26 de fevereiro de 2007

“Ele escolheu o caminho do AMOR”- Abbé Pierre
















Bom dia!


“Ele escolheu o caminho do AMOR”

E “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso, o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

S. Paulo na Primeira Carta aos Coríntios

Há um mês que vos quero falar de Pedro, um certo Pedro. Ontem andava à cata de uma revista que fala dele e a minha mãe que ia a passar por mim pediu para vê-la e fez o seguinte comentário: “Um grande homem. Os bispos não gostam dele” E eu lembrei-me de que os grandes homens, como este Pedro, que ficaram na História andavam contra a corrente, contra a “ordem” estabelecida porque escolheram o caminho do Amor. Vejamos o exemplo de Cristo,

Mas falemos De Pedro, do Pedro tema desta escrita. Ando pela Net à procura de referências biográficas e encontro textos nas mais diversas línguas, textos excelentemente escritos sobre o tema. Qualquer coisa que eu diga ficará aquém de tudo o que tenho lido. Mas vou tentar, sim, escrever sobre uma figura que me fascina, um velhinho de rosto enrugado e olhos vivíssimos. Henry Grouès, nasceu há 94 anos em Lyon, França e faleceu no passado dia 22 de Janeiro. Entrou para a Ordem Religiosa dos Capuchinhos cujo carisma se centra na ajuda aos necessitados, no abandono dos bens materiais. Durante a Segunda Guerra Mundial tomou partido pela Resistência à invasão Nazi, tendo tomado o “nome de guerra” de Pierre, Abbé Pierre. Nesse envolvimento, salva várias pessoas. É nessa época que, ao ser abordado por um ex-presidiário que lhe pede ajuda e por não ter nada de concreto para lhe oferecer, pergunta se o quer ajudar a construir casas para outros sem abrigo que nasce o Movimento de Emaús, comunidade de pessoas marginalizadas que através do trabalho de recuperação e reutilização do que os mais favorecidos deitam fora, ganham honestamente sustento e, ainda, ajudam quem tem e pode menos. Em Portugal existem duas Comunidades, uma no Porto outra em Lisboa e mais 350 no resto do mundo. Mas a sua actividade a favor dos desfavorecidos inicia-se quando faz, publicamente na rádio, o apelo: “Meus amigos, socorro, uma mulher acaba de morrer na valeta, gelada de frio” Com este grito lancinante, Abbé Pierre, inicia uma cruzada em favor dos que não têm. Nem sempre compreendido ele teimou em estar do lado dos fracos, dos que para além de nada terem nem voz tinham para se fazerem ouvir por quem tem. “Essa “insurreição da bondade” mobilizou a consciência de um país e permitiu-lhe constatar que, em França, havia gente que morria de fome e de frio…A utilização dos meios de comunicação social ao serviço de fins caritativos havia nascido.
Desde então o seu combate não parou e ate há muito bem pouco tempo esteve presente nas assembleias dos “sem abrigo”, com a sua voz entrecortada protestando contra as novas disposições legais que permitem expulsar os ciganos e os emigrantes estrangeiros que campeiam em Paris.” In Conversaciones em la Capilla, blog. Abbé Pierre a história de um justo.

“A morte do Abbé Pierre atinge a França no coração” – reagiu Jacques Chirac, para quem esta figura tão querida dos franceses “representará sempre o espírito de revolta contra a miséria, o sofrimento, a injustiça e a força da solidariedade. A França perde uma grande figura, uma consciência, uma incarnação da bondade” – acrescentou o Presidente da República francês.
O Cardeal Danneels de Bruxelas chama-o de “Gigante da Misericórdia.

MISERICÓRDIA“A misericórdia apresentada por Cristo na parábola do filho pródigo tem a característica interior do amor, que no Novo Testamento é chamado “ágape”. Este amor e capaz de debruçar-se sobre todos os filhos pródigos, sobre qualquer miséria humana e, especialmente, sobre toda a miséria moral, sobre o pecado. Quando isto acontece, aquele que é objecto da misericórdia não se sente humilhado, mas como que reencontrado e “revalorizado”. O pai manifesta-lhe alegria, antes de mais por ele ter sido “reencontrado” e por ter “voltado à vida”. Esta alegria indica um bem que não foi destruído: o filho, embora pródigo, não deixa de ser realmente filho de seu pai. Indica ainda um bem reencontrado: no caso do filho pródigo, o regresso à verdade sobre si próprio.A parábola do filho pródigo exprime, de maneira simples mas profunda, a realidade da conversão, que é a mais concreta expressão da obra do amor e da presença da misericórdia no mundo humano. JPll in Enc Dives in misericórdia 6

Este é-me um tema particularmente querido por várias razões. Estamos na Quaresma, época propícia ao Deserto, ao encontro com nós próprios e ao Regresso ao colo do Pai que nos acolhe e ama incondicionalmente. Época de renúncias e de as colocarmos aos pés daqueles de quem Pedro, o Abbé Pierre, fez razão de vida, de luta diária porque ele, também, escolheu o caminho do Amor. Ninguém nos pede gestos heróicos, um pequeno gesto basta, apenas ter misericórdia, partilhar.
Santa Quaresma.

Nota final: Os orgão de comunicação social sempre atentos e pressurosos no que se refere aos “podres” dos católicos, principalmente no que toca a casos de pedofilia fazendo grandes parangonas e repetindo em dias consecutivos notícias roçadas e gastas de tanto repetidas, apenas fez breves referências à vida cheia de gestos de misericórdia deste grande ser humano. Pesos e medidas que fazem manchetes e manipulam audiências

Abraços marienses
Azurara, 26 de Fevereiro
Ana Loura






7 comentários:

Flávio Gonçalves disse...

Fico contente em ver que a minha amiga não ostracizou o Abbe Pierre pelo apoio que o mesmo deu a pessoas que pensam como eu.

Anónimo disse...

Belo testemunho e tão pouco silenciado,como foi quando da Madre Teresa de Calcutá,o caso Diana foi mais realçado pelos media do que a vida de Madre Teresa.Mas os jornalistas também não são os culpados de tudo,os consumidores é que estão sempre mais ávidos por notícias de mexeriquices do que de testemunhos que transmitem a verdadeira vida.
Bjs

Páginas Soltas disse...

Que belissimo texto!!

Adorei ler...estou sempre ávida de saber e conhecer!

Bem haja!

Uma boa semana...

Abraço amigo da
Maria

Anónimo disse...

Olá,
Muitos são aqueles que, sem darem nas vistas, nem aparecerem nos jornais ou nas rádios, trabalham ajudando quem mais precisa. Sei que muitos nem estão ligados a qualquer Religião, o que não os impede de serem justos para com o próximo.Mas amar as causas mais injstas deste mundo e lutar contra elas nem sempre foi fácil. Não sei se está certo pensar que a Quaresma seja o tempo propício para pensarmos mais que os problemas do mundo existem, creio que eles existem sempre e todos os dias, nós é que por vezes arranjamos datas para sermos solidários e lá está os jornais ou as rádios também não podiam fugir a tais datas - quando deviam todos os dias falar dos sem abrigo, dos que passam fome, dos que morrem em guerras que nada teem a ver com eles, daqueles que não podem ir à escola porqe tem que trabalhar para comer, dos que morrem por não terem dinheiro para comprar medicamentos, etc etc. Mas como inicialmente digo muitos são os que sem alarde,, sem datas mardadas mas todos os dias prestam o seu testemunho e se preocupam com todo os dramas da vida . Ainda há dias li um blog - que me comoveu bastante e que aconselho quem poder a ler (no blog "as palavras e o mundo" com o título "corações abertos, precisa-se" para mim foi extraordinário perceber que a solidariedade não tem idade ela existe quando existe e isso é fundamental para que tudo aconteça em prol dos outros que precisam.
L.A.

Anónimo disse...

A Igreja Católica insiste nos dogmas, em dificultar a vida de todos nós, quando isso se reverte de inverdade, ocultismo. Existem mais santos vivos do qeu os que foram canonisados. Deus não deve guardar queixa da maioria do povo da terra, porque ela é feita de pessoas zelozas, lutadoras por um mundo melhor.
Um beijo
Naeno
www.poemusicas.blogspot.com

Anónimo disse...

quem se desgasta por amor...ganha a vida perdendo-a e uma felicidade que é autêntica, não um sucedâneo.

o Abbé Pierre que ,em boa hora ,lembraste é só um dos muitos para quem o comando supremo não êcoa em vão.

Anónimo disse...

Olá Ana!...
Não costumo navegar por aqui, mas longe de Santa Maria (só por uns dias!...)vim aproximar-me um pouco ... e encontrei-te!
Achei interessante como falas de S.FRANCISCO, e desde que vi o filme há muitos anos,que o tenho também como uma referência na minha vida.
Um abração com saudades de uma cagarra amiga.
Lisboa
mr