Foi esta a Crónica do Dia aos microfones do Asas do Atlântico no dia 18 de Fevereiro último:
Bom dia!
Muitos portugueses falam da política com desprezo, alguns, até dizem ter saudades dos tempos da “outra senhora” e outros, ainda, dizem que vivemos numa “república de bananas”. O certo é que a nossa democracia há muito está doente. Aliás de democracia já tem muito pouco o nosso regime político. Senão vejamos: do Estado solidário quase nada resta pois a saúde está pela hora da morte, só quem tem seguros de saúde, quem pode pagar consultas em consultórios privados ou clínicas têm, de facto, direito à saúde; quem tem que parir a quilómetros de casa quando não tem que parir mesmo na ambulância que a leva ao hospital mais próximo que por “acaso” fica “apenas” a 50 quilómetros da maternidade que encerrou na véspera…e o Primeiro Ministro a aparecer quinhentas vezes em todas as cadeias de televisão quer públicas quer privadas com aquele sorriso que nos lembra o ditado popular “com papas e bolos se enganam os tolos” e a gente, o Zé Povo, a fingir que sim senhor estamos todos bem não venha vir por aí abaixo um pior. Mas, bom, bom mesmo é a gente nem sair de casa para votar pois de cadela a cão poucas léguas vão…
A nível regional a coisa é mais ou menos a mesma ladainha. Há poucas semanas dizia eu que César sucedeu a César. Pois é…ou foi e voltou a ser. Se César sucedeu a César na candidatura a um lugar que não vai a votos que é o de Presidente do Governo Regional pois este é nomeado pelo partido mais votado nas eleições para a Assembleia Legislativa Regional, César colocou o carro à frente dos bois ao autonomear-se presidenciável, antes de ser O único candidato à presidência, e este lugar sim, sujeito a sufrágio directo dos militantes do PS/Açores, dizia eu à presidência do partido e aí sim ser por inerência o possível presidente do Governo dos Açores se o PS for o partido mais votado. Mas mesmo assim em César votaram apenas 56,89% dos militantes inscritos nos registos de militantes do PS Açores e destes oito disseram que não senhor, que César não servia. Mas coitados de nada lhes serviu oporem-se à eleição de César pois não tinham alternativa, não havia mais candidatos. E aí é que bate o ponto: a classe política açoriana não tem pessoas habilitadas a dentro dos próprios partidos serem alternativa ao poder vigente e por isso César tem que suceder, mais uma vez, a César. Mas, de quem será a culpa? Não será do próprio César que não prepara sucessão com medo de ser destronado? Antigamente dizia-se que fulano era “delfim” de sicrano e queria isto dizer que havia alguém dentro da máquina partidária pronto a suceder ao chefe pois era bom, embora mantendo a mesma linha partidária, ter alguém com algum trabalho feito e preparado para a sucessão. O Povo quer estabilidade mas que haja progresso e evolução…é que não sair da cepa torta também aborrece. Mas não haver “oposição” dentro do próprio partido também não é lá muito saudável e esta abstenção contrariamente a que César diz pode querer dizer que os militantes já nem se revêem lá muito no discurso monocórdico de César. César dizer que uma votação de 56,89% dos militantes é uma “votação expressiva e representou o “orgulho que os socialistas açorianos sentem no percurso” do partido que suporta o Governo Regional desde 1996.” É assim um pouco forçado. É que 56,89% é a bem da verdade pouco mais que a metade dos militantes e metade não é expressividade. Colocar na mesma balança a abstenção do Povo açoriano nas eleições regionais e a abstenção de militantes partidários é lançar areia aos seus próprios olhos pois todos partimos do princípio de que um militante partidário é um cidadão politizado, consciente das suas obrigações políticas e estatutárias pois ao assinar uma ficha de um partido o fazemos porque estamos conscientes do papel que esse partido tem na defesa dos nossos ideais. Ou será que não é assim no caso do PS e assinam a ficha os clientes políticos dos empregos que precisam para sobreviver, os que já estão empregados a recibo verde e a prazo e são convidados a participar em eventos de propaganda do partido e depois a assinar a ficha e aceitam para que no final da vigência do contrato este seja renovado? Eu no lugar de César estaria triste por 43,11% dos militantes do PS Açores com direito a voto não terem saído de casa para afirmarem a sua solidariedade, o seu convicto sim à sua permanência à frente do Partido. É que 43,11% de pessoas que voluntariamente (partamos deste princípio) assinaram o seu nome num bocadinho de papel que os faz militantes é a bem dizer metade, e metade de um todo é muito. Como pode César dizer que há mobilização no PS se metade, ou mais exactamente, 43,11% dos seus militantes não se sentiu mobilizado para sair de casa e ir dizer “Sim senhor, revejo-me em César, ele é o presidente do Partido que eu quero” E, Senhor Presidente e “candidato” a presidente, quem vota dentro do PS são os militantes e não os simpatizantes senão estes deixariam de ser simpatizantes/apoiantes e passariam a militantes com direito a voto. Afirmar que um partido em que 43,11% dos militantes se abstêm do seu direito/obrigação a votar é um partido pujante não acha um nada forçado? Eu diria mesmo que o é e muito.
A nossa já pouco jovem Democracia está doente, cabe à classe política sanear o sistema, acabar com a corrupção que há já nas bases partidárias com o clientelismo, e que deixe de ser colocada a ficha em cima secretária do Director de Serviço ou mesmo na vassoura do funcionário da limpeza contratados a prazo. Que as pessoas contratadas com base nas necessidades efectivas de quadros e na competência não se vejam na necessidade de assinarem fichas partidárias para manterem os empregos no fim dos contratos, que nas próximas eleições internas do PS não votem apenas pouco mais de metade dos seus militantes, que os cidadãos voltem a acreditar que é importante participar na vida dos partidos, que vale a pena votar
Bom dia!
Muitos portugueses falam da política com desprezo, alguns, até dizem ter saudades dos tempos da “outra senhora” e outros, ainda, dizem que vivemos numa “república de bananas”. O certo é que a nossa democracia há muito está doente. Aliás de democracia já tem muito pouco o nosso regime político. Senão vejamos: do Estado solidário quase nada resta pois a saúde está pela hora da morte, só quem tem seguros de saúde, quem pode pagar consultas em consultórios privados ou clínicas têm, de facto, direito à saúde; quem tem que parir a quilómetros de casa quando não tem que parir mesmo na ambulância que a leva ao hospital mais próximo que por “acaso” fica “apenas” a 50 quilómetros da maternidade que encerrou na véspera…e o Primeiro Ministro a aparecer quinhentas vezes em todas as cadeias de televisão quer públicas quer privadas com aquele sorriso que nos lembra o ditado popular “com papas e bolos se enganam os tolos” e a gente, o Zé Povo, a fingir que sim senhor estamos todos bem não venha vir por aí abaixo um pior. Mas, bom, bom mesmo é a gente nem sair de casa para votar pois de cadela a cão poucas léguas vão…
A nível regional a coisa é mais ou menos a mesma ladainha. Há poucas semanas dizia eu que César sucedeu a César. Pois é…ou foi e voltou a ser. Se César sucedeu a César na candidatura a um lugar que não vai a votos que é o de Presidente do Governo Regional pois este é nomeado pelo partido mais votado nas eleições para a Assembleia Legislativa Regional, César colocou o carro à frente dos bois ao autonomear-se presidenciável, antes de ser O único candidato à presidência, e este lugar sim, sujeito a sufrágio directo dos militantes do PS/Açores, dizia eu à presidência do partido e aí sim ser por inerência o possível presidente do Governo dos Açores se o PS for o partido mais votado. Mas mesmo assim em César votaram apenas 56,89% dos militantes inscritos nos registos de militantes do PS Açores e destes oito disseram que não senhor, que César não servia. Mas coitados de nada lhes serviu oporem-se à eleição de César pois não tinham alternativa, não havia mais candidatos. E aí é que bate o ponto: a classe política açoriana não tem pessoas habilitadas a dentro dos próprios partidos serem alternativa ao poder vigente e por isso César tem que suceder, mais uma vez, a César. Mas, de quem será a culpa? Não será do próprio César que não prepara sucessão com medo de ser destronado? Antigamente dizia-se que fulano era “delfim” de sicrano e queria isto dizer que havia alguém dentro da máquina partidária pronto a suceder ao chefe pois era bom, embora mantendo a mesma linha partidária, ter alguém com algum trabalho feito e preparado para a sucessão. O Povo quer estabilidade mas que haja progresso e evolução…é que não sair da cepa torta também aborrece. Mas não haver “oposição” dentro do próprio partido também não é lá muito saudável e esta abstenção contrariamente a que César diz pode querer dizer que os militantes já nem se revêem lá muito no discurso monocórdico de César. César dizer que uma votação de 56,89% dos militantes é uma “votação expressiva e representou o “orgulho que os socialistas açorianos sentem no percurso” do partido que suporta o Governo Regional desde 1996.” É assim um pouco forçado. É que 56,89% é a bem da verdade pouco mais que a metade dos militantes e metade não é expressividade. Colocar na mesma balança a abstenção do Povo açoriano nas eleições regionais e a abstenção de militantes partidários é lançar areia aos seus próprios olhos pois todos partimos do princípio de que um militante partidário é um cidadão politizado, consciente das suas obrigações políticas e estatutárias pois ao assinar uma ficha de um partido o fazemos porque estamos conscientes do papel que esse partido tem na defesa dos nossos ideais. Ou será que não é assim no caso do PS e assinam a ficha os clientes políticos dos empregos que precisam para sobreviver, os que já estão empregados a recibo verde e a prazo e são convidados a participar em eventos de propaganda do partido e depois a assinar a ficha e aceitam para que no final da vigência do contrato este seja renovado? Eu no lugar de César estaria triste por 43,11% dos militantes do PS Açores com direito a voto não terem saído de casa para afirmarem a sua solidariedade, o seu convicto sim à sua permanência à frente do Partido. É que 43,11% de pessoas que voluntariamente (partamos deste princípio) assinaram o seu nome num bocadinho de papel que os faz militantes é a bem dizer metade, e metade de um todo é muito. Como pode César dizer que há mobilização no PS se metade, ou mais exactamente, 43,11% dos seus militantes não se sentiu mobilizado para sair de casa e ir dizer “Sim senhor, revejo-me em César, ele é o presidente do Partido que eu quero” E, Senhor Presidente e “candidato” a presidente, quem vota dentro do PS são os militantes e não os simpatizantes senão estes deixariam de ser simpatizantes/apoiantes e passariam a militantes com direito a voto. Afirmar que um partido em que 43,11% dos militantes se abstêm do seu direito/obrigação a votar é um partido pujante não acha um nada forçado? Eu diria mesmo que o é e muito.
A nossa já pouco jovem Democracia está doente, cabe à classe política sanear o sistema, acabar com a corrupção que há já nas bases partidárias com o clientelismo, e que deixe de ser colocada a ficha em cima secretária do Director de Serviço ou mesmo na vassoura do funcionário da limpeza contratados a prazo. Que as pessoas contratadas com base nas necessidades efectivas de quadros e na competência não se vejam na necessidade de assinarem fichas partidárias para manterem os empregos no fim dos contratos, que nas próximas eleições internas do PS não votem apenas pouco mais de metade dos seus militantes, que os cidadãos voltem a acreditar que é importante participar na vida dos partidos, que vale a pena votar
4 comentários:
Decididamente não vivemos no mesmo mundo... Lógicamente que é a tua forma de ver as coisas e és livre de pensar como quiseres - Não concordo que a a Nossa Democracia esteja doente senão não podias tu falar como falas ,no tempo em que ela estava efectivamente doente nem sequer podias pensar no que dizes - sabes disso - gostava que lesses o expresso das nove do dia 15/02/2008 - sobre a opinião de algumas pessoas que não sendo Socialistas entenderam livremente apoiar o menifesto de Carlos Céssar- não me vais dizer que também entendem que a Democracia está doente!? ou que estas pessoas são maloquinhas ou feitas com a situação. Sabes nem sempre se vê o mundo com o mesmo olhar mas o pior ainda é quererem que o vejamos com os olhos dos outros quando os nossos ainda estão saudáveis . A tua preocupação em fazer ver aos outros que este ou aquele partido não está bem devia ser a mesma em Relação ao teu PCP e assim então talvez podesses avaliar melhor a saúde ou doença da nossa democracia.. é que não basta falar da casa dos outros, primeiro temos que ver se a nossa está em melhores condições ,Agora se todos contribuirmos para que a democracia não fique doente certamente que não ficará. Independentemente do partido a que se pertença devemos trabalhar com verdade por isso não podes tu ou melhor não devias, entender que a % que não foi votar por Cesar tenha sido por não acreditar nele, muitas razões podem ter existido e até a de não se pronunciar é um direito que todos temos o que interessa é que no fim as contam dão certo e até os não Socialistas votão onde entendem melhor no momento.Estaremos todos doentes???
L.A.
L.A. fico feliz por saber que vens espreitar o que escrevo. Estou quase como o escritor que pergunta "Ah, foi Vc que comprou o único livro que vendi?" áquele que lhe leva um luvro para que o autografe.
Bom, a questão fundamental e tu deves saber disso é que o PS, por ser poder e por lhe dar votos, é um partido de clientelas. Quando digo "assinam a ficha os clientes políticos dos empregos que precisam para sobreviver, os que já estão empregados a recibo verde e a prazo e são convidados a participar em eventos de propaganda do partido e depois a assinar a ficha e aceitam para que no final da vigência do contrato este seja renovado?" sei do que falo e tu também sabes. Infelizmente é a realidade. E essa é uma das doenças da nossa Democracia por isso eu gostaria que: "cabe à classe política sanear o sistema, acabar com a corrupção que há já nas bases partidárias com o clientelismo, e que deixe de ser colocada a ficha em cima secretária do Director de Serviço ou mesmo na vassoura do funcionário da limpeza contratados a prazo. Que as pessoas contratadas com base nas necessidades efectivas de quadros e na competência não se vejam na necessidade de assinarem fichas partidárias para manterem os empregos no fim dos contratos, que nas próximas eleições internas do PS não votem apenas pouco mais de metade dos seus militantes, que os cidadãos voltem a acreditar que é importante participar na vida dos partidos, que vale a pena votar." Quanto ao meu PCP vamos saneando as nossas mazelas internas à medida que vão aparecendo, mas somos um Partido com crédito, não é por acaso que recorrem a nós e às organizações que apoiamos os que mesmo estando filiados ou são simpatizantes de outros partidos pessoas que precisam de ajuda a nível de aconselhamento laboral e outras. Não temos é a expressão eleitoral que reflita isso, mas essa é uma velha questão...
Beijinho
Ana
gostei da tua análise - gosto de espreitar o que escreves mas por gosto mesmo, embora nem sempre concorde com o escreves (mas também acho que és sincera no que escreve e talvez seja isso que me dá pica para te responder sempre dentro do respeito pelas nossas liberdades - Mas eu sei que muita gente mais espreita o teu blog e que teem uma boa impressão do mesmo . Contigo aprendemos semptre alguma coisa e isso para mim é o que conta .
Abraços marienses
L.A.
como te queixas de que aqui ninguém vem nem te lê eu vim e li
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