7 de janeiro de 2008

Falências, desemprego, estratégias, ou falta delas


































Bom dia!

“Votos de que o novo ano seja para todos nós um ano de progresso, de realizações que desenvolvam Santa Maria e portanto nos dêem qualidade de vida que faça cada vez mais valer a pena viver cá.”

Assim rematei a crónica da semana passada e é um sincero voto de quem ama a ilha e os que nela vivem, mas tenho que confessar que é um voto um pouco fora da realidade. Os dias em que estive em casa foram atribulados, só saí de casa para tratar de assuntos urgentes e quase não olhei para o que toda a gente vê: que uma das lojas importantes na nossa frágil economia tinha encerrado definitivamente e outra está em vias de encerrar ambas por motivo de falência. Ao conversar com uma pessoa sobre o assunto veio à baila o mal que a instalação de lojas do tipo chinês tem feito ao nosso comércio tradicional, o único que temos. Sabemos que o nosso comércio, pelo menos algum, tem preços demasiado altos justificados, dizem os comerciantes, pelos preços dos transportes, sabemos que todos os consumidores de Santa Maria, presumem que à conta dessa justificação estaremos a ser explorados. Ficámos profundamente decepcionados com a decisão do Governo Regional em vedar a instalação de grandes superfícies nas ilhas pequenas com a justificação de que essa instalação “mataria” os pequenos comerciantes. Já aqui referi esta questão na crónica do dia 19 de Novembro falando da minha revolta de consumidora face a ter de alimentar um comércio que de alguma forma me explora. Mas, tudo tem a outra face. Neste momento é com mágoa que vejo algumas pessoas que conheço passarem a uma situação de desemprego e num dos casos um casal. É que uma coisa é vermos na televisão o que acontece na terra dos outros e ficarmos com pena outra é vermos com os nossos olhos a desolação a bater à porta de quem nos é próximo.

Nada me move contra o comércio realizado pelas lojas dos chineses, entendo que pessoas de mais fracos recursos recorram a ele para se abastecerem a baixo custo e muitas das vezes a baixa qualidade (Estão os produtos vendidos nas lojas ditas dos chineses abrangidos pela lei que rege as garantias de qualidade?), apenas não entendo como que em nome da defesa dos pequenos comerciantes não se deixe instalar comércio onde a qualidade dos produtos é assegurada com garantias legais, os produtos na sua maioria se não são portugueses são produzidos na União de que fazemos parte ou importada de países com quem temos acordos comerciais e pagam impostos e se permite a instalação de comercio ao qual o Governo Português isenta de impostos durante, creio, que cinco anos e a quem o governo do país de origem paga as rendas dos espaços onde se instalam.

Agora pergunto: Quem defende os trabalhadores que ficaram, agora, no desemprego? Que medidas tomou ou tomam a Câmara do Comércio, a Câmara Municipal? Que estratégias criaram os nossos comerciantes para se defenderem da concorrência, que eu acho desleal pelos incentivos criados pelo Governo Português através da isenção de Impostos à instalação das lojas de comércio chinês?

Estes trabalhadores devem ter tido um Natal bem amargo. Para eles vai um abraço e votos de dias melhores. Santa Maria tem problemas de desenvolvimento, económicos e outros que são graves. Não há estratégias. Penso que o campo de golfe não seja estratégia de desenvolvimento, é desenquadrado, é assim como que uma coisa fora de qualquer contexto. Temos que ter esperança numa ilha melhor e mais desenvolvida, mas…a tristeza e a desolação são muito para além de qualquer esperança.

Abraço (triste) mariense

Árvore, 7 de Janeiro de 2008

Ana Loura

6 comentários:

Anónimo disse...

Ana, concordo com a tua análise , sobre o encerramento destes dois estabelecimentos na nossa Ilha, e todos ficamos mais pobres com os mesmo encerramentos, mas culpar os Chineses não está correcto, porque a culpa não é da concorrencia que estes povos fazem (é que se fossemos como eles trabalhadores a sério..) não haveria concorrencia que nos fizesse frente... para tudo na vida é preciso trabalhar. O que aconteceu ao Super Batista pode muito bem acontecer com o super do Aeroporto um dia destes onde tudo está ao molhe e sem hegiene, não era o caso do Super Batista é certo (outras razões houve concerteza) Mas se este super do Aeroporto não tiver uma inspecção a sério um dia destes feixa as portas também e lá vão pensar outra vez que são os chineses que tiveram culpa . O Comercio em Santa Maria tem de se organizar não pode continuar a actuar como se de uma feira se tratasse. Não é a Camara Municipal que se tem que preocupar também com o pequeno comercio mas antes serem os próprios comerciantes a ter preocupação com as populações a quem vendem. Se as coisas nestes estabelecimentos fossem feitas com regras, com organização e acima de tudo com a devida e Rigorosa hegiene tenho a certeza que seria diferente e nem precisariamos de Grandes Super cá na terra , o que existe dava perfeitamente para os que cá vivem. Mas se em pequenas lojas não conseguimos dar conta do recado imagina então com Grandes Supers. Também acho que o povo Mariense tem sido bastante penalizado com o modo como se vende nesta terra e se agora se recorre aos Chineses é porque não há condições acessíveis em todos os bolsos para o não fazer e deixa que te diga que em muitas das nossas lojas já lá está o produto chinês a onde o vão comprar para nos vender??? Tudo temos aguentado até um dia em que o povo tenha coragem de dizer basta de sermos enganados!!!
L.A.

Anónimo disse...

Desculpem :
é higiene e não hegiene às vezes sai mal ..

L.A.

Anónimo disse...

boas srª Ana Loura
"entendo que pessoas de mais fracos recursos recorram a ele para se abastecerem a baixo custo e muitas das vezes a baixa qualidade (Estão os produtos vendidos nas lojas ditas dos chineses abrangidos pela lei que rege as garantias de qualidade?), apenas não entendo como que em nome da defesa dos pequenos comerciantes não se deixe instalar comércio onde a qualidade dos produtos é assegurada com garantias legais"
eu nao concordo muita com essa afirmaçao porque não só as pessoas de fracos recursos compram nos chineses... e enquanto noutras lojas podem levar a roupa e uma factura nos chineses isso nao acontece porque tem que ser com dinheiro na mão... e a qualidade em relação a roupa por vezes anda elas por elas....
Por exemplo para as crianças enquanto compra um fato treino por 10€ nas outras lojas 20/25€ nao dá e passados 3/4 meses deixam de servir e o resultado é o mesmo... neste pormenores fazendo bem as contas ajuda um pouco o orçamento familiar...
Isto é o meu ponto de vista....
cumprimentos
A.B.

Ana Loura disse...

Boas
Claro que é indiscutível a importância que a abertura das lojas ditas do chineses tem no orçamento familiar de muitas famílias. Acontece é que a concorrência que elas fazem ao comércio já estabelecido é desleal em muitos aspectos: a questão dos impostos é uma delas, os "nossos" comerciantes não têm como fugir dos impostos; as rendas dos espaços é outro dos aspectos, os "nossos" comerciantes ou compram os espaços ou pagam as rendas, não têm como fugir dessa realidade; pagamento de salários, sabemos que nas lojas ditas dos chineses os empregados quase não existem, são lojas tipo familiar. Nas instaladas em Santa Maria creio que cada uma delas tem um empregado que creio existam mais por causa do factor língua. Os produtos vendidos, pelo que sei, são todos fabricados na China com recurso a mão de obra muitas das vezes com recurso a crianças, sem horários de trabalho quase em regime de escravatura. Não sou eu quem inventa estas coisas, são do conhecimento público. Sim, os chineses que se estabelecem em Portugal trabalham árduamente para amealharem uns trocos, mas continuo a achar desleal a concorrência que fazem ao restante comércio

Que o restante comércio nos explora? Não tenho dúvidas

Que lamento a situação em que ficaram os trabalhadores que se vêem agora no desemprego, lamento.

Que já ouvi uns zum-zuns quanto ao futuro dos Supermercados Baptista que me fazem sorrir de alívio e acreditar que melhores dias virão quer para os empregados quer para os consumidores lá isso ouvi...concretizem-se eles e eu darei a mão à palmatória quanto às questões colocadas à Câmara do Comércio.

Que os "nossos" comerciantes não têm estratégia para baixarem os preços e melhorarem a qualidade dos serviço, lá isso não têm...

Que eu gostaria de saber se os produtos comprados nas lojas ditas dos chineses têm garantia também é verdade. Mas também sei que a atitude do consumidor, já a tomei pelo menos duas vezes com dois carregadores para o meu Motorola, é de "olha, avariou, que chatice...foi tão barato que não vale a pena reclamar...vou lá e compro outro..."

Ah, conheço algumas pessoas de recursos a cima da média que compras nas lojas ditas dos chineses, mas o que eu queria dizer é que mais do que qualquer uma destas pessoas as de recursos mais baixos tem mais do que razão para comprarem nas tais lojas e aí fica reiterada a ideia de que, de facto, estas lojas são muito importantes para o equilíbrio das finanças domésticas de muito mariense


Abraços e obrigada pela vossa participação

Anónimo disse...

ola novamente...
um dos problemas esta no nosso comercio nao só de roupa, estam habituados a praticarem os preços como lhes conveêm... abre uma loja com os preços mais baixos e eles tremem logo, mas nao baixam os preços para fazer concorrencia a isso.... estam é mal habituados!!!
Quem sabe??

Anónimo disse...

... Claro que é preocupante os toda aquela gente ficar desempregada ainda mais numa ilha como a nossa, mas sejamos realistas quem cavou a própria supultura foram os próprios Batistas com a ajuda de algumas funcionarias e por aqui me fico.
Quanto aos Chineses eles ainda são poucos ou melhor deveriam de existir mais Filipinos,Indianos,Paquistaneses,Suiços, Italianos,Russos e sei lá mais o quê, porque os marienses já foram bastante penalizados pela a inercia destes nossos comerciantes de mercearia, portanto para mim são todos bem vindos até a Casa Cheia e mais, ainda á pouco tempo os nossos merceeiros faziam tanto barulho com o Srº. Zé Carvalho a cabeça porque eram contra a vinda do Modelo para Santa Maria, agora pergunto o que é que estes senhores teêm feito para compensar os marienses da não vinda dessa superficie comercial para a nossa ilha?
Os tempos mudaram e quem tem unhas é que toca viola e mais nada.
Um abraço mariense.