25 de janeiro de 2006

Presidenciais e BTL
















Violência da responsabilidade do governo de Cavaco Silva




Crónica lida aos microfones da Estação Emissora do Clube Asas do Atlântico



Bom dia!

Nunca votar me deu tanto prazer. Muito mais do que votar contra Cavaco que, me parece uma má aposta para Presidente da República, votei no grande homem que se revelou Jerónimo de Sousa. Jerónimo de Sousa foi uma grande surpresa para a grande maioria dos portugueses, mesmo para aqueles que votaram em Cavaco Silva. Apresentou-se aos portugueses como o grande homem que é: franco, honesto, inteligente, culto, preparado. Cavaco foi um péssimo Primeiro-ministro e o Povo esqueceu disso e a maioria dos portugueses que votaram, optou por Cavaco Silva para Presidente da República. Não prevejo um futuro risonho para Portugal e desejo do fundo do coração que este meu presságio não se concretize, que acerte tanto nisto como acerto no totoloto e euro milhões.

Não esqueçamos, também, que esta grande derrota da esquerda se deve às guerras internas do PS nacional. A aposta do aparelho partidário do PS em ter lançado e apoiado a candidatura de Mário Soares, uma figura desgastada, em quem a esquerda há muitos anos já não se revê, foi um erro crasso, uma estratégia que muitos dentro do PS questionaram e que os resultados provaram cabalmente não ter tido base de apoio real. Sócrates errou, como tem errado na política do Governo. A crise partidária está instalada, o passo para a crise governamental é curto e a porta que Cavaco tanto quer para o PSD se instalar no Governo está entreaberta….Como disse o futuro é cinzento. Como eu gostaria de não ter razão nesta pequena reflexão.
BTL

Foto da BTL autoria de Ângela Loura ; Foto do entulho na Praia Formosa da autoria de Ana Loura
Realizou-se nos últimos dias da semana que passou mais uma Bolsa de Turismo de Lisboa, a BTL. O período de final de campanha eleitoral fez com que este evento passasse quase despercebido de quase todos como passou quase despercebida a presença de Santa Maria nessa realização que tem como principal objectivo “vender” destinos turísticos. Ouvi na comunicação social uma representante do Governo Regional afirmar que tinha sido grande o empenho e investimento na preparação da delegação açoriana e que o objectivo era vender os Açores como um todo. Representantes da ilha Terceira discordam, em parte, da estratégia pois pensam que cada ilha é uma realidade a ser vendida em separado e mesmo dentro de cada ilha há realidades pontuais. Eu quando assisti ao Atlântida vi lá a delegação de Santa Maria e estive à espera que, depois de representantes de outras ilhas, a nossa também falasse sobre os projectos na área do turismo na nossa ilha e fosse mostrado um pavilhão nosso. O programa terminou e eu fiquei desconsolada a rogar pragas ao apresentador. Mas afinal parece que pouco haveria a ser apresentado pois, contrariamente ao que aconteceu com o Grupo Central e a Ilha de S Miguel, a nossa delegação não teve direito a pavilhão mas sim a uma banquinha na zona da promoção hoteleira com uns panfletos em cima e os nossos representantes sentados à roda da banquinha. O Governo Regional anda a rir-se de nós quando, por sermos do grupo das chamadas ilhas de coesão, nos baixa as tarifas aéreas nuns míseros 10%. É assim que se promove uma das do desenvolvimento económico de Santa Maria que dizem os que se dizem entendidos ser uma das apostas para o nosso desenvolvimento e o nosso futuro…Se a aposta é essa e se, se aposta tão baixo não esperemos grande coisa do nosso futuro. Os nossos representantes eleitos na Câmara Municipal, os nosso Deputados, a nossa Delegação da Câmara de Comércio têm obrigação em nome de todos nós de exigir que se saiba o que lá se passou, quais os proveitos espectáveis da nossa presença na BTL. Não peçamos contas do que se passa nesses eventos, não saibamos em que é empregue os dinheiros públicos, não peçamos contas do que é gasto em deslocações, hotéis com as pessoas que se deslocam para promover o nosso desenvolvimento e não nos admiremos de haver lixo nas zonas consideradas turísticas, como a Praia Formosa…o entulho que se encontra do outro lado do paquete denota o desleixo de quem é responsável por fiscalizar. Ou será que a Praia Formosa só é local de turismo durante as escassas semanas do Verão? Afinal vamos à BTL vender o quê? Um campo de Golfe que ainda é projecto?

Abraços Marienses
Ana Loura
Santa Maria, 23 de Janeiro de 2006

23 de janeiro de 2006

FOTOS DO PASSEIO DOS MOINHOS AJISM JUNHO 2005
















Sérgio serve-te à vontade. Só agradeço que se as publicares me menciones como a autora.
beijos. As restantes do jantar...vou ver se as insiro aqui. Ah, nota-se q estão por ordem cronológica inversa...
Abraços marienses

16 de janeiro de 2006

AMIGOS





alguns dos meus amigos da internet ca Comunidade
de Nazaré http://comnazare.info/ Camilo Castelo Branco



Crónica lida aos microfones da estação emissora do Clube Asas do Atlântico no dia 16 de Janeiro de 2006


Bom dia



Já não sou criança e pela minha vida já passaram milhares de pessoas desde colegas de escola primária, liceu, instituto e de trabalho ou, “apenas” vizinhos. Algumas não deixaram rasto, mas outras, embora tenham desaparecido na bruma do tempo, fazem parte da minha vida pelo que de bom me trazem à memória ao lembra-las. Há pessoas que não vejo há mais de 30 anos mas que considero serem minhas amigas, a sua influência no meu crescimento como ser humano foi tão grande que as recordo amiúde a propósito de um livro que leio ou vejo numa montra, de uma música que ouço ou de uma rua por onde passo, nas terras onde vivi. Por vezes tenho notícias delas através de amigos comuns ou familiares.

Há, também, aquelas pessoas que, desde há quase 5 anos, tenho encontrado na Internet e que se têm, também, tornado importantes para mim, a quem, algumas, sem nunca as ter visto, poderei considerar minhas amigas. Trocamos e partilhamos ideias, gostos, opiniões sobre diversos temas e sim, muitas têm, também, contribuído para que eu seja uma pessoa melhor em muitas áreas da minha vida.

Mas, como não há bela sem senão, há aqueles e aquelas que pensamos serem nossos amigos e que quando as coisas dão para o torto fogem das nossas vidas como ratos ao afundar-se um navio. Aqueles há que nos dão abraços e beijos quando nos encontram e quando viramos as costas fazem como nos rituais voodus: espetam-nos alfinetes na cabeça, dizem mal de nós e só não nos enterram na lama da vida se não puderem, pela frente aplaudem o que dizemos, falamos e fazemos e por trás e sem esperarem muito que nos afastemos chamam-nos de pobrinhas, coitadinhas, idiotas sem personalidade.

Os Amigos!

Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia:
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!

Amigos, cento e dez! Tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia
Que, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente. Ceguei.
Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quasi rotos.

Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego não nos pode ver.
- Que cento e nove impávidos marotos!

Camilo Castelo Branco

Conheço este poema desde muito nova. O meu Pai recitava-o de cor e sempre o entendi como um hino à verdadeira amizade. Passados anos, quando fui estudar para o Porto encontrei-o numa livraria num pequeno poster que embrulhei numa folha de plástico, ainda não se faziam plastificações como agora, e pendurei-o na porta do quarto onde vivia. Li-o muitas vezes, tantas que quase o digo, também, de cor. Trouxe-o na bagagem quando para cá vim e releio-o amiúde.
Os amigos são aqueles que, mesmo quando cegamos, adoecemos, somos despromovidos no emprego, não desaparecem das nossas vidas; quando erramos ou caímos nos criticam mas nos dão a mão; são aqueles que mesmo quando passamos meses sem os vermos ou termos notícias deles são lembrados nas nossas orações diárias.
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No dia 22 temos eleições para o Presidente da República. Temos que nos convencer que o resultado desta eleição é essencial para o futuro da Democracia em Portugal. Cavaco Silva não será o Presidente da República que assegura a continuidade da Democracia em Portugal. Pelo contrário, Cavaco será um Salazar ressuscitado, corrigido e aumentado.
Que ninguém, seja porque está desiludido com a política ou por qualquer outra razão, deixe de ir votar. Todo o voto conta e todos os votos em Jerónimo de Sousa contam para que Cavaco não seja eleito, para que haja uma segunda volta e ganhe um candidato democrata, um candidato que respeite a Constituição Portuguesa, e seja um Presidente de todos os Portugueses e não um Presidente só daqueles que estão a vender Portugal à Espanha. Apelo ao voto no candidato Jerónimo de Sousa com toda a confiança de que o todos os votos nele serão votos importantes para o futuro de Portugal.

Abraços marienses
Santa Maria, 16 de Janeiro de 2006
Ana Loura

AMIGOS


AMIGOS
















este precioso texto de Vinícios é um complemento à minha crónica de hoje lida aos microfones do "ASAS"

Vinicius de Moraes (1913-1980)

Amigos
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.

9 de janeiro de 2006

Cantares aos Reis ou os grupos e grupelhos




Crónica lida aos microfones da Estação Emissora da Clube Asas do Atlântico no dia 09 de Janeiro de 2006




Bom dia!

Há quem diga que a sabedoria vem-nos com a idade, mas sinceramente, há acontecimentos que colocam por terra tão idosa máxima.

Fez um ano, 365 dias, no dia de Reis que um grupo de pessoas saiu à rua para os cantar. Na Segunda-feira imediata eu apresentei aqui uma crónica onde relatava os antecedentes preparativos desse “rancho” que percorreu algumas ruas de Vila do Porto a cantar, homenageando aqueles que há dois mil anos, guiados por uma luz, foram prestar homenagem ao Rei recém nascido que, engano deles, não tinha nascido num palácio Real mas, sim, numa humilde cabana assistido não por aias ou amas pressurosas e atentas, mas por uma vaca e um burro, recebeu como primeiras visitas não emissários de Reis vizinhos, mas, sim, os homens mais desprezados das redondezas, os pastores.

Nessa minha crónica eu chamei, essencialmente, a atenção para o facto de Santa Maria ser uma ilha pequena e que ao invés de as pessoas andarem de costas voltadas, deveriam unir esforços para que os problemas existentes fossem resolvidos, pois se num assunto de tão pouca monta se aproveitava para dividir, para dizer mal, o que será nos assuntos dos quais depende, de facto, o futuro e o bem estar dos marienses. Falava, também, da luta política dentro do PS local, na busca de protagonismo.

Ora eu gostei mesmo tanto de ir cantar os Reis que fiquei à espera que quem organizasse este ano, fosse quem fosse, se lembrasse que eu não cantando bem sempre era mais uma pessoa a integrar o grupo. Faço notar que o organizador de há dois anos e que por razões várias não pode organizar no ano passado, tendo-me abordado para me explicar o porquê fazendo com que o tema da minha crónica da semana seguinte, versasse a diferença entre crónica e notícia, sabia que eu tinha ido cantar no ano passado

Acontece que esperei em vão…mas pensei, até, que este ano nem houvesse cantares. Mas qual não é o meu espanto quando, por mero acaso, soube por uma amiga que afinal haveria cantares aos Reis e que naquele dia até havia ensaio. Falei-lhe que estava à espera que alguém se lembrasse de me avisar e, se assim o entendessem, poderiam contar comigo. Passados dois dias, oh desilusão das desilusões, soube que alguém teria dito “A Ana Loura??? A Ana Loura não pertence a este grupo!” Ora toma lá que é para aprenderes que em Santa Maria há grupos e que a opção para estares neles não é tua e que com um bocadinho de jeito qualquer dia os grupos transformam-se em clubes e tu para ires cantar aos Reis tens que ter cartão e pagar quota…

Santa Maria é, de facto, uma ilha pequena. Mas disso até nem vem mal ao mundo. Mal ao mundo vem de pensarmos pequeno, de andarmos em guerrinhas não só quando um grupo de cantar aos Reis está em causa, mas na vida do dia a dia, nos clubes, nos grupos folclóricos, nos grupos de teatro, corais, Paróquia, na política.

Afinal um ano passou e nós não aprendemos nada nem com os nossos erros nem com os dos outros. Somos a excepção que confirma regra de que a sabedoria vem com a idade.

Para quem quiser relembrar as duas crónicas de há um ano aqui mencionadas poderão fazê-lo em www.luadosacores.blogspot.com

Abraços marienses
Santa Maria, 09 de Janeiro de 2006
Ana Loura


Crónica lida aos microfones da Estação Emissora da Clube Asas do Atlântico no dia 09 de Janeiro de 2005


Bom dia

O Pião da nicas ou o mexilhão


Quando eu era criança, já lá vão umas dezenas de anos, não havia brinquedos electrónicos e a gente brincava com botões, cápsulas de garrafas, arcos e ganchetas e até com os caules das couves galegas que davam excelentes sticks para se jogar hóquei em campo. Comprados só os piões. De resto até das meias velhas se faziam as bolas para jogarmos ao mata e sujarmos as imaculadas batas que usávamos obrigatoriamente no liceu candidatando-nos ao raspanete da Mãe pois como não havia máquinas de secar roupa se inquietava para que uma das batas estivesse sempre em condições de ser vestida.

Os meus irmãos jogavam ao pião com os amigos à porta de casa ou no nosso quintal. Cada um deles tinha o seu arsenal de piões e no meio destes havia um que numa determinada fase do jogo servia para ser nicado. Quer isto dizer que era alvo dos bicos dos outros piões.

Santa Maria é uma ilha pequena, Vila do Porto e Aeroporto são as maiores comunidades da ilha e mesmo assim não somos tanta gente como isso. “Meia dúzia de gatos pingados” que sofre de uma doença que grassa no meio de determinado grupo mas que como a lepra se propaga a quem está por perto. O jogo do poder do sobe e desce na estrutura partidária do PS condicionou, imagine-se, a realização e composição de grupos de Reis.

Já no ano passado eu tinha sido “convidada” a participar no grupo de Reis organizado e dinamizado por determinada pessoa, disse que sim, mas por andar bastante cansada acabei por não aparecer aos ensaios, mas depois até me arrependi ao saber que tinha sido um convívio muito alegre o que se originou em torno dos ensaios e depois no andar de porta em porta. Este ano voltei a ser abordada pela mesma pessoa, não porque eu cante bem mas porque somos amigas e nos encontramos pelo menos semanalmente no ensaio do coro da paróquia e fui também informalmente convidada assim com um “aparece” por um dos elementos dos Karolas. Depreendi que a organização seria a mesma do ano passado. Não fui ao primeiro ensaio porque me deu a preguiça, mas quando fui ao segundo e se começou a ensaiar notei a ausência da pessoa que tinha organizado e de mais outras pessoas que soube terem participado no do ano passado. Como eu, como dizem os brasileiros, sou da paz não fiz perguntas. Mas qual não foi o meu espanto quando soube que afinal havia dois grupos de Reis. Resumindo: as últimas eleições regionais tinham criado expectativas em determinadas pessoas que saíram frustradas com as opções tomadas pelos eleitos e as comadres zangaram-se. Mas o pior que aconteceu e acontece é que ou se toma partido ou não se toma e quem não tem nada com os jogos políticos acaba por ser o pião das nicas, o mexilhão, porque mesmo sem tomar partido e na boa fé adere ao grupo A quando dá por ela está a fazer contas de cabeça e a pensar…”e se um dia eu preciso de fulano que está no grupo B e ele me atende mal? e se eu adoeço e preciso da mulher de sicrano e…Bom eu não acredito que estas coisas possam acontecer, não acredito que se misturem politiquices com profissionalismo, tenho sido testemunha disso porque sendo quem sou e do Partido Comunista nunca me senti mal atendida onde quer fosse por esse facto. Mas o certo é que há pessoas que fazem esses raciocínios e acabam por ficar na dúvida para que lado cair como se tivessem de cair para algum dos lados. Somos poucos mas mesmo assim andamos de costas voltadas e pior do que isso alguns andam a nicar a cabeça aos outros.
Quando o mar bate na rocha quem é nicado é sempre ou o pião das nicas ou o mexilhão o que vai dar ao mesmo.

Abraços marienses

Vila do Porto, 10 de Janeiro de 2005-01-09
Ana Loura

Crónica lida aos microfones da Estação Emissora da Clube Asas do Atlântico no dia 17 de Janeiro de 2005


Bom dia


Esta irá ser a crónica mais curta que já escrevi porque terá como único tema a diferença entre noticiar e cronicar
Noticiar é dar notícia, notificar, anunciar
Cronicar é falar informalmente sobre um tema, sobre o que se sabe do tema.
Dar notícia compete aos jornalista que deverá pesquisar a veracidade dos factos ir ao fundo da notícia, entrevistar quem fez a notícia e se há “partes” envolvidas entrevistá-las.

Fazer crónica é, sem fugir à verdade dos factos, dar a opinião pessoal, a visão dos acontecimentos.

Se na minha crónica anterior a minha opinião, sem fugir à verdade dos factos, foi parcial peço desculpa à “outra” parte mas a minha intenção não foi fazer notícia mas sim relatar e comentar uma facto em que participei.

Para noticiar, em Santa Maria, existem jornalistas.

E para rematar volto a dizer que somos poucos e é um desperdício estarmos de costas voltadas por motivos que por vezes nem nós entendemos.

Abraços Marienses
Ana Loura
Santa Maria, 17 de Janeiro de 2005

2 de janeiro de 2006

ESPERANÇA


Esperança de que o nosso mundo continue a rodar


A todos deixo os meus votos de um excelente 2006

Quando eu digo a alguém que faço votos de que alguma coisa aconteça, eu tenho de o dizer com a certeza de que é possível a coisa acontecer, que faz sentido ter esperança de que aconteça. É diferente dizer eu desejo. Desejar, eu posso desejar o impossível, mas ter esperança é acreditar que é possível e eu acredito que é possível que amanhã o mundo seja muito melhor, que a Paz é possível e que depende de cada um e de todos nós.

Apesar do aumento dos preços, apesar dos miseráveis 2 por cento de aumento dos ordenados da Função Pública anunciados pelo Governo, tenho esperança de que o futuro pode ser melhor e em 2006 eu poderei ser muito mais feliz.
DE Carlos Drumond de Andrade, Poeta brasileiro
Receita de ano novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
DE Mário Quintana, poeta, também, brasileiro
ESPERANÇA
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas.
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Dizia Tagore, Escritor indiano, nascido em Calcutá em 1861 e morreu em Bengala em 1941.
“Cada criança, ao nascer, traz-nos a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança nos homens.”

Ora se Deus, que é perfeito, não perdeu a esperança nos homens, quem seremos nós para a perdermos.

Faço votos e espero que 2006 seja um ano melhor para todos nós

Abraços marienses
Ana Loura
Santa Maria, 02 de Janeiro de 2006