Bom dia!
Cheguei Sábado a casa. Estou na minha casa, na casa base da minha Família, na casa onde permanece latente metade de mim. Com emoção a outra metade aproximou-se dela à velocidade de cruzeiro de um ATP e, quando o avião aterrou de supetão, parecia que o piloto queria abanar-me e dizer: Eh, Ana, abre bem os olhos, chegámos. É aqui que tens descer da nuvem, da tal nuvem por trás do espelho. Tem sido gratificante encontrar os amigos e conhecidos que, carinhosamente, me abraçam e me fazem sentir, ainda mais, filha desta ilha que tanto amo.
Fui à Feira das Actividades Económicas. Confesso que achei péssima a escolha do local, os terrenos da Fábrica da Telha…Terreno desnivelado o que fez com que os esforços e meios aplicados para minimizar o problema não tenham resultado em pleno e passear pelos corredores e apreciar os standes tenha sido, de certo modo, desagradável.
Agradável foi ver que o nosso Comércio se vai expandindo por áreas inovadoras, embora ache que nem todos os comerciantes com volume e áreas de consumo justificáveis tenham respondido e correspondido. Mas também não haveria espaço para mais. Creio haver alternativas ao espaço escolhido, desde o campo de futebol velho sito na zona do Aeroporto aos terrenos que creio pertencerem à Junta de freguesia de Almagreira. Ouvi alguém observar que a opção do campo de futebol teria sido posta de lado por estar na área do Aeroporto e as pessoas das freguesias terem relutância em ir lá. Creio ser um falso argumento quando se aponta exactamente os terrenos, ainda, sob a posse da ANA SA, como a expansão natural da Vila.
Gostaria de referir que em relação aos terrenos e aos edifícios da Fábrica da telha tenho uma opinião que já formulei há anos. Considero o espaço ideal para a implantação de um auditório, sala de congressos, Museu da ilha que comporte todo o espólio aeronáutico da ANA e da NAV que com o andar dos anos tem ou desaparecido ou ficado irremediavelmente deteriorado, todas as ferramentas de todas as artes e ofícios da história da Ilha, os canhões que andam perdidos e enterrados não se sabe bem onde, âncoras, barcos de pesca antigos, carros de bois, carroças. Tantas são as carências da ilha q não seria difícil dar destino aos edifícios e espaços circundantes, onde ficariam lindíssimos jardins do género dos do Centro Cultural de Belém ou Serralves e vastas zonas para estacionamento dos utentes do complexo. Mas parece que os marienses perderam definitivamente a possibilidade daquela estrutura ficar na posse quer o Governo Regional quer da Autarquia. O seu estado de degradação é confrangedor e não faço ideia se a maquinaria que, há poucos anos atrás ainda dava ideia do que terá sido um dia, os moldes das telhas que, ainda, estavam por lá, foram recolhidos ou não como acervo museológico. Não sei se quem tem obrigação de zelar pelo nosso património histórico fez por acautelar alguma coisa ou se algum estrangeiro com visão da cultura que ultrapasse mais do que o comezinho não tenha metido as coisinhas na mala e levado para a sua terra ou mesmo alguém tenha vendido para algum antiquário de S Miguel…ou para o ferro velho, é que “quem o seu não vê, o diabo lho leva” e parece que nem estamos escaldados com acontecimentos idênticos de um passado recente em que peças do nosso barro foram transladadas para a ilha vizinha.
Sei que está prevista a recuperação de um dos edifícios da zona histórica, vi de relance o projecto no espaço da Câmara Municipal, que comportará muitas das valências que referi. Acho fundamental esta recuperação que também já tarda, mas acho, também, que não faltam serviços a precisarem de instalações dignas, um deles o Tribunal.
Como vos disse, é bom voltar a casa, voltar a fazer as “rotinas” que são a minha vida cá. E este Domingo participei na Missa da Matriz. Fui surpreendida pela figura jovem do padre que me impressionou bastante pelo olhar límpido e firme, pelo discurso claro de quem tem a certeza da sua opção de vida. Vou citar o que alguém escreveu no Mulheres de Atenas acerca dele: “Não sendo paroquiana dele, no entanto, desde que chegou a S. Miguel, sempre ouvi as melhores referencias dele como pessoa e como sacerdote…o que mais me cativou no Pe Sérgio (para além da sua bondade e simplicidade por todos referenciadas) foi a forma Universal como faz passar essa Mensagem: trata de forma tão próxima do "igual" o diferente, ou seja, os que um dia se perderam de Deus e de si próprios; não só não julga quem ainda não acredita como os acolhe como filhos do mesmo Pai”
E como eu própria já disse “Estejamos disponíveis e dispostos a respondermos e correspondermos aos apelos de colaboração que, certamente, eles nos fará.”
É bom voltar à ilha, mesmo que seja já com o sabor inevitável da partida, mas por outro lado com a certeza de mais um regresso.
Abraços marienses
Santa Maria, 23 de Outubro de 2006
Ana Loura
Cheguei Sábado a casa. Estou na minha casa, na casa base da minha Família, na casa onde permanece latente metade de mim. Com emoção a outra metade aproximou-se dela à velocidade de cruzeiro de um ATP e, quando o avião aterrou de supetão, parecia que o piloto queria abanar-me e dizer: Eh, Ana, abre bem os olhos, chegámos. É aqui que tens descer da nuvem, da tal nuvem por trás do espelho. Tem sido gratificante encontrar os amigos e conhecidos que, carinhosamente, me abraçam e me fazem sentir, ainda mais, filha desta ilha que tanto amo.
Fui à Feira das Actividades Económicas. Confesso que achei péssima a escolha do local, os terrenos da Fábrica da Telha…Terreno desnivelado o que fez com que os esforços e meios aplicados para minimizar o problema não tenham resultado em pleno e passear pelos corredores e apreciar os standes tenha sido, de certo modo, desagradável.
Agradável foi ver que o nosso Comércio se vai expandindo por áreas inovadoras, embora ache que nem todos os comerciantes com volume e áreas de consumo justificáveis tenham respondido e correspondido. Mas também não haveria espaço para mais. Creio haver alternativas ao espaço escolhido, desde o campo de futebol velho sito na zona do Aeroporto aos terrenos que creio pertencerem à Junta de freguesia de Almagreira. Ouvi alguém observar que a opção do campo de futebol teria sido posta de lado por estar na área do Aeroporto e as pessoas das freguesias terem relutância em ir lá. Creio ser um falso argumento quando se aponta exactamente os terrenos, ainda, sob a posse da ANA SA, como a expansão natural da Vila.
Gostaria de referir que em relação aos terrenos e aos edifícios da Fábrica da telha tenho uma opinião que já formulei há anos. Considero o espaço ideal para a implantação de um auditório, sala de congressos, Museu da ilha que comporte todo o espólio aeronáutico da ANA e da NAV que com o andar dos anos tem ou desaparecido ou ficado irremediavelmente deteriorado, todas as ferramentas de todas as artes e ofícios da história da Ilha, os canhões que andam perdidos e enterrados não se sabe bem onde, âncoras, barcos de pesca antigos, carros de bois, carroças. Tantas são as carências da ilha q não seria difícil dar destino aos edifícios e espaços circundantes, onde ficariam lindíssimos jardins do género dos do Centro Cultural de Belém ou Serralves e vastas zonas para estacionamento dos utentes do complexo. Mas parece que os marienses perderam definitivamente a possibilidade daquela estrutura ficar na posse quer o Governo Regional quer da Autarquia. O seu estado de degradação é confrangedor e não faço ideia se a maquinaria que, há poucos anos atrás ainda dava ideia do que terá sido um dia, os moldes das telhas que, ainda, estavam por lá, foram recolhidos ou não como acervo museológico. Não sei se quem tem obrigação de zelar pelo nosso património histórico fez por acautelar alguma coisa ou se algum estrangeiro com visão da cultura que ultrapasse mais do que o comezinho não tenha metido as coisinhas na mala e levado para a sua terra ou mesmo alguém tenha vendido para algum antiquário de S Miguel…ou para o ferro velho, é que “quem o seu não vê, o diabo lho leva” e parece que nem estamos escaldados com acontecimentos idênticos de um passado recente em que peças do nosso barro foram transladadas para a ilha vizinha.
Sei que está prevista a recuperação de um dos edifícios da zona histórica, vi de relance o projecto no espaço da Câmara Municipal, que comportará muitas das valências que referi. Acho fundamental esta recuperação que também já tarda, mas acho, também, que não faltam serviços a precisarem de instalações dignas, um deles o Tribunal.
Como vos disse, é bom voltar a casa, voltar a fazer as “rotinas” que são a minha vida cá. E este Domingo participei na Missa da Matriz. Fui surpreendida pela figura jovem do padre que me impressionou bastante pelo olhar límpido e firme, pelo discurso claro de quem tem a certeza da sua opção de vida. Vou citar o que alguém escreveu no Mulheres de Atenas acerca dele: “Não sendo paroquiana dele, no entanto, desde que chegou a S. Miguel, sempre ouvi as melhores referencias dele como pessoa e como sacerdote…o que mais me cativou no Pe Sérgio (para além da sua bondade e simplicidade por todos referenciadas) foi a forma Universal como faz passar essa Mensagem: trata de forma tão próxima do "igual" o diferente, ou seja, os que um dia se perderam de Deus e de si próprios; não só não julga quem ainda não acredita como os acolhe como filhos do mesmo Pai”
E como eu própria já disse “Estejamos disponíveis e dispostos a respondermos e correspondermos aos apelos de colaboração que, certamente, eles nos fará.”
É bom voltar à ilha, mesmo que seja já com o sabor inevitável da partida, mas por outro lado com a certeza de mais um regresso.
Abraços marienses
Santa Maria, 23 de Outubro de 2006
Ana Loura
4 comentários:
Que fique registado ..... a Ana saiu do avião mesmo em velocidade cruzeiro.... é que nem olhou para mais nada a não ser para a porta de desembarque de passageiros.... e eu ali sentado no "4x4" da bagagem.
Bjs e welcome home
Pena não haver mais gente com essa "entrega" pela terra onde se vive! Quanto ao Pe. Sérgio, de (fontes seguras) onde ele saíu, saudade e falta, a muitos tem feito!
Bo dia Ana!!
Há dias que ando a tentar colar uma msg mas nao tenho conseguido. A ver se hoje a sorte está do meu lado!!
Ainda nao consegui ler (a minha velocidade de leitura na net tem sido mt lenta- lol) a maioria dos teus sempre tao interessantes (por vezes embaraçosos com certeza, mas por isso mesmo mais interessantes ainda) textos que nos vais deixando aqui, para que a partir deles atenuemos a insularidade geografica a que estamos votados pela mae natureza, mas que se bem aproveitados, sao daquelas armas que temos ao nosso dispor para acabar de vez com esta "insularidade mental" (expressoa minha, mas tb de outras pessoas sobejamente conhecidas. mas atençao que nao é plagio, pois quando a começei a usar há mts anos nem sabia que essas pessoas tb a usavam. foi conversando com uma delas um dia que ao usarmos os dois a mesma expressao ficamos a olhar um para o outro e afinal acabamos por perceber que até temos estados de alma mt semelhantes e que os expressamos tb de forma parecida, mas nunca igual, pois acho que nenhuma alma é igual à outra)que tanto atrofia a nossa sociedade, presa em ilhas de preconceitos, ilhas de "cultura domestica", levando vidas de pormenores, quando afinal a Vida é mt mais que isso.. talvez eu fosse bem mais feliz se me contentasse com uma vida de pormenores, penso que nesses casos a felicidade está mt mais à mao: um vestido novo, um baile, um jantar com alguem tido por "importante".. tudo isto deve dar às pessoas uma enorme satisfaçao e prazer. Importante para mim é saber que tenho Amigos, bonitos por dentro, humanistas, amantes do Proximo, mas como me focalizo mt no Ser Pessoa do Outro, a Vida tona-se mais intensa, mas tb maais inquietante e geradora de insatisfaçao, pq queremos sempre dar mais e mais ao Outro e à Humanidade, quando Deus tb nos manda amarmo-nos a nós proprios..nao queremos que o Outro parta, quando afinal é a coisa mais certa que temos nesta Vida (de que um dia ela termina nesta terra, para continuar noutra penso eu..), ou mesmo quando parte para outro lado do país, fica-nos aquele sabor amargo da saudade a que o ilheu já tanto se acostumou e que transforma nossa alma como que num autentico cais de partidas e chegadas... enfim dilemas para os quais ainda nao consegui o devido equilibrio..
mas Ana já fugi demais ao tema.. e que era o regresso a Casa. Gostei imenso da forma como o descreveste, eu tb amo regressar á minha casa, àquela parte da ilha que me viu nascer e que é o campo, natureza, pessoas ainda simples e puras de coração (embora algumas já minadas pela ansia de quererem ser citadinas, quando afinal o campo nao estupidifica ninguem, talvez até nos deixe mais espaço para desenvolver a alma)..
e quanto à refeencia ao Pe Sergio, pura e simplesmente fiquei mt feliz por ele estar a ser acarinhado aí. Sei que nao sou fonte segura (pois nao era sua paroquiana no sentido oficial da palavra. Mas, como a minha Igreja é qualquer uma em que esteja um sacerdote a celebrar a Palavra de Deus da forma mais pura e autentica possivel, eu sentia que os seus paroquianos era toda e qualquer pessoa que ali entrasse, ou que apenas ficasse na "soleira da porta".. como se disse sempre passou a Mensagem de deus de forma Universal) mas que deixou por onde passou, isso deixou...
Bem Haja todos que o estimam, ou seja, Bem Haja para voces todos!!
Abraço e desculpem o texto ir tao longo e pouco já ter a ver com o "ATP e sua velocidade"..
Mta saúde e Paz vos desejo do fundo do coraçao!
Nem vou reler desculpem, pq tou com um pouco de pressa (afinal tb corro e dou por mim incluida neste pacote que tanto critico de sociedade que corre atras do nada.. tenho que refrear a minha critica ou entao incluir-me nela.. pois é. acabo por ser vitima da minha critica, e sinto-me envergonhada..)
desculpem tb aqui os erros (sinal de que a pressa sempre será inimiga de perfeiçao), uns de portugues e facilmente perceptiveis, mas outros nem tanto: quando no final dizia que pe sergio deixou por onde passou.. faltou a palavra "marca, saudade"..
correcçao feita, um abraço renovado a todos!
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