19 de maio de 2008

Eu tenho saudades de ti, Tarôco















Bom dia!
O meu nome é Tarouco ou Tarôco. A minha Mãe chama-se Pequenina, uma gata que a nossa Dona encontrou numa rua de Ponta Delgada quando vinha para casa (a casa de lá, onde ela vive num quarto) para almoçar com a minha Avó. A minha Avó, não é mesmo minha avó, mas é assim que ela gosta que lhe chamemos. A nossa Avó estava em Ponta Delgada de passagem, como muitas vezes, tinha cozinhado o almoço e estava à espera da nossa Dona que estava atrasada, foi espreitar à porta e viu a nossa Dona a descer a rua com uma coisa ao colo e pensou: pronto…lá vem mais um gato…Ninhas, mais um? Mãe, achas que eu podia passar à frente e não a recolher, tadinha, estava a miar desesperada debaixo de um carro. Mas Ninhas, já temos tantos, já lá tens o Charlie (o Charlie também tinha sido recolhido pela nossa Dona à porta da casa onde ela vivia na altura e depois, quando a nossa Dona se mudou ele veio para a casa da Família). Mãe, eu não era capaz…ela miava tanto! E vai ficar aqui. Vou dar-lhe banho, está cheia de pulgas e morta de fome, temos que arranjar alguma coisa para ela comer. E assim a minha mãe encontrou um lar com cama quente e comida à descrição onde é muito feliz.

A minha Mãe cresceu e começou q frequentar os telhados e quintais dos vizinhos, conheceu alguns gatos muito simpáticos e passados uns meses, ela tinha vindo passar as férias à casa da Família, como sempre aconteceu, e numa mudança de lua nós nascemos. A nossa Avó diz que nunca viu ninhada tão linda e podem acreditar que ela já viu dezenas de ninhadas, mas a nossa para ela era a mais linda. Um dos nossos irmãos morreu à nascença, não se sabe bem porquê, mas nós os quatro éramos todos lindos. A nossa Dona estava tão feliz, não queria dar nenhum de nós. Nós fomos crescendo e ela foi escolhendo os nomes: a minha irmã sempre foi elegante, pêlo sedoso, comprido e colorido, malhado de cinzento, branco e cor-de-rosa, parece uma Princesa e foi esse o nome que lhe foi dado, o meu irmão, um Senhor gato, gordo, meigo cinzento de pêlo curto foi dado a uns amigos florentinos que lhe chamaram Norberto e eu, um gato quase humano, que me atiro para o pescoço das pessoas de quem gosto, me agarro aos ombros como lapa à rocha, ronróno dengoso, faço olhos de espanto e sou meio lerdo de entendimento a minha Dona chamou-me Tarôco ou Tarouco. Ela adora-me, por vezes fica um pouco farta de mim pois sou mesmo uma lapa, mio à porta do quarto dela porque quero ir para a cama deitar-me em cima do peito dela e dormir a ronronar, ela diz que sou chato, mesmo chato e Tarôco “memo”. Nós somos todos muito felizes em casa da nossa Avó. Ela não tem estado muito cá, mas tem uma amiga que vem cuidar de nós e não nos falta nada. Há dias a nossa irmã teve 5 gatinhos entre as ervas do jardim e a nossa amiga pegou em todos e levou-os para dentro de casa para que ficassem abrigados. Como vos digo somos todos muito felizes.

Ontem a minha Dona veio passar o fim-de-semana a casa. Chegou já era muito tarde, chamou por nós, mas eu andava a vadiar, ela foi dormir e hoje quando ia a sair de casa eu estava morto em cima do passeio, junto à entrada para o quintal. Um carro tinha passado…Os carros passam quase sempre naquela rua como se fosse a auto-estrada por onde a minha Avó tem que passar para ir para o trabalho, a uma velocidade que não dá hipóteses de pararem se houver um animal ou uma criança a atravessar e pronto, já são uns quantos gatos e cães que morremos naquele lugar. A minha Dona chorou muito e a nossa Avó também quando soube que eu nunca mais vou saltar para o pescoço dela, agarrar-me como uma lapa aos ombros, ronronar e olhar para ela com olhos de espanto. A minha Avó diz que está muito triste, está a passar para o papel esta minha carta com as lágrimas a correrem pela cara, ela vai voltar para casa e diz que não se quer arrepender de voltar antes de ter chegado e não sabe como há-de poder resolver o assunto do excesso de velocidade na nossa rua, é que em menos de um mês fomos mortos dois dos seus gatos e ela pensa que se fosse uma criança os carros batiam também, acha que há falta de consciência de quem passa numa rua dum bairro como se passasse numa auto-estrada”

É, eu tenho saudades dos teus olhos de espanto, eu tenho saudades dos olhos cada um da sua cor do Pirata, eu tenho saudades de cada gato de cada cão assassinados por condutores que pensam que são donos da rua, donos do mundo.

Eu tenho saudades de ti, Tarôco.

“O destino dos animais é muito mais importante para mim do que o medo de parecer ridículo”
Émile Zola grande escritor Francês dos finais do Sec XIX

“Chegará o dia em que o homem conhecerá o íntimo de um animal. E, nesse dia, todo o crime contra um animal será um crime contra a humanidade”
Leonardo Da Vinci pintor, escultor, arquitecto, físico, engenheiro, botânico e músico do Renascimento italiano.

“Os animais foram criados pela mesma mão caridosa de Deus que nos criou… É nosso dever protegê-los e promover o seu bem-estar.” Madre Teresa de Calcutá missionária católica albanesa, nascida na República da Macedónia e naturalizada indiana beatificada pela Igreja Católica.

Árvore, 19 de Maio de 2008
Ana Loura

2 comentários:

Alecrim disse...

Os animais fazem mesmo parte das nossas vidas, das nossas famílias...

Anónimo disse...

Ana, há mt que nao vinha cá desculpa..
nao posso deixar de comentar esta tua "reflexao" sobre a importancia dos animais e o quao mal tratados sao por vezes pelas pessoas.
ainda ontem fiquei tristissima e indignada (chorei mm lagrimas mt sentidas.. e nao digam que se fosse por uma pessoa se calhar eu nao chorava, pk eu sei mt bem colocar as "coisas" no seu devido lugar) pk na semana passada aqui em PD alertei o canil para um cao que me parecia abandonado perto da m casa e qeu eu so nao levava lá pk para além de parecer pouco saudavel (fome mas não só penso eu) nao me oferecia segurança para eu me chegar para ele... eles disseram-me que àquela hora nao podiam ir mas que no dia seguinte iriam.. realemente fiquei tranquila pk já lá nao estava no dia a seguir..
ontem (passados 8 dias!!) caiu-me o coraçao qdo vi o mesmo animal uns quarteiroes abaixo a tremer (embora com um resto de comida à frente)... mal dormi esta noite e estava a pensar ligar logo de manha para o canil, nem que fosse para lhe darem uma morte digna. hoje de manha não vi sinais de nada...
bem sei que antigamente sempre houve pessoas que se entretinham a fazer mal aos animais, mas hoje numa sociedade que se diz tão protectora dos animais, é isto que está a aocntecer: não sei exactamente o que se passou, mas provavelmente o dono desse cao ter-se-á fartado dele qdo ele perdeu alguma utilidade, como se fosse uma "coisa qualquer" (quadndo eles sao os Amigos mais leais que temos) e as pessoas, movidas pela sua indiferença, iam escorraçando-o na certa de um lado para o outro e ninguem teve a "lembrança" de pelo menos dar uma morte digna aquele pobre animal...
desuclpa Ana mas vou terminar pk as lagrimas ainda me caem só de lembrar a expressao do caizinho ontem..
bjs
Mcdd