Bom dia!
Sou contra o aborto, sou sem qualquer dúvida a favor da VIDA. Que nunca mulher nenhuma se veja na necessidade de abortar, seja qual for a razão.
“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei, como havendo de ser julgados pela lei da liberdade.
Porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia; a misericórdia triunfa sobre o juízo.”
Tantas vezes me lembro daquela cena de Jesus meio acocorado a escrevinhar com o dedo no pó do chão e os homens a quase exigirem q ela condenasse a mulher adúltera. Jesus nem levanta a cabeça e em voz baixa “Quem de vós nunca pecou atire a primeira pedra” e eles a saírem sem quererem dar nas vistas, do mais velho ao mais novo. Somos muitas vezes hipócritas e atiramos a primeira pedra sem pensar nos nossos telhados de vidro
Tenho acompanhado, na imprensa, a discussão em torno do referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas de gestação e penso que é urgente e honesto clarificar algumas questões que, quanto a mim, estão a ser usadas demagogicamente e de forma pouco honesta pelos defensores do NÃO. Creio que será manipular quem não tem opinião ainda formada ou outros quaisquer, se for dito que o que está em causa é ser a favor ou contra o aborto, que votar sim à despenalização é abrir portas para que muitas mais mulheres o façam. Dizer isto é distorcer a intenção real da despenalização. Despenalizar é permitir que aquelas que o decidem fazer o façam em segurança, numa instituição hospitalar assistidas por pessoal médico e não corram riscos., não é incentivar a que o aborto seja feito.
É hipócrita esgrimir argumentos destes e pouco ter feito desde o primeiro referendo que se realizou em 1998 para evitar que jovens engravidem, que mulheres de famílias numerosas e fracos recursos engravidem. O aborto não pode ser considerado meio de contracepção, é um último recurso em situações concretas. Se o SIM ganhar, como espero que ganhe, é preciso legislar, é preciso que essa legislação espelhe, de facto, o respeito à vida, haja mecanismos de acompanhamento à mulher grávida que entende abortar, de aconselhamento, que a ajude a reflectir se essa é, de facto, a última porta, o último recurso. A nossa Igreja, ao invés de ameaçar com excomunhões (bom que nem todo o clero tem estas atitudes repressivas), tem por obrigação de, nas Pastorais da Família, e, principalmente na da Juventude de formar consciências na discussão aberta da sexualidade, formar os jovens no amor e respeito à vida, na sexualidade responsável em que ambos, rapaz e rapariga, sigam de mãos dadas um caminho seguro em que o acto sexual seja o coroar de uma relação estável e séria. Que cada vez mais se ouça falar em namoro casto, no sexo depois do casamento, mesmo que este seja o juntar dos trapinhos. De qualquer forma, cabe aos Pais, pois a educação e a formação dos jovens, começa no seio familiar, esclarecer abertamente os filhos, quanto às formas de prevenir uma gravidez fora do tempo e muni-los dos meios, às moças a pílula e aos rapazes o preservativo, para que, e volto a referir, de uma forma consciente, giram a sua sexualidade. Não me venham agora dizer que dar uma caixa de contraceptivos a uma filha e preservativos ao filho é dizer: Vá filhos, a partir de agora podem fazer sexo à vontade. Não. É dizer: olha eu nestes anos todos expliquei-te que fazer amor é com quem amamos e por vezes demoramos algum tempo a ter a certeza de que amamos, portanto não tenhas pressa, mas quando chegares a essa conclusão está aqui a forma de não engravidares. Esta é uma das formas mais seguras. As outras, eu já tas expliquei. Agora está nas vossas mãos.
Diz Frei Bento Domingues a arrematar a sua crónica de ontem no Jornal “O Público: “Parece-me exorbitante ameaçar os católicos, que votem "sim", com a excomunhão. Comparar o aborto ao terrorismo é fazer das mulheres aliadas da Al-Quaeda. A retórica deve ter limites.
Creio que é compatível o voto na despenalização e ser – por pensamentos, palavras e obras – pela cultura da vida em todas as circunstâncias e contra o aborto. O "sim" à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, dentro das dez semanas, é contra o sofrimento das mulheres redobrado com a sua criminalização. Não pode ser confundido com a apologia da cultura da morte, da cultura do aborto, embora haja sempre doidos e doidas para tudo.
Eu, agora, competente me confesso para afirmar: quando, em Portugal, o aborto for obrigatório, abandono o país. Nem mais, nem menos.”
Eu reafirmo:
Sou contra o aborto, sou sem qualquer dúvida a favor da VIDA. Que nunca mulher nenhuma se veja na necessidade de abortar, seja qual for a razão.
Eu voto sim no Referendo da Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez. O resto? O resto fica na consciência de quem na liberdade e no livre arbítrio e por razões que não me cabe julgar, pratica o acto.
Abraços marienses
Funchal, 29 de Janeiro de 2007
Ana Loura
Sou contra o aborto, sou sem qualquer dúvida a favor da VIDA. Que nunca mulher nenhuma se veja na necessidade de abortar, seja qual for a razão.
“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei, como havendo de ser julgados pela lei da liberdade.
Porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia; a misericórdia triunfa sobre o juízo.”
Tantas vezes me lembro daquela cena de Jesus meio acocorado a escrevinhar com o dedo no pó do chão e os homens a quase exigirem q ela condenasse a mulher adúltera. Jesus nem levanta a cabeça e em voz baixa “Quem de vós nunca pecou atire a primeira pedra” e eles a saírem sem quererem dar nas vistas, do mais velho ao mais novo. Somos muitas vezes hipócritas e atiramos a primeira pedra sem pensar nos nossos telhados de vidro
Tenho acompanhado, na imprensa, a discussão em torno do referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas de gestação e penso que é urgente e honesto clarificar algumas questões que, quanto a mim, estão a ser usadas demagogicamente e de forma pouco honesta pelos defensores do NÃO. Creio que será manipular quem não tem opinião ainda formada ou outros quaisquer, se for dito que o que está em causa é ser a favor ou contra o aborto, que votar sim à despenalização é abrir portas para que muitas mais mulheres o façam. Dizer isto é distorcer a intenção real da despenalização. Despenalizar é permitir que aquelas que o decidem fazer o façam em segurança, numa instituição hospitalar assistidas por pessoal médico e não corram riscos., não é incentivar a que o aborto seja feito.
É hipócrita esgrimir argumentos destes e pouco ter feito desde o primeiro referendo que se realizou em 1998 para evitar que jovens engravidem, que mulheres de famílias numerosas e fracos recursos engravidem. O aborto não pode ser considerado meio de contracepção, é um último recurso em situações concretas. Se o SIM ganhar, como espero que ganhe, é preciso legislar, é preciso que essa legislação espelhe, de facto, o respeito à vida, haja mecanismos de acompanhamento à mulher grávida que entende abortar, de aconselhamento, que a ajude a reflectir se essa é, de facto, a última porta, o último recurso. A nossa Igreja, ao invés de ameaçar com excomunhões (bom que nem todo o clero tem estas atitudes repressivas), tem por obrigação de, nas Pastorais da Família, e, principalmente na da Juventude de formar consciências na discussão aberta da sexualidade, formar os jovens no amor e respeito à vida, na sexualidade responsável em que ambos, rapaz e rapariga, sigam de mãos dadas um caminho seguro em que o acto sexual seja o coroar de uma relação estável e séria. Que cada vez mais se ouça falar em namoro casto, no sexo depois do casamento, mesmo que este seja o juntar dos trapinhos. De qualquer forma, cabe aos Pais, pois a educação e a formação dos jovens, começa no seio familiar, esclarecer abertamente os filhos, quanto às formas de prevenir uma gravidez fora do tempo e muni-los dos meios, às moças a pílula e aos rapazes o preservativo, para que, e volto a referir, de uma forma consciente, giram a sua sexualidade. Não me venham agora dizer que dar uma caixa de contraceptivos a uma filha e preservativos ao filho é dizer: Vá filhos, a partir de agora podem fazer sexo à vontade. Não. É dizer: olha eu nestes anos todos expliquei-te que fazer amor é com quem amamos e por vezes demoramos algum tempo a ter a certeza de que amamos, portanto não tenhas pressa, mas quando chegares a essa conclusão está aqui a forma de não engravidares. Esta é uma das formas mais seguras. As outras, eu já tas expliquei. Agora está nas vossas mãos.
Diz Frei Bento Domingues a arrematar a sua crónica de ontem no Jornal “O Público: “Parece-me exorbitante ameaçar os católicos, que votem "sim", com a excomunhão. Comparar o aborto ao terrorismo é fazer das mulheres aliadas da Al-Quaeda. A retórica deve ter limites.
Creio que é compatível o voto na despenalização e ser – por pensamentos, palavras e obras – pela cultura da vida em todas as circunstâncias e contra o aborto. O "sim" à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, dentro das dez semanas, é contra o sofrimento das mulheres redobrado com a sua criminalização. Não pode ser confundido com a apologia da cultura da morte, da cultura do aborto, embora haja sempre doidos e doidas para tudo.
Eu, agora, competente me confesso para afirmar: quando, em Portugal, o aborto for obrigatório, abandono o país. Nem mais, nem menos.”
Eu reafirmo:
Sou contra o aborto, sou sem qualquer dúvida a favor da VIDA. Que nunca mulher nenhuma se veja na necessidade de abortar, seja qual for a razão.
Eu voto sim no Referendo da Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez. O resto? O resto fica na consciência de quem na liberdade e no livre arbítrio e por razões que não me cabe julgar, pratica o acto.
Abraços marienses
Funchal, 29 de Janeiro de 2007
Ana Loura
13 comentários:
Ó Ana, eu tenho tantas dúvidas que acho que não vou votar...
eu igualmente dulce também acho que nao irei pelos seus motivos....
Ana, estou a 100% de acordo contigo.
Beijos atlânticos....
Sandra
Olá Ana,
concordo com o que dizes no que toca à manipulação de palavras, frases e ideias. Os apoiantes do NÃO têm feito de tudo para desviar a discussão da verdadeira pergunta que é feita no referendo. Fala-se em "matar uma vida",etc,etc quando não é nada disso que vai a votos.
Espero que o SIM passe e nos coloque no séc.XXI.
Está tudo desorientado...nem percebem o verdadeiro significado do referendo!
Estou completamente de acordo consigo!
Voltarei para ler com mais atênção!
Gostei muito do conteúdo do seu Blog...tanto que resolvi colocar o link no meu Blog...se houver problemas...eu retiro!
Um abraço da
Maria
Acho que é normal haver dúvidas, sejam elas em relação à prática da interrupção voluntária da gravidez em si, seja pela pergunta a qual se vai responder no dia do referendo.
Eu não sou a favor do aborto, sou a favor da vida, mas uma vida com dignidade, uma vida desejada.
Eu vou votar sim porque quero ter uma opção.
A partir do momento que o "sim" ganhe, ou seja, a partir do momento que k seja acrescentada à actual lei uma alínea que dirá que as mulheres poderão fazer um aborto até às 10 semanas de gravidez com acompanhamento médico, psicológico, e feito em estabelecimento autorizado.
As desculpas que os defensores do "não" têm dado, dizendo que se esta alínea for incluída na lei (preferem dizer que o aborto fica liberalizado, mas não é assim) serão feitos mais abortos e que será usado como método contraceptivo. É claro que isto não é assim, até porque os métodos contraceptivos impedem que o óvulo seja fecundado, por isso a utilização do termo "método contraceptivo" é de todo errado quando a mulher já se encontra grávida. Retomando a questão, as mulheres não farão mais abortos a partir do momento em que esta alínea for aprovada pelos portugueses. O que vai acontecer é que os abortos clandestinos deverão diminuir e com certeza haverá mais segurança e apoio quando uma mulher tomar essa decisão. O que os defensores do "não" se esquecem é que não permitir que esta alínea seja aprovada, vão continuar a permitir o aborto clandestino e as suas implicações (abortos feitos em Espanha; as mulheres enfiarem desde a agulhas e chaves no corpo para abortar; a morte de algumas mulheres, etc...), porque quando uma mulher decide que quer abortar ela vai em frente, seja por que meio for, mesmo que custe a vida.
Ao votar sim, estamos a dar condições a quem opta pela interrupção voluntária da gravidez. Não é obrigando a mulher a ter um filho, muitas vezes indesejado e muitas vezes as condições não o permitem, que as coisas se resolvem. Para isso basta ver o número de crianças abandonadas por todo o país.
Por tudo isto, e por mais coisas, eu vou votar sim. Tenho 22 anos, sou estudante universitária. Se engravidasse agora não seria justo para os meus pais que neste momento estão a investir no meu presente e no meu futuro. Penso neles também, não só em mim...
Para quem tiver dúvidas pode consultar um dos sites pelo sim, porque pelo que eu já vi não faltam e-mail’s encaminhados sobre a opinião do "não".
http://www.emmovimentopelosim.org/
Informem-se. É muito importante que não deixem de votar!
Para abstenção, já basta a minha abstenção involuntária, visto que não posso ir a casa votar…
Ângela Loura.
Foi através do blod de uma amiga nossa em comum "Maria Valadas" que tomei conhecimento,e levada pela curiosidade pûs-me a ler o seu último post.
Este tema torna-se muito subjectivo porque é composto por muitas vertentes,eu como a maioria das pessoas acho que confundem,porque o referendo não está a ser muito objectivo,a minha opinião claro.
Bjos Zita
Concordo consigo em tudo, ou quase tudo.
Sou pela vida, contra o aborto.
Há muita coisa que deve ser dita mas que muitas de nós calamos. Somos de uma geração em que a educação sexual era “apenas” Tabu e a contracepção “reservada” às mulheres casadas, e mesmo destas só às de cultura acima da média e que podiam comprar os contraceptivos, e às filhas de Mães esclarecidas. O fazer amor antes do casamento ainda não era tão comum como o é agora. Era um acto não assumido. Acho que, por outro lado, se caiu no oposto. Os nossos jovens começam a actividade sexual cada vez mais cedo e, embora, mais esclarecidos, sobe dramaticamente o número de Mães/Pais na faixa etária inferior aos 16 anos.
Quero deixar o meu testemunho, a minha experiência no que se refere ao aborto. Faço-o de coração aberto e de lágrimas nos olhos:
Era estudante e namorava com um colega, o único método contraceptivo, para além da abstinência total, era o tradicional da contagem dos dias férteis e a abstinência nesses dias. Acontece que a Natureza, por vezes, troca-nos as voltas, a menstruação não vinha, mas as minhas contas estavam correctas, embora tivéssemos feito amor nos dias limites. Deixei passar alguns dias intermináveis, com pavor, com um medo como nunca na vida tinha sentido ou voltei a sentir. O tempo passou e eu à espera de acordar com a menstruação a cumprir o calendário. Quando dou por mim, os trinta dias para a menstruação seguinte tinham passado e o meu corpo começava a transformar-se, os meus seios a ficarem mais duros, mais volumosos, o sono a ser incontrolável: estou grávida. Entrei em pânico. Não fui capaz de partilhar com o meu namorado o que se estava a passar e foi a uma amiga que recorri. Só conhecíamos uma saída: o aborto, pois era impensável dar um desgosto destes aos meu Pais, o ter relações sexuais, coisa que só as levianas, as outras faziam e acima e pior que tudo, estar grávida. Pedimos ao meu namorado para ir ter connosco a um café e contamos-lhe o que se estava a passar. Secretamente eu desejava que ele sugerisse que fossemos em frente com a gravidez, nos juntássemos e víssemos nascer o nosso filho. Mas, não. Foi ouvindo em silêncio e no fim perguntou o que faríamos. A nossa colega disse que conhecia uma velha enfermeira que faria o aborto e ele aceitou como se essa fosse a única saída. As minhas esperanças caríam por terra e eu não tive coragem de dizer que não era isso que eu queria. Ficou ali decidido o destino a dar ao que eu trazia bem dentro de mim.
A minha amiga era o elo de ligação com a velha enfermeira e trouxe a notícia que ela iria ausentar-se com o Marido de férias e que o aborto teria de esperar que ela regressasse. Entretanto seria, eu a ausentar-me, depois, por obrigações familiares e o tempo ia passando e a minha barriga crescendo e eu a evitar o olhar de todos os meus amigos e familiares. Quando foi possível foi marcada a data, o meu namorado trouxe-me três contos para pagar o destino do nosso filho, voltou as costas e foi para o comboio e “lavou” as mãos.
No dia marcado, eu e a minha amiga, fomos a casa da Enfermeira com o cuidado que se punha nessas visitas. Entramos, fomos recebidos pela Enfermeira que nos conduziu a um quarto de dormir onde a cama quase sobrava e sobre a cómoda estavam objectos metálicos de medicina. A senhora balbuciava instruções: dispa-se, deite-se, abra as pernas, relaxe. E eu de olhos fechados a sentir-lhe as mãos, os objectos a entrarem no meu cerne. “Pronto, já está. Pode levantar-se. Leve essa receita, ponha um supositório. Quando urinar, faça-o no bidé e apanhe o que cair, e depois de amanhã quando cá vier traga para ver-mos se saiu tudo.
Fui para a casa da minha amiga, com mais dores na alma do que aquelas que deveriam expulsar do meu corpo o ser que há dias atrás eu já sentia mexer-se dentro de mim. O meu corpo não estava a reagir ao objecto estranho que tinha sido metido no meu útero e cuja expulsão deveria trazer, consigo, o corpo do meu filho. Passados os dois dias voltamos a casa da Senhora a quem tinha recorrido, eu cheia de dores, dores que não chegavam para que se consumasse. O aborto foi terminado à mão. Lembro que as únicas palavras que recordo foram as da Enfermeira a dizer à minha amiga, “olhe, está a ver?” As lágrimas corriam dos cantos dos meus olhos: eu acabava de abortar.
Estes factos que acabo de relatar, resumidamente, passaram-se há 30 anos. Depois disso engravidei 4 vezes, de três delas nasceram-me três filhos, da outra um aborto espontâneo. Em todas essas gravidezes eu recordei vezes sem conta o aborto do meu filho e perguntava-me porquê, porque me tinha acovardado, porque não tinha tido a coragem de assumir, de enfrentar, de desgostar os que me amavam e que, afinal, mais tarde vieram a saber, ou a desconfiar do que se tinha, realmente, passado. Muitas, mas muitas vezes, sonho com este filho que não deixei nascer e pergunto-me a cor dos seus olhos, se seria alourado como o pai e faço contas e penso, se fosse vivo teria…, seria…, estaria já empregado…, em quê? Gostaria da música que gosto? Seria amigo dos irmãos? Tanto sonho por sonhar à conta de um pesadelo que não me larga…”Senhor, esteja o meu filho onde estiver, eu vou conhecê-lo um dia? Tenho perdão? Pai ajuda-me…”
Eu sou contra o aborto, mas voto sim pela despenalização. Quem sou eu, quem somos nós para julgar.
Concordo com a Ana quando diz que mulher nenhuma se veja na necessidade de abortar, que a sociedade seja responsável e abra portas para resolver os problemas que impõem às mulheres soluções que em consciência não querem praticar e que as marcam até ao fim da vida. Que os nossos jovens tenham uma sexualidade responsável, que se abram com as mães, se eu me tivesse aberto com a minha…quem sabe?
Obrigada, Ana, por me ter dado esta oportunidade. Desculpe ter usado o seu espaço para um texto tão longo e por me ter “deixado” falar dos meus fantasmas
Que Deus a abençoe
só acho que nao devemos ter certezas de nada quando se trata do inicio ou do fim da vida. Adorei ontem ver uma entrevista que a judite sousa fez ao Prof Quintanilha (cientista e prof na faculdade de ciencias biomedicas abel salazar no porto) em que ele dizia que é normal haver duvidas numa questão milenar que é esta do inicio e fim da vida e sobre a qual nao se pode dizer que ciencia e igreja estejam a antagonizar(em ambas tem existido evolução ao longo dos tempos: para a ciencia estuda-se ainda qdo tem inicio a vida humana e o que se deve entender por vida humana, na Igreja é o momento em que a alma entra no corpo e é uma questão que tem tb sofrido evoluçoes). Achei mt bonito a humildade sabia dele em dizer que tem medo das pessoas que têm certezas... ele, pelo pouco que ouvi - apanhei-o já numa parte avançada da entrevista - era pela vida sim senhor, mas tem duvidas sobre o momento exacto em que ela tem inicio.... e o que mais me assustou foi a questão da dor... ele nao sabe exactamente se até às 10 semanas há possibilidade do embrião sentir dor.. ele acha que nao, mas ainda assim existem duvidas...eu nunca tinha pensado nisso...
por isto, por ter um familiar deficiente em casa que é o primeiro a ser contra o aborto e argumenta (na linguagem dele que só nós entendemos) que nao estaria vivo (apesar neste momento a sua vida se resumir paradoxalmente a uma felicidade sobre uma cadeira de rodas) .. talvez por tudo isto ou por nada disto, por ambas .. eu ache mesmo que me vou abster....
além do mais ninguem me explica bem o que é que está em causa: porque nao me apresentam já um ante-projecto do projecto de lei??!! É tudo mt vago e depois ainda dizem que nao há certezas sobre a alteraçao legislativa ou nao.... caramba se nao me pediram opinião para penalizar, agora pedem-me para despenalizar, porque?! se fossem mais claros talvez me dessem armas para votar, mas assim estou a votar em que? numa mera intençao?!!
eu sinceramente acho que nunca deveriam ter penalizado o aborto nos termos em que neste momento está, a começar pelo facto de só a mulher ir parar à barra dos tribunais, quando afinal uma mulher para engravidar precisa sempre de um esparmatozoide...quer dizer que a mulher então é duplamente penalizada: psicologicamente e espiritualmente (se for crente) e ainda legalmente!! e já o homem comoé?! ... e doi ver aqui o testemunho anterior quando diz que o namorado foi levar o dinheiro ao comboio e depois voltou à sua vida... nao pode!!!
Desculpa Ana é a primeira vez que desabafo na net sobre este assunto, sobre o qual tenho o maximo respeito e só lamento ter que se fazer abortos e deus me livre um dia de me ver em tais condiçoes dramaticas.. tenho imensa pena das mulheres que o têm de fazer e nunca julgo ninguem, porque cada caso é um caso com razoes pessoais mt proprias...
que Deus nos ajude!
Estamos de facto a viver um tema bastante polémico e que levanta grandes problemas porque é uma área bastante sensível e delicada da consciência humana.
Quer seja o sim ou o não tudo continuará na mesma.Os abortos continuam a existir sempre,temos que ser realistas.
O que seria bom de facto era criar condições capazes para que as mulheres sejam devidamente aconselhadas e seguidas,com cuidados primários para que muitas mortes fossem evitadas.
Tenho ouvido, lido, muito sobre este assunto, e também é com amargura ter que confrontar com tanta hipocrisia,cinismo e alguma leviandade num assunto tão delicado,porque mais uma vez em cima da mesa, estão vidas,e não cifrões.
Quem passa pelas experiências,sempre tem uma visão mais concreta sobre o assunto.
Aos 18 anos fui confrontada com uma gravidez.Não foi bem vinda pela família do meu marido,porque estava dependente da minnha sogra,sem casa,sem emprego e o meu marido com uma das suas crises.
Todos me pressionaram a fazer o aborto,porque a criança iria nascer anormal e para "anormal" chegava o pai.
Inexperiente e sem informação,fiquei aterrorizada,e acabei por concretizar.Escusado será dizer que a família ficou ,feliz e aliviada,felizmente a mão de Deus salvou-me,porque mais tarde na opinião de médicos era impossível ter sobrevivido devido ao tempo a que foi realizado.
De 52 kg passei para 37kg,tive uma anemia em último grau.Consegui reanimar,mas a nível psicológico,fiquei à deriva,mergulhando constamente em depressões,sentimentos de culpa e de revolta.
Na altura de costas virada para a Igreja,porque também fui vitíma desta.
O tempo foi passando mas as sequelas ficam sempre porque tenho a consciência que foi crime.Nestes casos nem padres,nem médicos,nem terapeutas podem ajudar.Só o Pai com a sua misericórdia e compaixão,é que ajuda a lacrar as feridas abertas.
Não vou referendar,mas quando for preciso ajudar e aconselhar alguma mulher,faço-o ,e todas as jovens que estão grávidas,aconselho-as a procurar alguém que as apoie,escute e ouça.Não fiquem em silêncio!.Procurem ajuda.
Pior de tudo é o silêncio amargurado de muitas mulheres,que cometem esses actos,por medo dos maridos ou companheiros,ou com medo de serem rotuladas de assassinas.
Agora outra questão.
Ter filhos,para estes serem rejeitados,maltratados,desprezados, violados,não amados,passarem fome,abandonados à sua sorte também é crime,deixando marcas bem profundas,onde muitas das vezes é preferível morrer,porque os estigmas do sofrimento causam danos irreparáveis na mente e na alma.
Ninguém nasce com cadastro.
À anónima que tem 3 filhos deixo um abraço,pela sua coragem e força.A compaixão do Pai é muito diferente da dos humanos.Ele tudo perdoa, melhor que Ele sabe o que vai no coração dos seus filhos(as).
É preciso muita fé e confiança naquele que nunca nos abandona nunca,mesmo nas horas mais amargas da vida.
Muitas felicidades
Que momentos deliciosos passei a percorrer o teu Blog... os temas apresentados são do maior interesse!
Obrigada por os partilhares connosco!
Bom fim de semana e
um beijo da
Maria
A destruição do embrião no útero materno é uma violação ao direito à vida que Deus deu ao nascituro... e isto não é mais que um assassinato."Dietrich Bonhoeffer, teólogo protestante enforcado pelos nazis em 1945.
Porquê pactuar com um governo que pode proteger as mães aprovando os projectos de descriminalização das mulheres,que estão no Parlamento e no entanto não o faz porque lhe é mais simples aprovar, sem qualquer condição, a destruição da vida,até às 10 semanas ?
Não podemos ser contra a vida de quem não se pode defender se o outro valor-a vida das mães- pode ser defendida por aleração da legislação.
Temos que ser coerentes e ser a favor da vida em todos os casos,o que é absolutamente possível.Aqui tb se diz o como http://razoesdonao.blogspot.com/
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