15 de março de 2004

Crónica Nº 3 Atentados em Espanha

Bom dia!
É Impossível não falar dos últimos acontecimentos em Espanha, ficar indiferente a tamanha violência que atingiu pessoas vulgares como qualquer um de nós e como os nossos filhos É impossível não ficarmos chocados com as imagens de tão grande violência transmitidas pelas televisões, o desespero estampado nos rostos, a dor...
Tudo indica que o sangrento atentado tenha como causa a posição tomada pelo Senhor Aznar e o seu governo, de apoio evidente e declarado à incursão e guerra movida pelo Senhor Bush ao Iraque em nome de uma democracia que só o Presidente dos Estados Unidos, os Primeiro ministros da Grã Bretanha, Espanha e o nosso próprio Primeiro Ministro reconhecem como tal. Estranha democracia essa que os faz invadir e matar à procura de armas que não existem…
Se os terroristas da Al Kaeda fizeram este atentado em consequência da cimeira das Lajes, ponhamos as nossas barbas de molho…seremos também alvo da ira dos terroristas. Essa é uma triste e inquietante certeza. Falta saber a hora e o local. Pena que seja o povo inocente a sofrer consequências das atitudes de subserviência do nosso Primeiro-ministro às políticas dos seus aliados.
O Governo Espanhol quis convencer o Povo de que o atentado era da autoria da ETA, servia-lhe como uma luva, nas vésperas das eleições atribuir o atentado à esquerda radical. Mas o tiro saiu-lhe pela culatra: a ETA, que sempre assumiu e reivindicou a autoria dos seus atentados, rejeitou este logo na primeira hora. O povo espanhol manifestou-se contra o atentado e exigiu que, de imediato, fossem encontrados os culpados. Estando fora de hipótese a ETA, logo as hipóteses recaíram sobre os extremistas islâmicos e a relação directa do atentado com a cimeira das Lajes.
Assim sendo, os espanhóis foram expressivos na forma como votaram nas eleições Gerais de ontem tendo baixado significativamente as abstenções e dado a victória ao Partido Socialista Operário Espanhol e à verdadeira democracia. À democracia da liberdade de expressão, da alternância democrática que penaliza quem engana e se serve do povo em vez de o servir.
Que estes acontecimentos nos sirvam de exemplo, que não seja preciso esperarmos por um atentado no Euro 2004 ou no Rock in Rio para penalizarmos, ainda que tardiamente, a meu ver, o nosso governo pela atitude que tomou, contra as opiniões da generalidade do povo, em relação ao envolvimento de Portugal na loucura hegemónica do Governo dos Estados Unidos.
Em relação às vítimas espanholas do horrendo atentado só resta dizer: Paz às suas almas, que o Senhor os receba na Sua glória.
Santa Maria, 15 de Março de 2004
Ana Loura

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