
Bom dia!
José Ratzinger/ Papa Bento XVI disse: "Os animais são, também, criaturas de Deus e embora não tenham a mesma relação directa com Deus como o homem tem, são criaturas da Sua vontade que nós devemos respeitar como companheiros na Criação"
Texto retirado do Site internacional contra as touradas: “Não há justificação moral para recusar ter em consideração o sofrimento de um ser, seja ele animal humano ou animal não humano. Os animais são seres sensientes que experienciam alegria, felicidade, medo e dor do mesmo modo que os animais humanos. Ninguém tem o direito de os fazer sofrer para diversão. Se qualquer tortura infligida a um animal merece ser condenada, as touradas são a pior forma de tortura uma vez que são feitas em nome do entretenimento. Temos que acabar com toda a tortura praticada sobre os animais e terminar de uma vez por todas com estes espectáculos de brutalidade e violência. Quem tortura animais e lhes inflige sofrimento mais tarde ou mais cedo fará o mesmo com o seu semelhante.”
Este teve sorte, diz a senhora apontando para o cachorro, minúsculo, na ponta da trela que agarra, nasceu cão. Se tivesse nascido touro talvez fosse ele a estar lá dentro, agora, a ser torturado.
Ouvi esta frase ontem à tarde
Pois, é para mim muito difícil alhear-me da realidade, fazer de conta que não se passa nada…ser cega, surda e muda. Se sou contra os maus-tratos dos animais, contra touradas realizadas em Santa Maria também o sou aqui. Ontem participei, na Póvoa de Varzim, num protesto contra a realização de uma tourada e, de repente, passou pela minha mente todo o “filme” do processo das comemorações do Dia da Autonomia e da tourada realizada e paga a expensas do Governo Regional, das diligências que fiz para tentar sensibilizar os marienses de que não faz sentido um espectáculo em que um animal é torturado e essa tortura aplaudida e dessa tortura se faz uma festa. Não atingi o meu objectivo. Foram poucas as pessoas cuja sensibilidade e respeito por seres sensíveis como nós não foram à praça que foi montada no campo de futebol do Aeroporto. Hoje como há um ano, fiz o que me ditou a consciência.
Mas como pode um Governo Regional ter moralidade para chamar à pedra alguém que, seja qual fora a justificação, abate animais?
Bom, acho melhor começar pelo princípio para que me entendam:
1- O milhafre é um animal de uma espécie protegida;
2- Decorre desta protecção a proibição de captura, manutenção em cativeiro e o seu abate;
3- A ANA, SA, no dia 12 deste mês, segundo notícia publicada no Açoriano Oriental, e passo a citar, “Ontem à tarde, várias aves foram abatidas a tiro no Aeroporto João Paulo II, e nem os milhafres escaparam à pontaria.”
4- Uma dezena de milhafres foram abatidos. Não foi um nem dois, mas uma dezena;
5- A situação foi denunciada à Secretaria Regional
Sabemos que acontecem incidentes evacidentes em aeroportos, na ocasião da descolagem, aterragem e rolagem devido a aves serem “sugadas” pelos reactores dos aviões. Mas sabemos, também, que há métodos uns mais ou menos eficazes do que os outros, para espantar, desviar as aves das zonas de manobra dos aeroportos e é de estranhar que a ANA, responsável pelos maiores aeroportos do país ou desconheça esses métodos ou não os ponha em prática. Estranho, ainda, que esta empresa desconheça a legislação que protege o Milhafre. Ou será que a ANA entende que a legislação não é aplicável dentro dos “seus” terrenos?
Aguardemos o resultado do inquérito que, ao que consta, foi desencadeado pelo Governo Regional, e que haja coragem política para fazer cumprir uma lei que foi feita para ser cumprida quer pelo comum do cidadão quer por grandes empresas.
Sou contra o abate indiscriminado de qualquer animal, contra o matar por matar, mas em relação ao milhafre há, da minha parte, uma razão especial para me indignar: o milhafre é o nosso símbolo, de asas para baixo ou de asas bem planas de pontas para cima como os dedos do nosso querido Pauleta quando “voa” pelo campo a festejar os seus golos. Que lindo o milhafre que eu via quase todos os dias a encimar um dos candeeiros da “estrada de baixo” quando ia “entrar de serviço”
“Os animais são criaturas de Deus…”, respeitemo-los, como tal, e defendamo-los daqueles que não os respeitam.
Abraços marienses
Azurara, 24 de Julho de 2006
Ana Loura