4 de dezembro de 2006

As trufas e as perdizes ou a caça às baixas médicas




Bom dia!

Trufas são uma espécie de cogumelos delicados e saborosos, caríssimos, que são consumidos nos restaurantes mais chiques. São de difícil localização, pois nascem debaixo do solo junto às raízes de certas árvores.

Para os encontrar são utilizados porcos preparados propositadamente para isso, desde que nascem. Para que reconheçam o cheiro das trufas, para facilmente as encontrarem, quando crescem, as tetas das mães porcas são esfregadas com trufas.

Actualmente passou-se a utilizar cães para esta busca pois os porcos, se os donos não chegavam depressa, comiam as saborosas trufas.

Os cães são utilizados, actualmente, para a busca de sinistrados. Desde há muitos anos os S. Bernardo são utilizados para a localização de pessoas que se perdem na neve e todos nós temos na memória a imagem dos ternurentos cachorros de barril de whiskie pendurado ao pescoço. Para além dos sinistrados procuram droga nas bagagens de passageiros em aeroportos.

Mas os cachorros são usados, principalmente, para a caça. Aqui em Portugal são mais conhecidos os perdigueiros. Os perdigueiros procuram a perdiz e quando a encontram param estáticos, a perdiz levantam o caçador dispara e mata-a. Os cães de caça operam, normalmente, em matilha.

Açoriano Oriental 21 de Novembro de 2006

“Utentes do Centro de Prestações Pecuniárias de Santa Maria dizem-se fartos de injustiças, discriminação e mau atendimento. As reclamações já duram há anos, mas segundo alguns utentes continua tudo na mesma

Na Almagreira, Maria do Santo Cristo também aponta o dedo à forma como suspenderam a baixa por doença concedida ao filho, após um acidente de moto que lhe deixou várias sequelas em termos de consciência.
Segundo a mariense, tudo aconteceu quando o filho, pelo facto de não ter noção das horas, se ausentou de casa para ir ao cimo da rua buscar pão. Tal explicação não convenceu Valter Tavares, inspector da Segurança Social, que deu por suspenso o referido subsídio.
“Esta é uma terra pequena onde todos se conhecem e ele (inspector) sabe perfeitamente da situação do meu filho. Se subisse a rua podia ter confirmado o que eu tinha dito. Ele não saiu para trabalhar e o inspector sabia disso, por isso acho que foi um acto de pura maldade”.
Nunca fui mal atendida no Centro de Prestações Pecuniárias de Santa Maria, antes pelo contrário, as pessoas com quem tive de lidar sempre foram atenciosas e competentes.
Nos meus vinte e quase oito anos de descontos para a Segurança Social, para além das baixas por parto pelos nascimentos dos meus filhos, só muito recentemente, por motivo de problemas do foro psicológico, situações de depressão, fui obrigada a entrar em situações de baixa médica. Ora como toda a gente sabe, pois Santa Maria é um meio pequeno, não tenho ninguém que faça por mim o que tem que ser feito e eu preciso de sair de casa para fazer essas coisas. Um dia, quando regressei, a senhora que de vez em quando me vai fazer uma limpeza mais cuidada à casa estava aflitíssima pois tinham tocado à campainha e, quando ela foi espreitar para ver quem era, viu o funcionário da Segurança Social a entrar no meu quintal e a ir espreitar à traseira da casa.
Sou, por princípio, legalista. As leis são fruto da democracia e, portanto, para serem cumpridas por todos os cidadãos que são iguais, ou deveriam ser, perante a lei. Mas sempre me incomodou a caça à multa, o escarafunchar gratuitamente, para mostrar serviço, na vida do cidadão que menos pesa no sistema. Tanta fuga ao fisco, tanta empresa que não entrega atempadamente, ou nunca entrega nunca, os descontos devidos à Segurança Social e persegue-se quem não tem alternativas porque não tem criados para irem às compras.
Ao ter conhecimento das notícias sobre as perseguições a pessoas em situações de baixa vindas a público quer na televisão quer nos jornal veio me à lembrança que já algumas pessoas me tinham dito que os funcionários apontados nas notícias se colocavam estrategicamente junto ao “Ângelo” pois sabem que toda a gente come pão. Aí pensei nas trufas e nas perdizes…sem ofensa, claro.

Abraços marienses
Azurara, 4 de Dezembro de 2006
Ana Loura
Foto do perdigueiro em: http://alectorisrufa.blogspot.com/

4 comentários:

Anónimo disse...

Bem observado e que bela comparação
é mesmo assim eu acrescentaria uns engordam por doença estes engordam com o mal que causam aos outros. esquecendo que tambem eles precisaram um dia de entrar de baixa... e não só
um abraço
L.A.

Anónimo disse...

e acrescentaria tb que quanto mais legalistas somos mais facilmente nos tornamos uma excelente presa.... esqueçem-se que existe o direito á doença, esqueçem-se que nas baixas por doença psiquiatrica até é, na maioria dos casos, medicamente recomendado nao permanecer na residencia e, apesar do atestado o dizer, mesmo assim obrigam a que se indique certas horas para se estar em casa a fim de aferirem da doença (nao seria mais coerente pedir para a pessoa se deslocar à segurança social e mostrar a medicaçao que toma, ao inves de andar presa a horarios fixos para estar na habitaçao, quando às tantas o mais que precisa em certos momentos da vida é nao se sentir presa a regras nem horas, a ano ser a dos medicamentos, claro!)... esqueçem-se, como é referido neste testemunho, que nem toda a gente que está doente tem empregados que lhes façam os recados necessarios à sua subsistencia...
acho que as leis nesta area estão a pecar por Falta de Bom Senso e Humanidade.. como se concebe que na na lei das ferias, feriados e faltas aplicavel ao funcionalismo publico, se obrigue, no caso de internamento, que para além da declaração de internamento seja enviado tb pelo funcionario doente uma "declaraçao de doença"?! É absurdo!! acho que ninguem é internado para passar férias.. mas são as nossas leis!! palavras mais para que??!!
abraço!

M.C disse...

Para bom entendedor, meia palavra basta, gostei da crónica Ana. Bjs

Anónimo disse...

Mito bem, Ana; mais uma achega acertada.
Realmente isto é uma vergonha, não só pelo que se tem passado aí na ilha com o referido inspector (mal preparado) mas também pelo eco que se repercute através do mundo nas comunidades conhecedoras da ilha e dos seus, através das facilidades de comunicação, tanto em jornais, TV, etc.