30 de maio de 2007

Greve Geral-Precaridade: Mais de um quinto dos trabalhadores não pode fazer greve

Precaridade: mais de 880 mil trabalham «a recibo verde»Os chamados «trabalhadores por conta própria como isolados», de onde saem os falsos recibos verdes, contabilizavam 883,6 mil indivíduos no final do primeiro trimestre, menos 0,2% do que no primeiro trimestre de 2006, refere o jornal Público nesta quarta-feira, dia de greve geral. Em Portugal existem hoje mais de um milhão de trabalhadores que não podem fazer greve sem correr o risco imediato de perder o trabalho. Já lhes chamaram os trabalhadores do século XXI: são os contratados a prazo, os falsos recibos verdes, os temporários, os subempregados.

As últimas estatísticas disponibilizadas pelo INE só confirmam a tendência, mostrando dois movimentos inversos, «mas que falam do mesmo. Duas faces da mesma moeda», nota o jornal. A precaridade no trabalho é, aliás, um dos cavalos de batalha da CGTP na greve geral em curso esta quarta-feira.

Segundo refere o diário, mais de um quinto da população empregada (que era de 5135,7 milhões de indivíduos no primeiro trimestre de 2007) «encontra-se hoje inibida de exercer um direito constitucional.»

«Quem trabalha debaixo de um falso trabalho independente não pode fazer greve. Não pode ter uma gravidez de risco. Não pode fazer férias. Não pode necessitar de uma intervenção cirúrgica», sintetiza o artigo citando uma jovem psicóloga especializada na prestação de serviços a recibo verde.
30-05-2007 10:32:06


No Diário Digital http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_digital/news.asp?section_id=2&id_news=81838


Mais notícias da Greve


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Greve Geral: circulação no Metro do Porto já foi retomadaDepois de ter estado «muito condicionada» durante praticamente toda a manhã, foi já reposta, cerca das 11:00 horas, na totalidade, a circulação na rede do Metro do Porto, a qual havia sido afectada não pela greve, mas por supostos actos de sabotagem. Entretanto, em sectores como a Saúde, a adesão à greve geral oscila, segundo a CGTP, entre os 80 e os 100%.
Segundo os últimos dados da CGTP, a adesão dos trabalhadores no sector da saúde oscila entre os 80 e os 100 por cento durante o período da noite e início da madrugada.
Na área da Educação ainda não há dados sindicais ou oficiais disponíveis, mas Mário Nogueira, dirigente da Fenprof (Federação Nacional dos Professores) na área de Lisboa estão encerradas algumas das principais escolas, nomeadamente as secundárias Passos Manuel, Padre António Vieira e Pedro Nunes.
No Metro e na Transtejo os trabalhadores do Metro e Transtejo não estão a cumprir os serviços mínimos, paralisando a actividade naquelas empresas de transportes, mas CP, Carris e Soflusa estão a funcionar quase normalmente, segundo informações recolhidas pela Lusa junto daqueles operadores.
No Metropolitano, todas as operações estão suspensas desde as 00:00 de hoje.
Embora prevista como serviço mínimo, não há circulação até agora nas linhas Amarela (Odivelas-Rato) e Azul (Amadora-Baixa/Chiado).
Nas ligações fluviais asseguradas pela Soflusa estão a ser cumpridos os serviços mínimos, mas o mesmo não acontece na Transtejo (Belém e Cais do Sodré para Cacilhas, Trafaria e Seixal).
A CP, que durante a madrugada registou «perturbações», anunciou ao princípio da manhã a normalização da circulação nas linhas do Douro e do Vouga, continuando a efectuar-se as ligações previstas nas restantes linhas regionais, bem como os comboios de longo curso.
Na Carris a empresa anuncia níveis «muito baixos» de adesão à greve, com a quase totalidade dos autocarros e eléctricos nas ruas.
A circulação na rede do Metro do Porto, afectada por alegados actos de sabotagem ocorridos durante a madrugada, está «totalmente» normalizada desde as 11:00, revelou à Lusa o porta-voz da empresa, Jorge Morgado.
«Todos os veículos previstos para estarem a operar a esta hora já estão no sistema ou a entrar, está tudo operacional», assegurou o porta-voz da empresa, especificando que, em circunstâncias normais, o Metro do Porto conta com 72 composições em funcionamento.
Cinco voos da companhia low cost Ryanair foram hoje de manhã cancelados no aeroporto de Faro devido à greve geral, não se registando quaisquer problemas nos aeroportos de Lisboa e Porto, disse à Lusa fonte da ANA.
«Esta situação verifica-se porque os bombeiros no aeroporto de Faro aderiram à greve geral», explicou.
«Nos aeroportos de Lisboa e Porto a situação está normal mas no de Faro há problemas», adiantou o porta-voz da ANA- Aeroportos Portugueses, Rui Monteiro, referindo que cinco voos da Ryanair foram cancelados e outros seis voos divergiram para Lisboa.
Nos Açores, a SATA, que assegura os voos entre as nove ilhas do arquipélago, foi obrigada a cancelar seis voos devido à greve geral de hoje, segundo fonte da transportadora aérea.
A greve geral que se cumpre hoje em todo o pais deixou alguns serviços da área da grande Lisboa «anormalmente» calmos, com os próprios grevistas a aproveitarem o dia para tratar de assuntos pessoais.
Helena Lopes da Silva, dirigente do PSR e médica cirurgiã no Hospital Santa Maria, estava hoje cerca das 09:45 nos serviços da direcção-geral de impostos na Loja do Cidadão nas Laranjeiras à espera de ser atendida.
Perante uma Loja do Cidadão praticamente "às moscas", a médica mostrou-se surpreendida com a pouca afluência.
«Isto está vazio. Estou espantada porque julgava que as pessoas aproveitariam o dia da greve para tratar de assuntos como eu fiz», disse à agência Lusa.
A CGTP marcou a greve geral de hoje para exigir uma mudança de rumo para as políticas económicas e sociais de modo a garantir aos portugueses melhores condições de vida e de trabalho.
A última greve geral, também convocada pela CGTP, realizou-se em Dezembro de 2002 contra o Código de Trabalho, que entrou em vigor um ano mais tarde, depois de sofrer muitas alterações.
Diário Digital / Lusa
30-05-2007 12:29:00


Pois, só quem não quer ver... Eles a eles aumentam-se os ordenados, aos outros...



A " contenção salarial"
Manuel Pina , Jornal de Notícias, 10 Maio 2007.
Ao mesmo tempo que, segundo números da Comissão Europeia, o poder de compra dos trabalhadores portugueses registou, em 2006, a maior descida dos últimos 22 anos, a CMVM anunciou que, entre 2000 e 2005, os vencimentos dos administradores das empresas cotadas em bolsa duplicaram (e nas empresas do PSI 20 mais que triplicaram!). Isto é, enquanto pagam aos seus trabalhadores dos mais baixos salários da Europa a 25 (e todos os dias reclamam, sob a batuta do governador do Banco de Portugal, por "contenção salarial" e "flexibilidade"), esses administradores duplicam, ou mais que triplicam, os próprios vencimentos, vampirizando os accionistas e metendo ao bolso qualquer coisa como 23,9% (!) dos lucros das empresas. Recorde-se que o Estado é accionista maioritário ou de referência em muitas dessas empresas, como a GALP, a EDP, a AdP, a REN ou a PT, cujas administrações albergam "boys" e "girls" vindos directamente da política partidária (cada um atribuindo-se a si mesmo, em média, 3,5 milhões de euros por ano!). Se isto não é um ultraje, talvez os governos que elegemos (e o actual é, presumivelmente, socialista) nos possam explicar o que é um ultraje. O mais certo, porém, é que se calem e continuem a pedir "sacrifícios" aos portugueses. A que portugueses?

29 de maio de 2007

Ainda a greve de amanhã

Olá
Depois de ter lido o comentário do Tiago e de ter comentado, também, fiquei a matutar. Esta coisa da greve está a fazer-me mal. Se eu fizer greve a minha ausência não terá reflexo no serviço, pois estou em horário de regular, se não fizer não vou ficar bem com a minha consciência.

Eu por mim não preciso fazer greve, tenho emprego estável, ganho MUITO bem, gasto melhor ainda. Mas estou aterrada com o futuro dos meus filhos que se perspectiva negro, muito negro. Sem estabilidade não se podem formar famílias e eu quero ter netos.

Afinal não é pelos meus filhos que farei greve, mas pelos meus netos, pelos netos que quero ter

Abraços

Sete razões para a Greve Geral

Bom dia!
Um destes dias ao conversar com um colega meu sobre a Greve Geral, qual seria a posição do meu Sindicato, ao exprimir o meu desejo de fazer greve fiquei perplexa com a opinião dele: “Tu não tens razão nenhuma para fazeres greve, ganhas muito bem, acima da média”. Claro que argumentei. Não poderia deixar de o fazer. Tenho três filhos que mais cedo ou mais tarde, espero que o mais cedo possível, vão entrar no mundo do desemprego, do trabalho precário e para além deles há todos os outros com quem me solidarizo. Claro que a posição do meu Sindicato fica à margem da greve.

Passo a transcrever um texto retirado do Site da Intersindical Nacional que é intitulado de

Sete razões para a Greve Geral

1- Lei da selva
O Patronato quer impor a lei da selva nas empresas
Para isso, boicota acordos na contratação colectiva e faz chantagem com a caducidade para tentar substituir os contratos em vigor por outros que lhe permitissem designadamente:

- Aumentar os horários de trabalhos;
- Pagar menos pelo trabalho nocturno;
- Desqualificar as profissões;
- Acabar com pagamento do trabalho extraordinário;
- Acabar com as promoções automáticas;
- Aumentar o poder repressivo;
- Aumentar as desigualdades.

Há que mostrar ao Patronato que os direitos não estão à venda e a dignidade dos trabalhadores não tem preço.

2- Lucros escandalosos

Os lucros do sector financeiro e das grandes empresas aumentam escandalosamente. Apenas 5 Bancos e 4 empresas (PT, Sonae, GALP e EDP), acumularam em 2006, 5,3 milhões de Euros. Isto significa lucros à razão de 2.000 contos por minuto.

Os mesmos bancos já anunciaram que no 1º trimestre de 2007 os resultados continuam a subir.

Quem produz a riqueza de que eles se apropriam são os trabalhadores. Há que lutar por justiça na sua repartição.

3- Custo de vida insuportável

- O Aumento do custo de vida está a desesperar as famílias dos trabalhadores;
- Os produtos e bens essenciais aumentam muito mais do que a inflação anunciada;
- Com os mesmos salários cada vez se compram menos produtos nos supermercados:
- Mas o Governo e o patronato acham que os trabalhadores ganham muito e querem reduzir ainda mais os salários;
Mesmo nas empresas onde já houve aumentos estes ainda são insuficientes.
Há que lutar por salários justos.

4- Roubo dos direitos

O Código do Trabalho foi aprovado há apenas 4 anos. Mas o patronato quer mais e o Governo já anunciou a intenção de o alterar para o adaptar à vontade dos patrões.

O que eles pretendem já o escreveram no chamado livro verde: eliminar o que são as defesas dos trabalhadores para facilitar ao patronato o roubo dos direitos da contratação colectiva.

Há que lutar para impedir que eles venham a conseguir este roubo

5- Vigarice na Flexigurança

Sempre que querem atacar os direitos dos trabalhadores lançam cá para fora palavras que ninguém conhece.

Desta vieram com Flexigurança:

Ora, Flexigurança quer dizer nem mais nem menos que:
- Liberalização dos despedimentos sem justa causa e sem custos para as empresas;
- Flexibilidade nos horários à medida dos patrões;
- Polivalência de funções, ou seja, obrigatoriedade de fazer “tudo”.
A segurança seria remetida para o Subsídio de desemprego que o Governo tem vindo a reduzir dificultando a vida aos desempregados.
Se isto não é vigarice, então o que é?

Lutando agora, podemos impedir que isto se venha a concretizar.

6- Precariedade

O emprego precário está a matar o futuro dos trabalhadores, em particular dos jovens.

O emprego precário é contrário à aprendizagem e à qualificação profissional, gera insegurança no futuro, fragiliza os direitos, propicia a prática de más condições de trabalho e reduz os salários dos trabalhadores.

Os salários dos trabalhadores com contratos precários (Ia prazo) são 26% mais baixos do que dos restantes trabalhadores;
Além disso a esmagadora maioria dos contratos precários é ilegal.

Há que lutar com coragem para acabar com esta chaga social e exigir emprego fixo.

7- Retrocesso social

O Governo anda empenhado em promover o retrocesso social, causando graves prejuízos para os trabalhadores e populações:

Encerramento de escolas, privatizações de serviços públicos, ataque à segurança social, fecho de maternidades, centros de saúde e urgências hospitalares, aumentos dos medicamentos e taxas moderadoras, criação de novas taxas hospitalares, …e tantas outras malfeitorias.

Em contrapartida, surgem os negócios privados, como na saúde onde os Melos trocam a indústria naval pelas clínicas e hospitais- quem quer saúde paga-a!

É urgente fazer parar esta destruição dos direitos sociais

Toda esta ofensiva está a atingir as conquistas de gerações e gerações de trabalhadores. Não podemos permitir que o tempo volte p’ra trás.

Pois são, também, estas as sete razões que me levam a desejar que a Greve Geral de amanhã seja um êxito retumbante que faça o Governo e os patrões pensarem duas vezes antes de tentarem implementar medidas que prejudiquem, ainda mais, quem trabalha e cada vez mais vê os sacos das compras virem mais vazios do supermercado pelo mesmo dinheiro. Para que os nossos filhos tenham empregos estáveis e possam ter esperança no futuro.

Abraços marienses
Árvore, 29 de Maio de 2007
Ana Loura

27 de maio de 2007

Vivó!!!!!!

Esta crónica é de 2004
Viva o Espírito Santo!
Vivóóóó
Viva o Imperador!
Vivóóó
Viva a Imperatriz!
Vivóóó
Viva os cozinheiros!
Vivóóó
Viva os ajudantes!
Vivóóó

Antes de vir para Santa Maria para mim impérios era o romano, o turco, o otomano e relacionava a palavra império com os desígnios imperialistas de certos países da actualidade: o imperialismo americano, a tentativa de Hitler de implantação de um império que tantos milhares de seres humanos matou.

Passados dois meses e pouco de cá ter chegado, cheguei a 17 de Março, comecei a ouvir falar em impérios e a perguntar o que eram. Explicaram-me que era uma coisa, um sítio onde se comia de graça. Um Domingo lá fui eu a um império, deixamos o carro na Faneca e atravessamos o pasto e os terrenos até chegarmos ao império, a pé. Suei as estopinhas. Fomos para a bicha que, agora, muitos chamam de fila, debaixo de um sol abrasador e esperamos que as pessoas que estavam lá dentro saíssem. Às tantas ouvi gritarem Viva o Espírito Santo! Vivóóóó e todos os outros vivós e saírem pessoas com um ar satisfeito. No espaço em roda da casa que entretanto soube chamar-se copeira, circulavam dois homens de lenços garridos às costas um com um prato onde estavam 3 copos e o outro com um caneco que se chama canjirão e iam servindo nos mesmos copos vinho a quem queria beber. Aquilo meteu-me imensa impressão?Mas era assim e pronto. Entramos e nas mesas estavam pratos de barro lindíssimos, pintados á mão, e terrinas igualmente de barro, cobertas com pratos, de onde saia vapor que cheirava que regalava. Homens, igualmente com lenços às costas serviam, uns, as sopas e outros a carne. E lá andavam de novo os copos de vinho de boca em boca. Provei a desgosto, mas o vinho era uma maravilha e fazia esquecer a falta de higiene do copo colectivo.

Estive alguns anos sem ir aos impérios, os filhos nasceram e como diz o povo o Diabo não foi ao Império por causa das crianças.

Eu não tinha quem me ficasse com eles para eu lá ir. Entretanto os filhos cresceram e lá foi a tropa toda para os impérios.

Os impérios, salvo raríssimas excepções, são realizados em paga duma promessa feita ao Espírito Santo. E uma frase que sempre me impressionou foi fulano prometeu um império e agora vai ter pagar pois se não o fizer o Espírito Santo é vingativo??

Como eu dizia, os miúdos cresceram. Há cerca de 15 anos a escola primária do Aeroporto decidiu, no âmbito das actividade de ligação da escola à sociedade, realizar um império para que as crianças conhecessem as suas tradições. Fez renascer o Império de S. João, das Crianças do Aeroporto. Foram recuperados alguns objectos do referido império (coroa, estandartes, alguma loiça). A partir desse ano foi formada, Ad hoc, uma comissão que, variando na sua composição, foi tomando a seu cargo a realização do império envolvendo na sua preparação crianças da nossa comunidade.
É engraçado quando se ouve nas notícias da rádio dizer que uma escola da Terceira tem a nobre iniciativa de fazer um império para envolver as crianças nas suas tradições num gesto pioneiro eu ouvi isso há umas duas semanas atrás. Os senhores jornalistas têm obrigação de investigar antes de fazerem as peças. Se houve pioneirismo foi há cerca de 15 anos na escola do Aeroporto.

Hoje a liturgia católica festejou a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e como é tradição realizaram-se os primeiros impérios. Lá fui eu à copeira dos Milagres. Hoje, Já há estrada para lá, já cada um bebe pelo seu copo e a loiça é bem lavada com os detergentes modernos que matam todos os micróbios.

Hoje os Impérios são diferentes na higiene mas continuam a ser lugar de partilha e comunhão. Jesus aquando a sua ressurreição e ascensão deixou-nos o Paráclito, o consolador, Aquele que harmoniza, irmana. Nenhum acontecimento traduz esta partilha, este irmanar-se como os impérios.
Contrariamente à afirmação de um Espírito vingativo, O Espírito Santo faz, quando nós abrimos a nossa vida à sua influência, com que nos entendamos, com que falemos a mesma língua , nos sentemos à mesma mesa, sejamos irmãos. Durante as próximas 4 semanas, estarei ausente aos Domingos não irei aos impérios, mas tentarei na medida do possível não faltar com a minha crónica, sempre há quem me oiça. Até lá fiquem bem Boa semana.

Santa Maria, 31 de Maio 2004

Ana Loura

21 de maio de 2007

A covardia dos comentários anónimos





Logotipo do Comparar Santa Maria, blog do Marco Coelho
Bom dia!

O anonimato nos comentários a blogs é a atitude covarde de quem não assume o que diz e se sente no direito de dizer o que não deve porque não dando a cara se sente livre de assumir responsabilidades pelas suas atitudes e pelo que diz. Atirar a pedra e esconder a mão, esconder-se por detrás da frieza impessoal de um computador é, no mínimo, infantil,

Ir a casa de uma pessoa, encapuçado, disfarçar a voz e insultá-la, chamá-la de incompetente, e outras palavras ofensivas com o intuito de diminuir publicamente o dono da casa, inclusivamente “atirando-lhe à cara” o emprego que na opinião do anónimo será um emprego menor como se todos devessem ser doutores, engenheiros e controladores, é uma atitude de desrespeito que apenas merece que o dono da casa tenha no fundo do quintal um Roteweiler ou um Grand Danois e o solte nas canelas do descarado encapuçado.

Ora esta atitude é o Pão-nosso de cada dia na blogosfera. Há pessoas que não tendo coluna vertebral, não se deslocando na vertical, se acham seres superiores. Acontece, por exemplo, nos comentários aos posts que o Marco Coelho faz no seu Blog.

Mas o Marco em vez de “soltar os cães”, ele sim, com a verticalidade que lhe é característica dá uma resposta magistral que eu, com a autorização devida do autor tenho o imenso prazer de transcrever:

“Bem lá vou eu que ter de me dirigir a outra alma do além, que, para além de me parecer que é que quer vestir a pele um super herói (sim porque contrariamente ao que faço, são estes que habitualmente escondem a sua identidade nos Filmes e Banda Desenhada).Muitas pessoas que aqui vêm não comungam da mesma opinião do que eu (nem é para isso que este espaço existe), assim como o facto de eu não concordar esta ou aquela decisão é que me leva a opinar (um direito que me assiste) alguns assuntos e um deles é exactamente a CONSTRUÇÃO DE UM CAMPO DE GOLFE porque acho que devem ser efectuadas algumas alterações noutros sectores e enquanto estas não se concretizarem não será possível a Santa Maria tirar partido de uma infra estrutura deste nível. Depois disso sim, estaria realmente interessado em saber as respostas às suas questões.Normalmente não aceito comentários que por via do insulto, me tentem demover de continuar a escrever sobre o que quer que seja ou não respeitem opiniões contrárias às suas (como é o seu caso) mas, como foi uma opinião que provavelmente exigiu um ligeiro disfarce na gramática e provém de um super herói não podia deixar de a aceitar.

PS: “de facto este blog prima pela incompetencia das palavras e das ideias.” É a sua opinião e tem toda a legitimidade para o fazer, mas não posso deixar de lhe dizer também que, provavelmente não estamos melhor porque estas são realmente duas qualidades que estão bem patentes numa politica que já dura há demasiado tempo.”

E foi este o meu comentário ao comentário do tal anónimo “competente”:

“Bom, eu gostaria, apenas, de dizer mais uma coisinha, ou de a voltar a dizer e desculpem-me a repetição: Um blog é uma coisa assim, uma mesa de café onde nos sentamos para trocar ideias, alargar as nossas amizades. Tem a pequenina diferença de que aqui qualquer um se pode sentar e falar, se assim o entender o dono do blog, pois há sempre a possibilidade de os comentários não serem editados. O Marco, ou qualquer um que tenha um blog, não tem que publicar os insultos que qualquer um que se "senta à mesa" lhe faz. Acontece que o Marco optou por fazer do seu bog uma permanente mesa redonda, um Fórum sobre Santa Maria, para que debatêssemos o que a Santa Maria interessa. Já não é a primeira vez que alguém, aqui, "se escanxa" no blog alheio a esgrimir insultos, a agredir verbalmente e ainda por cima não assumindo o que diz. Pura covardia. É lamentável. O Marco tem sempre a opção de aceitar, apenas, comentários de pessoas identificadas. Sei que isso iria reduzir a participação, e, como me disse a Ângela um dia, seria limitar a liberdade de quem comenta. Concordo. Mas a liberdade implica a responsabilidade de, pelo menos, respeitarmos os outros.Qualquer um pode ter um blog e quem tem ideias, é inteligente e acima de tudo competente como parece que certas pessoas que insultam se acham ter, que façam um. Força, quantos mais locais de discussão sobre Santa Maria melhor. Mas depois quero ver se essas pessoas abrem os comentários a anónimos...”

E remato como comecei: O anonimato nos comentários a blogs é uma atitude covarde e acrescento que podendo qualquer um fazer um blog e havendo tanta inteligência desperdiçada fortaleçam a blogosfera açoriana criando os seus próprios.

Para terminar mesmo e porque foi para mim uma muito agradável surpresa deixo-vos o endereço de um blog de um jovem mariense que recomendo vivamente: http://mautemponojornal.blogspot.com

Abraços marienses
Árvore, 21 de Maio de 2007
Ana Loura

14 de maio de 2007

"Fulgor e morte de Joaquim Murieta"


Fotos retiradas das internet. Tenho pena de nao ter podido fazer, ao menos, uma foto do espectaculo, mas as novas regras nao o permitem, e muito bem


Bom dia!

“A sua cabeça cortada reclamou esta cantata e eu escrevi-a não só como uma oratória insurreccional, mas como uma certidão de nascimento.”




Pablo Neruda




Diz Vlodia Teitelboin: “Nos dias em que andava de esconderijo em esconderijo sob o regime de Gabriel Gonzalez Videla, Neruda encontrou num acetinado exemplar da National Geographic Magazine a reprodução do cartaz que anunciava a exibição da cabeça de Joaquim Murieta na feira, um facto até então desconhecido. Quando visitou a Califórnia, percorreu as pistas de Murieta e recolheu material.”




O resultado desta recolha é uma peça teatral feita em poema onde é contada a vida, o fulgor e a morte de Joaquim Murieta, provavelmente, Chileno, de Valparaíso, cidade portenha de onde partiram muitos dos exploradores que, na mira de enriquecerem, ou pelo menos deixarem de passar fome se fizeram ao mar e aportaram à Califórnia nos meados do Século XIX na chamada corrida ao ouro.




Sabemos que os primeiros europeus a aportarem ao Novo Mundo com intuitos povoadores foram os Britânicos, que tomaram as terras aos índios, povos locais, os espoliaram, os dizimaram para se fixarem nas terras férteis. Saíam da Europa, em muitos dos casos, com títulos de posse de terras onde as tribos indígenas viviam e quando lá chegavam apoderavam-se das terras que lhes tinhas sido “dadas” por Sua majestade. Há relatos impressionantes das lutas travadas pelos índios na defesa do que lhes pertencia, as suas terras, e dos ataques dos europeus na conquista, e como diz Fausto “Quem conquista sempre rouba”, das terras. Relatos de uma violência de quase fazer corar os mais sanguinários autores de atentados actuais. Aldeias inteiras dizimadas, aldeias onde muitas vezes se encontravam, apenas, mulheres, crianças e idosos pois os homens válidos estavam ou a caçar, ou mesmo a atacar os inimigos brancos.




Quando os americanos do Sul, Chile e outros, chegaram à Califórnia para a “Corrida ao ouro”, foram mal recebidos pelos “ingleses” por temerem concorrência, tendo sido tratados como o foram os Índios americanos e os negros. Ora, acontece que um meio-irmão de Murieta é assassinado pelas costas acusado de um crime que não tinha cometido. Murieta jura vingança. Pouco tempo depois é a sua amada Rosa que é violada e barbaramente assassinada. Murieta a partir desse dia tornou-se num “ bandido” em defesa dos latinos perseguidos e humilhados pelos “britânicos” Para estes, todos os que não são loiros ou de pele branca são alvos a abater. Murieta assalta caravanas, rouba o ouro e mata em nome da defesa da liberdade dos seus iguais, contra a opressão exercida pelos que se consideravam donos de um país roubado aos Índios.




Murieta é caçado, é prometida choruda quantia a quem o caçar, e, finalmente, encontrado. É abatido após longo tiroteio. É decapitado e a sua cabeça conservada em álcool é exibida nas feiras como troféu para exemplo daqueles que ainda têm a veleidade de contestar o “direito” americano sobre a Califórnia e o ouro.




Diz Roberto Merino, chileno, encenador de Fulgor e morte de Joaquim Murieta: “Nós vivemos a época do imperialismo na América latina, mas hoje essa etapa está ultrapassada: pela primeira vez temos presidentes de origem indígena que lutam pela nacionalização das grandes riquezas dos povos americanos…Hoje ninguém questiona que o petróleo da Venezuela seja dos Venezuelanos ou que o gás da Bolívia seja dos bolivianos…Mas, nessa época (anos 70) não nos deixaram construir o nosso sonho, o sonho de um país para todos e não apenas para alguns…Assim sendo, o sentido político desta peça está e estará sempre presente, sempre vigente.”




A peça termina com referências ao 11 de Setembro, não do World Trade Center, mas a do golpe Militar de Pinochet. É um grito quase surdo de revolta e ao mesmo tempo de esperança.




Quem sabe o pelouro da Cultura da nossa Câmara não se interessa por levar a Santa Maria este grande trabalho, não será mais caro do que qualquer espectáculo pimba e, pelo menos, é cultura.




Aqui fica a sugestão e os contactos: Teatro Art’Imagem, Rua da Picaria, 89, 4050-478 Porto, Telefone 222084014




Abraços marienses
Árvore, 14 de Maio de 2007
Ana Loura

9 de maio de 2007

Postal da Amizade


Recebi do meu querido amigo Paulo, obrigada e um beijo, do http://fernaocapelogaivota.blogspot.com/ este postal lindo que envio para:Nuno http://atlanticoplantado.blogspot.com/; para a minha Comadre http://almadepoeta.blogspot.com/ e para o Marco http://compararsantamaria.blogspot.com/ Com o carinho e a felicidade de quem os tem como amigos.

7 de maio de 2007

"E esta gente por dentro das palavras" Correio




Bom dia!

Chegam cartas, chegam pedaços
do meu país
Chegam vozes. Chega um silêncio que me diz
as revoltas as lágrimas os cansaços.
Chegam palavras que me apertam nos seus braços.
Chegam notícias do meu país.

Chega o José o Alípio o Manel a Toina
chegam do Sul e falam a cantar
chegam do Norte e trocam os bês pelos vês
chegam mulheres descalças e homens de boina
chegam os antigos senhores do mar.
Chega gente que chora em português.

Chegam palavras com guitarras de Lisboa
chegam palavras que me sentam a sua mesa
para falar das nossas coisas: trigo e tristeza.
Trevo e sal.
Chegam palavras que me trazem vinho e boroa
Chegam palavras que me trazem Portugal

Chegam palavras como sinos a tocar.
Há fogo em Sintra. Greve no Barreiro.
E chegam de Águeda palavras de há vinte anos:
Mataram no Gravanço o filho do moleiro.
E o Ti Faustino a dizer: Se ainda houvesse republicanos…
Chegam palavras com o Alípio e o Botaréu
palavras de Águeda com sinos a dobrar
pelo Ti Faustino que já morreu que já morreu.

E há o Eugénio a tocar a Marselhesa
ao piano das palavras que o tempo me traz.
Chegam notícias de mim mesmo de há vinte anos:
O Manel gosta da Maria do Brás.
Ti Fausto Eugénio Vó Clementina
onde é que estão onde é que estão os republicanos
e a Maria do Brás que ficou sempre menina
dentro de mim em Águeda há vinte anos.

Chegam as palavras de ontem dentro das palavras de hoje.
O tempo nos constrói e nos destrói
vai-se o tempo Manel o tempo foge
por vezes dói Manel por vezes dói.
E esta gente por dentro das palavras
esta gente que se junta que se junta
esta gente que chega e que pergunta
Que fazer? Que fazer? Só palavras?

Esta gente que chega e que me abraça
com palavras. Com braços
por dentro das palavras. Que fazer?
Ah o tempo que passa e o tempo que não passa
este alarme estes gritos cansados pedaços
do meu país. E os olhos baços braços lassos e por dentro
uma ânsia a ferver.
A tempestade acumulada vento a vento.

Impossível cantar à mesa de um escritório.
Todo o poema é de rua. Todo o tempo é de combate.
E nada sei da poesia de laboratório:
Faço o que escrevo. Escrevo o que faço.

Abraço quem me abraça
Bato em quem me bate.
Escrever para depois não sei escrever.
Meu tempo é hoje. Tudo o mais é não ser.
Canto o tempo que passa.
E sei que passo com o tempo. E sei que passo.

Manuel Alegre, Correio

NOTA: O texto a bold foi o que fez parte da crónica lida aos microfones


Pergunto: E então novidades

As meninas da Sónia nasceram. Fico feliz, gosto da Sónia, do sorriso da Sónia e as meninas já nasceram. Tinha sabido que a Sónia estava grávida de gémeas também em resposta a um e então novidades. E é assim que vou sabendo que o polidesportivo ainda não foi inaugurado e que não se entende muito bem porquê, que a estrada do meio é cada vez menos estrada, é só covas, que lhe põem uns remendos em cimento que passadas horas os camiões rebentam, que a camioneta já nem por lá passa e que quem, morando na urbanização, a queira apanhar tem que ir ao açucareiro e que a responsabilidade se calhar até é minha que, infelizmente, nem por lá transito, pois não é da ANA, não é da Câmara, não é da empresa que está a fazer a obra da marina.

Este é o correio que recebo de vez em quando e que, também, me traz pessoas e abraços e braços nas palavras.

Abraços marienses
Árvore, 7 de Maio de 2007
Ana loura