"Mulheres de Atenas", título de canção de Chico Buarque que será título de programa de rádio sonhado há 25 anos, um dia...
24 de julho de 2006
O cão, o touro e o milhafre
Bom dia!
José Ratzinger/ Papa Bento XVI disse: "Os animais são, também, criaturas de Deus e embora não tenham a mesma relação directa com Deus como o homem tem, são criaturas da Sua vontade que nós devemos respeitar como companheiros na Criação"
Texto retirado do Site internacional contra as touradas: “Não há justificação moral para recusar ter em consideração o sofrimento de um ser, seja ele animal humano ou animal não humano. Os animais são seres sensientes que experienciam alegria, felicidade, medo e dor do mesmo modo que os animais humanos. Ninguém tem o direito de os fazer sofrer para diversão. Se qualquer tortura infligida a um animal merece ser condenada, as touradas são a pior forma de tortura uma vez que são feitas em nome do entretenimento. Temos que acabar com toda a tortura praticada sobre os animais e terminar de uma vez por todas com estes espectáculos de brutalidade e violência. Quem tortura animais e lhes inflige sofrimento mais tarde ou mais cedo fará o mesmo com o seu semelhante.”
Este teve sorte, diz a senhora apontando para o cachorro, minúsculo, na ponta da trela que agarra, nasceu cão. Se tivesse nascido touro talvez fosse ele a estar lá dentro, agora, a ser torturado.
Ouvi esta frase ontem à tarde
Pois, é para mim muito difícil alhear-me da realidade, fazer de conta que não se passa nada…ser cega, surda e muda. Se sou contra os maus-tratos dos animais, contra touradas realizadas em Santa Maria também o sou aqui. Ontem participei, na Póvoa de Varzim, num protesto contra a realização de uma tourada e, de repente, passou pela minha mente todo o “filme” do processo das comemorações do Dia da Autonomia e da tourada realizada e paga a expensas do Governo Regional, das diligências que fiz para tentar sensibilizar os marienses de que não faz sentido um espectáculo em que um animal é torturado e essa tortura aplaudida e dessa tortura se faz uma festa. Não atingi o meu objectivo. Foram poucas as pessoas cuja sensibilidade e respeito por seres sensíveis como nós não foram à praça que foi montada no campo de futebol do Aeroporto. Hoje como há um ano, fiz o que me ditou a consciência.
Mas como pode um Governo Regional ter moralidade para chamar à pedra alguém que, seja qual fora a justificação, abate animais?
Bom, acho melhor começar pelo princípio para que me entendam:
1- O milhafre é um animal de uma espécie protegida;
2- Decorre desta protecção a proibição de captura, manutenção em cativeiro e o seu abate;
3- A ANA, SA, no dia 12 deste mês, segundo notícia publicada no Açoriano Oriental, e passo a citar, “Ontem à tarde, várias aves foram abatidas a tiro no Aeroporto João Paulo II, e nem os milhafres escaparam à pontaria.”
4- Uma dezena de milhafres foram abatidos. Não foi um nem dois, mas uma dezena;
5- A situação foi denunciada à Secretaria Regional
Sabemos que acontecem incidentes evacidentes em aeroportos, na ocasião da descolagem, aterragem e rolagem devido a aves serem “sugadas” pelos reactores dos aviões. Mas sabemos, também, que há métodos uns mais ou menos eficazes do que os outros, para espantar, desviar as aves das zonas de manobra dos aeroportos e é de estranhar que a ANA, responsável pelos maiores aeroportos do país ou desconheça esses métodos ou não os ponha em prática. Estranho, ainda, que esta empresa desconheça a legislação que protege o Milhafre. Ou será que a ANA entende que a legislação não é aplicável dentro dos “seus” terrenos?
Aguardemos o resultado do inquérito que, ao que consta, foi desencadeado pelo Governo Regional, e que haja coragem política para fazer cumprir uma lei que foi feita para ser cumprida quer pelo comum do cidadão quer por grandes empresas.
Sou contra o abate indiscriminado de qualquer animal, contra o matar por matar, mas em relação ao milhafre há, da minha parte, uma razão especial para me indignar: o milhafre é o nosso símbolo, de asas para baixo ou de asas bem planas de pontas para cima como os dedos do nosso querido Pauleta quando “voa” pelo campo a festejar os seus golos. Que lindo o milhafre que eu via quase todos os dias a encimar um dos candeeiros da “estrada de baixo” quando ia “entrar de serviço”
“Os animais são criaturas de Deus…”, respeitemo-los, como tal, e defendamo-los daqueles que não os respeitam.
Abraços marienses
Azurara, 24 de Julho de 2006
Ana Loura
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8 comentários:
Quanto a serem criaturas de Deus...já tenho as minhas dúvidas, mas isso resulta de outros credos :)
Quanto ao resto, estou 100% de acordo contigo. A tourada será talvez o melhor exemplo da crueldade provocada nos animais para diversão do ser humano. Já discuti este tema mais de 1000 vezes e depois de ouvir argumentos como: "Não podemos perder as nossas tradições", "Se não fosse a tourada não existia a raça brava" ou "o touro morre em glória", fico mesmo com a sensação que ainda não passamos de um povo de terceiro mundo...
Pergunto-me, de que servirá a evolução do Homem, se teimamos em largar alguns hábitos bárbaros, rotulando-os de "tradição"?
Vá lá, vá lá...já não se arrastam as mulheres para dentro das cavernas à paulada ! Aos poucos, 100 anos depois dos povos civilizados, mas chegaremos lá :)
Sem dúvida, uma tradição a esquecer, é daquelas coisas que não podemos deixar de discordar. Eu sou contra as touradas, matar, ferir, por divertimento é um massacre ao animal, quem é que consegue divertir-se à custa disso? só os pré-históricos, que ainda vivem ao sabor do tempo da escravatura, não evoluiram nada. Estamos no séc. XXI temos de pensar de forma diferente, temos de nos divertir de forma diferente, não nos podemos agarrar às tradições quando elas implicam a crueldade. Está na hora de mudar a tradição das touradas, façam teatro nas arenas, façam danças nas arenas, façam jogos tradicionais nas arenas, façam o que quiserem menos a crueldade de torturar os animais e aplaudirem de felicidade o sangue derramado pelo costado do touro.
Olá! Pois é, na Póvoa aquilo podia ter corrido melhor! É estranho que, num país em que a maioria das pessoas desaprova as touradas, tão poucas apareçam nas manifs (excepto as em Lx)...
Continuação de Bom Trabalho!
Ricardo
Vim-te ler...e adorei a referência ao "nosso" Pauleta voando como um milhafre....está bem visto, nunca o tinha visto por esse prisma mas confesso que achei originalmente linda a imagem imaginada.
Um beijo com carinho
Deviam passar pelo mesmo sofrimento as pessoas que aprovam tais massacres aos animais.
Ricardo é sempre assim todos falam mas dar a cara ningúem a dá, são oprimidos e manietados os que não conseguem ter opinião própria e manifesta-la
Concordo com a ideia de que "Os animais são, também, criaturas de Deus". todos os seres vivos merecem respeito e nenhum homem consciente e responsável tem o direito de mal-tratar qualquer animal, muito menos divertindo-se com o sofrimento que inflinge aos animais, que é o caso das das touradas e garraidas que tem curso legal em Portugal. Nos dias de hoje é inaceitável...
Paradoxo é de facto o caso dos milhafres, sem dúvida. Pois, se algum cidadão ousar capturar uma a ave destas e a autoridade tomar conhecimento, é imediatamente sancionado e obrigado a restituir a ave ao seu habitat natural. Porém, a ANA nem se dá ao trabalho de capturá-las, abate-as impunemente... É este o país real!
obrigado Ana, pelas tuas reflexões e divulgação.
um beijo
Abaixo as touradas
Olá Ana, bem haja quem denuncia a crueldade deste mundo seja no ser humano seja nos animais . Como se vê a ANA tem gente treinada para o abate de aves protegidas Para eles a Segurança é tudo, Vale mais uma ave a aterrar no chão doque mil a voar e a obstruir o dinheirinho que entra nos cofres da ANA . Não se trabalha para arranjar maneira menos cruel de afastar as aves dos aviões, Trabalha-se sim para que hajam muitos aviões em terra e até se trabalha ,inconscientemente, para criar erva bastante junto das pistas porque assim estamos a ter dois lucros, ora mais ave menos ave isso não interessa nem que essa ave seja protegida a ANA quer lá saber !!!! outros voos se levantam nos Céus de Portugal e da ANA acima de tudo.
Leitor atento
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