11 de dezembro de 2006

Misericórdia!!!!



















Fotos do site da UNICEF www.unicef.pt
Bom dia!

Já aqui falei várias vezes sobre o que a Internet é ou pode ser para muitos de nós. A mim surpreende-me, muitas vezes quer pela negativa quer pela positiva. Recebo dezenas de e-mail cujo conteúdo é pobre e que só servem para que a caixa de correio atinja os limites da sua capacidade muito rapidamente e porque eu só depois de abrir a “envelope” e ler sei se presta ou não e apago. Há dias recebi um que me perturbou, me abalou. Não por conter coisas que eu desconheça, mas porque mas disse, mostrou-mas de uma forma estruturada, directa, sem rodeios, com imagens eloquentes e tem por título “Infância roubada” e resumidamente diz:

“Qual o mundo que deixaremos para trás, para as próximas gerações quando partirmos? Que herança lhe destinaremos? O futuro dependerá do que agora fizermos. E, certamente, há muito por se fazer.

Crianças que catam “migalhas” de carvão para que a Mãe possa cozinhar a comida que a miséria possibilita, outras entre os 4 e os 6 anos, viram tijolos. Nas Honduras, crianças disputam com os abutres as sobras que encontram num aterro sanitário. Na Índia uma menina de 9 anos, já com as mãos calejadas, parte pedra por um salário de miséria. Na Colômbia adolescentes prostituem-se.

Mais de 100 mil meninas são vítimas de exploração sexual no Brasil.

A Organização Mundial de Saúde estima entre 100 milhões de crianças vivendo nas ruas do mundo subdesenvolvido ou em desenvolvimento.

Talvez seja a hora de os políticos e governantes incluírem compaixão social nos seus programas e agendas de trabalho.

Tão perversas como persistentes, as desigualdades sociais e a pobreza atingem particularmente a população Infanto- juvenil. Estudos têm mostrado que as condições de vida das crianças são mais severas em lugares onde a infra-estrutura escolar é de baixa qualidade. Faz-se necessário, portanto, criar condições que estimule um aumento na frequência nas escolas com a consequente ampliação dos seus horizontes e o desenvolvimento das suas potencialidades.

As políticas destinadas a acabar com o trabalho infantil também deveria procurar eliminar as necessidades da família pelo “ordenado” da criança.

Na Califórnia, não muito distante da Disneylandia, a Terra da Fantasia, crianças, filhos de Pais viciados em droga, catam latas a fim de, com a sua venda, completar o orçamento familiar e ajudam como podem nos trabalhos domésticos.

No mundo, segundo dados da UNICEF, estima-se 55% das mortes de crianças estão associadas à desnutrição, à fome que debilita lentamente.

Até quando?

É no coração da noite que desponta o dia.

Qual o mundo que pretendemos deixar para as futuras gerações? Um mundo mais justo, certamente.

O reino de Deus não irá despencar sobre as nossas cabeças da noite para o dia, se somos sinceros no nosso desejo de que ele venha até nós, temos que fazer a nossa parte. O Reino de Deus, a idade áurea marcada pela Justiça, não descerá do Céu, ela soerguer-se-á do chão que pisamos, regado pelo sagrado suor dos que se importam com o próximo. A sua chegada depende de pequenos actos de bondade, de heróicos gestos de compaixão.

Qual o mundo que deixaremos para as crianças de hoje, para as que, ainda, nascerão?

MISERICÓRDIA!!!

Na Misericórdia o coração compadece-se e AGE.

Diz Erico Veríssimo que o oposto ao amor não é o ódio, mas a indiferença.

Kyrie Eleison- antiga evocação grega que significa Senhor envia o teu sopro, envia a tua Misericórdia.

“Bem aventurados os Misericordiosos porque alcançarão o Céu” Sermão da Montanha.

Há muito para ser feito, ainda. Quem semeará, colherá…
Deus move o céu inteiro naquilo que o ser humano é incapaz de fazer, mas não move uma palha naquilo que a capacidade humana pode resolver (provérbio oriental) "

Esta apresentação é assinada por: Um Peregrino e pode ser encontrada no blog Mulher de Atenas cujo endereço é www.luadosacores.blogspot.com

Enquanto transcrevia este grito de alerta a SIC passava uma reportagem sobre os catadores dos contentores de lixo dos supermercados de Lisboa…Tanta miséria à nossa porta e nós a prepararmos o nosso Natal de fartura, de esbanjamento. Se dermos menos um brinquedo a cada um dos nossos filhos, menos um perfume ou uma futilidade a nossos familiares e amigos e encaminharmos o seu valor para instituições que os farão chegar a quem precisa daremos um pequenino passo no sentido da Misericórdia.

Santo Natal a todos
Azurara, 11 de Dezembro de 2006
Ana Loura

4 comentários:

Anónimo disse...

como sempre Ana tenho que te dizer "B Hajas" por tudo o que és e por estes apelos à nossa consciencia..
vi a reportagem da sic a que te referes.. dá que pensar, se dá... mas nao me posso pronunciar mt sobre o natal sob pena de cair num enorme negativismo social. Sempre achei uma época em que os contrastes sociais chegam a fazer ferida, em que o aparato das luzes do exterior choca com muitas escuridoes escondidas na alma de mta gente.. e quando isso atinge crianças - e o Natal é por essencia uma festa em que a criança tem um papel primordial - o cenário é ainda mais chocante.
Seria mt bom que as pessoas em vez de entulharem os filhos com consolas, plasmas, etc (que mtas das vezes até só lhes retira espaço à imaginaçao e criatividade..), olhassem para o menino do lado, que pede com os olhos mesmo que nao estenda a mao, e o olhasse como alguem da familia que precisa primeiro de um sorriso e depois um mimo, por minimo que seja...pq afinal Natal é a mensagem do Amor (Menino Jesus) que nasce no coraçao dos homens .. e coraçao que tem Amor para dar é coraçao rico.. penso que esta é a festa da Riqueza Interior e cada vez mais surge como uma festa da ostentaçao das riquezas exteriores..
obs: dou-te um exemplo Ana dos contrastes do nosso mundo contemporaneo: há já uns largos anos fui à Bulgaria e, ao caminhar pelas ruas de Sofia, vi uma criança estender-me a mao depois de eu sair de um mini-mercado, quase mercearia (supermercados existiam poucos na altura e os que existima estavam suas prateleiras estavam semi-vazias). Eu queria dar-lhe algo do que tinha - ele apenas apontara para o pão imagine-se!!-só que abanei a cabeça no sentido afirmativo (tinha-me esqueçido que a guia informara que o abanar a cabeça no sentido afirmativo era o mesmo que dizer "nao" e o nosso "nao com a cabeça" é que era o sim para eles) e a criança interpretou como um nao e a atitude dele foi, imagine-se, de resignaçao.. de repente é que me lembrei que tinha acabado de dizer na linguagem bulgara: "nao dou".. as lágrimas saltaram-me dos olhos e tratei de reparar de imediato o meu lapso de comunicaçao, mas em vão, pois tentei chamar a criança que, num ápice, já se tinha sumido nas ruas da cidade..foi uma profunda tristeza para mim claro.. mas tanto ou mais chocante do que o pedido dele de apenas um pao seco, foi depois a reacçao de resignaçao de um povo triste, à margem da riqueza que tb deveria ser deles, e que mesmo assim nao lhes arranca o amor do coraçao... e sobre esta minha vergonha em mostrar (sobretudo quando fazia compras e via que o nosso dinheiro lá valia mais até do que o dolar americano cá nessa altura e que podiamos com o pouco que tinhamos levar vida de ricos) que vinha de um país mais rico, tive oportunidade então de conversar abertamente com algumas pessoas de lá que só me diziam em ingles ou alemao "nao se preocupe em esconder que vem de uma país mais rico, nós sabemos mas entendemos"...
hoje graças a Deus estão bem melhores, mas desde então nunca mais esqueçi o rosto daqueles nossos irmaos e sobretudo daquela criança que me ficou entalada no coraçao a quem nao consegui sequer dar um pao..
Se nao nos falarmos antes um Santo Natal para ti Ana e para todos que amas e tb para todos os que nos leem Muita Luz no coraçao!!
Maria

Anónimo disse...

Este teu blog deveria ser de leitura obrigatória, pois sempre nos ensina muita coisa e nos faz pensar em como somos pequenos e mesquinhos em nossas atitudes diárias. O Natal deveria ser para todos e que todos sentissemos a sua existencia, e há tantos que nem sabem o que é Natal porque a fome é a única coisa que sabem que existe e nós com tanto e cada vez queremos mais...
um bom Natal para ti e família
L.A.

Dulce disse...

Muito me comoveu a história dessa criança de que fala M.C.C.

O resto não consigo comentar de forma a dizer alguma coisa que faça sentido ou seja nova.
:(

Anónimo disse...

Oi! Ana! Tava procurando um texto na internet e achei vc!! Que bom! Vi esse e-mail! Num primeiro momento, uma tristeza enorme; depois, a certeza de que é preciso cair na luta, com mais afinco, por um mundo mais justo!! Beijinhos!