16 de abril de 2007

Voltar? Sempre!








Bom dia!
Ser, estar, permanecer, ficar. Voltar?

Sim, voltar sempre e mais uma vez e para sempre

Domingo, dia 15 de Abril de 2007. Faltam pouco mais de 24 horas para eu voltar, mais uma vez, costas à minha casa. Cada vez me custa mais fazê-lo, de cada vez vou mais triste. Da última vez que fui embora encontrei uma forma de me convencer de que, não sendo um ser humano feliz, não sou plenamente infeliz, quem o é,? e que cada momento de bem estar, de felicidade é contabilizado a meu favor e que cada oportunidade que arranjo para cá estar deve de ser aproveitada até ao último minuto. O certo é que o não estar cá não me faz infeliz…costumo dizer que quando chego lá e engreno no meu dia a dia e não penso muito, não me lembro do que ficou aqui e, até sou de alguma forma feliz. Estar lá tem coisas muito boas, estou todos os dias com os meus velhos, olho para eles, ouço-os, faço-lhes um pouco de companhia e esses momentos fazem-me, por momentos, feliz; o facto do meu filho estar a gostar do que estuda e estar a ter resultados cada vez mais positivos concretizam os objectivos que me levaram a ir para o continente. Mas quando estou cá e penso que tenho que deixar a casa, os meus bichos, que na minha ausência são muito bem tratados por quem me faz esse impagável favor, os caminhos que gosto de percorrer, as pessoas que gosto de encontrar, abraçar, a quem gosto de levantar a mão em jeito de saudação quando nos cruzamos nas estradas, caio em tristeza profunda, em choro de Madalena Arrependida. Quando me perguntam se já me arrependi mentiria se respondesse que não, mas creio que também minto se assim em absoluto disser que sim. Estranha a alma humana quando não sabe o que quer sabendo o que não quer.

Mas chega de lágrimas, falemos de outras coisas a ver se animamos:

Pois comi umas sopas de Império que me souberam pela vida de tão boas que estavam. Tem razão quem está a pensar que ainda não é época de Impérios, que mal saímos da Páscoa, que ainda faltam os pouco menos de cinquenta dias que a separam do Pentecostes. Mas mesmo assim eu comi as sopas e pela simples razão de que ainda há quem abrace causas, quem trabalhe para a comunidade, quem saiba o que quer dizer ter causas comuns. Um grupo de pessoas juntou-se e preparou as sopas para quem quisesse comesse e pagasse apenas cinco Euros que reverteriam para obras de beneficiação na Paróquia de Santo Espírito. Ora eu juntei o útil ao agradável, comi umas saborosas sopas, eu adoro sopas, comprei um saquito de rifas que me rendeu uma chávena para eu tomar o meu café na casa de Árvore e contribui para uma causa nobre: as obras da lindíssima igreja de Santo Espírito

Na minha crónica de 18 de Novembro de 2005 dizia eu a propósito de um jantar organizado no ASAS para angariação de fundos para o futuro Centro paroquial de Santa Maria:

“...os talentos que temos e fazemos render em prol da Comunidade que somos, uns catequistas, outros cantores, outros ministros da Comunhão, os que passam a toalha do altar e varrem a igreja e ainda os que cozinham, lavam louça e preparam as salas onde se realizam estas coisas. A comunidade faz-se de participação, dos talentos que somos chamados a desenvolver nela. Só participando naquilo para que somos chamados cumprimos a nossa vocação comunitária. “

Acrescento: claro, que quem não participa, normalmente diz mal do que os outros fazem, mas com esses, os que participamos, contribuímos, podemos nós bem e acabamos por sorrir.

Santa Maria tem gente muito válida, que sabe arregaçar mangas e trabalhar. Haja quem dinamize.

Abraços marienses
Santa Maria, no dia em que mais uma vez parto, 16 de Abril de 2007
Ana Loura

PS: Obrigada a todas e todos que me fizeram sentir bem vinda e em casa. Bem-hajam

8 comentários:

Tiber disse...

Olá
Pois é Ana... As nossas raizes muitas vezes estão no sitio mais estranho ee, pior do que isso, estão em vários sítios ao mesmo tempo...
É curioso que ao fim deste tempo continues a ver Santa maria como a "tua" casa...Só um ilhéu é capaz de perceber isso, há-de ser sempre a tua casa e, um dia hás de sentir um apelo impossivel de contrariar e a necessidade de voltar a casa...

Ao menos que tudo esteja bem com os miudos...

Bjinhos, obrigado pelas tuas palavras e por contunuares a visitar o meu "calhau"...

Tiber

Anónimo disse...

Ana, fiquei de lagrima no olho, e nao é para menos.. faz lembrar aquele cais de partidas que sempre foi meu coraçao, desde que iniciei a minha vida de estudante em lx. já lá vao mais de 20 anos!!! Mas nunca mais perdi aquele nó na garganta tipico das vésperas de largar nossos cantinhos, as pedras da calçada que pisamos todos os dias, os caminhos que nos levam aos nossos calhaus, os cheiros a verdura e terra molhada logo pela manhã (até à mistura com o "cheiro" a bosta... que me perdoe quem nao sente isto e acha nojento, mas nao é.. é apenas saudades da infancia, amor à terra...nada mais...e até foi um grande Amigo do continente que é açoriano do coraçao e trabalha cá, que um dia acrescentou este cheiro como tipico de cá, tal como o cheiro a pimenta em certas zonas de sao miguel e o cheiro a terra molhada quando sai do avião)nossas pessoas conhecidas a quem dizer "bom dia! haja saúde!", nossos animais, pessoas amigas que tratam deles nas nossas ausencias, no meu caso tb foi o cortar o cordão umbilical com a familia e esse foi por demais doloroso... Mas é tb a familia, o estar junto de quem um dia me deu a vida e se sacrificou por mim, que ainda hoje me agarra a esta terra que adoro (mesmo que impregnada tb de mentalidades que nada têm a ver com a minha e me fazem sentir a insularidade mental que é bem pior do que a geografica como um dia já disse aqui ou noutros lados da net..) .. por isso Ana acho que vale a pena o teu "sacrificio da ausencia" para estares junto deles.. por cá, quem te ama, vai na certa guardar-te para sempre no coraçao.. e de cada vez que comer as sopas de que gostas, percorrer os caminhos que gostavas de trilhar, participar nalguma das actividades em que entravas de alma e coraçao.. vai na certa lembrar-se de ti e até ligar-te ou enviar um sms como eu mtas vezes faço com os meus amigos ausentes..
mas nao me digam que a felicidade é total, nao é ana.. existe sempre um fundo de insatisfaçao..
bem, já falei demais..
Haja Saúde, minha cara amiga e nao sei se conterranea - literalemtne falando, claro, pk de coraçao és e de que maneira!!!
Bjs e dia Feliz!!

Natália de Abreu disse...

É sempre bom sabermos onde está a nossa casa.
Santa Maria deixa-nos constrangidas...
Saimos – a muito custo, mas saimos. Até parece que temos um iman que nos prende e não nos quer soltar desta ilha...

Fica sempre no ar a vontede de sempre voltar. Voltar, para cá ficar.


Beijos Natália de Abreu

Anónimo disse...

Querida Ana...Comadre...Amiga

Porque gosto deste teu confessionário de sentimentos, emoções e muita verdade, indiquei o teu blog como um dos 5 blogs que me fazem pensar.
No post que fiz sobre o assunto estão as indicações.
Obrigada por me trazeres tantas emoções

Beijinho

Isabel

leituras disse...

Parabens!

Bem escolhido!

Boa semana

Um Poema disse...

Ter que partir do nosso canto... ter que deixar para trás o nosso chão... é uma sensação de perda muito difícil de suportar. Resta sempre, porém, a esperança no regresso e essa tem uma força imensa.

Entendo porque é que a Isabel te elegeu como um dos 5.
Justíssima nomeação.
Parabéns!

Um abraço

M.C disse...

Serás sempre bem vinda a casa Ana.

Bjs

Tiber disse...

Olá
Espero que o teu fim de semana tenha corrido bem...
Eu não conhecia o Fernando do Fraternidade, apenas me habituei a passar por lá e a ler muitas das coisas que ele lá escrevia... E ele de vez em quando lá passava pelo meu cantinho e deixava um ou outro comentário... Mas tenho pena de não o ter conhecido melhor... Foi triste quando partiu, deixou um vazio por aqui...

Bjinhos
Tiber