27 de junho de 2006

O Pobre de Job

A rica tem nome fino
A pobre tem nome grosso
A rica teve um menino
A pobre pariu um moço.

António Aleixo

O Pobre de Job

"Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Job, e era este homem integro, recto e temente a Deus."
José Manuel Cabral de Sousa, nascido em Santa Maria a 8 de Novembro de 1963. Faleceu em Santa Maria a 6 de Junho de 2006.

Tudo o que nasce morre e o José Manuel não foi excepção a esta regra universal e, até aqui, tudo bem. Resta a saudade que deixa nos que o amavam e a certeza do reencontro, em quem acredita. Mas, o José Manuel acabou por não ser uma pessoa qualquer, mas aquele cujo corpo foi esquecido dentro de um saco de plástico numa maca da morgue do Centro de Saúde de Vila do Porto e foi enterrado sem o habitual fato de " ver a Deus".

Tentei reunir elementos que me permitam falar com conhecimento de causa, como é meu hábito, mas o caso é tão nublado,e limitando-me aos factos que me foram relatados por familiar comum, é aquilo que eu costumo dizer que espremido pouco dá.

O meu primo José Manuel por ter sido encontrado morto teve que ser autopsiado para, em conformidade com a Lei, ser feito o despiste de causa criminosa da morte. Foi levado, a mando do Tribunal, para a morgue do Centro de Saúde, para aguardar a vinda do Médico Legista que procederia à autópsia no Sábado seguinte, data em que seria possível a sua deslocação de S Miguel a Santa Maria.

O corpo foi transportado dentro de um saco de plástico, penso que regulamentar, e colocado em cima de uma maca. Faltou o passo seguinte: abrir uma arca frigorífica e depositar lá dentro o corpo para que não entrasse em processo de decomposição. Ora, esse passo que faltou dar permitiu a decomposição, de tal forma que o cheiro nauseabundo impressionou quantos estavam nas imediações quando a porta foi aberta para o reconhecimento do corpo no Sábado e no dia seguinte, Domingo, para o funeral.

Um facto estranho é que afinal e no final não veio médico Legista nenhum de S Miguel e foi um dos médicos do próprio Centro de saúde quem a executou a autópsia.
O próprio médico que a executou , terá aconselhado, segundo o familiar com quem falei, a que o corpo não fosse para a capela de Santa Maria Madalena para ser velado de Sábado para Domingo, pois não estaria em condições.

Eu pergunto:
Em que condições foi essa autópsia feita?
Se foi possível, foi concludente? Pois o corpo estava há já 4 dias numa "estufa" que era o saco plástico preto.
O Tribunal tem conhecimento do que se passou?
O mau cheiro não incomodou os trabalhadores e doentes do Centro de Saúde?
Afinal quem deveria ter dado o tal passo que faltou para colocar o corpo na arca de conservação?
Quem deveria ter dado explicações e apresentado pedido de desculpas à Família, tomando a atitude lógica de quem é responsável?
As entidades envolvidas são: Bombeiros de Santa Maria, Tribunal e Centro de Saúde. Um deles tem que ser responsável e responsabilizado por negligência e arcar com a responsabilidade de, pelo menos se justificar e desculpar.

Uma pergunta final: quem responderá a todas estas perguntas?

"Nu saí do ventre de minha Mãe e nu tornarei para lá; O Senhor o deu, o Senhor o tomou, bendito seja o nome do Senhor"


De Banda para banda

Já não é a primeira vez que lamento o facto de numa terra tão pequena como a nossa andarmos, muitas vezes, de costas voltadas.

Vem esta nota a propósito de me ter vindo ao conhecimento por pessoa do Grupo Almagre que depois de terem efectuado contacto com o Presidente da Banda 15 de Agosto no sentido da cedência de salão de festas para a realização de um baile para angariação de verbas destinadas a uma deslocação, lhes ter sido dado consentimento e dito, pelo Presidente, qual o valor a pagar por essa "cedência". Quando membros do grupo estavam a preparar a sala foram literalmente despejados com a justificação de que a sala estava reservada para outro fim… Que culpa terá o Almagre de que na Direcção da Banda não haja diálogo e coordenação?? Ou será má vontade? Mas que foi uma situação, no mínimo, injusta e embaraçosa, lá isso foi…


Abraços marienses
Santa Maria, 26 de Junho de 2006
Ana Loura

Vivó!!!!!!








Bom dia!

"Os Impérios do Divino Espírito Santo são um dos traços mais marcantes da identidade açoriana, constituindo um culto que para além de marcar o quotidiano insular, determina traços identitários que acompanham os açorianos para todos os lugares onde a emigração os levou. Para além dos Açores, o culto está hoje bem vivo no Brasil (para onde foi levado há três séculos) e na América do Norte.
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Origem e expansão do culto:Sobre as origens do culto e dos rituais utilizados, pouco se sabe. A corrente dominante filia o culto açoriano ao Divino Espírito Santo nas celebrações introduzidas em Portugal pela Rainha Santa Isabel, que por sua vez as teria trazido do seu Aragão natal. De facto existem notícias seguras da existência do culto nos séculos XIV e XV em Portugal. O seu centro principal parece ter sido em torno de Tomar (a Festa dos Tabuleiros parece ter aí raiz), localidade que era sede do priorado da Ordem de Cristo, a que foi confiada a tutela espiritual das novas terras, incluindo dos Açores.
As novas colónias, de início subordinado directamente ao prior de Tomar, e depois ao arcebispado do Funchal e ao novo bispado de Angra, estavam sobre a orientação religiosa da Ordem, a quem competia a nomeação do clero e a supervisão do seu desenvolvimento religioso.
Neste contexto, as referências ao culto do Espírito Santo aparecem muito cedo e de forma generalizada em todo o arquipélago, já que Gaspar Frutuoso, escrevendo cerca de 150 anos após o início do povoamento, já o menciona, indicando ser comum a todas as ilhas. Tal expansão apenas seria possível se contasse com a tolerância, ou mesmo o incentivo, da Ordem de Cristo. Também as referências a festejos feitas nas Constituições Sinodais de Angra, aprovadas em 1559 pelo bispo D. João Pimenta de Abreu, demonstram que naquela altura já eram matéria a merecer a atenção da autoridade episcopal.
Tendo em conta que os povoadores vieram de múltiplas origens, desde o norte ao sul de Portugal, e ainda da Flandres e outras regiões europeias, o que aliás está bem patente na diversidade dos falares açorianos e das tradições e costumes das ilhas, e que excluindo a diocese, não existia no temporal qualquer forma de governo comum, a existência de um culto unificador, comum a todo o arquipélago, e com existência em fase tão precoce do povoamento, parece demonstrar que terá existido uma clara intenção e coordenação na sua introdução. Admitindo tal facto, não resta senão a presença franciscana como explicação para a propagação do culto e como veículo de introdução das doutrinas joaquimitas.
A existência de Irmandades do Divino Espírito Santo é já generalizada no século XVI. O primeiro hospital criado nos Açores (1498), a cargo da Santa Casa da Misericórdia de Angra, recebe a designação, ainda hoje mantida, de Hospital do Santo Espírito. A distribuição de carne e os bodos eram também já comuns em meados do século XVI.
A partir daí, e particularmente após o início do século XVIII, o culto do Divino Espírito Santo assume-se como um dos traços centrais da açorianidade, sendo o verdadeiro traço cultural unificador das populações das diversas ilhas. Com a imigração açoriana o culto é levado para o Brasil, onde já no século XVIII existia no Rio de Janeiro, na Baía e nas zonas de colonização açoriana de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pernambuco. No século XIX é levado para o Hawaii, para o Massachussets e para a Califórnia.
Hoje o culto açoriano do Divino Espírito Santo e stá em claro crescimento, tanto nos Açores como nas zonas de imigração açoriana, nomeadamente as costas leste e oeste dos Estados Unidos e a Província do Ontário, Canadá. Com o renascer da identidade açoriana no sul do Brasil, os festejos do Divino revigoraram-se também aí."
In: Wikipédia
Esta tradição tem, em cada ilha, peculiaridades. Em quase todas os Impérios são realizados por irmandades. Em Santa Maria, os Impérios são realizados para "pagamento" de promessas e são abertos a toda a população e aos visitantes. São distribuidas saborosa sopa de carne de vaca em sopas de pão caseiro cozidas em caldeiros de ferro e a fogo de lenha, vinho de cheiro (cada vez mais raro), Pão da mesa, Rosca, Pão leve (Pão de Ló) e Massa sovada. O dinheiro para a realização da função é obtido através de peditórios e de ofertas resultantes de promessas.
Os símbolos do Espírito Santo são o Estandarte, a Coroa e o Septro simbolos de realeza.
Ontem, fui pela primeira vez a um Império, este ano. Regressei, Sábado à ilha. Não regressei hoje, mas sim Sábado, porque não queria perder a hipótese ir ao Império, de matar saudades. Estas vivências fazem parte da minha vida e são demasiado importantes para que eu as perca.
Mais uma vez me emocionou o irmanar que é um Império, o encontrar-me à mesma mesa com amigos e desconhecidos, o partilharmos da mesma comida que tantas mãos tornaram possível e para as quais eu sempre peço a Benção de Deus. Ergo sempre a minha voz em resposta aos Vivas que se dão no fim dessa refeição de partilha com o meu Vivó.
Viva o Espírito Santo!!!
Vivó!!!!
Abraços marienses
Santa Maria, 19 de Junho de 2006
Ana Loura

Prepotência, abuso de poder, descaramento





Bom dia,

Prepotência, abuso de poder, descaramento


Mais uma vez foi 10 de Junho, mais uma vez se comemorou a portugalidade, mais uma vez se deslocaram governantes, altas individualidades, VIPs.

No Aeroporto de Pedras Rubras o dia de Sexta-feira foi um dia de lufa-lufa, de chegada de todos os que se deslocaram às cerimónias oficiais e o fizeram em avião. A zona de estacionamento reservado aos VIPs, pela ANA, estava coalhada de carros de luxo, de cor escura, homens de fatos cinzentos e azuis-escuros que presumi serem os motoristas que iriam conduzir as figuras representativas da classe política, económica, social e cultural aos hotéis, ou aos locais das cerimónias. Para além deste aparato estavam lá os inevitáveis agentes da autoridade ciosos da segurança dos que são ou se sentem importantes. Foi assim o dia todo.

Quando às cinco e meia, saí de serviço ainda havia aparato e, pelo que entendi, acabava de chegar alguém muito importante pois havia homens de fato escuro, bem engomados, a correrem de um lado para o outro e os agentes redobravam a atenção. Entrei no meu carro e tomei o caminho habitual que passa frente à aerogare, junto ao parque de estacionamento exterior, e depois ruma à estrada de acesso à Auto-estrada. Ora essa estrada de acesso está em obras e tem placas de limite máximo de velocidade que em certos pontos é de 40 quilómetros.

Quando começo a abrandar para entrar nesse troço de estrada, ouço sirenes a tocar, e, à minha direita, aparecem a grande velocidade motas de batedores da Polícia e, logo colados, uns cinco automóveis dos tais luxuosos, de alta cilindrada, e refulgentes de novos ou de tanto serem polidos, e, não houve sinais de limite máximo de velocidade e foi um tal ultrapassar pela esquerda e pela direita e os carros que iam direitinhos no seu caminho a encostarem para deixarem passar os (presumíveis, pelo menos pelo aparato) tão importantes personagens e seu séquito.

Eu sei que esses senhores são pessoas muito ocupadas e andam a tratar dos assuntos de todos nós, muitas das vezes até nos tratam da saúde…ele é ver a idade da reforma a avançar, as maternidades a encerrar. Mas, infringir as leis que eles próprios fazem; os polícias que me autuam se eu exceder a velocidade, excederem-na sem que esteja mata nenhuma a arder, nem vá nos carros ninguém em perigo de vida…convenhamos, é prepotência, é abuso de poder, é descaramento. É um pouco mais grave do que eu precisar de me sentar num dos bancos da frente num avião da SATA, porque enjoo e ali me sinto melhor, e ver as costas dos bancos tombadas porque dentro de momentos vai dar entrada no avião um dos nossos Secretários ou Deputado Regional ou mesmo um ex qualquer deles ou um candidato a sê-lo.


A Selecção portuguesa ganhou à Selecção angolana por 1 golo de Pauleta num jogo que começou com garra e foi perdendo ritmo, por parte da nossa selecção, a olhos vistos… Disse Sócrates que a equipa portuguesa jogou bem, diz o meu Pai que ele deve perceber de sueca ou dominó. Tendenciosidade pura. E tem a gente de acreditar no que estes senhores descaradamente nos querem fazer acreditar.

Abraços marienses
Azurara, 12 de Junho de 2006
Ana Loura