suporte à desejada evolução das filarmónicas nos Açores.
A orquestra funciona como uma escola de música e destina-se a interpretar um vasto repertório de música erudita e ligeira.”
Este é parte do texto de apresentação do programa do espectáculo dado pela Orquestra Lira Açoriana no passado Sábado no Coliseu Micaelense, programa esse de excelente qualidade, preenchido por obras de estilos diversos: De Jorge Salgueiro abertura para o Gil, opus 63, nº2; De Ulvaeus/Andersson, músicos do grupo Abba, Highlihts from “Chess” num arranjo de Johan de Meij; De Afonso Alves: Malhão Sentido, Malhão sonhado, uma fantasia sobre o tema tradicional “Malhão de Águeda”;
e de Antonin Dvorák a Sinfonia do Novo Mundo.
Aquilo que me pareceu antecipadamente um programa curto para um concerto, apesar da excelente qualidade, foi complementado por três “encores”, dois deles absolutamente surpreendentes e que confirmaram a vocação formadora e inovadora que nortearam a decisão de manter o projecto inicial: duas obras de dois jovens músicos da Ilha do Pico, a primeira, de Hélder Bettencourt, desenvolvendo temas populares açorianos com roupagens de jazz/blues que tornaram temas conhecidos como a Lira, olhos pretos e outros, absolutamente fascinantes; o outro tema, de Antero Ávila, a Cidade, completamente inédito fizeram o público vibrar e foi brindada com estrondosos e merecidos aplausos. Encerrou o concerto uma das mais conhecidas marchas do luso/americano John Philip de Sousa.
O lema “Nove ilhas, uma só música” que o Maestro diz corresponder ao desejo subjacente ao “alto patrocínio da Presidência do Governo Regional” eu gostaria de ver de facto, implementado no desenvolvimento harmónico de todo arquipélago quer no âmbito cultural quer no económico. O arquipélago não será, efectivamente um todo só porque tem um símbolo por excelência, uma orquestra que tem músicos de todas as ilhas, mas sim se o desenvolvimento se verificar em todas elas com a mesma intensidade e não se ouça dizer que César afirma, e não sou eu quem o diz, que não é necessário investir nesta ou naquela ilha porque em caso de eleições o PS lá ganha de certeza absoluta.
Em termos culturais o desenvolvimento será harmónico se todas as ilhas tiverem agentes culturais, no âmbito camarário, dinâmicos e se forem levados às ilhas espectáculos de qualidade, se as grandes orquestras não actuarem unicamente nas ilhas grandes, os concertos de piano não sejam excluídos das programações (em Santa Maria existe um piano que poderia ser utilizado se recuperado e afinado); a descentralização efectiva da cultura tem que ser pensada em termos globais do arquipélago e das próprias ilhas. As realizações culturais devem sair das grandes ilhas, das sedes de conselho e irem às ilhas pequenas e às freguesias.
Agora, só me resta desejar que Santa Maria seja brevemente contemplada com a actuação da Lira Açoriana na sua formação completa de, creio, 112 membros e que o prazer que tive ao assistir ao espectáculo no sábado passado seja sentido por todos os marienses.
Só uma nota complementar: quase não conseguia assistir ao concerto pois aquilo que se anunciava de entrada livre foi condicionado pela distribuição de bilhetes aos amigos primos e afilhados e quando o grande público se dirigiu à bilheteira já a lotação estava esgotada…valeu-nos que os primos amigos e afilhados ficaram em grande número em casa…
Abraços marienses
Ana Loura
Santa Maria 16 de Outubro de 2005
6 comentários:
Olá!
O seu artigo está muitíssimo interessante!
É sempre interessante ler informação sobre assuntos sobre os quais não tinha qualquer conhecimento.
Desejo-lhe um óptimo fim-de-semana.
Beijinhos.
Olá! Fico muito feliz por saber que a "Orquestra Regional Lira Açoriana" foi tema para um Post neste Blog que eu desconhecia. Como músico da Lira Açoriana fiquei muito feliz. Apenas gostaria de felicitar a autora e, em relação ao programa do concerto apresentado dizer que, de facto, é curto, no entanto, devido às suas características e complexidade era impossível fazer outras obras em apenas uma cinco dias de trabalho de conjunto (cerca de uma centena de músicos). É muito difícil ensaiar este programa em apenas cinco dias numa orquestra desta natureza e com estas condições de trabalho.
Espero que tenha oportunidade de nos ouvir aí em Santa Maria, no entanto já aí estivemos há dois ou três ano, não sei precisar.
Obrigada, HPeixoto pela sua visita. Sim, eu entendo, perfeitamente, as razões que indicou para a pretensa "pequenez" do reportório apresentado no concerto. E, claro, que assisti ao vosso concerto em Santa Maria. Não perderia de forma nenhuma.
Beijinho e espero que venham cá, estarei, certamente, na plateia
Um beijinho de muito apreço e consideração por quem aprecia o esforço de açorianos.
Helder Bettencourt
Hélder Bettencourt, fiquei muito feliz com a sua visita. Como leu adorei os seus arranjos com sabor a Blues, o meu instrumento preferido é o clarinete...andei a pesquisar e o Hélder tem um corriculum invejável. Continue. Parabéns. Beijinho
Acho engraçado como as pessoas falam da "orquestra regional açoreana" é um projecto interessante mas que esta muito mal conduzido, e o que ainda vai salvando os seus concertos e terem um compositor como o Antero Ávila presente. A qualidade e simplesmente substituida pela força sonora, e mais 9 ilhas 1 musica, e somesmo um slogan porque nao faltam musicos de Portugal continental la presentes...
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