2 de julho de 2009

SOPHIA




O poema


O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

( Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas )

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo


Livro Sexto


Hoje, 02 de Julho de 2009 faz cinco anos que faleceu.

3 comentários:

Maria-Portugal disse...

Menina...que foto linda,que enquadramento lindo,que poema lindo ...

Como ela quebra bem as ondas nas praias das nossas inquietações...

entremares disse...

"Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas"

As palavras não tem dono... podemos inventá-las, construir castelos de fadas, épicas epopeias de heróis, poemas ternos ou declarações de amor... mas mal nos saiam da boca e pousem no papel... deixam de ser nossas, deixam de nos pertencer, ganham vida própria...

As palavras não tem dono.
E quando morre o poeta, haverá sempre uma praia para afagar a espuma da sua poesia.

Bem haja.
Gostei muito.

oscarito disse...

Há pessoas que nos fascinam!
Infelizmente nem todas são fascinantes!
SOPHIA é as duas coisas. Sorte têm os que a conheceram e os que a lêem.
Todos os que são recordados continuam vivos.
É por isso que ela não morre!
Eu penso assim.