19 de abril de 2004

Crónica nº 8 Manifestamente actual

Crónica Nº 8
Pois é...andei a tentar organizar a minha papelada...detesto ter que fazer esta tarefa sempre inadiável e infindável, pois acabo por não deitar nada no lixo e o tempo corre, comigo a reler papeis velhos e a relembrar coisas que se passaram e nas quais já não pensava "há séculos".
Um desses papéis foi o manifesto Eleitoral da CDU para as eleições para a Assembleia Legislativa Regional de há 8 anos.
Dizia a introdução que os objectivos da candidatura eram: Aumentar a expressão eleitoral da CDU de modo
a: -Impedir a formação de uma maioria;
-Impedir a bipolarização;
-Ser uma voz activa sem estar comprometida quer com o poder regional quer com o poder nacional;
- Manter o diálogo com os deputados da CDU na Assembleia da República...e aqui relembrávamos o papel fundamental da CDU, primeira força política a apresentar um documento sobre a importância da permanência do NAV II em Santa Maria, facto que muita gente propositadamente e em favor próprio ou da força política a que está ligado e desvirtuando a verdade, esquece ou distorce.
Passávamos, depois, a enumerar aquilo que pensávamos serem os problemas que existiam em Santa Maria e que pensávamos serem urgente resolver e aí pasmemos...o manifesto parece ter sido escrito hoje...exceptuando no que se refere a algumas estradas que já foram reparadas, à questão da distribuição da água à lavoura que estará parcialmente resolvido, embora à custa da provável diminuição do caudal do abastecimento às populações pois em vez de se ter aberto furo próprio se vai utilizar os furos existentes...Enfim, opções que o futuro se encarregará se julgar...De resto passados que são oito anos da data em que escrevemos o manifesto continuam por solucionar ou concretizar a rede de abate e frio que consideramos fundamental para a economia da ilha pois deixaria de haver necessidade da exportação do gado vivo com os consequentes transtornos que acarretam (rezes que morrem no navio, perda de peso que tem que ser compensada no destino com recurso a rações, desvirtuando a qualidade da carne açoriana impedindo a atribuição do famoso selo de garantia)
Preconizávamos o apoio à diversidade na agricultura (e há 3 anos falamos no apoio à criação de produções agrícolas alternativas).
Nas pescas atribuição do rendimento mínimo garantido à pesca artesanal devido ao seu carácter sazonal, a reparação de portos e portinhos.
Chamamos a atenção para o recurso sistemático das entidades públicas ao trabalho precário (a recibo verde e a termo certo) aos concursos que são preenchidos não se sabe muito bem como...
Outra das questões focadas era relativamente ao Turismo e ao preço das tarifas aéreas que deveriam, quanto a nós, diminuir. Infelizmente continua a não ser fácil de eleger os Açores e muito menos Santa Maria como destinos turísticos. As passagens continuam demasiado caras. Pelo preço de uma vinda aos Açores de uma semana vai-se quinze dias a Londres ou a outra cidade Europeia ou quinze dias às Canárias.
A questão da saúde, pasme-se, piorou no que se refere aos médicos de Família a base de qualquer centro de saúde. Continuamos sem técnico de fisioterapia, sem hemodiálise, sem um centro de apoio, em S Miguel, para as parturientes e seus acompanhantes deslocados.
Relativamente ao ensino já algumas coisas melhoraram embora nem tanto como nos queres fazer crer. As tão fotografadas obras na escola Secundária não impedem que os nossos filhos quando têm que se deslocar entre pavilhões em dias de chuva fiquem molhados...A qualidade do ensino melhorou, mas ainda há muitas carências e muitas férias prolongadas por atestados.
Os jovens da ilha não têm, todos, as mesmas oportunidades culturais embora os Postos de informação Juvenil tenham vindo abrir janelas culturais.
Enfim, passados que são 8 anos, tanta coisa por resolver, tanta promessa que foi feita e não foi cumprida. Tanta coisa que os governos saídos das duas eleições não fizeram apesar de durante a campanha terem prometido e afirmarem serem prioritárias.
Os motivos que nos fizeram candidatar nessa altura são os mesmos que nos farão candidatar agora.
Mais uma vez colocaremos à consideração dos marienses as propostas que julgamos representarem as melhores para o futuro da ilha. Desejamos contribuir para que não se passem mais oito anos sobre estas questões que enumerámos e outras, sem que elas sejam resolvidas. Queiram os marienses confiar no nosso trabalho.
Que daqui a oito anos ao remexer os meu papeis e ao encontrar o manifesto deste ano sorria satisfeita ao constactar que, finalmente, a maioria dos problemas existentes na ilha foram ou estão a ser resolvidos para uma melhor qualidade de vida e progresso que Santa Maria tem direito dentro do quadro regional, nacional e europeu.
Santa Maria, 19 de Abril de 2004
Ana Loura

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