14 de junho de 2004

Crónica Nª 15- Lino de Carvalho e o NAV II- a memória curta




Crónica Nº 15


Acho que todos temos um mau relacionamento com a morte das pessoas, que de qualquer forma, nos são chegadas, fruto de uma educação que não reconhece a morte como um fim natural de todo o ser vivo.

Para nós, os que, por qualquer razão amamos, são eternos. Mas a vida é finita e deveríamos estar sempre preparados quer para o nosso fim quer para o fim dos outros. Mas não é assim, e somos sempre colhidos de surpresa quando morre alguém. Foi assim nestes últimos dias com a súbita morte de Sousa Franco, quase transmitida em directo pelas nossas cadeias de televisão, quer com a morte de Lino de Carvalho.

No caso de Sousa Franco nada fazia prever que a morte estivesse assim eminente. Aparentemente ele "vendia saúde" apesar de se ter concluído, posteriormente, que havia histórico de acidentes cardíacos anteriores mas sem queixas ou diagnósticos.

O Doutor Sousa Franco era um economista de renome que deixa um grande vazio no quadro político nacional. Lino de Carvalho faleceu "vítima de doença prolongada". Mesmo assim fui colhida de surpresa pela notícia da sua morte.


O meu Camarada Lino de Carvalho foi um parlamentar brilhante, senhor de uma cultura invejável, tinha conhecimentos profundos acerca das questões da agricultura e acerca de muitíssimos outros assuntos.

Não tenho, aqui comigo, os documentos que ele apresentou na Assembleia da República aquando da discussão das questões do NAV II, mas é reconhecido, por todas as forças políticas, o seu papel preponderante no desfecho favorável, para Santa Maria, desta importante questão.

Ouvi da boca de deputados e de elementos das chamadas Forças Vivas de Santa Maria, envolvidos na defesa da permanência do NAVII em Santa Maria que Lino de Carvalho facultava aos seus colegas de Parlamento todos os elementos que havia coligido acerca do assunto para que eles fundamentassem as suas intervenções e inclusivamente lhes "soprava" argumentos quando eles estavam a intervir. Essas pessoas estão vivas e podem confirmar o que digo, se os seus interesses partidários não falarem mais alto que a mais elementar justiça.

Na altura em que a Assembleia decidiu pela permanência do NAVII em Santa Maria e a sua ratificação pelo recém-eleito governo, houve marienses que reconhecendo o papel preponderante de Lino de Carvalho nesse desfecho dissesse que deveria ser dado o seu nome a uma das ruas de Vila do Porto. Mas a memória dos homens é curta...e a política nem sempre é clara e dá a "César o que é de César".

Um dia far-se-á história e os marienses saberão quem foram os protagonistas da sua história e quem esteve de alma e coração a seu lado e lutou pelos seus interesses sem esperar louros nem acenar a todo o momento a bandeira da vitória à espera de andor ou poleiro.


Paz às suas almas Obrigada, Camarada Lino pelo teu trabalho em prol daqueles que confiaram em ti. Até sempre!


Boa semana para todos

Santa Maria, 14 de Junho de 2004