26 de dezembro de 2006

Arrendo quarto

ARRENDO QUARTO

Arrendo quarto em Lisboa

· Apartamento a ser partilhado com uma estudante;
· Serventia das áreas comuns do apartamento;
· Perto de Autocarro (Carris:7 e 36)
· Estação de metro a 10 minutos;
· Perto de café, mercearias, lavandaria, padaria, talho, CTT, e outro comércio;
· Perto de paragem de táxis;
· Situado na Calçada de Carriche.


Contactos: 96 57 87 364 / 96 64 57 258
anamloura@hotmail.com

22 de dezembro de 2006

Mais uma vez...porque é Natal



Foto de um presépio de lapinha executado e oferecido pela minha amiga Ana Coutinho com conchas de Azurara e S Miguel

Bom dia!

Mais uma vez porque é Natal.

De um CD que comprei há dias em que Johnny Cash interpreta canções e textos alusivos ao Natal deixo-vos uma pequena estória:

“Aconteceu numa tarde do fim de Dezembro,
Dois amigos procuraram um velho vizinho
E encontraram-no na loja dele tão pobre e vazia
Mas ele tinha-a tornado alegre com mil arcos verdes.
Conrad estava sentado com o rosto radioso,
Parou de repente de prender o fio dourado que pendurava
E disse: “queridos amigos, hoje ao alvorecer
Quando o galo espantava a noite
O Senhor apareceu-me num sonho
E disse-me: “Eu, hoje, vou ser teu hóspede”
Tenho estado ocupado, atarefado
A enfeitar a minha loja com galhos verdes
A mesa está arrumada e a chaleira brilha
E o azevinho enfeita as vigas.
Agora vou esperar que Deus apareça
Ficar à escuta para ouvir
Os Seus passos quando Ele se aproximar do meu pobre lar.
E abrirei a porta e olharei o Seu rosto.

Então os seus amigos deixaram-no só
Pois este seria o seu dia mais feliz
Desde que a sua família tinha falecido
E Conrad tinha passado muitos dias de Natal tristes.

Mas ele sabia que com Deus como seu convidado
Este seria o Natal mais desejado e feliz
Portanto sentiu o seu coração cheio de alegria.
Cada ruído o fazia espreitar
Para ver se o Senhor já estava à sua porta,
Como a visão que tivera há horas.
Correu para a janela quando ouviu um ruído
Mas tudo o que viu no chão coberto de neve
Foi um imundo pedinte com os sapatos rotos
E toda a roupa rota e surrada.
Mas Conrad ficou emocionado, foi à porta
E disse, “Sabes, os teus pés devem de estar gelados e feridos
Tenho sapatos na minha loja para ti
E, também, um casaco para te aquecer.
Com o coração agradecido o homem partiu
Mas Conrad reparou na hora
E perguntou-se o que teria feito atrasar Deus
E quanto mais teria que esperar,
Quando ouviu uma pancada na porta
Mas era, apenas, mais uma vez, um estranho
Uma velha curvada com um xaile preto
E um fardo de lenha às costas
Pediu, só, um lugar para descansar
Mas esse lugar estava reservado ao convidado de Conrad.
A voz da velha parecia suplicar “Não me mandes embora,
Deixa-me descansar um pouco neste Dia de Natal”,
Então, Conrad ofereceu-lhe uma chávena de café fumegante
E disse que se sentasse à mesa e ceasse.
Mas depois que ela saiu ele sentiu-se desanimar
Pois via que as horas estavam a escoar-se
E o Senhor ainda não tinha chegado e tinha prometido que vinha.
Então sentiu que se tinha confundido.
Quando na calma da noite ouviu um grito
“Por favor ajudem-me digam-me onde estou”
Mais uma vez ele abriu a porta
E ficou desapontado como nas duas vezes anteriores.
Era apenas uma criança que vagueava
E se tinha perdido da família no Dia de Natal.
De novo o coração de Conrad ficou pesaroso e triste.
Mas sabia que tinha de fazer a menina feliz.
Chamou-a e enxugou-lhe as lágrimas
E aquietou todos os seus receios infantis.
Levou-a de volta para casa.
Mas, quando mal entrou na sua porta escura
Ele soube que Deus não viria nesse dia.
Porque as horas do Natal tinham passado.
Ele foi para o quarto, ajoelhou-se e rezou
E disse “ Querido Deus, porque te atrasaste
O que te impediu que me visitasses?
Eu desejo tanto ver o Teu rosto”
Quando do silêncio ele ouviu uma voz suave
“Levanta a tua cabeça porque cumpri a minha palavra
Três vezes a minha sombra cruzou a tua sala.
E três vezes eu vim à tua porta abandonada.
Eu fui o pedinte com os pés em chaga e gelados
Eu fui a mulher a quem deste de comer
Fui a criança na rua deserta
Três vezes bati à tua porta, três vezes eu entrei
E de todas as vezes encontrei o calor da amizade.
De todos os presentes o amor é o melhor.
Senti-me honrado por ter sido o teu convidado neste Natal.”

Façamos do Nosso Natal um Natal de partilha e veremos o rosto de Deus.

Abraços marienses
Santa Maria, 18 de Dezembro de 2006
Ana Loura

11 de dezembro de 2006

Misericórdia!!!!



















Fotos do site da UNICEF www.unicef.pt
Bom dia!

Já aqui falei várias vezes sobre o que a Internet é ou pode ser para muitos de nós. A mim surpreende-me, muitas vezes quer pela negativa quer pela positiva. Recebo dezenas de e-mail cujo conteúdo é pobre e que só servem para que a caixa de correio atinja os limites da sua capacidade muito rapidamente e porque eu só depois de abrir a “envelope” e ler sei se presta ou não e apago. Há dias recebi um que me perturbou, me abalou. Não por conter coisas que eu desconheça, mas porque mas disse, mostrou-mas de uma forma estruturada, directa, sem rodeios, com imagens eloquentes e tem por título “Infância roubada” e resumidamente diz:

“Qual o mundo que deixaremos para trás, para as próximas gerações quando partirmos? Que herança lhe destinaremos? O futuro dependerá do que agora fizermos. E, certamente, há muito por se fazer.

Crianças que catam “migalhas” de carvão para que a Mãe possa cozinhar a comida que a miséria possibilita, outras entre os 4 e os 6 anos, viram tijolos. Nas Honduras, crianças disputam com os abutres as sobras que encontram num aterro sanitário. Na Índia uma menina de 9 anos, já com as mãos calejadas, parte pedra por um salário de miséria. Na Colômbia adolescentes prostituem-se.

Mais de 100 mil meninas são vítimas de exploração sexual no Brasil.

A Organização Mundial de Saúde estima entre 100 milhões de crianças vivendo nas ruas do mundo subdesenvolvido ou em desenvolvimento.

Talvez seja a hora de os políticos e governantes incluírem compaixão social nos seus programas e agendas de trabalho.

Tão perversas como persistentes, as desigualdades sociais e a pobreza atingem particularmente a população Infanto- juvenil. Estudos têm mostrado que as condições de vida das crianças são mais severas em lugares onde a infra-estrutura escolar é de baixa qualidade. Faz-se necessário, portanto, criar condições que estimule um aumento na frequência nas escolas com a consequente ampliação dos seus horizontes e o desenvolvimento das suas potencialidades.

As políticas destinadas a acabar com o trabalho infantil também deveria procurar eliminar as necessidades da família pelo “ordenado” da criança.

Na Califórnia, não muito distante da Disneylandia, a Terra da Fantasia, crianças, filhos de Pais viciados em droga, catam latas a fim de, com a sua venda, completar o orçamento familiar e ajudam como podem nos trabalhos domésticos.

No mundo, segundo dados da UNICEF, estima-se 55% das mortes de crianças estão associadas à desnutrição, à fome que debilita lentamente.

Até quando?

É no coração da noite que desponta o dia.

Qual o mundo que pretendemos deixar para as futuras gerações? Um mundo mais justo, certamente.

O reino de Deus não irá despencar sobre as nossas cabeças da noite para o dia, se somos sinceros no nosso desejo de que ele venha até nós, temos que fazer a nossa parte. O Reino de Deus, a idade áurea marcada pela Justiça, não descerá do Céu, ela soerguer-se-á do chão que pisamos, regado pelo sagrado suor dos que se importam com o próximo. A sua chegada depende de pequenos actos de bondade, de heróicos gestos de compaixão.

Qual o mundo que deixaremos para as crianças de hoje, para as que, ainda, nascerão?

MISERICÓRDIA!!!

Na Misericórdia o coração compadece-se e AGE.

Diz Erico Veríssimo que o oposto ao amor não é o ódio, mas a indiferença.

Kyrie Eleison- antiga evocação grega que significa Senhor envia o teu sopro, envia a tua Misericórdia.

“Bem aventurados os Misericordiosos porque alcançarão o Céu” Sermão da Montanha.

Há muito para ser feito, ainda. Quem semeará, colherá…
Deus move o céu inteiro naquilo que o ser humano é incapaz de fazer, mas não move uma palha naquilo que a capacidade humana pode resolver (provérbio oriental) "

Esta apresentação é assinada por: Um Peregrino e pode ser encontrada no blog Mulher de Atenas cujo endereço é www.luadosacores.blogspot.com

Enquanto transcrevia este grito de alerta a SIC passava uma reportagem sobre os catadores dos contentores de lixo dos supermercados de Lisboa…Tanta miséria à nossa porta e nós a prepararmos o nosso Natal de fartura, de esbanjamento. Se dermos menos um brinquedo a cada um dos nossos filhos, menos um perfume ou uma futilidade a nossos familiares e amigos e encaminharmos o seu valor para instituições que os farão chegar a quem precisa daremos um pequenino passo no sentido da Misericórdia.

Santo Natal a todos
Azurara, 11 de Dezembro de 2006
Ana Loura

4 de dezembro de 2006

As trufas e as perdizes ou a caça às baixas médicas




Bom dia!

Trufas são uma espécie de cogumelos delicados e saborosos, caríssimos, que são consumidos nos restaurantes mais chiques. São de difícil localização, pois nascem debaixo do solo junto às raízes de certas árvores.

Para os encontrar são utilizados porcos preparados propositadamente para isso, desde que nascem. Para que reconheçam o cheiro das trufas, para facilmente as encontrarem, quando crescem, as tetas das mães porcas são esfregadas com trufas.

Actualmente passou-se a utilizar cães para esta busca pois os porcos, se os donos não chegavam depressa, comiam as saborosas trufas.

Os cães são utilizados, actualmente, para a busca de sinistrados. Desde há muitos anos os S. Bernardo são utilizados para a localização de pessoas que se perdem na neve e todos nós temos na memória a imagem dos ternurentos cachorros de barril de whiskie pendurado ao pescoço. Para além dos sinistrados procuram droga nas bagagens de passageiros em aeroportos.

Mas os cachorros são usados, principalmente, para a caça. Aqui em Portugal são mais conhecidos os perdigueiros. Os perdigueiros procuram a perdiz e quando a encontram param estáticos, a perdiz levantam o caçador dispara e mata-a. Os cães de caça operam, normalmente, em matilha.

Açoriano Oriental 21 de Novembro de 2006

“Utentes do Centro de Prestações Pecuniárias de Santa Maria dizem-se fartos de injustiças, discriminação e mau atendimento. As reclamações já duram há anos, mas segundo alguns utentes continua tudo na mesma

Na Almagreira, Maria do Santo Cristo também aponta o dedo à forma como suspenderam a baixa por doença concedida ao filho, após um acidente de moto que lhe deixou várias sequelas em termos de consciência.
Segundo a mariense, tudo aconteceu quando o filho, pelo facto de não ter noção das horas, se ausentou de casa para ir ao cimo da rua buscar pão. Tal explicação não convenceu Valter Tavares, inspector da Segurança Social, que deu por suspenso o referido subsídio.
“Esta é uma terra pequena onde todos se conhecem e ele (inspector) sabe perfeitamente da situação do meu filho. Se subisse a rua podia ter confirmado o que eu tinha dito. Ele não saiu para trabalhar e o inspector sabia disso, por isso acho que foi um acto de pura maldade”.
Nunca fui mal atendida no Centro de Prestações Pecuniárias de Santa Maria, antes pelo contrário, as pessoas com quem tive de lidar sempre foram atenciosas e competentes.
Nos meus vinte e quase oito anos de descontos para a Segurança Social, para além das baixas por parto pelos nascimentos dos meus filhos, só muito recentemente, por motivo de problemas do foro psicológico, situações de depressão, fui obrigada a entrar em situações de baixa médica. Ora como toda a gente sabe, pois Santa Maria é um meio pequeno, não tenho ninguém que faça por mim o que tem que ser feito e eu preciso de sair de casa para fazer essas coisas. Um dia, quando regressei, a senhora que de vez em quando me vai fazer uma limpeza mais cuidada à casa estava aflitíssima pois tinham tocado à campainha e, quando ela foi espreitar para ver quem era, viu o funcionário da Segurança Social a entrar no meu quintal e a ir espreitar à traseira da casa.
Sou, por princípio, legalista. As leis são fruto da democracia e, portanto, para serem cumpridas por todos os cidadãos que são iguais, ou deveriam ser, perante a lei. Mas sempre me incomodou a caça à multa, o escarafunchar gratuitamente, para mostrar serviço, na vida do cidadão que menos pesa no sistema. Tanta fuga ao fisco, tanta empresa que não entrega atempadamente, ou nunca entrega nunca, os descontos devidos à Segurança Social e persegue-se quem não tem alternativas porque não tem criados para irem às compras.
Ao ter conhecimento das notícias sobre as perseguições a pessoas em situações de baixa vindas a público quer na televisão quer nos jornal veio me à lembrança que já algumas pessoas me tinham dito que os funcionários apontados nas notícias se colocavam estrategicamente junto ao “Ângelo” pois sabem que toda a gente come pão. Aí pensei nas trufas e nas perdizes…sem ofensa, claro.

Abraços marienses
Azurara, 4 de Dezembro de 2006
Ana Loura
Foto do perdigueiro em: http://alectorisrufa.blogspot.com/

27 de novembro de 2006

Para a Marta o abraço possível












Bom dia!

Quando estamos, fisicamente, longe uma de duas coisas é possível que aconteça: o esquecimento começa a pouco e pouco a instalar-se e o longe cada vez fica mais longe, ou as memórias e a saudade vão potenciando a frustração de não podermos participar nos acontecimentos e “limitarmo-nos” a ficar felizes com os sucessos e acontecimentos que acrescentam mais valias à vida dos que ficaram ou sofremos impotentes, frustrados numa raiva surda por não podermos pessoalmente chorar, abraçar os que a vida lá tão longe faz sofrer.

Para a Marta, mesmo sabendo que ninguém pode sofrer o nosso sofrimento, mas deixando o abraço solidário e amigo que gostaria de ter dado pessoalmente:

Do Salmo 39

Senhor. Vinde em meu auxílio.
socorrei-me e salvai-me.
Alegrem-se e exultem em Vós
todos os que Vos procuram.
Digam sempre: “Grande é o Senhor”
os que desejam a Vossa salvação.

Eu, porém, sou pobre e infeliz:
Senhor, cuida de mim
Sois o meu protector e meu libertador.
ó meu Deus, não tardeis.

Do Salmo 41

Digo a Deus: Sois o meu protector,
Porque Vos esqueceis de mim?

E ainda:

Porque estás triste, minha alma e desfaleces?
Espera em Deus: ainda o hei-de louvar,
meu Salvador e meu Deus.

Da Primeira carta de S. Paulo aos Coríntios:

Ora, se, se prega que Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, como dizem alguns de entre vós que não há ressurreição de mortos?
Mas, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitadp.
E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã vossa fé.
E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus que Ele ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não são ressuscitados.
Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado.


Porque a morte é consequência directa do facto de se nascer, deveria de ser encarada com a naturalidade que merece qualquer facto natural. Mas porque fomos, desde tempos imemoriais, ensinados a encarar a morte como um castigo, principalmente quando ocorre antes da velhice, acontece que perguntamos sempre, como o salmista: “porque Vos esqueceis de mim?”, ou ainda: porquê só a mim acontecem estas desgraças? Onde estavas Tu, meu Deus que não a evitaste? A morte tem, apenas, a ver com a finitude da vida e com as circunstâncias que se conjugam para que ela ocorra: ou a velhice, ou doença ou acidentes que escapam pura e simplesmente ao nosso controle ou à nossa previsão. Quando isto ocorre só podemos pedir e esperar:

“Senhor, cuida de mim
Sois o meu protector e meu libertador.
ó meu Deus, não tardeis.”

E estarmos certos de que só aguentamos este novo embate porque Deus está, de facto, connosco, nos pega ao colo e nos enxuga o pranto, temos a certeza do Encontro porque não somos falsas testemunhas, mas crentes na Ressurreição. A dor da morte dos que amamos vai se esbatendo, transformando em saudade e em doce memória: sorrimos ao pensarmos nas alegrias que a sua breve passagem na nossa vida nos proporcionou e ficamos gratos por esses momentos de felicidade.

Se me amas não chores

Se conhecesses o mistério imenso
Do Céu onde agora vivo,
Este horizonte sem fim,
Esta luz que tudo reveste e penetra,
Não chorarias, se me amas!
Estou já absorvido no encanto de Deus,
Na sua infindável beleza.
Permanece em mim o teu amor,
Uma enorme ternura
Que nem tu consegues imaginar.
Vivo numa alegria puríssima.
Nas angustias do tempo
Pensa nesta casa
Onde um dia
Estaremos reunidos para além da morte,
Matando a sede
Na fonte inesgotável da alegria
E do amor infinito.
Não chores,
Se verdadeiramente me amas!

Santo Agostinho

“Esta Mulher só pode estar no coração de Deus”


Abraços marienses
Lisboa, 27 de Novembro de 2006
Ana Loura

20 de novembro de 2006



Bom dia!

As coisas nossas, da terra, quando, quer comidas, quer lidas, quer ouvidas quando estamos longe de casa sabem-nos imensamente melhor. Diz o meu Pai que o melhor tempero para uma comida é a fome. E eu tenho fome do que é nosso.

“É manhã não é manhã
Já as chocalheiras começam
A falar da vida alheia
É o rosário que rezam

Chamarrita, Rita, Rita
Eu venho contradizer
Eu hei-de dar-te um jeitinho
Que a outro não hás querer

Quando eu comecei a amar
Foi numa Segunda-feira
Fui amando e fui gostando
Levei a semana inteira

Esta é que é a chamarrita
S]ao garrafas não são bilhas
Aqui está como se canta
A chamarrita das ilhas”


Soube-me pela vida, como me soube, ouvir, a abrir o último álbum da Brigada Victor Jara, uma música nossa, mariense, cantada magistralmente por Jorge Palma. Fiquei inchada de orgulho. A Brigada Victor Jara é um dos grupos musicais portugueses de mais prestígio que merece, portanto, que eu vos apresente um pequeno resumo do quem sido o seu trajecto ao longo destes anos.

Do Site oficial da brigada passo a citar:



Em 1975 um grupo de jovens de Coimbra participa nas campanhas de alfabetização do M.F.A., na região da Beira Baixa, tocando e cantando, música de origem chilena, assim como portuguesa de intervenção. Ao descobrirem a riqueza da música popular dessa região, decidem dedicar-se daí em diante ao "tratamento" da MÚSICA TRADICIONAL PORTUGUESA
De 1975 a 1977 a Brigada realizou vários concertos por todo o país, em 1977 grava o primeiro disco “Eito Fora”.
Até hoje gravaram mais 11 discos, participaram em inúmeros festivais em Portugal, União Soviética, Angola, Itália, Holanda, RDA. Digressões em França, Bulgária, Grécia, Reino Unido, Venezuela, Bélgica, Macau. Seria fastidioso referir todos os países onde a Brigada actuou, mas refiro que foram inúmeros os concertos realizados neste 30 anos de actividade em que deram a conhecer a todo mundo a música que fazem com grande expressão das raízes da música popular portuguesa.


Neste CD recém-editado a Brigada conta com as participações de cantores de nomeada como Jorge Palma, Vitorino, Janita, Lena dágua, Cristina Branco, Carlos do Carmo e o terceirense Carlos Medeiros que canta duas excelentes canções tradicionais de que eu tanto gosto: “a vida do caracol” e “Lenga-lenga”


Quero realçar que no site oficial é referido que em 1987 a brigada actuou no Festival Internacional "MARÉ DE AGOSTO" na Ilha de Santa Maria (AÇORES).
Faz na próxima Maré 20 anos que o excelente grupo, Brigada Victor Jara, tocou no Festival Maré de Agosto. Faz na próxima Maré 20 anos que eu comecei a colaborar na bilheteira do Festival. Que melhor presente poderia eu desejar do que poder ver subir ao palco do festival este grupo que tanto aprecio e bater o pé a compasso?


O Cd, agora editado tem por nome “Ceia Louca” e fará uma excelente prenda de Natal.


Abraços marienses
Azurara, 20 de Novembro de 2006
Ana Loura



13 de novembro de 2006

O Silêncio...



"A nossa geração não lamenta tanto os crimes dos perversos, mas o assustador silêncio dos bondosos".


De Martin Luther King

Almagreira, cem anos de história











Bom dia!

Esta última semana não foi fácil, estive em Lisboa para uma acção de formação sobre matéria que me era, quase, estranha. O esforço foi muito. E por não poder gravar a crónica da passada Segunda Feira, não a escrevi, mas creiam que senti falta de a ter escrito. Pareceu-me que a semana anterior não tinha terminado e esta não tinha começado.

Ontem, Domingo, ao ver as montras no Aeroporto da Portela encontrei um livro cujo título é “nos Açores” escrito e ilustrado por Kaja Avbersek e Pedro Veloso e em cuja capa se lê “…para calcorrear as nove ilhas. Despejar-me em crateras de florestas jurássicas e reunir numa lagoa remota as mágoas acumuladas nos últimos meses. Por lá ficaria a lagoa, com o diário da viagem que aqui começa, boiando ao centro.”

De Santa Maria tem 11 páginas que considero terem lacunas, algumas imprecisões ( o cabelo do Padre Tobias não é preto…) mas que vale a pena ler. Recomendar a leitura? Vale a pena, sim senhor. Até um desenhinho dos nossos biscoitos de orelha tem. Só que dizer que a “Empenatriz” dos nossos Impérios se chama “Imperadora” agride os meus brios marienses. Mas, como disse, o livro vale a pena e pode ser uma excelente oferta de Natal quer para quem ainda não conhece a ilha como para quem a conhece e não a quer esquecer.


"Foi o barro de Almagreira
Que moldou a nossa sorte
Esta sorte marinheira
Entre o mar e o vento norte
"

Com homenagem aos 24 presidentes da Junta de Freguesia em que foram entregues diplomas aos, ainda, vivos, e a título póstumo aos já ausentes, a realização de um passeio convívio com os idosos da Ilha, a actuação do Ricardo Melo, a inauguração de mural alusivo e serão musico-cultural, no passado dia 25 de Outubro, a Freguesia de Almagreira festejou o seu centésimo aniversário. Estas datas são importantes não só para que festejemos mas principalmente por servirem para se fazerem balanços, se rever a história da freguesia em si e, porque a ilha no todo é constituída pelas freguesias e lugares, fazer-se memória do que de importante aconteceu, na Ilha, ao longo destes tantos anos.

Com uma área de 10 Kilómetros e com 579 habitantes registados no censo de 1981, a freguesia é constituída pelos lugares de Almagreira, Farropo, Brejo de Baixo, de Cima e do Meio, Congro, Courelas, Covas, Bom Despacho Velho, Carreira, Brasil, Fonte do Mourato, Fonte Nova, Graça e Praia. O nome advém-lhe do tom avermelhado das terras de onde era extraído o almagre usado na pintura de louça de barro. Em Almagreira ficam situadas as terras das mais produtivas da ilha onde antigamente havia extensas searas que produziam muito trigo e, ao que consta, será numa dessas que ficará implantado o futuro campo de Golfe. Dizia José Carlos Figueiredo, Tenente-coronel deslocado em Serviço em Santa Maria no ano de 1815 “sítio das melhores terras, em cerrados quadrados e uma boa planície de pomares”

Almagreira possui Igreja, recém restaurada, dedicada a Nossa Senhora do bom Despacho e as ermidas de Nossa Senhora do Monte, Nossa Senhora da Graça, e Nossa Senhora dos Remédios.

A sua economia assenta na economia de subsistência como quase todo o resto da ilha exceptuando o Aeroporto e Vila do Porto, com a produção agropecuária. Antigamente produziam-se trabalhos em vimes, camisolas de lã, meias e colchas de tear.

A história desta freguesia tem aspectos muito interessantes, um deles é o seu pioneirismo no que toca ao ensino primário que a própria Junta tomou a seu cargo vinte anos depois da criação das escolas oficiais nos Açores e foi sua primeira professora a Senhora D. Adelina Amélia Pereira nomeada em 6 de Novembro de 1889.

Almagreira tem locais de paisagem soberba. Bastará subir ao Pico do Facho e apreciar a maravilhosa baía da Praia Formosa onde se realiza, há mais de 20 anos, um dos mais antigos festivais de música de Portugal onde têm actuado artistas prestigiadíssimos.

Esta efeméride do seu centenário, mereceu voto de saudação por parte da Assembleia Legislativa Regional aprovado no dia 24 de Outubro último por proposta dos Deputados Alberto Costa e António Loura.

Quero aqui deixar a minha homenagem aos habitantes da Freguesia de Almagreira e desejar que o futuro seja encarado com a vontade de inovar e progredir, como foi o exemplo do passado como a referida escola primária, e já está a ser, actualmente, com as novas culturas de meloa.

Parabéns, Almagreira. Ergo um cálice de um excelente abafado que comprei no Café Almagre e que vou beberricando aqui para tentar afogar esta imensa saudade…Vemo-nos em breve.


Abraços marienses
Azurara, 13 de Novembro de 2006
Ana Loura

1 de novembro de 2006

Os três deputados e os preços dos jornais e revistas


Bom dia!

“Preços dos jornais e revistas divide deputados açorianos”

Este título de um artigo do Açoriano Oriental do passado dia 21 de Outubro e o facto de ter pago mais 85 cêntimos do que teria de pagar qualquer português residente no território continental para poder ler o “Jornal de Letras” faz-me voltar a falar sobre este tema.

85 cêntimos são, na moeda antiga, 170 escudos e representam um acréscimo em 32,3% no valor do jornal. Significa isto que para eu não emburrecer, para, pelo menos, manter o meu nível cultural tenho que pagar mais cerca de um terço pelo jornal do que qualquer dos outros cidadãos portugueses que habitam Portugal continental. Mas isto já todos sabemos. O que muitos de nós não sabemos é que três cidadãos portugueses, açorianos, de nomes Ricardo Rodrigues, Luís Fagundes Duarte e Renato Leal, eleitos pela maioria dos cidadãos que vivem nos Açores, para defenderem os seus interesses na Assembleia da República, se abstiveram, ficaram mudos, vergonhosamente calados, aquando da votação do diploma que reporia os preços das publicações vendidas nos Açores aos valores do continente como aconteceu desde a aprovação do Decreto-Lei 41 96 de 31 de Agosto de 1996, aprovado com base no princípio da continuidade territorial e até Novembro de 2005.

De notar que o diploma não aprovado na Quinta-feira passada na Assembleia da República e merecedor das três abstenções, foi apresentado pela Assembleia Legislativa Regional dos Açores de onde saiu aprovado por UNANIMIDADE, quer isto dizer votada, também, por todos os deputados socialistas presentes. Poderá, também, significar que aqueles três Senhores Deputados ou desconheciam que o diploma tinha a aprovação dos seus Camaradas de partido da Região, ou, pelo facto de poderem comprar os jornais e as revistas em qualquer quiosque de Lisboa se tenham esquecido de que têm o compromisso de defender os interesses, neste caso o direito à cultura e informação de todos os cidadãos portugueses ao mesmo preço e, portanto, dos açorianos que neles votaram (e os outros) e, pelo poder desse voto lhes deram o assento no órgão de soberania que lhes dá o direito e o dever de levantarem a voz e o braço em defesa de quem lhes concedeu o voto (e o ordenado).

Esperemos que o partido Socialista dos Açores, nas próximas eleições para a Assembleia da República não inclua nenhum destes senhores nas suas listas e, se o fizer, os açorianos se recordem deste “pequeno” episódio que lhes encarece, ainda mais, a vida e limita o seu acesso à cultura a que tem constitucionalmente direito, brindando-os com um significativo e corajoso Voto contra.

Abraços marienses
Airbus 320 algures entre S. Miguel e Pedras Rubras, 30 de Outubro de 2006

Ana Loura

23 de outubro de 2006

Cheguei...à velocidade de cruzeiro de um ATP

Bom dia!

Cheguei Sábado a casa. Estou na minha casa, na casa base da minha Família, na casa onde permanece latente metade de mim. Com emoção a outra metade aproximou-se dela à velocidade de cruzeiro de um ATP e, quando o avião aterrou de supetão, parecia que o piloto queria abanar-me e dizer: Eh, Ana, abre bem os olhos, chegámos. É aqui que tens descer da nuvem, da tal nuvem por trás do espelho. Tem sido gratificante encontrar os amigos e conhecidos que, carinhosamente, me abraçam e me fazem sentir, ainda mais, filha desta ilha que tanto amo.

Fui à Feira das Actividades Económicas. Confesso que achei péssima a escolha do local, os terrenos da Fábrica da Telha…Terreno desnivelado o que fez com que os esforços e meios aplicados para minimizar o problema não tenham resultado em pleno e passear pelos corredores e apreciar os standes tenha sido, de certo modo, desagradável.

Agradável foi ver que o nosso Comércio se vai expandindo por áreas inovadoras, embora ache que nem todos os comerciantes com volume e áreas de consumo justificáveis tenham respondido e correspondido. Mas também não haveria espaço para mais. Creio haver alternativas ao espaço escolhido, desde o campo de futebol velho sito na zona do Aeroporto aos terrenos que creio pertencerem à Junta de freguesia de Almagreira. Ouvi alguém observar que a opção do campo de futebol teria sido posta de lado por estar na área do Aeroporto e as pessoas das freguesias terem relutância em ir lá. Creio ser um falso argumento quando se aponta exactamente os terrenos, ainda, sob a posse da ANA SA, como a expansão natural da Vila.

Gostaria de referir que em relação aos terrenos e aos edifícios da Fábrica da telha tenho uma opinião que já formulei há anos. Considero o espaço ideal para a implantação de um auditório, sala de congressos, Museu da ilha que comporte todo o espólio aeronáutico da ANA e da NAV que com o andar dos anos tem ou desaparecido ou ficado irremediavelmente deteriorado, todas as ferramentas de todas as artes e ofícios da história da Ilha, os canhões que andam perdidos e enterrados não se sabe bem onde, âncoras, barcos de pesca antigos, carros de bois, carroças. Tantas são as carências da ilha q não seria difícil dar destino aos edifícios e espaços circundantes, onde ficariam lindíssimos jardins do género dos do Centro Cultural de Belém ou Serralves e vastas zonas para estacionamento dos utentes do complexo. Mas parece que os marienses perderam definitivamente a possibilidade daquela estrutura ficar na posse quer o Governo Regional quer da Autarquia. O seu estado de degradação é confrangedor e não faço ideia se a maquinaria que, há poucos anos atrás ainda dava ideia do que terá sido um dia, os moldes das telhas que, ainda, estavam por lá, foram recolhidos ou não como acervo museológico. Não sei se quem tem obrigação de zelar pelo nosso património histórico fez por acautelar alguma coisa ou se algum estrangeiro com visão da cultura que ultrapasse mais do que o comezinho não tenha metido as coisinhas na mala e levado para a sua terra ou mesmo alguém tenha vendido para algum antiquário de S Miguel…ou para o ferro velho, é que “quem o seu não vê, o diabo lho leva” e parece que nem estamos escaldados com acontecimentos idênticos de um passado recente em que peças do nosso barro foram transladadas para a ilha vizinha.

Sei que está prevista a recuperação de um dos edifícios da zona histórica, vi de relance o projecto no espaço da Câmara Municipal, que comportará muitas das valências que referi. Acho fundamental esta recuperação que também já tarda, mas acho, também, que não faltam serviços a precisarem de instalações dignas, um deles o Tribunal.

Como vos disse, é bom voltar a casa, voltar a fazer as “rotinas” que são a minha vida cá. E este Domingo participei na Missa da Matriz. Fui surpreendida pela figura jovem do padre que me impressionou bastante pelo olhar límpido e firme, pelo discurso claro de quem tem a certeza da sua opção de vida. Vou citar o que alguém escreveu no Mulheres de Atenas acerca dele: “Não sendo paroquiana dele, no entanto, desde que chegou a S. Miguel, sempre ouvi as melhores referencias dele como pessoa e como sacerdote…o que mais me cativou no Pe Sérgio (para além da sua bondade e simplicidade por todos referenciadas) foi a forma Universal como faz passar essa Mensagem: trata de forma tão próxima do "igual" o diferente, ou seja, os que um dia se perderam de Deus e de si próprios; não só não julga quem ainda não acredita como os acolhe como filhos do mesmo Pai”

E como eu própria já disse “Estejamos disponíveis e dispostos a respondermos e correspondermos aos apelos de colaboração que, certamente, eles nos fará.”

É bom voltar à ilha, mesmo que seja já com o sabor inevitável da partida, mas por outro lado com a certeza de mais um regresso.

Abraços marienses
Santa Maria, 23 de Outubro de 2006
Ana Loura

16 de outubro de 2006

Na terra do Poder dos sonhos


































Bom dia!

“Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a malNa terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igualNa terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar. Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar”

Só mesmo na terra dos sonhos podemos ser o que somos ou o que queremos ser, pois aí ninguém nos leva a mal ou nos exige que sejamos o que não somos, ou espera que sejamos o que querem que sejamos.

O Palácio de Cristal, ou Pavilhão Rosa Mota, festejou os seus cinquenta Anos com um memorável concerto de Jorge Palma ao qual eu assisti. O excerto do poema que citei é de uma das suas canções, não direi das que mais gosto, pois gosto de todas. Jorge Palma é um, com certeza, o cantor português meu favorito. Pelas letras, pela “batida”, o swing das suas músicas, por ele todo.

Recordo que Jorge Palma esteve no Festival Maré de Agosto em 1986, era já meu eleito no panorama musical português. Eu não assisti ao concerto porque foi querido que eu fosse o que não era. E lá fiquei eu em casa triste, sonhando em um dia ser aceite como era como se vivesse “na terra dos sonhos”. Já lá vão 20 anos e eu nunca estive na terra dos sonhos. Alguém sempre acha que eu deveria ser assim ou assado. Os sonhos por vezes são adiados mas lá chega o dia em que, porque não deixámos de sonhar, os cumprimos.

Hoje, 15 de Outubro de 2006, assisti emocionada a um concerto do Jorge Palma.


2006-10-12 FNAC Nortshopping











Estou à beira de realizar um dos meus sonhos e estou SÓ! As lágrimas a rebentarem-me nos olhos. Olho dois jovens da idade da Ângela que carregam os seus Sepúlvedas para os desejados autógrafos. Penso que estarão a realizar, também, um dos seus sonhos (a grande maioria dos meus Sepúlvedas estão em casa, na minha casa onde metade de mim, também, permaneceu. Continuo sem chão, sem estar certa do que pisam os meus pés) Mas, o certo é que estou à beira de realizar um dos meus sonhos e…estou só. Gosto de partilhar, de ter com quem partilhar os meus sonhos. Há percursos na vida que são mais saborosos de mão dadas….
Enquanto espero passo os olhos no “O Poder dos sonhos” e sinto-me dentro dele. A nossa Revolução de Abril foi tão pacífica como a democracia Chilena, O Povo Unido dos Quilapaium, foi também nosso hino, alfabetizámos e fizemos a Reforma Agrária. Não foi Pinochet quem nos deu cabo da Revolução, mas os traidores que descaradamente nos venderam ao Fundo Monetário Internacional. Somos um Povo de “brandos costumes” e, brandamente a direita e o grande capital foi ganhando terreno, as conquistas de Abril mirrando à medida em que os cravos murchavam. Neste momento a Democracia volta a ser sonhada quase com a urgência do 24 de Abril. Sonhamo-la, pois como diz Sepúlveda os sonhos são “irrenunciáveis, são indomáveis,…”
Comprei um exemplar do “Poder dos sonhos” para cada um dos meus filhos e dei-os a autografar ao autor.
Acabo de realizar um dos meus sonhos: Ouvi, ao vivo Luís Sepúlveda a falar dos seus livros, da sua vida, dos seus sonhos. Luís Sepúlveda é uma das minhas paixões, tenho todos os seus livros publicados em Portugal.
Acabo de realizar um dos meus sonhos, sinto-me imensamente feliz, mas só.

Abraços marienses
Azurara, 16 de Outubro de 2006
Ana Loura

9 de outubro de 2006

Haja saúde!!!!


Bom dia!

Li no blog do Marco Coelho o último post dele e os respectivos comentários.

Diz o Marco

“Tive a oportunidade de ler num jornal regional que um estudo efectuado pela Direcção Regional de Saúde indicou que existem 20.000 Açorianos sem médico de família, pode-se ler ainda que a Directora Regional disse que as zonas mais problemáticas "são as grandes cidades" nomeadamente Ponta Delgada, Angra do Heroísmo, Ribeira Grande e Horta, devido à "escassez de médicos. Não questiono a veracidade deste estudo, agora, nós por cá já vivemos com esta problemática à muitos anos minha senhora, quantos utentes se deslocam ao CSVP inúmeras vezes para consultas e batem com o nariz na porta ??? Quantos meses levam os utentes marienses à espera de uma consulta???? A direcção Regional de Saúde diz já ter aberto diversos concursos públicos para a contratação de médicos de clínica geral mas cá nem vê-los porquê??? Não interessa, ou não há quem pressione o governo para que tal aconteça??? Ainda há bem pouco tempo foram colocados na cidade da Praia da Vitória médicos espanhóis. Só aqui é que não há maneira de as coisas melhorarem, mas é como digo se calhar não interessa.........”

Os comentários a este post, como sempre, dividem-se entre os anónimos que escrevem propositadamente com erros ortográficos a envergarem roupagens humildes para despistarem quem os lê e poderem dizer mal de tudo e de todos sem serem identificados, e os comentários sérios que pretendem contribuir para a discussão do tema, opinando sinceramente.

Saliento dois dos comentários, um que apesar de anónimo me parece sério e outro assinado com pseudónimo e que me parece, também, sério.

“Já passaram por cá bons médicos, já se deram ao trabalho de analisar porque não param por cá muito tempo?só ouvimos queixas e mais queixas parece que está tudo mal.Mas, os marienses devem de estar felizes porque vivemos neste paraíso socialista, onde tudo está mal mas ninguém denuncia
SÃO ROSAS SENHOR SÃO ROSAS.
MAS TEM CÁ CADA ESPINHO.
e assim vamos vivendo .Quando arranjamos consulta, já é tarde demais ,quando vamos mostrar exames estes já tem mais de um ano.a pequenada nas consultas de rotina como manda o boletim de saúde, só quando é adulta é que vê o medico.
SENHORES PARA QUE MAIS COMENTÁRIOS?
SERÁ QUE SÓ MEREÇEMOS ISTO.”

Outro comentário

“É um problema este C.S. de Vila do Porto mas o problema não é dos médicos cá radicados, esses coitados não dão para as encomendas - não podemos exigir mais da Drª. Isabel ela é muito atenciosa e está sempre disponível para ajudar quem quer que seja mas a mulher também precisa descansar, não pode aguentar 24 seguidas sobre 24 horas. O governo terá de por cobro a esta situação de os médicos que para cá vêem sentirem gosto em cá estar, é que por vezes nem aquecem o lugar outras vezes é o lugar que não aguenta com eles.... e o melhor mesmo é irem embora porque assim nem eles e nem nós temos segurança, e nestas coisas não se pode brincar pois está em jogo muita gente. Por isso acho que os médicos que queiram trabalhar têm muito que fazer. Agora não podemos é continuar a pensar que os melhores terão mesmo de ir para as grandes cidades também precisamos deles nos centros de Saúde, era preferível haver cá um bom especialista em determinada especialidades, equipar a unidade onde tivesse que exercer a sua actividade, a termos que deslocar doentes para fora da ilha, custando ao Estado milhares de Euros mês, fora aqueles que dada a sua gravidade ainda se vêem obrigados a recorrer aos Privados. A Política de Saúde ao longo dos anos não tem tido nada fácil para nenhum Governo mas há que não desanimar e quem sabe até também da nossa parte sermos um pouco mais compreensivos sempre está melhor do que aqui há uns anos atrás onde só um médico existia. Sei que também aqui vão dizer o Mariense tem aquilo que merece!!!! Mas esse é um ponto de vista com o qual nunca concordarei.”
Leitora Atenta.

As questões da saúde, em Santa Maria, parece que vão de mal a pior. Pelo que entendi os doentes do Dr. Dinis continuam sem Médico de Família e os números e percentagens destes doentes não entram nas estatísticas do Governo Regional. Será que é cegueira e a Direcção Regional de Saúde está a precisar de ir ao oftalmologista? Todo o cidadão tem direito a cuidados básicos de saúde e não é porque há zonas mais carenciadas que nos faz deixar de ter direitos e reclamar por eles.

O voto deveria ser a expressão do descontentamento do Povo. É nas urnas de voto que damos a nossa confiança àqueles que fazem de nós estatísticas reais. Saibamos escolher entre os que nos ignoram e os que se importam.

Abraços marienses
Azurara, 9 Outubro de 2006
Ana Loura

2 de outubro de 2006

O fantástico mundo que nos aproxima de tudo












Bom dia!


“11,2% dos açorianos em rede”
“A ilha que lidera o combate ao isolamento é o Corvo, onde a percentagem de acessos à net por cada 100 habitantes é de 17,9%.”
Frases que iniciam artigo sobre a Internet na Região Autónoma dos Açores editado pelo jornal Expresso da Nove do dia 29 de Setembro último.

Tenho ouvido amiúde pessoas afirmarem que a utilização da Internet é, na maioria dos casos, um vício.

E agora, em que ficamos: vício ou instrumento de quebra ao isolamento

Os dois, eu diria que os dois. Cabe a cada um estabelecer os limites do uso de qualquer objecto, de qualquer tecnologia. O certo é que a Internet encurta as distâncias e quebra o isolamento. Mas, haja tempo e horas do dia para que consigamos visitar e ler tudo o que é escrito de interessante sobre variadíssimos temas. Por exemplo, existem inúmeros blogs açorianos. Listados no “Fogueteabrase” do Nuno barata estão listados creio que 103, penso haver muito mais, mas este número é, já, significativo. Com artigos de opinião, com fotografias, alguns com artigos que versam temas exclusivos de cada ilha, outros sobre poesia, literatura açoriana e de língua portuguesa, muitos de excelente qualidade quer nos textos propriamente ditos quer no grafismo. Perdermo nos neste imenso mar, eu pelo menos perco me.

Mas a net não são só os blogs, são, também, os e;mails que recebemos e nos trazem desde as anedotas mais insípidas e que mal as lemos, quando as lemos, apagamos, até à notícia da morte de alguém com quem fizemos amizade sem nunca nos termos olhado olhos nos olhos, passando pelos anúncios do medicamento milagroso que faz a libido crescer nos homens que andam “desinteressados” das actividades sexuais. Mas também vêm notícias do que a vida nos faz deixar para trás. Há dias tive a imensa alegria de receber um e mail da Laurinda Sousa a dar notícia de como correu a reconstituição histórica da procissão dos Escravos da cadeinha recheadinho de fotos excelentes do Rui Parece. Gostei imenso de constatar que a realização foi muito participada quer a nível de figurantes quer a nível de assistência. Criticas li, também na Internet, de que o texto seria uma adaptação de um utilizado em S Miguel. Bom, mas fez se e cumpriu se.

Noutro artigo diz se no Expresso da Nove
Açores é nome de uma só ilha na net

“A internet contribuiu para que todo o arquipélago ficasse disponível no espaço único do mundo virtual. O impacto desta ferramenta é de tal ordem que alterou hábitos e formas de trabalhar e de viver

Actualmente, um corvino e um micaelense podem, em simultâneo, ir ao mesmo banco, no mesmo balcão; reservar uma passagem de avião sem sair de casa; consultar as últimas notícias sem folhear um jornal ou estar ao corrente das actividades governativas sem assistir aos noticiários televisivos. Tudo isto é possível devido à internet, um mundo virtual que transforma os Açores numa única ilha. A net contribui sobremaneira para a modificação dos hábitos dos açorianos, obrigando, mesmo, muitas instituições e organizações, públicas e privadas, a alterar a forma como apresentam e prestam os seus serviços. Esta transformação foi de tal forma significativa que, actualmente, é possível fazer quase tudo sem sair de casa.”

A Internet serve, também, para eu me ligar à RDP Açores e ouvir diariamente o Interilhas (pena o Asas não ter emissão on line), fazermos amizades, conversarmos e espantarmos um pouco o fantasma da solidão, por isso é que, certamente, o Corvo é a ilha onde 17,9% dos habitantes já aderiu ao fantástico mundo que nos aproxima de tudo, chamado Internet!
.


Abraços marienses
Azurara, 2 de Outubro de 2006
Ana Loura

25 de setembro de 2006

Turistas exigem intervenção do governo




Originais das fotos cedidas por AMC a quem agrade;o

Estas duas fotos ilustram comportamentos opostos perante a natureza e os animais. Feitas durante o Campeonato Mundial de Pesca de alto mar realizado há dias em S Miguel. Uma das equipas trouxe o troféu para terra, morto, e exibiu-o da forma que a foto ilustra perante bastantes pessoas que se deleitaram com o sádico espectáculo. Outra equipa, depois das medições da praxe, e após se dedicar a oxigenar o Espadim azul durante largos minutos, devolveu-o vivo ao mar.

Bom dia!

Correio dos Açores dia 11 de Agosto de 2006, pagina 5
“Turistas exigem intervenção do governo.

Maus-tratos em animais é chocante

Os turistas que visitam os Açores continuam a denunciar casos de maus-tratos em animais e dizem-se revoltados com a situação, pedindo a intervenção do Governo Regional. Querem, nomeadamente, que o Executivo açoriano crie legislação que defenda os animais de maus-tratos.

O jornal cita declarações de turistas que afirmam “Vimos cenas de maus-tratos a cães e gatos nas ilhas de S. Miguel e Terceira que nos arrepiam. E acrescentam que, na maioria dos países da União Europeia, e na Suiça, existe legislação que aplica sanções punitivas aos donos que maltratem os animais

Acrescentam: “Com a denúncia feita à comunicação social da Terceira, os turistas suíços esperam contribuir para ajudar a resolver os muitos problemas que existem nos Açores relativamente a forma como os animais são tratados.””

Agora digo eu, é triste terem de vir os estrangeiros chamarem-nos selvagens, dizerem como devemos tratar dos animais, darem-nos lições de moral. Mas o certo é que eles têm razão. Nos últimos tempos tenho feito passeios em S Miguel e é vulgar encontrarem-se cães feridos, com correntes enterradas nas carne do pescoço, atados a cordas curtas e a não terem onde se abrigar do sol e da chuva, vacas em pastos enlameados enterradas ate aos joelhos.

Será que estamos tão habituados a estas cenas que já nem notamos? Estamos insensíveis? É que estas cenas não são exclusivas de S. Miguel. Em S. Maria já me apareceu à porta um cão com a corrente enterrada na carne, tive que pedir ajuda para a cortar e cuidei dele durante 3 dias, telefonam-me a dizer que as vacas de fulano estão enterradas em lama até aos joelhos, que encontraram uma ninhada de gatos recém nascidos abandonados num contentor de lixo, para não falar nos animais que me largam à porta para que eu acolha.É habitual vermos ouriços caixeiros atropelados nas nossas estradas. Acho estranho que um animal que se desloca tão lentamente seja atropelado, que um condutor não possa desviar-se os poucos centímetros suficientes para não atropelar uma animal tão pequeno e simpático…somos mesmo muito civilizados

A Câmara Municipal de Ponta Delgada capturou mais de 100 cães abandonados no passado mês de Agosto. De quem seriam esses cães? Porque foram abandonados? Que fim tiveram?
Associações de defesa dos animais fazem campanha junto de países que privilegiam o Algarve como destino turístico alertando para a realização das touradas na esperança de que as autarquias das cidades onde elas se realizam acabem com o bárbaro espectáculo pressionadas pela relutância dos turistas em frequentarem essas terras.

Realizou/se há 15 dias em Vila do Conde uma feira Agrícola, A Câmara Municipal e uma associação estavam a oferecer animais abandonados e outros que pessoas levavam para serem adoptados. É pratica de algumas associações de protecção aos animais recolherem gatos e cães esterilizarem-nos e voltarem a devolve-los aos seus habitats. Estou ansiosa por ver estas práticas adoptadas nas nossas ilhas pelos nossos municípios. Práticas destas estão a tardar, como tarda a construção do nosso canil/gatil municipal.

Que não seja mais preciso virem os estrangeiros que nos visitam puxar-nos as orelhas pela forma como lidamos com seres que sentem, sofrem e se alegram quase como nós.

Abraços marienses,
Azurara, 25 de Setembro de 2006
Ana Loura

18 de setembro de 2006

RIAC-descentralização-passaportes



Bom dia!

Na pagina da Internet de apresentação do RIAC (Rede Integrada de Apoioao Cidadão) pode ser lido:

“Tendo em consideração a realidade geográfica e populacional do arquipélago dos Açores, foi assumida uma aposta na criação de um projecto que conjugasse as especificidades da Região, nomeadamente a realidade arquipelágica caracterizada pela descontinuidade geográfica, e os critérios de excelência prestados pela Loja do Cidadão, o qual se denominou de Rede Integrada de Apoio ao Cidadão - RIAC.”


Eu vou contar a minha experiência com o RIAC: já há bastante tempo andava com a ideia de tirar o passaporte e agora que me "mudei" queria mesmo era ter um passaporte açoriano, pedido em Santa Maria, manias de quem parte ficando. Vai daí, na véspera de sair, na última vez que estive em casa, fui cedinho a Câmara Municipal, pensei eu que o RIAC funcionaria lá, saber o que precisava para ter tempo de tratar de tudo. Fui informada que o RIAC estava a funcionar em Santo Espírito. Perguntei se me podiam informar se era preciso levar foto...que sim senhora era preciso. Lá fui eu na corrida tirar a foto da praxe que afinal e muito logicamente afinal não era precisa pois o processo é todo digital. Eu, que sou burra velha, telefonei para o RIAC 800500501 (número verde) a saber se poderia ir à confiança tratar do passaporte a Santo Espírito, pois era o primeiro dia e eu, por embarcar no dia seguinte de madrugada, tinha os minutos contados e não queria ser surpreendida com o facto de ir em vão. Responderam que sim senhora, a Senhora pode ir que está tudo ok. Lá fui eu a ultrapassar os limites de velocidade permitidos pela lei (ai que me vão crucificar...) e chego lá e...o sistema em baixo "Dona Ana desculpe...mas vai ter que voltar mais tarde", mas mais tarde quando? Ai Nossa Senhora que eu queria tanto ter um passaporte mariense...será que vou ter tempo de cá voltar? Que remédio...lá desço eu os picos depressinha mas cautelosa que as curvas são mais que muitas e, entretanto, tinha eu parado para comprar duas garrafinhas de abafadinho, ainda não o provei, quando toca o telemóvel e diz-me a mesma menina (que me tinha garantido que poderia ir a S. Espírito à confiança) que o sistema tinha recuperado e que poderia voltar ao Posto de atendimento do RIAC. Hora do almoço, coisas urgentes a ultimar, penso eu, vou logo depois do almoço. Dito e feito...lá fui eu de novo na esgalha...e...o sistema em baixo, a Patrícia da "cantina" à espera também...tinha metido dispensa para poder tratar do seu passaporte e pedido um carro emprestado. Viemos sem termos conseguido tratar do tão desejado cartãozinho que nos irá permitir viajar para países extra Europa dos 25. Acabei por tratar do assunto em Ponta Delgada. Tenho um passaporte açoriano...tirado no centro da Cidade de Ponta Delgada nos antigos serviços que sempre trataram disso. Em S Miguel, Ponta Delgada, o Passaporte pode ser "tirado" no sítio de sempre o que me faz questionar só o seguinte: porque em S. Miguel mantiveram os passaportes nos serviços antigos, para além de poderem ser tratados nos Postos de Atendimento entretanto criados e em Santa Maria não foi adoptado o mesmo critério? Somos ou não ilhas do tal valor merecendo a descentralização, é certo, mas merecendo, também, ter cópia das coisas boas que tem as ilhas que não o são têm? Aliás é esse o conceito que está subjacente à criação das ilhas da coesão ou valor, terem facilidades que lhe proporcionem qualidade de vida "aproximada" à qualidade de vida das ilhas mais desenvolvidas. Descentralizar, sim, mas descomplicar, também. Concordo com a adopção da ideia sugerida de dois postos, o de Santo Espírito e outro mais "cá em baixo" com abertura em dias alternados. É certo que teriam de investir numa máquina e num computador e numa linha da rede de Internet, mas o que são estes gastos comparados com outros mais vultuosos e menos necessários?
abraços marienses, meus que vivo morrendo de saudades.


Azurara, 18 de Setembro de 2006

Ana Loura

10 de setembro de 2006

11 de Setembro- 10.000X3.000-In God we trust






11 de Setembro

· 11 de Setembro de 2001 – Ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque
· 11 de Setembro de 1973 – Golpe militar encabeçado por Pinochet no Chile contra o Governo Democraticamente Eleito.
· 11 de Setembro de 1973 – Governo israelita toma a liberdade de expulsar Arafat da Palestina
· 11 de Setembro de 1973 – Primeira reunião clandestina dos militares do MFA/Movimento das Forças Armadas, no Alentejo
· 11 de Setembro de 1965 – Chegada ao Vietname da 1.ª Divisão de Infantaria dos Estados Unidos
· 11 de Setembro de 1917 –Data de nascimento de Ferdinando Marcos, ditador das Filipinas
· 11 de Setembro de 1902 – Data de nascimento de Bento Gonçalves, operário e revolucionário, Secretário Geral do Partido Comunista Português e assassinado no Tarrafal
· 11 de Setembro de 1840 – Bombardeamento de Beirute pela Grã-Bretanha
· 11 de Setembro de 1217 - Arremetida cristã contra a praça de Alcácer do Sal

Tantos 11 de Setembro a serem lembrados, a serem lamentados a serem chorados. Eu escolho um. O meu 11 de Setembro é o de 1973 em que Pinochet com o apoio provado e comprovado dos Estados Unidos destituiu e assassinou Salvador Allende, Presidente eleito democraticamente pelo Povo Chileno, mandou encerrar e fuzilar milhares de pessoas no estádio de Santiago. O saldo oficial dos mortos do golpe militar de 11 de Setembro de 1973 no Chile é de 10.000 ao que há a acrescentar milhares de desaparecidos dos quais até hoje, passados que são mais de trinta anos, não há qualquer rasto.

Levántate y mira la montaña,
de donde viene
el viento,el sol y el agua.
Tú, que manejas el curso de los ríos,
tú, que sembraste el vuelo de tu alma.
Levántate y mírate las manos.
Para crecer estréchala a tu hermano,
juntos iremos
unidos en la sangre.
Hoy es el tiempo
que puede ser mañana.
Líbranos de aquél que nos domina
en la miseria.
Tráenos tu reino de justicia
e igualdad.
Sopla como el viento
la flor de la quebrada
limpia como el fuego
el cañón de mi fusil.
Hágase por fin tu voluntad
aquí en la tierra.
Danos tu fuerza y tu valor
al combatir.
Sopla como el viento
la flor de la quebrada.
Limpia como el fuego
el cañón de mi fusil.
Levántate y mírate las manos.
Para crecer estréchala a tu hermano,
juntos iremos
unidos en la sangre,
ahora y en la hora
de nuestra muerte.
Amén. Amén. Amén.


"Victor Jara. Preso no dia do golpe de 11 de Setembro no Chile, foi levado para o Estádio Nacional. Aí cortaram-lhe os dedos, entregaram-lhe um violão e disseram: 'Agora, canta!' E Jara esfregou o violão e cantou.
'Ay canto que mal me sales!
Quanto tengo que cantar,
espanto!
Espanto como el que vivo
Como que muero, espanto
De verme entre tantos y tantos
Momentos del infinito
En que el silencio y el grito
son las metas de este canto.
(...)'Contam as testemunhas que Jara não acabou de cantar. Foi metralhado de imediato (...)

HOMENAGEM AO POVO DO CHILE
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantorescam
poneses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro
Nas suas almas abertas
traziam o sol da esperança
e nas duas mãos desertas
uma pátria ainda criança
Gritavam Neruda Allende
davam vivas ao Partido
que é a chama que se acende
no Povo jamais vencido–
o Povo nunca se rende
mesmo quando morre unido
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.
Alguns traziam no rosto
um ricto de fogo e dor
fogo vivo fogo posto
pelas mãos do opressor.
Outros traziam os olhos
rasos de silêncio e água
maré-viva de quem passa
Uma vida à beira-mágoa.
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.
Mas não termina em si próprio
quem morre de pé.
Vencido
é aquele que tentar
separar o povo unido.
Por isso os que ontem caíram
levantam de novo a voz.
Mortos são os que traíram
e vivos ficamos nós.
Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que nasceram para o Chile
morrendo de corpo inteiro.
José Carlos Ary dos Santos


Desde 2001 que ando a tentar entender o que toda a gente diz sobre os Estados Unidos pós 11 de Setembro das Torres gémeas e tudo o que me é dito se resume ao regresso à “Caça às Bruxas” a um Macartismo com rosto de século XXI, mais coca-cola, mais Mac Donalds, mas, sem dúvida, da delação, do terror calado do vizinho do lado. Diz a História que o Povo Americano se fartou da caçar e de ser caçado no tempo da dita “Guerra Fria” mas o ser humano tem a memória curta e a denúncia ao desbarato está, de novo, instalada…Já ninguém é fiável. ~


Noticiava, há dias o Açoriano Oriental:


“Um arquitecto de origem iraquina, Raed Jarrar, diz que foi forçado a tirar a t-shirt com a frase escrita em árabe “Nõs não nos calaremos”, antes de embarcar num vôo de N. York para a Califórnia. A notícia é avançada pela BBC. Raed Jarrar conta que dois seguranças do aeroporto nova-iorquino J.F. K avisaram-no de que a sua indumentária era ofensiva. O passageiro já tinha feito o check-in e passado pelo controlo de raio-x quando os dois funcionários pediram-lhe para se identificar e mostrar o seu bilhete de embarque. Os seguranças disseram-lhe, conta Raed Jarrar, que vários passageiros tinham-se queixado da camisola, alegadamente preocupados com o que poderia dizer a frase escrita em árabe, e pediram-lhe para a tirar. O passageiro recusou-se a despir a t-shirt, argumentando que o slogan não era ofensivo, lembrando que a liberdade de expressão é um direito constitucional. Cresci e passei a minha vida inteira sob um regime autoritário e sei que estas coisas acontecem. Mas estou chocado que isto tenha acontecido aqui, nos EUA”, disse Jarrar a uma estação de rádio nova-iorquina Depois de uma discussão, os funcionários do aeroporto convenceram Raed Jarrar a vestir outra camisola, que lhe compraram na loja do aeroporto, antes de embarcar no avião da companhia aérea Jetblue no dia 12 de Agosto.”

Eu comento: Se na T Shirt dissesse “In god we trust”???Os Árabes, Iraquianos, etc também acreditam em Deus e que Ele está do seu lado.

Como disse o meu 11 de Setembro é o de 1973. Lamento sinceramente, cada uma das 3.000 vítimas das Torre Gémeas, mas é tempo de o Povo Americano assumir a sua quota-parte no semear de ventos do seu Governo. E quem semeia ventos…


El pueblo unido, jamás será vencido
el pueblo unido jamás será vencido...

De pie, cantar
que vamos a triunfar.
Avanzan yabanderas de unidad.
Y tú vendrás
marchando junto a mí
y así verás
tu canto y tu bandera florecer,
la luz de un rojo amanecer
anuncia ya la vida que vendrá.

De pie, luchar
el pueblo va a triunfar.
Será mejorla vida que vendrá
a conquistar
nuestra felicidad
y en un clamor
mil voces de combate se alzarán
dirán
canción de libertad
con decisión
la patria vencerá.

Y ahora el pueblo
que se alza en la lucha
con voz de gigante
gritando: ¡adelante!

El pueblo unido, jamás será vencido,
el pueblo unido jamás será vencido...

La patria estáforjando la unidad
de norte a sur
se movilizará
desde el salar
ardiente y mineral
al bosque austral
unidos en la lucha y el trabajo
irán
la patria cubrirán,
su paso ya
anuncia el porvenir.
De pie, cantar
el pueblo va a triunfar
millones ya,
imponen la verdad,
de acero son
ardiente batallón
sus manos van
llevando la justicia y la razón
mujer
con fuego y con valor
ya estás aquí
junto al trabajador.

Dedico esta crónica:

Roberto Merino, exilado Chileno em Porugal, meu professor de teatro, encenador
Carlos, emigrante mariense nos Estados Unidos
António, ex emigrante Açoriano nos Estados Unidos
Aos meus filhos. Que votem sempre em consciencia, que nunca se abestenham pois mesmo na abestenção há conivência.

Abraços marienses
Porto Santo, 11 de Setembro de 2006
Ana Loura

28 de agosto de 2006

Onde estão os biscoitos de orelha?

Bom dia!
Onde estão os biscoitos de orelha?

Sábado, dia 26 de Agosto de 2006, Mercado Municipal de Vila do Porto, barraca da D. Natália cerca das 11 horas. Estou a comprar fruta quando duas moças se aproximam rápidamente e perguntam "à queima roupa": "Tem biscoitos de orelha?" A única resposta lógica foi dada pela simpática jóvem que me atendia "Não. Aqui ao lado costuma ter mas às Segundas, Quartas e Sextas. Mas devem encontar nos supermercados." As moças com ar desoladísimo dizem já terem corrido os supermercados todos e não terem encontrado, dão meia volta e afastam-se rápidamente. Olho para a mocinha que entretanto me fazia as contas e digo que os biscoitos de orelha seriam o tema da minha crónica de hoje.

Pois e cá estou a falar dos nossos biscoitinhos que a par das cavacas são os nossos cartões de visita no que respeita às coisinhas doces que temos para oferecer a quem nos visita e ocupam, quase sempre, um lugarinho nas nossas malas quando viajamos e servem para "moeda de troca" para os Herseys, para oferta aos nossos amigos de amostra do que bom tem a nossa doçaria ou mesmo levarmos aos nossos filhos para desconsolo, matar saudades e encurtar o tempo que falta para o regresso nas ferias.

Ora, se são cartões de visita são, também, para quem nos visita os poderem apreciar cá e levar para os oferecerem como recordação da estada entre nós. Ora, se quem nos visita chega às lojas onde é habitual eles estarem à venda e não os encontram, nem os provam cá nem os levam pra lá.

É nestas pequenas coisas que somos avaliados na resposta que damos nas épocas altas da procura turística. Se nem biscoitos de orelha temos, se o artesanato não é produzido em quantidades que responda às necessidades da procura turística e quem procura não encontra, se o restaurante do Paquete é uma miragem e quem vai passar o dia à Praia Formosa se tem que contentar com uma refeição ligeira ou esperar mais de uma hora para ser servido no único restarante que na Praia nestes dias serviu refeições completas, se a vigilância nas praias fica a descoberto nos horários recomendados pelos médicos e instituições internacionais para exposição menos perigosa aos raios solares, se a Praia é uma tirinha de areia, na maré alta, onde não cabem meia dúzia de toalhas, como poderemos almejar sermos destino turístico? Como podemos convidar, chamar turistas se até para nós temos condições deficientes?

Mais uma vez pergunto se será um campo de golfe que irá tornar Santa Maria num destino turístico apetecível ainda para mais com o desinteresse que tem quem tem por obrigação oferecer produtos e serviços de qualidade e em quantidade suficiente. Sei que não se podem cozer biscoitos com 3 mêses de antecedência, mas intensificar pontualmente a cozedura, não se limitar a produção à bitola dos meses de Inverno é uma atitude inteligente de formiguinha laboriosa. A atitude de cigarra prejudica as supostas ambições turisticas de Santa Maria. Ou será que andamos a dizer uma coisa e a pensar outra e afinal não queremos quem nos chateie e nos faça trabalhar mais do que desejamos e uns subsidiozinhos é que nos calha que nem sopa no mel? O artesanato pode ser produzido e armazenado para haver fartura nestas alturas. É que vender coisas fabricadas em série numa fábrica qualquer do continente e em que foi colocado um rotolozinho a dizer Santa Maria não é a mesma coisa que vender artesanato, é vender recordações. Essas têm a sua função própria que não pode nem deve de ser confundida com objectos de concepção e execução genuinamente mariense.

E por falar em Campo de Golfe, alguém me disse que a localização que parece ter sido a eleita é em terrenos dos mais férteis da ilha...Estranho...Não está instituida em Santa Maria a Reserva Agrícola como no resto do país o campo por ter erva será considero que é uma estrutura com fins agrícolas? Ou serão outros os interesses envolvidos?

Dois acontecimentos marcaram o meu dia de ontem: o Império de inauguração da reconstrucção da Ermida de Nossa Senhora de Monserrate. A ermida ficou linda, num local de sonho, bem arranajdinho, caminho airoso e asseado... Mais um Viva ao Espirito Santo, mais um viva à vontade de que as coisas se façam e a quem contribuiu para que fosse possível. O outro acontecimento foi o almoço partilhado realizado na Florestal para agradecimento e despedida ao Padre Adriano onde a alegria da partilha esteve mão dadas com a emoção.

Abraços marienses
Santa Maria, 28 de Agosto de 2006
Ana Loura

24 de agosto de 2006

"Eu vou rachar os pés..." Maré das marés



















OS BE-DOM



















El Bicho

Momento de comemoração do 22 aniversário

Sou suspeita. mas esta foi a Maré melhos dos últimos 22 anos!!Tiago Franco, respondo à tua insistente pergunta?

Mas para mim a última Maré é sempre a melhor de todas...

Este será um pré post, uma pré crónica e servirá mais para eu ir colocando aqui algumas das fotos que fiz nos 3 dias da Maré